A última reunião da confraria estava bem esvaziada. Só o JP, Fernandinho e eu presentes (Caio e Tom chegaram no finalzinho da noite, prá dizer um "oi").
O JP levou um riojano tradicional, o Cune Reserva 2008, da CVNE (Compañia Vinícola del Norte da España). Tempos atrás eu levei na confraria um 2000 (clique aqui), que estava muito bom. Mas esse 2008, não sei se pela relativa juventude, não estava muito legal. O vinho é feito com Tempranillo (85%) e o restante dividido pela Graciano, Mazuelo e Garnacha. A maturação é por 2 anos em barricas de carvalho francês e americano. O vinho tinha notas de cereja, ameixa e cítricas, em meio à madeira. Em boca era seco, com taninos um pouco rebeldes. Tinha um herbáceo um pouco salidente. A madeira estava acima do meu limite. Achei o vinho um pouco ralo e áspero, um tanto rústico. Bem, estou bem à vontade para dizer isso por que o JP também torceu o nariz para ele...rs. Uma das poucas vezes que não gostei de um CVNE. Será que ele melhoraria com alguns anos em adega?
E do lado dele, o vinho que levei, um Matetic Corralillo Winemaker's Blend 2009. A vinícola se localiza no Vale do Santo Antônio, região de dias quentes e noites frias, com influência maritíma. É uma vinícola que pratica a agricultura orgânica e que utiliza os preceitos da biodinâmica. O Winemaker's blend, como o próprio nome diz, é um corte escolhido pelos enólogos da vinícola e que varia a cada ano. Este 2009 é feito com Syrah (63%), e o restante dividido entre Cabernet Franc, Malbec e Merlot (essa minoritária). Cada uva foi fermentada separadamente e a maturação ocorreu também separadamente, por 12 meses e em barricas francesas feitas com madeiras de diferentes florestas, diferentes fabricantes e também com diferentes tostas. O vinho tem ótima fruta e especiarias ao nariz, além de notas de chocolate. Logo ao ser aberto a Cabernet Franc dava o ar da graça, com seu lado apimentado e umas notinhas de azeitona preta. No entanto, com o tempo as notas de alcaçuz e fruta madura foram dominando. É um vinho muito redondo em boca, com ótima acidez e taninos muito sedosos. É muito legal acompanhar a sua evolução em taça. Eu confesso que gostei dele mais no começo, quando era mais nervoso, mas apimentado. Mas era também muito bom depois de respirar. É daqueles que semprem pedem uma nova taça. Na minha opinião, não deu chances para o Cune. O vinho acompanhou muito bem um prato light que pedimos: Rabada com Polenta Gratinada...rs.
A propósito, no site da Wine, onde comprei o vinho, o corte descrito é do 2007, que tinha a Cabernet Franc como majoritária (44%), seguido de Merlot (30%) e Malbec (26%). Eu queria ter experimentado este corte, que me parece muito interessante, pela boa presença da Cabernet Franc, que gosto muito.