sexta-feira, 28 de setembro de 2012

E na noite do Barolão 97, ainda teve: Capellania 06, Décima Tannat 05, ViBO 07, FVLVIA 2011 e Moscatel de Setubal 99!

Capellania, Decima, ViBO, Barolo Carobric, Fulvia 2011 e? Cortei o Moscatel de Setubal 99???
E na noite que o amigo JP ofereceu a quatro felizardos um grandioso Barolo Carobric 1997 (clique aqui), ainda apreciamos outros grandes vinhos. Deixei a postagem em separado, pois o Barolão mereceu destaque. Mas os outros vinhos apreciados também eram de respeito.
A abertura da noite foi com um Capellania Reserva 2006, de Marques de Murrieta, levado por este que vos escreve. O branco é feito pela centenária vinícola Riojana, produtora do grande Castillo Ygay (clique aqui e aqui) e Dalmau. É produzido com Viura (100%) de vinhedos de mais de 50 anos plantados, do Pago Capellania, localizado na famosa Finca Ygay (Rioja Alta). As uvas são prensadas de maneira lenta e gentil em prensas de madeira do século XIX, as partes sólidas são separadas e o mosto fermentado em tanques de aço inox com temperatura controlada por 20-25 dias. A maturação é feita por 15 meses em barricas novas de carvalho francês. O vinho é rico tanto ao nariz quanto em boca. Mostra notas de frutas secas, amêndoas e leve baunilha. Em boca, repete o nariz e mostra acidez viva e um final longo. É um branco de personalidade, no estilo dos grandes Tondoñia, mas mais vivo que eles. Eu adorei o vinho! O produtor recomenda bebê-lo acompanhando peixes defumados ou pratos feito com pato. Deve ficar ótimo! Se quiser experimentar um branco carnudo, diferente dos corriqueiros, vá nesse. É muito bom! É importado pela World Wine.
Depois dele, passamos para um que o amigo Mário Mucheroni levou. Era um vinho que eu já havia apreciado na Mostra Internacional de Vinhos de Campinas (clique aqui). O Mário levou embrulhado e não foi fácil acertar a procedência do Décima Gran Reserva Tannat 2005. Talvez isso até mostre que ele carece um pouco da tipicidade da Tannat. No entanto, é um ótimo vinho. O vinho apresenta notas de fruta madura, café e chocolate. Os taninos denunciam a Tannat, mas menos que o normal. Um vinho muito correto e que mostra potencial.
Após o Décima, partimos para um vinho levado pelo amigo Carlão. Tratava-se do ViBO 2007, um vinho top, de tiragem especial, da vinícola chilena Viu Manent, em um projeto na Argentina. ViBO são as iniciais de Viu Bottini. Ele é feito com Malbec proveniente de dois vinhedos distintos do Vale do Uco, ambos de altitude acima de 1.000 m. A maturação foi feita por 18 meses em barricas novas de carvalho francês. Ao nariz mostrava-se um clássico Malbec argentino, com notas de frutas compotadas (ameixa, cereja preta e amora), anis, leve violeta e especiarias. Em boca, repetia o nariz e mostrava taninos bem sedosos. No entanto, o vinho tende um pouquinho para o lado doce. Acho que deveria ter sido decantado por pelo menos uma horinha para revelar melhor suas características. Mas não deu tempo: Mandamos ver! O Carlão tem mais um guardado, que eu sei...rs.  Vamos ver no futuro...rs.
E seguindo a noite, passamos para o Barolão Carobric 1997, que já descrevi em postagem separada (clique aqui).
Como ainda sobrava fígado, o JP abriu um ótimo FVLVIA Garagem Pinot Noir 2011. Este já foi comentado aqui duas vezes, e sempre agrada (1 e 2). Não tem muito o que falar, é tiro certo. Evaporou rapidinho, o que é um termômetro para um bom vinho.
E depois, para finalizar e acompanhar a sobremesa, o JP abriu um Moscatel de Setubal 1999, da Bacalhoa. Olha, fica dificil descrever a complexidade desse vinho. Notas cítricas, de marmelada, doce de laranja-da-terra, uva passa, nozes e aí vai. Eu nunca havia provado um vinho de sobremesa com tantas nuanças. Li em algum lugar que esse vinho é uma verdadeira aula de degustação, por ser muito complexo. Todos ficamos impressionados com a riqueza do vinho. Se tiver a oportunidade, e achar um desta safra, não perca tempo, compre na hora, pois não se arrependerá. Um vinho grandioso! O deslumbre foi tanto que esqueci de tirar uma foto para mostrar a sua bela cor avermelhada. Um néctar! É um vinho muito barato pelo que oferece - Vale cada centavo e ainda merece troco! 
Noite de gala, JP! Na mesma noite ofertar, além da companhia, um Barolão 97, um FVLVIA e um Moscatel de Setubal 99, é demais! Gracias!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

3 Vinhos de primeira na cozinha do Tom: Brunello Piccini Villa Al Cortille Riserva 2004, Terrunyo Carmenére 2007 e Trapiche Gran Medalla Malbec 2006!

Dias atrás o Tonzinho preparou mais um daqueles seus belos assados, e o JP e eu fomos lá conferir, cada um como uma botella de responsa na bagagem. E o Tonzinho estava lá esperando, com a carne e um chilenão de primeira a nossa espera. Bem, vamos aos vinhos. 
Eu levei o Brunello de Montalcino Piccini Villa al Cortile Riserva 2004. Villa al Cortile fica na DOCG de Montalcino, a cerca de 15 km da cidade de Montalcino. É um vinho top da vinícola e que na belíssima safra de 2004, fez muito sucesso. E não é para menos. Apesar de novo, o vinho já mostrava todas as qualidades de um bom Brunello. O vinho foi maturado por 36 meses em barricas novas de carvalho francês e passou 6 meses em garrafa antes de ser comercializado. A sua cor era belíssima, um rubi escuro bem vivo e límpido. Ao nariz, muito complexo, com notas de cereja preta, alcaçuz, café e chocolate. Em boca, muito intenso e surpreendentemente, com taninos muito sedosos para um vinho tão jovem (em se tratando de Brunello). Com o tempo em taça ficava cada vez mais macio e intenso. Uma beleza! Eu sou suspeito quando se trata de Brunellos, mas realmente este mostrava tudo que um bom Brunello tem que mostrar. Que delícia!
O JP levou um Trapiche Gran Medalla Malbec 2006. Cada vez mais os vinhos da Trapiche me agradam. Não teve um que não me agradou, desde o Medalla, até o Iscay e seus Single Vineyards (clique aqui). Este Gran Medalla estava uma beleza! O vinho foi talhado pelo enólogo Daniel Pi, com Malbec de 4 diferentes regiões e maturação por 18 meses em barricas novas de carvalho francês. Um vinho com aromas ricos, sem aquele exagero de fruta madura. Mostrava aromas de ameixa, café, uva passa, cereja preta, tostados e alcaçuz. Em boca, repetia o nariz e mostrava ótima acidez, taninos presentes (doces, sedosos e muito bem integrados) e final longo. Nada enjoativo, pelo contrário, uma taça pedia outra. E foi ganhando complexidade com tempo em taça. Uma beleza de vinho! No mesmo nível (de qualidade e preço) dos Single Vineyards. Muito recomendado!
E para finalizar, o Tonzinho abriu uma garrafa de um vinho que queria muito experimentar, tendo em vista os elogios que lhe são feitos: o Terrunyo Carmenére 2007. Muitos dizem que o Terrunyo é um dos melhores vinhos feitos com esta uva no Chile. Bem, agora tem os caros Carmin de Peumo, Kai e outros na briga, mas em comparação com outros excelentes Carmenére, como o Microterroir de Los Lingues da Casa Silva, ou o Purple Angel, ele fica muito bem na fita. O vinho é feito com Carmenére (85%) do bloco 27, do vinhedo Peumo, com pitadas de outras castas. Sua maturação foi de 19 meses em barricas de carvalho francês (majoritariamente novas e parte com 1 ano de uso). É um vinho que mostra notas de frutas maduras, como a cereja preta, cassis, em meio  a chá preto, tabaço e especiarias. Em boca era  mineral, amplo e potente, com taninos doces e muito sedosos. Um belo Carmenére, de primeira! Atendeu completamente minhas expectativas!
Bem, foi mais uma daquelas tardes de primeira na cozinha do amigo Tom! E dessa vez, com 3 vinhos impecáveis.


A turma reunida: Só cachorro grande!!!

Olha a cor do Brunellão!!!

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

E na despedida do Paolão, VINHOBÃO: Paisajes Vll Cecias 2007 e Dona Maria Reserva 2006!

O Paolão vai para o Rhône e fui despedir dele lá no Ciao (com o Fernandinho já lá, claro). Chegando lá eles já estavam apreciando um fresco e mineral Fritz Haag Riesling 2011, bem gostoso. Mas o melhor veio logo depois. 
O amigo Paolão levou um belo Rioja, o Paisaje VII Cecias 2007, das Bodegas Viñedos y Paisajes. Esta vinícola é um investimento conjunto de Finca Allende e Bodega Viniteca. O enólogo Miguel Angel de Gregorio (Finca Allende, El Calvario, Aurus) seleciona, a cada ano, uvas de diferentes vinicultores, para compor vinhos singulares. Os vinhos são vinificados e engarrafados na Finca Allende. Este que o Paolão levou é feito a partir de Garnacha de vinhedo único, com mais de 85 anos de idade. A maturação é feita em barricas novas de carvalho francês e aparentemente, o vinho não é filtrado. É um vinho surpreendente, muito aromático, com aromas florais, notas de mirtilo, baunilha e minerais. Em boca mostra ótima acidez, que lhe aporta muito frescor. Os taninos são presentes mas já domados. É um vinho que ainda deve ganhar muito com adega. Como aparentemente não é filtrado, pela grande quantidade de borra aderida na garrafa, é preciso cuidado no manuseio antes de servir. A decantação é indicada também para aerá-lo. Muito recomendado! Um belo vinho, Paolão! A propósito, o vinho é importado pela Mistral.
E como eu não podia fazer feio, levei um outro ibérico, alentejano produzido pelo craque Júlio Bastos, o Dona Maria Reserva 2006. Eu havia provado este vinho no Decanter Wine Show 2012 e adquiri lá mesmo uma garrafa, pois ele me agradou muito. O nome do vinho é o mesmo da Quinta, que segundo dizem, foi adquirida por D. João V para uma cortesã, Dona Maria, por quem era apaixonado. Atualmente a Quinta é conhecida como Quinta do Carmo (isso mesmo, a que teve 50% adquirida pelos Domaines Baron de Rothschild, passou para a Bacalhôa etc., e de onde vem o ótimo Quinta do Carmo Reserva). Com a venda, Júlio Bastos transferiu a sede para a Herdade das Carvalhas, e no começo do novo milênio vendeu toda a sua participação na Sociedade Agrícola Quinta do Carmo para recomeçar um projeto próprio. E voltando ao Dona Maria Reserva, ele é feito com Alicante Bouschet (50%), Petit Verdot e Syrah (50%). A maceração das uvas é feita com tradicional pisa a pé e a fermentação alcoólica é feita em tradicionais lagares de mármore. A maturação é feita por 12 meses em barricas de carvalho francês. É um vinho de cor púrpura, bem bonita, e aromas de frutas silvestres maduras, kirsch, notas defumadas, tabaco e alcaçuz. Em boca, um vinho denso, rico, com taninos maduros e muito aveludados. Um alentejano de primeira! Muito bom e que ficou à altura do Paisajes, levado pelo Paolão. Aliás, os dois têm preços e qualidades similares, embora sejam bastante distintos. O Dona Maria é importado pela Decanter.
Boa viagem amigo Paolão! Mande ver nos Chateauneuf 2010, que segundo alguns produtores, estão espetaculares! E quando voltar, teremos muito "Vinhobão" para apreciar!


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

VINHAS DA IRA 2005: Um ótimo vinho de quem tem uva até no nome!

A vinícola alentejana Herdade da Mingorra fica a poucos quilometros da cidade de Beja, no Baixo Alentejo. A Herdade divide os 1.400 ha com a Sociedade Agrícola dos Barrinhos e Herdade dos Pelados, e além dos vinhedos, que ocupam 135 ha, a área contém oliveiras, cultura tradicional e floresta. A adega conta com cerca de 2.000 m2 e conta com a assessoria do enólogo Pedro Hipólito. O proprietário da Herdade, Henrique Uva, tem investido também em produtos gourmet. Seus vinhos, por outro lado, são conhecidos por terem ótima qualidade pelo preço. Bem, não é muito o caso deste Vinhas da Ira 2005, ofertado pelo amigo Paolão. O vinho é topo de gama e seu preço é mais salgadinho. No entanto, a qualidade justifica. O vinho é feito com Alfrocheiro, Alicante Bouschet, Aragonez e Touriga Nacional, e matura 18 meses em barricas de carvalho francês. É um vinho denso, opulento, de guarda por excelência. Ao nariz mostra notas de fruta em compota (amora e ameixa), chocolate, notas florais e um fundinho de baunilha. Em boca é amplo, denso e com taninos presentes, mas redondos. O final de boca é longo e austero. É um vinho distinto, complexo e próprio para ser guardado em adega por uns anos. Muito bom! Se for bebê-lo, abra com antecedência e decante para aerar. A propósito, os vinhos da Herdade da Mingorra eram importados pela Grand Cru, mas já não mais. Uma pena, pois os dois que bebi do produtor são excelentes, incluindo o Alfaraz Reserva Branco 2007 e este Vinhas da Ira 2005.
Texto interessante do contra-rótulo

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Crasto tinto 2010: Para mim, mas macio que o 2009!

Em passagem pelo Restaurante Manjar do Marquês (antigo Barreirense), não pude deixar de apreciar um Bacalhau à Barreirense e uma tacinha de vinho na companhia de amigos... O escolhido foi o Crasto tinto 2010. Tempos atrás postei aqui sobre o 2009, que foi muito elogiado pela crítica e que me chamou a atenção pelo frescor. O corte do 2010 é o mesmo: Tinta Roriz, Tinta Barroca, Touriga Franca e Touriga Nacional. Assim como o 2010, é um vinho que não passa por madeira e mostra também muito frescor. As notas de frutos silvestres estavam lá, como no 2009, mas mostravam-se mais maduras. Destaque para cereja e framboesa. O álcool estava, a meu ver, melhor integrado e não aparecia como no 2009. As notas florais também eram aparentes, mas mais comedidas nesse 2010. Em boca, frescor e sedosidade. Muito bom! Confesso que gostei mais do 2010 que do 2009 (ainda mais pagando na mesa mais barato que em algumas lojas...rs). Foi par perfeito para o bacalhau.

Nota: A foto foi emprestada da rede, pois o bacalhau e o vinho estavam tão bons que me esqueci de fotografar

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Dominio de Atauta 2004: Um Ribera diferente e pouco badalado!

O amigo Paolão já nos brindou com algumas garrafas do Atalayas de Golban (atualmente "Torre de Golban"), um Ribera del Duero muito bom produzido pelo Dominio de Atauta. Esta jovem vinícola produz vinhos a partir de uvas plantadas em solos arenosos e calcáreos em altitudes entre 950 e 1000 metros. Segundo o seu site, a área se localiza em um vale pelo qual passa um vento constante de oeste a leste, que limpa e seca as uvas. Além disso, há grande amplitude térmica, o que segundo eles, permite obter uma rica gama aromática nos vinhos. Bem, mas dessa vez o amigo Paolão brindou ao Fernandinho e a este que vos escreve com um vinho que fica acima do Golban, o Domínio de Atauta 2004. O Domínio de Atauta é feito com uvas selecionadas (Tempranillo), e matura 17 meses em barricas de carvalho de segundo uso, onde maturou o famoso Chateau Angelus, de Bordeaux. Este 2004, logo na primeira taça, mostrou ser diferente dos Ribera tradicionais. Aliás, causou até certa estranheza. Mostrava folhas secas, um lado herbáceo, em meio a cacau, notas minerais e fruta ainda discreta. Mas depois de um tempo foi se abrindo e a fruta começou a aparecer de forma mais incisiva, com notas de amora e cassis. Em boca seguiu o nariz, ou seja, fechado no começo, mas ganhando complexidade com o tempo. A acidez é muito boa e os taninos são maduros, mas secos. A mineralidade foi uma característica que me chamou a atenção no vinho. Realmente é um vinho distinto e que tem características que muito me agradam. E o legal é acompanhar a sua evolução na taça, característica de bons vinhos (tem alguns que morrem nela...rs). Quem for apreciá-lo deve ter paciência e se possível, decantá-lo por 1-2 horas para que ele desenvolva toda a sua potencialidade. Por outro lado, é divertido tomar um pouco no início para sentir o seu crescimento. Mas quem for apressadinho e esperar um espanhol ao estilo Parker pode se decepcionar. O vinho é gastronômico e deve acompanhar muito bem um leitão à pururuca (que beleza!). Belo vinho, Paolão! A propósito, o Dominio de Atauta é importado pela Mistral

terça-feira, 18 de setembro de 2012

CABO DE HORNOS 1999: VINHOBÃO!

Confesso que o top da Viña San Pedro era quase um desconhecido para mim. O único que havia apreciado era o 2006, em uma degustação da World Wine. Mas eu tenho reservas quando a coisa acontece assim, pois é só aquele fundinho de taça, em meio a tantos outros vinhos etc. Ou seja, degustação é boa para provar e ter uma noção do poder do vinho. Mas o bom mesmo é beber tranquilo, devagar, em taçonas apropriadas, e uma golada daquelas que enchem a boca, te dando a oportunidade de sentir o vinho prá valer. É o que pensam os italianos, sempre generosos ao servir. Juro que pensava que o Cabo de Hornos seguia aquele estilo com presença de madeira da San Pedro, como visto nos conhecidos 1865. Mas não, o que vi nesse Cabo de Hornos 1999 que levei para apreciar com os amigos Fernandinho e Paulão foi algo surpreendente. Um vinho de 13 anos e como uma elegância incrível. Tudo com a justa contribuição da safra, que foi excelente.
O vinho foi  feito com Cabernet Sauvignon oriunda de vinhas de mais de 50 anos de idade e maturou por 18 meses em barricas novas de carvalho francês. Sua cor já demonstrava sua idade, mas ele ainda estava cheio de vida. Ao nariz, notas de frutas maduras, cereja em calda, cassis e ameixa, em meio a alcaçuz, especiarias indianas, toques tostados e de couro. Vinho muito rico! Em boca, ótima presença, taninos redondos e uma sedosidade incrível. Um vinhaço! Lembro-me de ouvir há alguns anos, do Lucas, da World Wine Ribeirão, que o Cabo de Hornos era a resposta da San Pedro ao Don Melchor. Olha, são estilos diferentes e ambos são grandes vinhos. Mas o Hornos é muito sedoso e tem a vantagem de ser mais barato (enquanto o Melchor não pára de aumentar de preço...).

Bela cor, de um senhor de 13 anos!

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Wine Dinner Português em São Paulo, com Paulo Laureano

Quem gosta da comida e bons vinhos portugueses não pode perder essa: Wine Dinner com o grande enólogo Paulo Laureano. Ótima chance para desfrutar da presença de um dos maiores enólogos portugueses. Veja abaixo os detalhes:

Informações:

Kylix Vinhos
Av. Angélica, 681, Higienópolis (mantém convênio com estacionamento ao lado)
Reservas pelo telefone (11) 3825 4422 ou e-mail eventos@kylixvinhos.com.br (Eliza Leão)

Nota: Esta divulgação não tem nenhum objetivo comercial por parte do blogueiro, o qual não possui vínculo com os organizadores. É apenas para divulgar um evento que tem a participação de um enólogo muito importante e que, portanto, pode ser de interesse para os amantes do vinho.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O que dizer de um amigo que oferece um BAROLO PAOLO SCAVINO CAROBRIC 1997, um gigante de safra maravilhosa?

Nessa última semana o amigo João Paulo (JP) brindou um pequeno grupo de amigos (no qual eu estava incluído, claro) com um Barolo Paolo Scavino Carobric 1997. Obviamente, não apreciamos apenas este vinho, mas decidi fazer uma postagem separada para ele, que para este que vos escreve, foi o rei da noite e merece destaque especial. Os vinhos Paolo Scavino são produzidos desde 1921, em Castiglione Falletto, centro da área de Langhe. Atualmente, quem conduz a propriedade é Enrico Scavino, filho do fundador Paolo Scavino, que faleceu em 1984. A vinícola é muito tradicional e produz grandes Barolos. 
O Barolo Carobric carrega este nome em homenagem aos vinhedos de onde provêm as uvas que são utilizadas em sua elaboração: Cannubi, Rocche di Castiglione e Bric del Fiasc (em dialeto Piemontês, Bricco Fiasco em italiano). 
Cannubi fica na confluência da região tortoniana com a helveciana, e é o mais conhecido vinhedo da região, onde foi feita a primeira garrafa documentada, o Cannubi 1792.  
Rocche di Castiglione e Bric del Fiasc ficam mais a leste, em Castiglione Falletto, do lado helveciano (onde são produzidos vinhos mais encorpados). O produtor cita que 3 tenores são mais efetivos que um coral. Por isso, os 3 vinhedos devem gerar um vinho muito complexo. O primeiro Carobric foi produzido na excepcional safra de 1996, e o que bebemos foi feito logo em seguida, na também excepcional safra de 1997. 
Segundo o próprio site da Azienda Agricola Paolo Scavino, a safra de 1997 gerou Barolos ricos, profundos, muitos estruturados, feitos com uvas bem maduras devido ao outono quente. Aliás, no site  é mostrada uma tabela com as melhores safras de Barolo, com descrições de quem entende, ou seja, o produtor (clique aqui). A partir da década de 90, destaque para as safras de 1990, 1996, 1997, 1999, 2000 (vinhos mais prontos para beber entre duas grandes safras de vinhos mais longevos) e 2001. Na tabela ainda não são citadas as safras mais recentes, como as ótimas de 2004, 2006 e 2007.
Mas voltando ao Carobric 1997, ele foi maturado por 12 meses em barricas e 12 em cascos de carvalho francês. Depois dessa maturação, descansou 12 meses em garrafa antes de ser comercializado. O vinho tinha uma cor rubi escura, concentrada. Foi o primeiro a ser aberto na noite, mas o bebemos depois de apreciarmos 3 vinhos, enquanto o danado descansava em decanter. Logo ao ser aberto se mostrava nervoso, meio fechadão. Mas depois de descansar, mostrou aromas riquissimos de ameixa seca, café, trufas, alcaçuz, defumado, cravo e aí vai... Em boca era um vinho encorpadão, denso, mas com taninos já amaciados pelo tempo. O final era longuíssimo. Vinho para se tomar de joelhos (como na foto abaixo...). Não tenho outra definição: Maravilha! Já disse ao JP: Não tem "rabo amarelo" ou Palo Alto que o faça perder pontos este ano! Tá consagrado! Obrigado meu amigo! Esse vou retribuir à altura! E volto ao título da postagem, o que dizer de um amigo que oferta um Barolo desses? Fica para o leitor a conclusão.

Nota: Os vinhos Paolo Scavino são importados pela Vinci, que infelizmente, não tem o raro 1997... Vi no site o Bric del Fiasc 2003, que é da mesma estirpe do Carobric, mas não da excepcional safra de 97. E para quem gosta de notas, ele é o Carobric mais pontudado pela WS: 96 pontinhos!

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Alfaraz Reserva Branco 2007: Um bom alentejano da Herdade da Mingorra

Nesse domingo à tarde, com o calorzão danado que fazia na geralmente fresca São Carlos, resolvi abrir uma garrafa de vinho branco para refrescar. A idéia foi boa, mas o vinho que escolhi era mais que apenas um vinho refrescante. Foi um Alfaraz Reserva Branco 2007, um alentejano da Herdade da Mingorra, a qual é propriedade de Henrique Uva. O vinho é um varietal, feito com a casta Antão Vaz, e passa 6 meses em tonéis de carvalho em contato com as borras. É um vinho estruturado, rico, de bom corpo e longe de ser daqueles só para bebericar. Ao contrário, pela sua força, é bom também para acompanhar comidas de mais peso. É um vinho de bela cor dourada, com aromas florais, de frutas secas, maracujá, mamão papaya e casca de laranja. Foi ganhando diferentes nuanças com o tempo. Em boca, repetia o nariz, mostrava bom corpo, leve amanteigado e tinha boa acidez, própria para acompanhar comida (Acredito que seria par perfeito para peixes de couro, mais gordurosos). A madeira aparece, mas está bem integrada e não incomoda. Gostei do danado! E se por 68 pilas já tinha um bom preço, pelas 34 pilas que paguei em uma promoção da Grand Cru Ribeirão Preto, ficou melhor ainda! Uma pena que a Grand Cru não esteja mais trabalhando com os vinhos deste produtor, pois os dois que provei são muito bons (logo postarei sobre o seu tinto top, Vinha da Ira 2005).

Nota: Esse é daqueles que meu amigo Eugênio, do Decantando a Vida, começaria a apreciar já pela cor.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Von Siebenthal Reserva Carmenére 2007 e Yealands Pinot Noir 2010: Dois extremos

Dias atrás o amigo Carlão me chamou para tomar um vinho em sua casa. Eu resolvi levar um baratinho e que havia tido referências como sendo um bom custo benefício etc. Era o neozelandês Yealands Pinot Noir 2010. Paguei 37 pilas no danado, o que, para um Pinot, é bocada. Claro que tinha que ser bebível, pois sou do pensamento que vinho ruim, é caro por qualquer preço. Chegando lá, o Carlão tinha aberto um chileno de respeito, o Von Siebenthal Reserva Carmenére 2007. Na hora vi que passaria vergonha, pois os vinhos de Von Siebenthal que apreciei até hoje estavam muito bons. O próprio Carlão já havia nos brindado com um grande Montelig 2005 (clique aqui). Bem, mas já que levei, tinha que abrir. 
E é claro que o Pinozinho levou um soco na cara do Von Siebenthal. Mas absorveu bem a pancada. É um Pinozinho leve, com boa fruta, uns toquezinhos florais, e pronto! Nada mais que isso. Descompromissado é o adjetivo! E por praticamente o mesmo preço que se paga nos EUA, tá feito o negócio. Não decepciona. Se achar em um supermercado da vida por aí, pode colocar no carrinho que não vai ficar triste. O negócio é que bebemos do lado de um Carmenére parrudo, cheio, volumoso, com muita presença. O danado do Von Siebenthal estava uma beleza. Notas de licor de cereja, ameixa fresca, tabaco, café e couro. E aquele apimentado típico da Carmenére, claro. Eu só queria uma carnona mais condimentada para acompanhar. Seria perfeito. Mais um ótimo vinho de Von Siebenthal. Valeu Carlão! Na próxima levo um melhor de briga para encará-lo...rs.

Nota: Ao que parece, o Pinot Noir engarrafado com o nome Confraria dos Sommeliers é o mesmo produzido pela Yealands. Eu conferi no contra-rótulo e está lá... Assim como o Riesling e o Sauvignon Blanc. Assim, de uma conferida nos preços e leve o mais barato, pois estará levando o mesmo vinho.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Mayorazgo Crianza 2007: Boa pedida!

O confrade Fernandinho havia comentado algumas vezes sobre o vinho espanhol Mayorazgo, e na semana passada abriu uma garrafa para que pudéssemos apreciar. Segundo ele, o vinho oferece boa qualidade e tem bom preço. E fui conferir. Se tratava de um Mayorazgo Crianza 2007, feito com 100% Tempranillo pelas Bodegas Arrocal, a qual se localiza em um pequeno povoado no centro de Ribera del Duero, chamado Gumiel de Mercado. O vinho, que matura 12 meses em carvalho francês e americano, mostra uma cor bonita, rubi violácea, e aromas bem ricos para um exemplar desta categoria de preço. Há ótima fruta, com destaque para cereja e ameixa, em meio a notas especiadas e de madeira (que não incomoda). Em boca mostra mineralidade e ótima acidez, o que o torna um vinho gastronômico. Realmente é uma boa pedida pelo preço. Vale experimentar. A propósito, é importado pela Grand Cru, e para mim, tem qualidade superior a daquela turma de vinhos espanhois "bem pontuados" oferecidos pela importadora. 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

E no Encontro de Vinhos de Ribeirão, VINHOBÃO!

Nesse último sábado fui à vizinha (e querida) Ribeirão Preto para participar do Encontro de Vinhos. E além de participar do evento, fui convidado a integrar a comissão avaliadora dos Top Five do encontro (o que foi uma honra). Bem, primeiramente devo mencionar que o encontro foi muito bem organizado e durante as 10 horas abertas ao público (isso mesmo!), vi muita gente apreciando ótimos vinhos e gostando do evento. Os expositores estavam todos muito simpáticos, entusiasmados com seus vinhos, os quais, foram bem escolhidos e estavam na temperatura correta. Destaque ainda para as taças escolhidas, da Arcoroc
Nós chegamos mais cedo, para analisar os vinhos que concorriam aos "Top Five". E ao final, a média dos pontos atribuídos (às cegas) pelos avaliadores resultou na seguinte classificação:
A seguir a foto dos eleitos:
Não "entregarei" quais foram meus eleitos, mas nela (e no topo...) estava o D de Donoso 2007. Um vinhão, que depois bebi um pouco mais, como mostro no finalzinho da postagem.
Bem, mas voltando aos eleitos. 
O primeirão foi o californiano Pezzi King (PK) Zinfandel 2005. Vinho do tipo maduro, rico em fruta madura, compotada, banana passa e alcaçuz. Uma confirmação de que com o tempo os Zins vão ficando melhores. Eu tenho minhas restrições a Zins novos, mas tenho tido boas experiências com alguns mais evoluídos.
O número 2 foi o chileno Vértice 2007, da Ventisquero. Corte de Carmenére e Syrah talhado pelas mãos de Felipe Tosso e o enólogo australiano John Duval. Vinho bastante especiado, com destaque para pimenta preta e um fundo de baunilha, em meio a notas de grafite e chocolate. Os 18 meses de barrica lhe aportam muita estrutura, e daqui a alguns anos deve ficar ainda melhor, revelando um pouco mais a fruta. Só senti não ter do lado um bom Filet a Poivre para acompanhar...
O terceiro foi um branco chileno, o Espino Chardonnay 2010, de William Fèvre. E o craque em Chablis mostra que maneja a Chardonnay chilena muito bem. Este Espino Chardonnay, feito com uvas de altitude e com seus 8 meses de barrica (usadas), mantém frescor e é um excelente custo benefício. Quando fiquei sabendo que custava 40 Reais, gostei mais ainda. O vinho tem notas de pera, cítricas, mel e boa mineralidade. Nada com exagero. Ao visitar o estande do Dominio Cassis, seu importador, o Sr. Wilton me apresentou o seu irmão maior, o Gran Cuvée, que figurou entre os melhores Chardonnay do Chile segundo o Guia Descorchados 2012. Não resisti e adquiri uma garrafa alí mesmo. Logo que apreciá-la postarei minhas impressões. Mas pelo que vi no Descorchados, deve ser coisa boa (sabe quanto? Sessentinha!).
Em quarto lugar ficou o riojano Altos de "R" Reserva 2004. Bem, a safra ajuda e o vinho é muito bem feito (e também tem bom preço pela qualidade). Ele é importado pela Cálix, um braço da Decanter. É vinho firme, que mistura tradição e modernidade. Possui notas de cereja preta, especiarias, couro e um fundinho terroso. As notas especiadas me conquistam. Um vinho bem feito, com bom preço e que deve evoluir bem em adega.
E finalmente, em quinto lugar, um português da Bairrada, o Aveleda Grande Follies 2004. Vinho feito com Touriga Nacional e uma pitadinha de Tinto Cão. Aqui tem-se uma Touriga diferente, sem aquelas notas florais tão características. O que se apresenta são notas de cassis, ameixa e tabaco, em um vinho gastronômico por natureza. Vinho que ainda deve ganhar com tempo de adega. 
Bem, mas além desses vinhos, apreciei muitos outros durante o evento. 
A seguir, mostro as fotos de alguns que me chamaram a atenção. Obviamente, alguns ficarão de fora (como os ótimos vinhos austríacos da Vinhos da Áustria, que já mencionei em minha postagem sobre a Mostra Internacional de Vinhos de Campinas - clique aqui). Mas não tem jeito. A postagem ficaria muit longa. Minha impressão final sobre o evento foi excelente. Parabéns aos organizadores!
Falar o que deste vinho? Novinho, novinho , mas já macio e com grande futuro pela frente. Uma beleza! A Touriga em sua melhor forma. Gosto muito da Vallado Touriga (clique). Preciosidade que a Cantu tem em seu portfólio. Pude apreciar belas taças e adorei!
Ótimo vinho da Umbria! Seco, com notas de amora madura, café e tabaco.  Vinho de peso e para amantes de vinhos italianos. 
Syrah de primeira da Ventisquero, talhado no Chile sob a batuta do grande John Duval. Depois de uma hora em decanter mostra toda a sua força. Uma demonstração de que a Syrah encontrou no Chile grande morada.
Cabernet Sauvignon muito bom de William Fèvre, cujo irmão maior, o Gran Cuvée, também foi destaque no Guia Descorchados 2012. Ótimo preço!
Belo branco da Bairrada feito com Chardonnay e Maria Gomes. Notas de pera,  florais e um toquezinho cremoso.
Vinho da Miolo, feito com vinhas de mais de 35 anos e que mostra tipicidade (e futuro).
Também da Cálix, importadora do riojano Altos R Reserva 2004, o Recorba Crianza 2005 é um Ribera de boa pedida pelo preço.  
Aqui o que vale é a curiosidade. O vinho é um bom chileno, mas o fato de ter tido na barrica um fragmento de um meteoro encontrado no deserto do Atacama, e que caiu no Chile 6.000 atrás, é no mínimo, curioso. Veja o vídeo no blog do amigo Luiz Cola.
E para finalizar, um dos tops do evento para este que vos escreve, o Chilenão D de Donoso 2007. Vinho untuoso, cheio, feito com Cabernet Sauvignon, Carmenére, Malbec e Cabernet Franc. Para beber agora ou aguardar alguns anos para se ter um vinhão na taça.