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domingo, 7 de setembro de 2014

Só vinhões: Brunello di Montalcino Argiano 2004, I Sodi di San Niccoló 2007, Mastroberardino Aglianico 2010, Bioma Niepoort 2010, Paulo Laureano Tradições Antiguas 2011, Viña Ardanza Reserva 2005 e Chateau Guiraud 2009, para arrematar!

Noite fria em São Carlos e turma inspirada. Só vinhões!
Eu levei um Brunello di Montalcino Argiano 2004, que deixamos no decanter enquanto apreciávamos os outros belos vinhos levados pelos confrades. O Brunellão, de grande safra, foi se abrindo e mostrando ótima fruta, cereja madura e amoras, em meio a chá, tabaco e couro. Com o tempo, foi liberando uma notinha mentolada bem legal. Em boca mostrava que os 10 anos já estão fazendo efeito, pois os taninos já estão sedosos. A acidez era ótima e o final muito longo. Uma beleza! A turma gostou, claro.
O JP levou outro vinhaço, riquíssimo: I Sodi di San Niccoló 2007. É um vinho de Castellare di Castellina, feito na região de Chianti com 85% Sangioveto (clone de Sangiovese) e 15% Malvasia Nera. Costuma maturar 15-30 meses em barricas de carvalho 2/3 novas. É o vinho emblemático da vinícola e sempre fatura altas notas da crítica. Este 2007, por exemplo, faturou 95 de Mr. Parker e 3 Bicchieri do Gambero Rosso. Mas notas à parte, é um vinho grandioso. Foi se abrindo durante a noite e mostrando grande riqueza. Tem notas de cereja, ameixas, terrosas e de alcaçuz. É amplo e intenso em boca, com acidez italiana e taninos sedosos. O final é longo e especiado, com notas de alcaçuz e sálvia. Uma beleza de vinho! Sem dúvida teria muitos anos pela frente, com grande evolução. Mas esse já foi...rs. Em noite de tantos vinhões é até injustiça escolher um, mas para mim, foi o melhor da noite, juntamente com o Sauternes descrito logo à frente. Valeu, JP! Vinho importado pela Vinci.
Ainda nos italianos, o Thiago levou um que demanda gosto por vinhos da bota. Paladares afeiçoados por vinhos redondos e aveludados, podem estranhar o nervo e rusticidade do Mastroberardino Aglianico 2010. Vinho da Campania, com aromas de ameixas e cerejas, em meio a notas herbáceas e alcaçuz. Em boca, repete o nariz e mostra rusticidade e nervo. Os taninos são presentes e a acidez, típica italiana. O final é herbáceo. É vinho que deveria ser bebido daqui a uns 2-3 anos e que pede comida. Eu gosto do estilo. É importado pela Mistral.
O Joãozinho, que está se especializando em levar bons vinhos, levou o duriense Bioma 2010, de Dirk Niepoort. Bem, o produtor dificilmente erra. Em 2010 foi a primeira safra deste vinho, que é feito com uvas de vinhas mais jovens cultivadas seguindo os preceitos da viticultura biológica. A maturação é feita em grandes tonéis (2000-5000 litros) de madeira recuperada de tonéis de vinhos do porto. A intenção é ter menos influência da madeira. Procurou-se também utilizar pouca intervenção durante a vinificação. Logo ao ser aberto o vinho mostrou as características dos vinhos de Nierpoort, com frutas silvestres saltando da taça, em meio a ervas e notas florais e minerais. Em boca, mostrava frescor e mineralidade, com final frutado. Com o tempo, foi ficando redondo e a fruta foi se acomodando, deixando um vinho equilibrado e muito saboroso. Outra bela obra de Dirk Niepoort, a um preço mais palatável que seus ícones. Experimente! É importado pela Mistral.
O Tonzinho levou um vinho cujo exemplar de 2010 eu já apreciei. Era um Paulo Laureano Tradições Antiguas 2011, na talha. É um vinho feito seguindo tradições romanas de 2.000 atrás. O desengace foi feito utilizando ripasso, que é um instrumento de madeira que desengaça e esmaga as uvas manualmente. A fermentação é feita em ânforas de barro e o vinho é clarificado naturalmente, por decantação. Depois disso, descansa em inox para afinamento e é engarrafado. Apenas 2.400 garrafas e 600 talhas foram produzidas. O vinho é aromático, com notas de frutas silvestres e terrosas. Em boca é de médio corpo, muito macio e equilibrado. Eu achei mais denso do que aquele de 2010 que apreciei, que era mais festivo. É um vinho muito bom e para ser apreciado jovem, não para guarda. O produtor recomenda 18 meses após o engarrafamento. Ou seja, o 2011 está na hora de ser abatido.
Ainda na península ibérica, passamos para o vinho levado pelo Caio, um belo Viña Ardanza Reserva 2005. O vinho, da vinícola La Rioja Alta, é feito com 80% Tempranillo e 20% Garnacha e matura 4 anos em barricas. Lembrou-me um Luis Cañas Selección de la Familia, também levado pelo Caião tempos atrás (logo vem a postagem). Este Ardanza prima pela fruta madura, com notas marcantes de cereja e framboesa, em meio a couro, tabaco e cravo. Em boca é amplo, frutado e com taninos muito corretos. Tem um fundo balsâmico bem legal. Uma beleza de vinho! Gostei bastante. É importado pela Zahil. Nota pós-postagem: Ficou na lista dos Top 100 da WS em 2014 (#34).
E para finalizar, nosso amigo Rodrigo chega com um Chateau Guiraud 2009 para acompanhar a sobremesa. É um Sauternes fantástico! Riquíssimo ao nariz, com notas amendoadas, mamão, abacaxi em compota e mel. Em boca era cremoso, delicioso, com ótima acidez equilibrando o dulçor. Um néctar! Este de 2009 faturou 96 pontos da Wine Spectator e foi quinto na lista dos top 100 de 2012. A nota é esta e pronto, mas para classificação, conta a disponibilidade no mercado americano e o seu preço, que é muito justo. Se você costuma visitar a terra do Tio Sam e gosta de grandes vinhos, não pode deixar de colocar algumas garrafas de Guiraud na mala. Duvido que não fique impressionado. Mas se quer mesmo é gastar uma fábula com Chateau D'Yquem, pelo nome, fique à vontade.
Isso aí, pessoal! Mas uma grande noite.