domingo, 19 de outubro de 2014

Em noite quente: Dettori Bianco 2007, Springfield Estate Méthode Ancienne Chardonnnay 2009 e Chacra Treinta y Dos 2005!

E as noites continuam quentes... Os dias, nem se fala... Alguém escapou do inferno e esqueceu a porta aberta, não é possível! Por isso, decidimos levar vinhos mais frescos em nossa última reunião da confraria, que só tinha 4 confrades. 
Nesse sentido, passei a mão em um Dettori Bianco 2007 na adega e fui para o Chez Marcel. Bem, não se tratava exatamente de um "branco"... Era um famoso vinho laranja, daqueles fermentados em contato com as cascas e que adquirem, além da belíssima cor laranja, uma ótima complexidade.  O vinho vem da Sardegna, de um vinhedo de apenas 2.9 hectares, chamado "Dorado", manejado de forma natural, sem o uso de defensivos químicos. A fermentação é feita por leveduras da própria uva e o amadurecimento ocorre em tanques de cimento por 30 meses. Não passa por madeira. É engarrafado sem clarificação ou filtração. A bela cor dourada, tendendo ao âmbar, é levemente fosca, pela não filtração. Os aromas são riquíssimos, com notas de doce de laranja da terra, mel, abacaxi em calda, erva doce, tabaco e alcaçuz. Com o tempo vai ficando cada vez mais rico e imponente. Dá a impressão que se trata de um vinho doce, mas não é. Em boca mostra fruta e especiarias, em meio a uma acidez perfeita. É denso, mineral e com final longo e especiado. Um vinho particular, que deve ser conhecido. Muita gente pode torcer o nariz, achar estranho, mas não é o nosso caso. O Caião, que está cada vez mais apreciando bons brancos, parece ter gostado. Eu gostei muito e para a próxima garrafa quero preparar uma comida que case melhor com ele, quem sabe camarões em molho mais especiado, talvez até picante. Ah, uma coisa: Por causa de seu peso, do álcool acima da média (15,5%), ele pede decantação. E pode ser que com os anos pedirá por causa dos precipitados. Deve também ser servido em temperatura acima do usual para mostrar toda a sua riqueza aromática. E por final, deve ser bebido com a clara convicção de se estar apreciando algo particular, sem modismos. Daí, é só partir para o abraço, pois é um vinhaço! Tem que ser experimentado. É importado pela Decanter.
Seguindo nos brancos, partimos para aquele levado pelo confrade
Thiago, o sulafricano Springfield Estate Méthode Ancienne Chardonnay 2009. Pelo nome já dá para imaginar que a vinificação transcorre segundo os métodos borgonheses, né? Pois é... É essa a idéia do vinho. Uso de leveduras da própria uva, nenhuma filtração e clarificação e mínima adição de sulfitos. A fermentação e maturação são feitas em carvalho francês 50% novos e 50% de primeiro uso. O repouso é por 12 meses nas barricas, sur lies. O vinho têm aromas de pêras e pêssego branco, com um toque de erva-doce. Em boca é cremoso, levemente amendoado e muito acertado. Mas eu senti falta de mais vibração, que poderia ser conseguida com uma maior acidez. Mas eles estão no caminho certo para conseguir um  bom Chardonnay.
E para finalizar a noite, chega o Tonzinho, um pouquinho atrasado, e com um vinho de peso: Chacra Treinta y Dos 2005! Bem, o vinho é o top da bodega patagônica, que é administrada por Piero Incisa della Rocchetta, sobrinho do Marchese Incisa della Rocchetta, do grande Sassicaia. O vinhedo de onde provém este top foi adquirido em 2004, e data de 1932, daí o seu nome. É um vinhedo manejado de forma orgânica e biodinâmica e dá origem a um vinho do conceito "boutique", de pequena produção (menos de 4.000 garrafas são produzidas anualmente) e é claro, preço alto. A fermentação e maturação são feitas em barricas de carvalho francês 50% novas e 50% de um ano de uso. Ao nariz mostra notas de cereja preta e ameixas, em meio a baunilha e tostado evidente. Em boca é denso, muito equilibrado e com final longo e tostado. Para mim, lembra muito mais califórnia que borgonha. É bom? Sim. Mas sou muito mais fã de seu irmãozinho menor, o Barda, que mostra mais frescor e vivacidade. Os Chacra são importados pela Ravin.
Isso aí, pessoal! Por hoje é só.



domingo, 12 de outubro de 2014

Chateau Teyssier Saint Émilion Grand Cru 2010: Volumoso!

O Akira nos brindou com um ótimo Chateau Teyssier Saint Émilion Grand Cru 2010. O vinho é produzido por Jonathan Maltus, um inglês considerado "garagista" que comprou o Chateau em 1994 e o renovou. Maltus, que é chamado em Bordeaux de Englishman, foi o primeiro da nacionalidade a ganhar 100 de Mr. Parker com o seu Le Dôme 2010.  
O Chateau Teyssier Saint Émilion Grand Cru é produzido desde 1869, mas com a nova equipe, a partir de 1994, quando Maltus adquiriu o Chateau. Ele é feito com uvas de 7 vinhedos diferentes, sendo 85% Merlot e 15% Cabernet Franc (a porcentagem varia a cada ano, mas a Merlot é sempre majoritária). Ao nariz mostra notas de frutas maduras, com destaque para cassis e amoras, em meio a alcaçuz, baunilha e tostado. Em boca é concentrado, mostra fruta madura, chocolate e notas especiadas. É muito sedoso e embora jovem, já pode ser bebido tranquilamente agora. Impressionante para um Bordeaux de apenas 4 anos. 
A propósito, os vinhos do Chateau Teyssier são importados pela Premium Wines. 

sábado, 11 de outubro de 2014

Poderi Luigi Einaudi Barolo Terlo 2006: Sedoso!

Dois Dolcettos da vinícola piemontesa Luigi Einaudi já pintaram aqui no blog (clique aqui), ambos muito agradáveis. Agora chegou a hora de um Poderi Luigi Einaudi Barolo Terlo 2006. O vinho é feito com uvas do vinhedo Terlo, de apenas 3 hectares. A fermentação é em cubas de aço inox e a maturação por 30 meses em barricas e botti de carvalho francês e da eslavônia. A produção é pequena, de apenas 12.000 garrafas/ano. O vinho tem uma cor rubi bonita, bem brilhante e límpida, e ao nariz mostra notas de cerejas, framboesas, pétalas de rosa, alcaçuz e funghi secchi. Em boca repete o nariz, é amplo e, apesar dos taninos presentes (claro), destaca-se pela sedosidade e elegância. É muito redondo! Com o tempo, foram surgindo notas mentoladas e de tabaco. Uma delícia de Barolo, já perfeitamente bebível agora. No entanto, deve continuar crescendo em adega. Portanto, se possuir um desses e tiver paciência, guarde e beberá um belo vinho daqui a um tempo. E obviamente, ele agradecerá se acompanhar um belo prato. 
Os vinhos do Poderi Luigi Einaudi são importados pela Casa Flora. Este foi uma oferta do Carlão, que o conseguiu por um preção em um estabelecimento aqui de São Carlos...

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Só 3 confrades na confraria: Robertson Winery Chenin Blanc 2014, Van Zeller branco 2010 e Don Maximiano 2009

A noite estava quente e o JP levou um branco, embrulhado, para que eu e o Caio tentássemos advinhar do que se tratava. O vinho tinha notas bem evidentes de pêssego branco, melão e amêndoas, em meio a um leve tostado. Em boca era fácil de beber e com tudo em cima. Nem o Caio, nem eu, matamos o vinho ou procedência. Era um bom (e barato) sulafricano Robertson Winery Chenin Blanc 2014. Vinho importado pela Vinci e que surpreende pelo seu preço.
Eu levei outro branco, mas aberto, o Van Zeller branco 2010. Bem, o produtor é ótimo e esperávamos um bom vinho. Mas este nos decepcionou. Ao nariz umas notinhas de maçã gala e cítricas. Mas em boca é que não mostrou a que veio. Estava muito ralinho e não deixou lembranças.
O Caião levou um que já pintou aqui no blog (clique aqui), o Don Maximiano 2009. Também estava embrulhado. O JP acertou a nacionalidade, mas eu errei: Chutei Argentina! Isso porque logo nas primeiras cafungadas veio um tostadão bem forte, fruta compotada, que me lembrou até um Roberto Ló que o JP levou tempos atrás (que surpreendente, ainda não postei...rs). Apesar de bom, talvez seja o Don Max menos característico que eu já bebi, justamente pelo tostado e lado jammy. Espero que não seja uma tendência.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Casa do Lago Grande Reserva Cabernet Sauvignon 2009: Bom e de preço justo

Rapidinho: A DFJ vinhos foi fundada há menos de duas décadas pelo enólogo português José Neiva Corrêa e produz mais de 70 rótulos diferentes. Os vinhos Casa do Lago fazem parte da DFJ e caracterizam-se pela boa relação qualidade/preço. Costumava bebê-los anos atrás. Se não me engano, eram importados pela World Wine/La Pastina, mas hoje são trazidos por uma importadora nova, a Lusitano Import. Este Casa do Lago Grande Reserva Cabernet Sauvignon 2009, da região de Lisboa, tem nome grande, mas o preço não assusta. É um vinho que no começo é até meio rústico, seco, com a madeira aparecendo um pouco (apesar de estágio de apenas 6 meses). Mas com o tempo vai ficando redondo e bem agradável, com notas de cassis, baunilha e um apimentadinho gostoso ao final. É um vinho que pede comida e decanter. Se for bebê-lo, uma horinha respirando lhe fará bem. 

domingo, 5 de outubro de 2014

Quinta do Corujão Grande Escolha 2004: Uma beleza do Dão!

Tempos atrás apreciei o Quinta do Corujão Garrafeira 2005 e adorei o vinho (clique aqui). Chegou a hora deste Quinta do Corujão Grande Escolha 2004, provavelmente, o último que vou beber, pois não se encontra mais no mercado.  O vinho é feito com Touriga Nacional, Alfrocheiro, Tinta Roriz e Tinta Amarela. A fruta madura se manifesta em meio a notas florais, lembrando até aromas de um bom rodaniense de Guigal. Ameixas e amoras se mesclam a alcaçuz, notas terrosas e tabaco. Em boca é redondo, médio corpo e com taninos levemente terrosos. O final é um pouquinho herbáceo e picante, que dá um toque legal ao vinho. É um vinho que mostra o quanto os vinhos do Dão envelhecem bem, e fogem do modismo. É distinto, agradável e pede sempre outra taça. Impossível não gostar! 

sábado, 4 de outubro de 2014

No aniversário do Paulinho: Pêra-Manca tinto 2005, San Román 2011, Vallado Reserva Field Blend 2007, Castello D'Alba Grande Reserva 2011, Hospices de Beaune Albert Bichot 2010, Chehalen Ridgecrest 2010 e um Tokaji para finalizar!


O nosso confrade Paulinho fez seu primeiro aniversário como membro oficial, registrado e catalogado da Confraria do Ciao...rs. E foi uma baita comemoração na cozinha do Tom. Nem vou gastar muitas linhas para descrever os vinhos, pois eles dispensam. 
O aniversariante nos brindou com um excelente e tradicional Pêra-Manca 2005. Precisa comentar? É um vinhão de estirpe, muito profundo e cheio de camadas. Mostra fruta na medida, mineralidade, um final de boca interminável que denuncia sua origem alentejana. Grandioso e com muitos anos pela frente. Isso aí, Paulinho! Este vinho era só colocar a foto e pronto! Dispensa comentários.
O JP levou o ótimo espanhol das Bodegas Maurodos, o San Román 2011. O 2006 já pintou por aqui (clique). Este 2011 ganhou muitos elogios da crítica. Uma característica interessante deste vinho é que ele é um Toro com jeito de Ribera del Duero. Experimente para sentir sua boa pegada, mas ao mesmo tempo, sedosidade. Vinhão, de primeiríssima!
Eu levei um que já pintou por aqui algumas vezes, o Quinta do Vallado Reserva Field Blend 2007. Bem, esta linha é sempre muito bem avaliada pela crítica, e este 2007, juntamente com o seu irmão da recente safra de 2011, foram os mais badalados. É um belo vinho, e agora está ainda melhor, depois de 7 anos. Já tem precipitado na garrafa, e está muito redondo.
O Tonzinho abriu uma Magnum de um Castello D'Alba Grande Reserva 2011. Este duriense, da bela safra de 2011, foi eleito o melhor vinho do Douro abaixo de 15 libras pela Decanter. Eu bebi o 2012 tempos atrás e achei novo. Este 2011 também está, mas é melhor que o de 2012. É bastante floral e mostra muito frescor. Tem muitos anos pela frente. Ótimo vinho! Lembra os Carm (bem, é feito por Rui Roboredo Madeira...).
O Caião levou um ótimo Hospices de Beaune 1er Cru 2010 de Albert Bichot. O négociant produz uma grande gama de vinhos e este estava uma beleza. Sutil, leve, sem exageros. Acho que foi o que evaporou mais rapidamente da garrafa. Uma delícia!
O vinho é bom, e o rótulo, muito bonito!
O Joãozinho levou um Pinot Noir do Oregon, dos quais sou fã. Este Chehalem Ridgecrest Vineyard 2010 é o top da vinícola. O vinho é uma mescla de novo e velho mundo. Mostra notas de frutas maduras, especiarias e terrosas. É muito macio e também desce muito fácil. De primeira!
E para finalizar, apreciamos um Tokaji Megyer 3 Puttonyos 2007 bem gostoso, levado pelo Rodrigo, que mostrou boa acidez equilibrando o dulçor, e que desceu muito bem com meu "famoso" Créme Brulée!
Bem, a noite foi daquelas! Celebração merecida e muito bem feita para o aniversário de nosso amigo Paulinho.
 
Eu fazendo aquela casquinha crocante de açúcar no Brulée...rs

Merengue "light" (rs) levado pelo Paulinho
Grandes amigos em um grande momento: Parabéns, Paulinho! (5o da esquerda prá direita)


quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Argiano Rosso di Montalcino 2011

Para quem não quer gastar um pouco mais com um belo Brunello, um Rosso di Montalcino pode ser uma boa opção. Além do preço ser menor, o vinho fica pronto mais cedo para beber. Geralmente são frescos, mais leves e mais fáceis que seus irmãos maiores. Alguns deles podem até ser melhores que muitos Brunellos sem vergonha que aparecem no mercado. E mais caros também... É o caso do Rosso de Siro Pacenti, que é mais caro que a maioria de seus pares, mas dá chineladas em muito Brunello meia-boca por aí. Este Argiano Rosso di Montalcino 2011 é, obviamente, feito com 100% Sangiovese Grosso e tem passagem por barricas de carvalho francês e uma segunda em barricas de carvalho da Eslavônia (Eslavônia, por favor!!! Não Eslovêno, como escreve muita gente desavisada por aí, até em sites de lojas e catálogos - Em blogs, nem se fala...rs). Quando vertemos o vinho na taça o Akira logo disse: Aromas de Pinot Noir! Estranho, né? Bem, eu diria Pinot Noir do novo mundo (que os franceses dizem não ser Pinot Noir...rs), em particular, chileno com cereja concentrada e extração um pouquinho acima da conta. Além disso, mostrava notas de baunilha, alcaçuz doce e terrosas. Em boca, repetia o nariz e descia bem redondo. Mas para mim, fugiu das características da Sangiovese. Às cegas, é difícil acertar. É mais modernoso. Eu queria mais acidez e mais taninos, com aquele fundinho de chá característico. É agradável? Sim. Bebe-se fácil. Mas não fez minha cabeça. No entanto, fez da Wine Spectator, que lhe deu bons 90 pontos.