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terça-feira, 17 de julho de 2012

De espumante com flocos de ouro a um Paul Sauer de 17 anos: Minhas impressões sobre o ENCONTRO MISTRAL 2012

L'Or de Parigot
Eu tive o prazer de participar de todos os eventos promovidos pela Mistral, seja o Tour ou o grande Encontro Mistral. Bem, até hoje, todos foram impecáveis. E minha maneira de encarar o encontro foi mudando com o tempo. Nos primeiros, queria provar o maior número de vinhos possível e me deleitar com aquelas maravilhas que dificilmente são reunidas em um mesmo evento. Nos mais recentes, e com mais maturidade (para não dizer também,  mais idade...), vejo esses eventos com outros olhos. Já não procuro apreciar um grande número de vinhos, e nem sigo regras e roteiros prévios. Vou para me divertir! E acima de tudo, conversar com os produtores, que são os grandes artistas da festa. E isso me dá muita alegria (claro que os ótimos vinhos também). Este ano, fui logo no primeiro dia, ao contrário dos eventos anteriores, nos quais ia no segundo dia. Achei legal a mudança. Não sei por que, mas achei que tinha menos gente, ao menos no começo, o que facilitou a conversa com os produtores. 
Mr. Johann Krige
Um momento incrível tive com o proprietário da vinícola sulafricana Kanonkop, Mr. Johann Krige. Eu tenho uma recordação legal dele. No início dos anos 2000 visitei seu estande e conversei com ele a respeito de seus vinhos, dos quais gosto muito, incluindo o grande Paul Sauer, que acho um dos melhores vinhos sulafricanos. Naquela époco, apreciei um Paul Sauer 2000 (se não me engano). Ao final, ele vendo meu entusiasmo com o belo vinho, me serviu uma dose de um 1995, vindo de uma garrafa double magnum. E que beleza! Com isso, ele me mostrava o quanto o vinho evolui bem. E nesse encontro do ano de 2012, tive outra supresa. Foi o terceiro estande que parei para mostrar ao amigo Paulão os vinhos de Kanonkop, e contar a história acima. Conversei então como o Sr. Johann Krige, o lembrando do ocorrido quase 10 anos antes.
Paul Sauer 1995
Ele então me apresentou um desafio: Iria abrir um vinho às cegas para que eu tentasse identificar do que se tratava. E o que era? Um grande Paul Sauer 1995! E eu, que bebi o vinho com 7 anos, estava naquele momento apreciando ele com 17! E que maravilha estava! Ainda vivíssimo e com uma elegância ímpar. Como disse ao Mr. Krige, o encontro poderia terminar alí que eu já estaria feliz, pois isso não acontece todo dia. Bem, mas teve muito mais, que descreverei a seguir.
Nós começamos com grandes Champagne. Destaque absoluto para o Bollinger Grande Année 2002 - Uma maravilha engarrafada. Nem vou me arriscar a descrever a complexidade e riqueza deste vinho. Soberbo! Destaque também para todos os Pol Roger. Maravilhosos! Mas o Winston Churchill 1999 estava demais! E é claro, ainda nos espumantes, mas agora da Borgonha, não posso deixar de citar o belíssimo Cuvée L'Or de Parigot Rosé, que possui flocos de ouro 24 kilates (primeira figura da postagem). Além da qualidade, tem o belíssimo efeito causado pelo ouro. Belo vinho, literalmente.
No campo dos brancos, gostei muito do Redoma, do Erre Punto Blanco (R.) de Remirez de Ganuza (um branco de Malvasia e Viura, com muita estrutura), do Le Macchiole Paleo Bianco (Sauvignon e Chardonnay), do Arinto de Campolargo, Chardonnay Russian Valley de Paul Hobbs e do riquíssimo bordalês Goulée Blanc 2009 (uma beleza!). 
No campo dos Rosés, destaque para o Redoma Rosado (sucesso sempre), Sassi Rosa (Castello del Terriccio) e Campolargo.
E quanto aos tintos? Bem, aqui o negócio pega. A oferta era enorme e não conseguirei descrever todos que bebi. 
Carlos Campolargo
Dos Portugueses, belos vinhos da Symington Family, com destaque para o grande Quinta do Vesúvio, cheio de camadas, Chryseia 2009, Altano Reserva (ótima qualidade pelo preço) e o Porto Graham's  Malvedos Vintage 1999 (delicioso). Os Redoma, do competentíssimo Dirk Niepoort, dispensam comentários. Bem, dispensam também comentários os vinhos da Quinta do Vale Meão, com um Meandro sempre bom e um soberbo Quinta do Vale Meão 2009 (novinho, novinho, mas com futuro grandioso). Também deliciosos os vinhos do Dão, do Sr. José Perdigão. Há alguns anos apreciei duas garrafas do Quinta do Perdigão Touriga Nacional 2001, que foi para mim um dos melhores Touriga que apreciei (e um dos melhores portugueses). E ainda nos lusitanos, grande destaque para os vinhos do Sr. Carlos Campolargo. Aqui o negócio pega! A simpatia do produtor é algo admirável, assim como todos os seus vinhos, riquíssimos. Gostei muito do Rol de Coisas Antigas, do Campolargo Pinot Noir e do Baga, perfeitamente domada pelas mãos do mestre Carlos. 
Com relação aos franceses, fica difícil, pois o negócio tava bonito. O Goulée 2004, segundo vinho de Cos d'Estournel, estava muito bom, pronto para beber, enquanto seu irmão maior, o belíssimo Cos d'Estournel 2004, já comentado aqui no blog (clique aqui) ainda tá fechadão e com anos pela frente. E o que falar sobre Chapoutier? Difícil, né? O Chateauneuf La Bernardine é sempre certeza de agradar, e estava muito bom, com notas de frutas vermelhas, frescor e boa mineralidade, enquanto o Hermitage M. de La Sizeranne era elegância pura - A Syrah em sua melhor forma! E migrando para o Languedoc-Roussillon, um belo vinho o Daumas de Gassac 2010, feito com 80% Cabernet Sauvignon e 20% de mais 10 castas. Vinho que pode causar estranheza a amantes de bombas.
Sr. Fernando Remirez de Ganuza
Quanto aos espanhóis, deram o show, como sempre. Para mim, destaque absoluto para os vinhos do Sr. Fernando Remirez de Ganuza. Ficamos alí, ouvindo as explicações orgulhosas do produtor em relação aos seus grandes vinhos. O branco, já citado, é delicioso. E os tintos, todos bons. O Fincas de Ganuza é excelente, muito aromático e com madeira muito bem integrada. O Remirez de Ganuza Reserva 2004 é maravilhoso, mesclando tradição e modernidade, enquanto o Trasnocho 2006, cujas uvas são maceradas de forma gentil por um balão inflado com água em uma câmara, é belíssimo! Mas o Sr. Fernando destaca: Seu vinho emblemático é o Reserva. Eu gostei muito, de todos!
E como não gostar de um Clos Mogador, apreciado ali pertinho? Ou dos vinhos de Anima Negra? Dificil, né? Também muito bons os vinhos do Dominio de Atauta. Segundo seu representante, Andrés, são vinhos particulares e que ainda são pouco apreciados no Brasil, enquanto em outros países são muito queridos. O Domínio de Atauta 2005 é dos grandes!
O grande Paul Hobbs e este blogueiro
Outro momento ímpar: A visita ao estande do grande Paul Hobbs. Não teve um dos seus vinhos que não gostei. Todos excelentes! Dos Pinot estruturados aos intensos e elegantes Cabernet Sauvignon, todos deliciosos, de tirar o chapéu. E isso tudo na presença do produtor, que é simpatia pura. Apreciar um vinho na presença de seu produtor é muito bom. Mas se este produtor é ainda refinado e elegante, os vinhos ficam ainda melhores. E isso não tem preço!
E migrando para os italianos, mais uma vez o negócio pega. Todos que eu bebi estavam ótimos, mas destaco dois produtores que gosto muito: Le Macchiole, com seus varietais de Cabernet Franc, Syrah e Merlot com muita intensidade, e Castello del Terriccio, com vinhos ricos, como  o grande Lupicaia, feito com Cabernet Sauvignon, Merlot e Petit Verdot. Vinhos grandiosos! Gostei também bastante do Lessona 2006, de Sperino: Amplo e elegante. E eu cometi um pecado: Não apreciei os belíssimos Castello di Ama! Mas fazer o que? Tenho um fígado só... E outros eventos virão. 
Para terminar, esse ano visitei apenas um produtor sulamericano, e era o brasileiro Luis Henrique Zanini, da Vallontano. E valeu a pena! Além de ter provado um belo espumante da vinícola (TH Zanini Extra Brut), pude conversar com o jovem produtor, que é uma pessoa educadíssima e possuidor de grande entusiasmo. O papo foi bom: Conversamos sobre a tendência de padronização dos vinhos, os "vinhos tecnológicos", salvaguardas e sobre o belo projeto do qual Zanini participa, o Era dos Ventos (o branco feito com a uva Peverella, e que gosto muito! E agora tem também a versão tinta, com a Merlot). Conversa muito agradável com uma pessoa de elegância ímpar.
Bem, apreciei mais vinhos, mas a postagem já está longa. Em resumo, o Encontro Mistral mais uma vez arrebentou! Impecável! Abaixo coloco mais fotos do evento. Ah, quem quiser ler descrições muito legais sobre o Encontro, acesse o blog do amigo Vitor, do Louco por Vinhos e do amigo Silvestre Tavares, do Vivendo a Vida.

Gianluca e Messorio, de Le Macchiole

Francisco Olazabal Filho e Quinta do Vale Meão 2009

Vinhos Le Macchiole - Excelentes

Carolina Zucchini e o grande Lupicaia

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