Nessa última quinta-feira a Confraria do Ciao se reuniu pela primeira vez em 2012. E de quebra comemorou os aniversários dos confrades Caio e Fernandinho (que estava resfriado e não foi... infelizmente). A noite começou com um vinho que levei, que figura entre os tops portugueses, o Xisto 2005. A confraria já apreciou este vinho uma vez, levado pelo amigo Rodrigo (clique aqui). Desta vez, o vinho estava mais aberto, mesmo porque, eu o decantei por mais de uma hora antes de levar. É um vinhaço! Potência e elegância juntas. É feito com 60% Touriga Nacional, 15% Touriga Franca e 25% Tinta Roriz. O envelhecimento é feito em barricas de carvalho Francês 60% novas e 40% de 1 ano, por um período de 18 meses. Aromas ricos de amoras, violetas e chocolate amargo, em meio a alcaçuz e grafite. Em boca, amplo, poderoso, com taninos presentes e acidez perfeita. Aguentaria mais uns bons anos. Quem tiver uma garrafa do danado pode guardar por que ele deve evoluir muito bem.
O Caião, aniversariante, levou um Gran Cru Classé de Saint Emilion, o Chateau L'Arroseé 2007. O blend tem Merlot como majoritária (60%), cortada com 20% de Cabernet Sauvignon e 20% de Cabernet Franc. Vinho novo ainda, mas que surpreendentemente já se mostrava aberto. Ao nariz, mostrava muita fruta, com destaque para cereja e groselha, em meio a notas florais e um toquezinho de cravo. Em boca, muito sedoso e redondo, com tudo muito harmônico. Um vinho delicioso e que deve ganhar novas nuances com o tempo.
O JP levou um Gran Vin de Pessac-Leognan, o Chateau Larrivet Haut-Brion 2000. O vinho, que é feito com 55% Merlot, 40% Cabernet Sauvignon e 5% Cabernet Franc, passa 16 a 18 meses em barricas 50% novas de carvalho Francês. Bem, aqui a safra fala alto. O vinho tem poder e muita finesse. A fruta divide espaço com aqueles aromas que adoro, de couro, tabaco e alcaçuz. Em boca, mais seco que o L'Arroseé e com final longo. Um belíssimo vinho que foi se abrindo com o tempo e no final da noite mostrava-se um Bordeaux autêntico, muito elegante. Eu gostei muito mesmo.
O amigo Tom levou um Barolo Livio Pavese 2006. A Cantina Livio Pavese fica em Treville, Valle D'Aosta, é uma das poucas que pode engarrafar Barolos e Barbarescos fora da DOCG. É um Barolo mais para o estilo leve, mais amigável. Foi decantado e ao longo da noite foi mostrando, além das notas de framboesa e cereja, aquelas notas de rosas típicas da Nebbiolo. Em boca os taninos estavam presentes, como era de se esperar, e a acidez marcante pedia comida. Ficou perfeito com a polenta frita ao molho de queijo. Mas sinceramente: Leva umas boas chineladas do Langhe Nebbiolo Perbacco de Vietti.
O amigo Rodrigo, coincidentemente, levou outro Barolo, mas de estilo bem diferente do anterior. Era um Poderi Colla Bussia Dardi Le Rose 2006, do vinhedo de Bussia, em Monforte. É um vinho mais potente, austero, rico em aromas de alcatrão, funghi e alcaçuz. A fruta ainda está sobrepujada por eles. Os taninos ainda pegam e levarão tempo para arredondar. Um vinho com muita presença, que deve ficar bom daqui a alguns anos. Bebe-lo nesta idade, sem ao menos decantar, foi um grande pecado, para não dizer desperdício...
Bem, a noite foi de vinhos de pegada. Em minha opinião, o Xisto foi destaque, seguido de perto pelo Larrivet Haut-Brion e L'Arroseé, ambos excelentes. Os Barolos, pelas circunstâncias, não tiveram muita chance. O Caião pode até discordar, mas no ano que vem, como aniversariante, terá que levar o primeiro da noite, por que desta vez o Xistão foi implacável... rs.