terça-feira, 31 de julho de 2012

E no segundo ANIVERSÁRIO DO VINHOBÃO, só bebemos VINHOBÃO: Crasto Maria Teresa 2006, Buçaco Reserva 2004, Philippe Pacalet Chambolle-Musigny 2009, Protos Selección 2002 e Conde de Los Andes Gran Reserva 2004!

Digo e repito: O compromisso do blog Vinhobão é honrar o nome. De vez em quando escapam umas zurrapinhas, mas são raras (ainda bem...rs). E na celebração do segundo aniversário do blog, mesmo com a falta de dois confrades, o negócio pegou. Todos os vinhos estavam ótimos. Farei a descrição pela sequência decrescente de "boa (ótima) impressão" (na minha opinião, claro).
O primeiro vinho, unanimidade da noite, foi levado por este que vos escreve. Claro, eu tinha que levar um vinhobão. Era um Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa 2006. Este dispensa comentários - É um ícone português de muita estirpe. Vinho top da Quinta do Crasto, feito com mistura de castas (vinhas velhas) do vinhedo Maria Teresa, o qual conta com videiras de mais de 90 anos de idade. A maturação é feita em barricas de carvalho francês, por 18 meses. Ao nariz, mostra uma riqueza aromática incrível. São notas de violetas, cereja preta, frutas silvestres, confeitaria, kirsch, leve tostado, tabaco doce, chocolate e café com leite. Tudo muito bem integrado e que ia se alternando com o tempo. Camadas e mais camadas. Em boca, uma explosão!  Redondo, amplo e sedoso. Uma delícia engarrafada. Vinhobão, de verdade! O comentário da turma era que ele não era apenas o melhor da noite, mas o melhor do ano até aqui. 
O segundo vinho, levado pelo amigo Paolão, é outra raridade portuguesa, da Bairrada, alí bem pertinho de Coimbra. Olha, o Paolão matou um desejo meu, pois eu estava louco para apreciar este vinho. Era um Buçaco Reservado 2004. Não, não tem nada a ver com os "reservados" chilenos... rsrs. Não é chamado Reserva por motivos de regras da Bairrada. O vinho é comercializado apenas no Castelo de Bussaco (o nome do castelo se escreve assim) e no Brasil, importado pela Mistral. É vinho feito majoritariamente com Baga e pitadas de castas locais (cultivadas ao redor do Castelo, na Bairrada e no Dão). O destaque aqui é a tradição e a qualidade, motivos de elogios rasgados da crítica. Segundo o site da Mistral, é um vinho para conhecedores, que pode ser apreciado jovem, como este 2004, mas que ganha muito com o envelhecimento. Uma beleza de vinho! Díficil de descrever. Logo ao ser aberto, é fechadão, austero... Mas com pouco tempo na taça se abre em aromas florais, de frutas silvestres, fumo e alcaçuz. Em boca é austero, amplo, mas com taninos corretíssimos. Aliás, tudo corretíssimo! Vinhaço! Quero repetir logo. Tendo chance, não perca a oportunidade de apreciar um vinho desse. Inclusive o branco, que dizem também ser belíssimo.
O terceiro vinho foi levado pelo amigo JP. Este será provavelmente o que os meus 4 amigos discordarão de mim na sequência, pois parece que não o apreciaram muito, inclusive o próprio JP. Mas eu gostei demais. Foi um Philippe Pacalet Chambolle-Mousigny 2009. Um borgonhês de primeiríssima, feito de maneira natural pelo craque Philippe Pacalet (sem uso de defensivos químicos e pouco SO2 - só no engarrafamento). Aqui, esqueça os Pinot Noir novo-mundistas e conheça um verdadeiro. Um vinho sem aquele exagero de fruta madura dos Pinot do novo mundo. Ela estava presente (morangos silvestres, framboesa), mas integrada com notas terrosas e de ervas secas. Tudo isso, com ótima mineralidade! Em boca mostrava corpo e ótima acidez. Vinho com força, que certamente causa estranheza a quem pensa que Pinot faz vinhos fraquinhos, levinhos, para bebericar... Vinhaço, que só sentiu falta da escolta por um belo prato à base de pato.
O Caião levou um espanhol de responsa: Protos Selección 2002. Um ribera de vinícola tradicional, aliás, muito tradicional, pois foi a primeira de Ribera del Duero (Protos significa primeiro, em grego).  Este Selección é um vinho especial da Bodega, feito com uvas de vinhas de mais de 60 anos de idade. Além das notas de cereja, caramelo e tabaco, mostrava notas especiadas que foram surgindo com o tempo e que me lembraram um Pago de Carraovejas que o Paulão levou um dia. Em boca era bem redondo, com boa acidez, taninos maduros e levemente terrosos. Vinho muito gostoso, que chamou a atenção pelo lado especiado.
O Tonzinho levou um da vinícola Paternina, o Conde de Los Andes Gran Reserva 2004. A vinícola centenária, que conta com uma boa estrutura para enoturismo, faz vinhos em Rioja, Ribera del Duero e Jerez. Este Gran Reserva, feito com Tempranillo e Mazuelo, maturou 3 anos em barricas e mais dois na garrafa antes de ser comercializado. É um Rioja típico, com madeira presente, mas bem integrada a notas de cereja, tabaco e casca de laranja, em meio a couro e baunilha. Em boca, de médio corpo e com taninos redondos. Vinho muito bom, sem surpresas.
Bem pessoal, é isso aí! Vinhobão, é bão! E a vida é muito curta para ficar bebendo vinho ruim...

Caio e Paolão - Com as feras
Que cor do Chambolle...
Contra-rótulo do Buçaco 2004

quarta-feira, 25 de julho de 2012

A noite em que um brasileiro se comportou bem na presença de um Pesquera Reserva Especial 2003!

O confrade Caio tem nos brindado com excelentes vinhos. Há umas duas semanas levou uma garrafa de um grande Pesquera Reserva Especial 2003 para apreciarmos. E olha que o Caio, antes de eu ter o blog, nos levou várias (mesmo) garrafas do Pesquera Crianza 2001 (belíssimos). Bem, mas este Pesquera Reserva Especial 2003, obra do grande Alejandro Fernandez, fica degraus acima. O vinho, 100% Tempranillo, passa 30 meses em barricas francesas novas e foi uma edição limitada, que parece não ter sido repetida nos anos subsequentes. Mostrou-se um vinho aromático, com fruta compotada, denso, para o lado maduro e com notas de bala toffee e tabaco. Os taninos já estão bem redondos. Se puder lhe atribuir um defeitinho: Carecia mais acidez e para mim, já tinha atingido seu ápice. Posso estar enganado, mas ele teve a evolução acelerada por um acondicionamento não muito adequado. Mas obviamente, um grande vinho!
E na mesma noite, o JP levou um vinho embrulhado, que já havia sido levado pelo amigo Rodrigo, coincidentemente também embrulhado (clique aqui), e que na época surpreendeu a todos. Eu bati o nariz e já notei a Cabernet Sauvignon, muito elegante, sugerindo até um chileno de classe. Tudo estava muito correto, ajustado, sem sobras. Notava-se um vinho já senhorío, mas ainda com gás para mais uns anos. Ao nariz, além do cassis, notava-se leves toques de pimentão, goiaba, tabaco e couro. Em boca, muito redondo e com taninos perfeitamente domados pelo tempo. Eu chutei um bom corte chileno, com presença majoritária de Cabernet Sauvignon, mas com a chance de ser uma surpresa. Outros colegas chutaram Bordeaux. Bem, e o que era? Um Miolo Lote 43 2005! E estava muito bom o danado! Meu velho conhecido desde 1999, o Lote 43 mostra o quanto envelhece bem, e que tem qualidade. 
E vem a pergunta: Estava melhor ou no mesmo nível do Pesquera? Não! Claro que não. Mas a comparação é meio desigual. No entanto, ele não fez feio, de maneira alguma, o que confirma sua boa qualidade.

CARTUXA RESERVA 2005 lidera noite na Confraria do Ciao!

Mais uma postagem que estava atrasada, de uma reunião da confraria que ocorreu 3 semanas atrás. Bem, mas vamos lá. Nessa reunião todos os vinhos, sem exceção, estavam bons. Aliás, a turma costuma honrar e muito o nome do blog... rs. Descreverei os vinhos na sequência da foto...
O primeiro é uma edição especial da vinícola argentina Graffigna. E para quem pensa que esta vinícola só faz vinhos mais simples, como os Graffigna C, ou G, tem que experimentar este que o amigo Tom nos levou. É um Graffigna 135 Aniversário 2003, feito em homenagem a Santiago Graffigna, fundador da vinícola centenária. A curiosidade é que ele foi feito com a seleção das melhores 135 barricas da bodega. E se você gosta de bombas potentes, este não te agradará. É um vinho mais leve, elegante, aos moldes europeus. O corte é de 40% Cabernet Sauvignon, 30% Malbec e 30% Syrah. A Cabernet dá o tom, com notas de cassis, mas o vinho tem ainda notas de ameixa, groselha, alcaçuz e leve tostado. Em boca é muito redondo, com taninos muito sedosos. Eu gostei muito do vinho. Recomendo! Mas novamente a advertência: Não é para quem gosta de bombas!
Do lado dele, o vinho levado pelo amigo JP, um Perlato del Bosco 2007, da vinícola Tua Rita. Este tem pedigree, e dos bons. A Sangiovese é cortada com a Cabernet Sauvignon, o que torna o vinho muito estruturado. Ao nariz mostra notas tostadas, de cereja, cassis e amora preta. Em boca é amplo, intenso, muito saboroso, com taninos corretíssimos e acidez típica de um italiano. Vinho que pede sempre mais uma taça. É compra certa! Vinhão! É importado pela World Wine.
No meio da foto, o vinho levado pelo amigo Paolão, que já havia levado um desses para apreciarmos, mas que era da safra 2006. Desta vez foi um Anwilka 2007. O vinho é um corte Syrah, Cabernet Sauvignon e Petit Verdot. Ao nariz já mostra seu lado novo mundo, com fruta compotada, mas que, com o tempo, vai se equilibrando. Notas de cassis, goiaba madura, chocolate, alcaçuz e um fundinho apimentado que surgiu com o tempo. Em boca, de médio corpo e mostrando taninos sedosos. Vinho gostoso e que alegra novomundistas. Ganhou muito depois de bastante tempo aberto. Só acho que seu preço é um pouco exagerado.
E do lado direito do Anwilka, um velho conhecido, já comentado aqui no blog (clique aqui) e que levado pelo amigo Caio. Esse Marques de Riscal 2005 foi um dos que achei mais leves dos seus irmãos. A cereja se mescla com leves toques herbáceos e de casca de laranja. Vinho correto em boca, com taninos redondos e boa acidez. Um Marques de Riscal é sempre um Marques de Riscal.
E para finalizar, aquele que levei, e que a turma e eu achamos o rei da noite, o Cartuxa Reserva 2005. Já comentei aqui sobre o 2007 (clique aqui e aqui), que mostrava fruta mais madura. Neste 2005 a fruta aparecia em notas de ameixa, pitanga e amora, envoltas em notas florais e um fundo de chocolate amargo e alcaçuz. Muito rico! Em boca, é mais seco que o 2007, mais gastronômico e com maior acidez. O vinho é feito com Aragonez, Trincadeira e Alfrocheiro (que eu gosto muito...). No 2007 o corte inclui a Alicante Bouschet. Eu gostei demais do danado. Aliás, todos gostaram muito. Seria duro escolher entre ele e o 2007, pois ambos são excelentes. Vinhos distintos, mas os dois com muita qualidade. Se achar um 2005 por aí, não hesite, pegue uma garrafa porque vai gostar. Só lembrando que é o Reserva, não o justo Colheita.
É isso aí! Até a próxima!


terça-feira, 24 de julho de 2012

VINUM BRASILIS - SAFRA 2012


sábado, 21 de julho de 2012

Planeta Alastro Bianco 2008, Chateau La Croix Meunier 2006 e Quinta do Vallado Touriga Nacional 2006: Ótima sequência!

Esta postagem também está atrasada. Não estou conseguindo seguir o ritmo dos vinhos apreciados nesse inverno! Com o frio a turma não perdoa. E a lista de vinhos não pára de aumentar. Ainda bem que os X-nófilos possuem 2 fígados...rs.
O primeiro da sequência foi levado pelo amigo Carlão. É um branco da vinícola siciliana Planeta, o Planeta Alastro Bianco 2008. O vinho é feito com a casta pouco conhecida Grecanico e 30% Chardonnay. Análises via DNA (opa, isso eu gosto...) mostram que a Grecanico é provavelmente a mesma Garganega, uva muito utilizada no Vêneto para confecção dos famosos Soave, nos quais é majoritária. O Alastro passa 6 meses em tanques de inox e algum tempo em madeira para lhe aportar estrutura. Ao nariz mostra notas de pera e pêssego, em meio a notas amendoadas,  de mel e baunilha. Em boca tem boa presença e acidez correta. É um vinho que oferece bastante por seu preço. Pode acompanhar bem comida ou ser tomado sozinho. Boa pedida (como a maioria dos vinhos desta vinícola).

O segundo foi levado pelo amigo Marcão, que nos brindou com um Grand Cru de Saint Emilion, o Chateau La Croix Meunier 2006. O vinho é feito a partir de vinhedos plantados em apenas 3 hectares, e é composto por 60% Merlot, 30% Cabernet Franc e 10% Cabernet Sauvignon. A produção é pequena e o vinho é caprichado. Ele possui cor rubi escura, bonita, e ao nariz mostra notas de frutas negras, chocolate, baunilha, tostadas e alcaçuz. Com o tempo a Cabernet Franc se manifesta e surgem notas de pimenta do reino. Em boca é muito sedoso e com ótima presença. Um ótimo Petit Chateau, não muito conhecido, prontinho para beber e de bom preço. Também boa pedida. 
O terceiro vinho foi levado pelo amigo Akira, e foi um replay, por ele já oferecido (clique aqui). Mas o negócio é o seguinte: Vinhobão, pode repetir que é bem-vindo! Zurrapa, não! E esta segunda garrafa do Quinta do Vallado Touriga Nacional 2006 estava ainda melhor que a primeira. Mordi a língua, pois quando o apreciei junto ao 2009, gostei mais desse último. Esta segunda garrafa do 2006 parecia um Porto Vintage, impressionante! Estava delicioso! Não tinha o toquezinho herbáceo da primeira garrafa. Evolução perfeita. É a Touriga Nacional manifestando grande evolução. Eu adorei este vinho, que tinha notas deliciosas de framboesa, cereja e chocolate, com um toquezinho de café. Quero beber outra dessa logo, pois sei que o Akira conseguiu uma bocada e comprou várias! Êba!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Montes Alpha Syrah 2007, Amancaya 2009, Heartland Dolcetto-Lagrein 2007 e LAN Reserva 2005

A noite tava fria e a confraria sem a presença de dois confrades. Começamos a noite com  um clássico Montes Alpha Syrah 2007, levado por este que vos escreve. Este é sempre certeza de agradar, correto, e dentro dos padrões novo-mundistas. Vinho denso, com aromas compotados, de amora, cereja preta, chocolate, tabaco e um fundo apimentado. A pitadinha de Viognier, ao estilo do Rhone, lhe aporta sutis notas florais. Em boca, repete o nariz e mostra taninos corretos. É um vinho muito gostoso e muito bem feito (embora eu prefira os Syrah chilenos mais minerais).
Seguindo, fomos para um Australiano levado pelo amigo Paolão. Era um Heartland Dolcetto-Lagrein 2007. Vinho Australiano talhado com castas típicas do Piemonte e Alto-Adige, respectivamente. É diferente. Notas de groselha e chocolate amargo, com fundo herbáceo que me incomodou um pouco. A acidez pede pasta com molho vermelho. Não fizemos isso e a avaliação do vinho pode ter sido prejudicada. Eu, particularmente, não o apreciei muito, apesar de gostar das duas castas com que é feito. Bem, mas o Paolão tem saldo positivo.
O JP levou um já comentado aqui no blog: LAN Reserva 2005 (clique aqui). Eu vou repetir exatamente a descrição que fiz da primeira vez que o JP levou este vinho no Ciao: "O vinho parecia mais novo e tinha notas de cereja, casca de laranja, especiarias e herbáceas. Os taninos ainda aparecem e a madeira deixa sua marca no final de boca. É um vinho seco, fresco e gastronômico. Deve ganhar elegância com alguns anos de adega". Ele estava praticamente idêntico ao dessa descrição. O incrível é que o JP, em outra oportunidade, em sua casa, abriu outra garrafa deste vinho e ele estava bem diferente. Melhor, a meu ver (clique aqui). Isso prova que cada garrafa é uma garrafa... Provavelmente essa que gostei mais evoluiu melhor (ou mais rapidamente). Em suma: Bom vinho que ainda aguenta adega.
E para finalizar, o vinho levado pelo Tonzinho, um Amancaya 2009. Este também já apreciamos e comentei aqui (clique). Este vinho é um ótimo custo-benefício das Bodegas Caro (diga-se CAtena e ROthschild). Eu tenho bebido o Amancaya desde seu lançamento, quando ele era mais potente, manchava a taça (e os dentes), com presença marcante da Malbec. Agora, ele pelo menos nesta safra de 2009, ele está mais leve, e a Cabernet aparece mais. O vinho está mais europeu, mais sutil, com notas de cassis e ameixa, leve tostado e um fundinho de alcaçuz. Eu gostei bastante. E vale a nota: A Wine Spectator lhe tascou 78 pontos! E ainda citou que foi avaliado duas vezes, com notas consistentes entre as duas avaliações. Talvez por que o vinho tenha perdido potência e ganhado em elegância. Bem, discordo então duplamente da revista! 
E é isso!

terça-feira, 17 de julho de 2012

De espumante com flocos de ouro a um Paul Sauer de 17 anos: Minhas impressões sobre o ENCONTRO MISTRAL 2012

L'Or de Parigot
Eu tive o prazer de participar de todos os eventos promovidos pela Mistral, seja o Tour ou o grande Encontro Mistral. Bem, até hoje, todos foram impecáveis. E minha maneira de encarar o encontro foi mudando com o tempo. Nos primeiros, queria provar o maior número de vinhos possível e me deleitar com aquelas maravilhas que dificilmente são reunidas em um mesmo evento. Nos mais recentes, e com mais maturidade (para não dizer também,  mais idade...), vejo esses eventos com outros olhos. Já não procuro apreciar um grande número de vinhos, e nem sigo regras e roteiros prévios. Vou para me divertir! E acima de tudo, conversar com os produtores, que são os grandes artistas da festa. E isso me dá muita alegria (claro que os ótimos vinhos também). Este ano, fui logo no primeiro dia, ao contrário dos eventos anteriores, nos quais ia no segundo dia. Achei legal a mudança. Não sei por que, mas achei que tinha menos gente, ao menos no começo, o que facilitou a conversa com os produtores. 
Mr. Johann Krige
Um momento incrível tive com o proprietário da vinícola sulafricana Kanonkop, Mr. Johann Krige. Eu tenho uma recordação legal dele. No início dos anos 2000 visitei seu estande e conversei com ele a respeito de seus vinhos, dos quais gosto muito, incluindo o grande Paul Sauer, que acho um dos melhores vinhos sulafricanos. Naquela époco, apreciei um Paul Sauer 2000 (se não me engano). Ao final, ele vendo meu entusiasmo com o belo vinho, me serviu uma dose de um 1995, vindo de uma garrafa double magnum. E que beleza! Com isso, ele me mostrava o quanto o vinho evolui bem. E nesse encontro do ano de 2012, tive outra supresa. Foi o terceiro estande que parei para mostrar ao amigo Paulão os vinhos de Kanonkop, e contar a história acima. Conversei então como o Sr. Johann Krige, o lembrando do ocorrido quase 10 anos antes.
Paul Sauer 1995
Ele então me apresentou um desafio: Iria abrir um vinho às cegas para que eu tentasse identificar do que se tratava. E o que era? Um grande Paul Sauer 1995! E eu, que bebi o vinho com 7 anos, estava naquele momento apreciando ele com 17! E que maravilha estava! Ainda vivíssimo e com uma elegância ímpar. Como disse ao Mr. Krige, o encontro poderia terminar alí que eu já estaria feliz, pois isso não acontece todo dia. Bem, mas teve muito mais, que descreverei a seguir.
Nós começamos com grandes Champagne. Destaque absoluto para o Bollinger Grande Année 2002 - Uma maravilha engarrafada. Nem vou me arriscar a descrever a complexidade e riqueza deste vinho. Soberbo! Destaque também para todos os Pol Roger. Maravilhosos! Mas o Winston Churchill 1999 estava demais! E é claro, ainda nos espumantes, mas agora da Borgonha, não posso deixar de citar o belíssimo Cuvée L'Or de Parigot Rosé, que possui flocos de ouro 24 kilates (primeira figura da postagem). Além da qualidade, tem o belíssimo efeito causado pelo ouro. Belo vinho, literalmente.
No campo dos brancos, gostei muito do Redoma, do Erre Punto Blanco (R.) de Remirez de Ganuza (um branco de Malvasia e Viura, com muita estrutura), do Le Macchiole Paleo Bianco (Sauvignon e Chardonnay), do Arinto de Campolargo, Chardonnay Russian Valley de Paul Hobbs e do riquíssimo bordalês Goulée Blanc 2009 (uma beleza!). 
No campo dos Rosés, destaque para o Redoma Rosado (sucesso sempre), Sassi Rosa (Castello del Terriccio) e Campolargo.
E quanto aos tintos? Bem, aqui o negócio pega. A oferta era enorme e não conseguirei descrever todos que bebi. 
Carlos Campolargo
Dos Portugueses, belos vinhos da Symington Family, com destaque para o grande Quinta do Vesúvio, cheio de camadas, Chryseia 2009, Altano Reserva (ótima qualidade pelo preço) e o Porto Graham's  Malvedos Vintage 1999 (delicioso). Os Redoma, do competentíssimo Dirk Niepoort, dispensam comentários. Bem, dispensam também comentários os vinhos da Quinta do Vale Meão, com um Meandro sempre bom e um soberbo Quinta do Vale Meão 2009 (novinho, novinho, mas com futuro grandioso). Também deliciosos os vinhos do Dão, do Sr. José Perdigão. Há alguns anos apreciei duas garrafas do Quinta do Perdigão Touriga Nacional 2001, que foi para mim um dos melhores Touriga que apreciei (e um dos melhores portugueses). E ainda nos lusitanos, grande destaque para os vinhos do Sr. Carlos Campolargo. Aqui o negócio pega! A simpatia do produtor é algo admirável, assim como todos os seus vinhos, riquíssimos. Gostei muito do Rol de Coisas Antigas, do Campolargo Pinot Noir e do Baga, perfeitamente domada pelas mãos do mestre Carlos. 
Com relação aos franceses, fica difícil, pois o negócio tava bonito. O Goulée 2004, segundo vinho de Cos d'Estournel, estava muito bom, pronto para beber, enquanto seu irmão maior, o belíssimo Cos d'Estournel 2004, já comentado aqui no blog (clique aqui) ainda tá fechadão e com anos pela frente. E o que falar sobre Chapoutier? Difícil, né? O Chateauneuf La Bernardine é sempre certeza de agradar, e estava muito bom, com notas de frutas vermelhas, frescor e boa mineralidade, enquanto o Hermitage M. de La Sizeranne era elegância pura - A Syrah em sua melhor forma! E migrando para o Languedoc-Roussillon, um belo vinho o Daumas de Gassac 2010, feito com 80% Cabernet Sauvignon e 20% de mais 10 castas. Vinho que pode causar estranheza a amantes de bombas.
Sr. Fernando Remirez de Ganuza
Quanto aos espanhóis, deram o show, como sempre. Para mim, destaque absoluto para os vinhos do Sr. Fernando Remirez de Ganuza. Ficamos alí, ouvindo as explicações orgulhosas do produtor em relação aos seus grandes vinhos. O branco, já citado, é delicioso. E os tintos, todos bons. O Fincas de Ganuza é excelente, muito aromático e com madeira muito bem integrada. O Remirez de Ganuza Reserva 2004 é maravilhoso, mesclando tradição e modernidade, enquanto o Trasnocho 2006, cujas uvas são maceradas de forma gentil por um balão inflado com água em uma câmara, é belíssimo! Mas o Sr. Fernando destaca: Seu vinho emblemático é o Reserva. Eu gostei muito, de todos!
E como não gostar de um Clos Mogador, apreciado ali pertinho? Ou dos vinhos de Anima Negra? Dificil, né? Também muito bons os vinhos do Dominio de Atauta. Segundo seu representante, Andrés, são vinhos particulares e que ainda são pouco apreciados no Brasil, enquanto em outros países são muito queridos. O Domínio de Atauta 2005 é dos grandes!
O grande Paul Hobbs e este blogueiro
Outro momento ímpar: A visita ao estande do grande Paul Hobbs. Não teve um dos seus vinhos que não gostei. Todos excelentes! Dos Pinot estruturados aos intensos e elegantes Cabernet Sauvignon, todos deliciosos, de tirar o chapéu. E isso tudo na presença do produtor, que é simpatia pura. Apreciar um vinho na presença de seu produtor é muito bom. Mas se este produtor é ainda refinado e elegante, os vinhos ficam ainda melhores. E isso não tem preço!
E migrando para os italianos, mais uma vez o negócio pega. Todos que eu bebi estavam ótimos, mas destaco dois produtores que gosto muito: Le Macchiole, com seus varietais de Cabernet Franc, Syrah e Merlot com muita intensidade, e Castello del Terriccio, com vinhos ricos, como  o grande Lupicaia, feito com Cabernet Sauvignon, Merlot e Petit Verdot. Vinhos grandiosos! Gostei também bastante do Lessona 2006, de Sperino: Amplo e elegante. E eu cometi um pecado: Não apreciei os belíssimos Castello di Ama! Mas fazer o que? Tenho um fígado só... E outros eventos virão. 
Para terminar, esse ano visitei apenas um produtor sulamericano, e era o brasileiro Luis Henrique Zanini, da Vallontano. E valeu a pena! Além de ter provado um belo espumante da vinícola (TH Zanini Extra Brut), pude conversar com o jovem produtor, que é uma pessoa educadíssima e possuidor de grande entusiasmo. O papo foi bom: Conversamos sobre a tendência de padronização dos vinhos, os "vinhos tecnológicos", salvaguardas e sobre o belo projeto do qual Zanini participa, o Era dos Ventos (o branco feito com a uva Peverella, e que gosto muito! E agora tem também a versão tinta, com a Merlot). Conversa muito agradável com uma pessoa de elegância ímpar.
Bem, apreciei mais vinhos, mas a postagem já está longa. Em resumo, o Encontro Mistral mais uma vez arrebentou! Impecável! Abaixo coloco mais fotos do evento. Ah, quem quiser ler descrições muito legais sobre o Encontro, acesse o blog do amigo Vitor, do Louco por Vinhos e do amigo Silvestre Tavares, do Vivendo a Vida.

Gianluca e Messorio, de Le Macchiole

Francisco Olazabal Filho e Quinta do Vale Meão 2009

Vinhos Le Macchiole - Excelentes

Carolina Zucchini e o grande Lupicaia

Precisa legenda?





LANÇADA A OFERTA EN PRIMEUR DO ATELIER TORMENTAS: NÃO PERCA!



Tomei conhecimento agora sobre o lançamento da oferta en primeur para os vinhos Tormentas 2012, de Marco Danielle. Desta vez serão 4 tintos, que segundo Marco, levará a um passeio por 5 castas de 3 diferentes vinhedos. 
Coloco a seguir a relação dos novos vinhos e preços. Os descontos são regressivos (a faixa de descontos decresce à medida que avança a data escolhida para a compra). O preço é por garrafa. Eu fiz a compra en primeur para os vinhos de 2011 e fiquei altamente satisfeito. Já postei aqui sobre o Fulvia Pinot Noir Garagem 2011 (clique aqui), o qual é um grande vinho. Se você quiser experimentar vinhos autênticos, de autor, não pode deixar passar esta oportunidade. Os vinhos são excelentes e os descontos para pagamento antecipado valem muito a pena. Mais detalhes sobre a venda en primeur no site da Tormentas






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Tormentas Teroldego Garagem 2011...............R$ 90,00 (na compra até 21/07 sai por 45,00)

Tormentas Corte Bordalês Garagem 2011...... R$ 90,00 (R$45,00 se comprado até 21/07)

Tormentas Barbera Garagem 2012...................R$ 120,00 (R$60,00 se comprado até 21/07)

Tormentas Fulvia Pinot Noir Garagem 2012....R$ 120,00 (R$60,00 se comprado até 21/07)

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Tabela de descontos regressivos para compras antecipadas (compra "en primeur"):

Pagamento até 21.07.2012  - 50% de desconto
Pagamento até 21.08.2012  - 40% de desconto
Pagamento até 21.09.2012  - 30% de desconto
Pagamento até 22.10.2012  - 20% de desconto
Pagamento até 21.11.2012  - 10% de desconto e FIM DA OFERTA "EN PRIMEUR" 2012
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Entrega dos vinhos em Outubro de 2013

sexta-feira, 13 de julho de 2012

LA RIOJA ALTA GRAN RESERVA 904 1998 liderou uma turma de responsa em mais uma bela noite da Confraria do Ciao!

Mais uma vez, o pessoal da Confraria do Ciao pegou pesado. Para acompanhar os assados do Tom e o Ragu de Cabrito que levei, só belos vinhos. E já que citei no título que a noite foi liderada pelo grande La Rioja Alta Gran Reserva 904  1998, levado pelo amigo JP, começarei por ele. Bem, é um vinho para babar... É produto de primeira linha da tradicional bodega riojana, fundada em 1890. O nome 904 é em homenagem à fusão da Ardanza com La Rioja Alta, que ocorreu em 1904. Ele é uma versão do 890, com menor tempo de amadurecimento. É um corte de 90% Tempranillo e 10% Graciano e que passou 4 anos em barricas, com trasfegas semestrais. O vinho foi engarrafado em 2004 e estava só esperando almas bondosas lhe abrirem... E quando isso foi feito, mostrou todo seu poder. Um vinho finíssimo, aromático, com notas de caixa de charuto, chocolate mentolado, ameixas e cerejas, com aquele fundinho cítrico, de casca de laranja, que tanto gosto. E tudo isso foi ganhando notas especiadas com o tempo. Em boca, acidez perfeita, taninos sedosos e um final que não acabava... Sem dúvida alguma: O Rei da Noite! Um vinhaço! Isso aí JP! Vinho importado pela Zahil.
E ele foi acompanhado de outros excelentes vinhos, que descrevo na ordem da foto. E a lista foi boa.
O Caião levou um Gala 2 2005, de Luigi Bosca. Um corte de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot. Vinho elegante, frutado, com notas de cassis, amora compotada, florais e toques de pimenta do reino. Em boca é intenso, com taninos redondos e ótima acidez. Ótimo com a carne. Com seus 7 anos de vida estava inteirão e com potencial para outros bons anos pela frente.


O Paulão não ficou atrás: Levou um Trapiche Iscay 2003. O vinho é feito com 50% Merlot e 50% Malbec, pelas mãos de dois enólogos de responsa: Michel Rolland (mestre com a Merlot) e Daniel Pi (enólogo chefe da Trapiche). Aqui já tinhamos um vinho mais maduro e com sinais dos anos. Notas de ameixa madura, cereja, tabaco e uva passa. Muito sedoso em boca, com taninos perfeitamente arredondados pelo tempo. Vinho  muito gostoso! Mais uma mostra de que os Trapiche envelhecem muito bem!
E também bem na foto, nosso amigo Rodrigo, que com toda a modéstia chegou dizendo que trazia um vinho do qual devíamos estar enjoados... rs. Pois é, e ele estava falando de um Quinta do Crasto Vinhas Velhas 2009. Isso por que nossa turma bebe bastante esse vinho... Claro, não somos bobos, nem nada...rs. Esse 2009 eu tinha apreciado recentemente (clique aqui), e é uma beleza. Vinho com notas de kirsch, chocolate e alcaçuz. Em boca, uma delícia! Gostoso e elegante como sempre! Rodrigão, pode levar quantos desses quiser, que não enjôo, pois é um vinhão!
E saltando na foto o La Rioja, passamos para o vinho oferecido pelo Tonzinho, um Rutini Antologia XXVIII 2009. É um vinho feito com uvas de parcelas selecionadas (40% Malbec de Altamira, 40% Malbec de Tupungato, 15% Petit-Verdot de Tupungato e 5% Syrah de Altamira). Este é potente! Muita fruta compotada. Novo mundo típico. Notas de ameixa seca, de violetas, chocolate, café e baunilha (bem presente). Em boca é intenso, amplo, um pouco doce, e com longo potencial de guarda. Agora tá pesadão. Mas é de primeira linha.
E para fechar, eu levei um Tokaji Hetszolo 3 Puttonyos 2000. Esse eu já havia bebido duas garrafas, ambas excelentes (clique aqui). E não é que demos azar com essa terceira? Infelizmente estava longe das duas primeiras. Embora perfeitamente apreciável, estava aquém das outras duas. Tinha um aroma forte de cana-de-açúcar, exagerado, fora do padrão. Não fez muito sucesso... Uma pena... Deve ser uma daquelas garrafas menos agraciadas de uma caixa... Mas isso acontece. Só não tinha visto com Tokaji.
E o Tonzinho abriu um Tarapacá Terroir Late Harvest 2010, feito com Sauvignon Blanc e Gewurztraminer que acompanhou a sobremesa e cobriu perfeitamente a lacuna deixada pelo Tokaji...
Bem, eu estava atrasado com esta postagem e a turma já tava brava... Mas aí está: Mais uma noitada daquelas da Confraria do Ciao!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Estrelas do Brasil Rosé 2009: Muito bom!


Todos sabemos da excelência do espumante brasileiro, mas aqueles feitos pela Estrelas do Brasil são realmente diferenciados. O Brut Champenoise 2006 é muito particular, rico, para apreciar com calma ou acompanhando boa comida. Este Estrelas do Brasil Rosé 2009, feito com 100% Pinot Noir, pelo método Champenoise e utilizando leveduras encapsuladas, é também muito bom. Sua cor é bonita, rosada com toques salmão, lembrando até suco daquelas laranjas sangue, hoje dificeís de serem encontradas, e que eu gostava tanto. O vinho possui bons aromas, com notas de panificação, frutas secas e cítricas, remetendo à grapefruit. Em boca é bem agradável, seco e gastronômico. Gostei bastante dele, embora seu irmão Brut 2006, citado acima e feito com Chardonnay, Viognier e Riesling Itálico, faça mais minha cabeça. A propósito, em São Carlos temos a oportunidade de encontrar os vinhos da Estrelas do Brasil na Adega Spazio.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Na falta de um TORO, fomos de CABALLO LOCO mesmo...

E enquanto não chega o famoso vinho que bate outros dez vezes mais caros (rsrs) tivemos que nos conformar com um nem tão fashion assim (rs). Eu levei este Caballo Loco 12 para apreciar com os amigos Carlão, Idinir e Marcão, em noite de Almaviva, mas naquela ocasião acabamos não abrindo. Mas chegou a vez dele. Bem, dessa vez o amigo Idinir não estava, mas acho que não se importará...
Eu tive o prazer de apreciar um Caballo Loco 5 há algum tempo, e estava elegantíssimo, perfeitamente domado pelo tempo. Recentemente apreciamos o 10, o qual foi feito com uvas da safra de 2005 e mesclado com 50% do vinho da safra anterior (clique aqui). Este número 12 é a mescla de 50% de vinho feito com uvas da safra 2007 com 50% dos anos anteriores. Este procedimento torna impossível determinar o corte exato, mas sabe-se que a Cabernet Sauvignon é  majoritária e divide as honras com Malbec, Merlot, Carmenére e Cabernet Franc. Além do charme, esta mescla aporta complexidade ao Caballo Loco. E esse 2007 estava raçudo, cheio de potência mas como uma elegância típica de garanhões de estirpe. Ao nariz notas de amoras pretas e cassis em meio tabaco, café e grafite. Com o tempo foram aparecendo também belas notas especiadas. Em boca, repetia o nariz e mostrava taninos ainda jovens, mas corretíssimos! É um vinho amplo, untuoso, muito estruturado. Se for beber, coloque no decanter e vá sentindo sua evolução com o passar do tempo. Um vinhaço, para longa guarda em um bom estábulo. Mas isso será para outra garrafa, por que essa, já dançou... E fica a pergunta: Será que o Toro bateria este Caballo?

quarta-feira, 4 de julho de 2012

TÔ ATRASADO, MAS AÍ VAI: O QUE ACHEI DO DECANTER WINE SHOW 2012

Ano após ano o Decanter Wine Show melhora. Esta é a terceira vez que vou e noto claramente um crescimento do evento, que está cada vez mais entre os grandes. Desta vez foi dado foco em vinhos europeus, e isso me agradou demais. Outra coisa que me agradou muito foi o buffet, que estava ótimo: Queijos, folhados, mini-tortas e uma mesa de doces para acompanhar os vinhos doces, o que foi uma ótima idéia!
Bem, e os vinhos?
Desta vez fui comedido e com o coração partido deixei de visitar muitos produtores excelentes. Mas aproveitei muito naqueles visitados. Comecei pelo estande do Sr. Anselmo Mendes. Já é uma tradição minha. Toda vez faço isso. É para começar o evento com o pé direito! E não deu outra: Grandes vinhos! Desde os mais simples até o top de gama, belos vinhos. O Muros de Melgaço é sempre bom, mas os dois tops, Curtimenta e Parcela Única, são excelentes! Confesso que gostei mais do Curtimenta, que é feito à moda antiga, com fermentação em contato com as cascas, em madeira avinhada e 9 meses de amadurecimento sobre as lias. Um dos melhores brancos do dia, sem dúvida alguma!
Dalí fui para a Champagne De Souza. Foram quatro vinhos de excelente qualidade. Desde os primeiros, todos muito bons, mas os dois últimos, deliciosos. O que me chamou muito a atenção foi o mineral Cuvée 3A Grand Cru, que é feito apenas com uvas de 3 vinhedos diferentes especiais, cujos nomes começam com A (Avize -50% Chardonnay, Aÿ -25% Pinot Noir e Ambonnay -25% Pinot Noir).
Passei pelos brancos Eslovenos e confesso que os achei apenas bons. Nada de mais. Além disso, ainda fiquei um tempão esperando o produtor terminar sua conversa ao celular para nos servir. Bem, ele acabou servindo sem interromper sua conversa. Acho que isso me fez sentir o vinho de outra forma, menos entusiasmada. O fato é que, para mim, eles não tem nada de mais e levam chineladas dos brancos de Anselmo Mendes e outros que citarei adiante. Da mesma forma, não me entusiasmei com os vinhos Croatas, que se mostraram muito tânicos. Talvez com uma carne bem gordurosa se dêem bem.
Visitei um estande ali perto para apreciar vinhos do Domaine de Salvard. O Cheverny Le Vieux Clos, sem madeira é muito bom, muito vivo, fresco, com acidez vibrante e pede frutos do mar. Esse até comprei uma garrafinha... Seu irmão maior, apesar se ser bom, tem muita presença de madeira para o meu gosto.
Em frente a este estande estava outro do Loire, o Chateau de Tracy, com 3 bons vinhos brancos. Destaque  óbvio para o HD (de Haute Densité), mais estruturado, com bom nariz e mineralidade.
Do lado direito desse estande estavam os vinhos da vinícola portuguesa de Beiras, a Quinta de Foz de Arouce, propriedade dos sogros de João Portugal Ramos, e onde esse, obviamente dá sua grande contribuição. Eu já havia apreciado o Quinta de Foz de Arouce Vinhas Velhas Santa Maria 2005, o top da vinícola, o qual achei excelente (clique aqui). O 2007 estava igualmente bom, mas mais floral e  frutado. Bem, mas o que me surpreendeu da vinícola foi o branco Quinta de Foz de Arouche VR Beiras. Inclusive, o Sr. Adolar Hermann estava lá, apreciando os vinhos da Quinta e citou que era um branco excelente, do tipo 8 ou 80. Quando ele disse isso eu já imaginei que iria gostar. E não deu outra! Um vinho diferente, que foge do normal, fresco e mineral. Delicioso! Sou uma anta: Não o inclui na minha compra ao final do evento! 
Neste mesmo corredor ainda apreciei vinhos excelentes do Sr. Domingos Alves de Souza. Aqui é felicidade pura: Além dos ótimos vinhos, tem a presença do Sr. Domingos, que é uma pessoa de uma simpatia impressionante. Isso, claro, torna os vinhos ainda mais gostosos. Gostei muito do Reserva Pessoal branco de 2004, que ele servia com orgulho. E com razão: É muito bom! E dos tintos, muitos na lista. Destaque para o Quinta da Gaivosa Vinha de Lordelo 2007 e Quinta da Gaivosa 2005, de primeira. 
E como eu estava do lado, não pude deixar de apreciar os vinhos do Domaine Antonie Guyon. Seus borgonhas de entrada já são acima da média. No entanto, gostei muito do rico Gevrey-Chambertin e do Volnay, amplos e minerais. Fiquei imaginando um Magret de Pato para acompanhar...
Seguindo em frente, passei pelo estande da vinícola grega Sigalas. Alí experimentei 3 vinhos, que gostei bastante. O branco Assyrtico Barrel Santorini 2009, muito fresco e aromático, com madeira na medida certa,sem sobrepujar a fruta,  e o tinto top da vinícola, o Mavrotragano Santorini 2009, tinto sedoso e muito elegante (entre os melhores). Além disso, apreciei o VinSanto, para o qual busquei um pedaço de queijo azul para acompanhar. Muito bom, com ótima densidade, embora a meu ver, careça de um pouco mais de acidez para contrabalancear a doçura.
Voltando aos franceses, destaque absoluto para o Chateauneuf du Pape La Gardine, tanto o branco quanto os tintos. Aliás, o Chateauneuf du Pape  Cuvée des Génerations 2006 foi para mim um dos melhores vinhos do evento. Uma harmonia incrível! Vale ressaltar também o entusiasmo e simpatia da representante da vinícola, que por ter morado no Brasil, falava bem o português.
Dos franceses gostei ainda dos vinhos de Paul Mas (ótimo preço e qualidade!), principalmente o Clos des Mures 2010. De Jean Luc Colombo gostei do Cornas Terres Brullées 2007 (mas todos eram bons).
E mudando para os espanhóis, seria desnecessário elogiar os vinhos de Arzuaga Navarro. O Pago Florentino, que é dos mais baratos da vinícola, é muito bom. E os tops? Aí o negócio pega. Gostei muito do novo Amaya Arzuaga 2007, cujo nome é homenagem à famosa estilista Amaya, irmã de Ignácio Arzuaga Navarro, e do Gran Reserva 2001, que é sedosidade pura.
Já o espanhol Hiru 3 Rácimos 2006, de Luis Cañas, é potência pura e deve envelhecer muito bem. Mas agora ainda está pegando. Se for bebê-lo, decante por boas horas.
Da Itália, claro que não poderia deixar de citar os Brunellos Caprili, principalmente o Riserva 2004, que está excelente! Ainda de Caprili, um ótimo vinho de sobremesa feito com a uva Moscadello.
E para finalizar meus destaques, portugueses de primeiríssima: Júlio Bastos! Gostei da maioria, mas o D. Maria Reserva 2006 estava delicioso, enquanto o Júlio Bastos 2004, top da vinícola, feito com Alicante Bouschet, é de uma estrutura incrível! Vinho para se mastigar, com muitos e muitos anos de bela evolução pela frente. Um dos melhores do evento, sem dúvida! Como eu gostaria de apreciar este vinho daqui a uns 5 anos. Com certeza estará maravilhoso! [ver aqui apreciação posterior que fiz do D.Maria Reserva 2006)
Bem, vou ficando por aqui. Teve mais coisa boa, mas a postagem esta ficando muito longa. O evento foi muito bom, ainda melhor que o anterior. Parabéns total à Decanter!

Um dos Reis da noite!
Richard e eu em mais um Decanter Wine Show!





domingo, 1 de julho de 2012

De Chateau Kefraya a Domus Aurea e Brunello Altesino: Belos vinhos na Degustação Zahil em São Carlos

E nesse sábado passado a Mercearia 3M, do amigo Idinir, promoveu mais um belo enoevento em São Carlos. Dessa vez foi com vinhos da Importadora Zahil. E foi tudo muito bom. Além dos vinhos, o bom das degustações promovidas pelo Idinir é que não há miséria: É taça bem regada e repetições à vontade! É muito difícil ver algo assim. Além disso, um ótimo buffet, com queijos, frutas e massas. Bem, é claro que nem tudo são flores... A parte ruím ficou por conta de algumas pessoas pouco preparadas para eventos do tipo. E não era só por que eram iniciantes, isso todo mundo já foi um dia (e no imenso mundo do vinho, penso que seremos sempre). O problema foi o péssimo comportamento em um evento desta natureza. Na degustação prêmio teve gente se servindo pelas próprias mãos, antes mesmo que os trabalhos fossem abertos. O coitado do simpático apresentador dos vinhos quase se esgoelou de tanto que precisa falar alto para superar as conversas paralelas em alto volume. E o pior, a turma do "enche a taça antes de todo mundo", continou com a deselegância durante todo o período. Bem, mas esse é um problema difícil de resolver. Mas de forma alguma isso tirou o brilho do evento.
Vamos aos vinhos?
Havia uma lista muito boa. Vou citar alguns que gostei e ao final, os 4 que foram apreciados separadamente.
Gostei de um Sauvignon Blanc da Volcanes de Chile, o Summit 2900 Reserva 2011. Aliás, este vinho foi destaque no Descorchados 2012, como best value e também nos Top 100 da Revista Gula (safra 2010). O vinho tem bom preço e é bastante agradável, com boa fruta, grama cortada e notas minerais. Alí, na mesma mesa, gostei de um Aquitânia Syrah Reserva 2010, que não tinha excesso de extração e nem era geleião, com boa presença e notas minerais. Muito bom também pelo preço pouco acima de 50 pilas. Vale conhecer. 
E alí pertinho, estava o libanês Chateau Kefraya 2007. Este já havia apreciado em outra oportunidade (clique aqui) e gosto muito. Vinho rico, mineral, que pede decanter e também alguns anos para mostrar todas suas qualidades. Eu gostei bastante, embora ache que o 2002 que apreciei ano passado esteja mais pronto (clique aqui). Surpresa boa foi um primo dele, também do Líbano, que estava do seu lado. Era um Coteaux de Botrys Cuvée de L'Ange 2008. Vinho feito com Syrah, Grenache e Mourvèdre, que é redondo e muito elegante. Bem mais pronto que o Kefraya. E na mesma mesa, dois australianos muito agradáveis: The Stump Jump GSM 2009 (veja o que achei do 2008) e o The Footbolt Shiraz 2008, da tradicional d'Arenberg. O Stump Jump sempre agrada e é ótimo custo benefício e o Footbolt mostra muita especiaria, tabaco e fruta madura (sem exagero).  
Nos portugueses, destaque para um Callabriga Alentejo 2004, o mais pronto e complexo dos Callabrigas servidos, que incluiam um Dão e um Douro 2007, que merecem mais tempo de adega ou então acompanhar um belo leitão a pururuca para que seus taninos sejam domados. O Vinha Grande 2008, das Casas Ferreirinha, que também já apreciei (clique aqui) estava muito bom, como sempre.
Eu gostei também do Riojano San Martin Crianza 2008, de Baron de Oña (apesar de no começo a baunilha se apresentar bastante). O italiano Tosca sempre agrada, e pede uma massa com molho vermelho que é uma beleza!
A lista de argentinos era boa e incluiam vinhos da Rutini, La Rural e Salentein. Eu gostei do Numina 2006 (85% Malbec e 15% Merlot), principalmente depois de umas 2 horas em decanter, quando mostrava notas de figo, ameixa, aniz e chocolate ao leite, e de dois vinhos mais simples da La Rural: O San Felipe 12 Castas e o Cepa Tradicional 2006. Estes últimos não são vinhos complexos, e sim, fáceis de beber, leves, baratos e ótimos para o dia-a-dia. Ainda na linha dos bons de preço, destaque para o Killka Malbec e Portillo, escolhas boas para agradar convidados em um churrascão.
E fomos então para os 4 destaques da noite, apreciados em separado. O primeiro deles foi o Apartado 2006, de Rutini. Um vinho denso, feito com Cabernet Sauvignon, Malbec e Syrah (a WS cita Petit Verdot no lugar da Syrah...). Eu já havia apreciado o 2003, que achei melhor, pois estava mais pronto (clique aqui). Este 2006 ainda precisa de alguns anos para amaciar. Ao nariz, notas florais e de frutas, como a ameixa, figo e amora. Em boca, bem amplo e com taninos ainda por arredondar. Um vinho com potencial para envelhecer.
Depois do Apartado, fomos para um que gosto muito e que recentemente apreciei (clique aqui). Era um Domus Aurea 2007. Um vinhão! Nariz muito rico, com notas de cassis, terrosas, tabaco, e com o tempo, curry. Em boca, muito amplo, com taninos presentes mas corretíssimos. Um vinho que pede comida e que tem longo potencial de envelhecimento. 
Seguindo, fomos para o uruguaio Amat 2005. Este também já bebi e confesso que esperava mais dele  (clique aqui). Esta garrafa estava melhor que a outra que apreciei, mas mesmo assim, achei meio pálido, apesar do vinho ser bem feito e sem arestas.
E para fechar a noite, um da turma de meus preferidos: Brunello de Montalcino Altesino 2006. Vinho de grande safra e de produtor de categoria. A turma do "enche a taça sem pedir" tungava sem dó, e sem a noção de que Brunello tem que ser bebido com a alma. Estava delicioso! Embora novo para um Brunello, já estava perfeitamente apreciável. A Sangiovese mostrava sua força, com aquelas notas de cereja ao marrasquino, chá, couro e "aromas de Sangiovese", como diria meu amigo Vitor, do Louco por Vinhos. É um vinho de encher a boca e que tem muitos e muitos anos pela frente (recentemente bebi um 1995 que estava sensacional!. Fechou a noite com chave de ouro! 
Parabéns Idinir! Outro belo evento!