Nada melhor para celebrar o retorno do confrade Rodrigo que uma noite regada a grandes vinhos. Eu já havia programado uma sequência de tops chilenos, inspirado em uma postagem do seu xará, o amigo Rodrigo, do Vinhos e Viagens. E chegou a hora! Mas nosso confrade Rodrigo queria fazer a introdução e fechamento do evento, e levou os vinhos para tal. A introdução foi com um Champagne Veuve Clicquot e o encerramento, com um sauternes Carmes de Rieussec 2006, para acompanhar o meu famoso (quase 20 pessoas conhecem...rsrs) Creme Brulée. Bem, evento iniciado e concluído nos conformes!
Depois de umas taças de champagne partimos para os tintos, que decantei por 2 horas antes de levar ao Ciao Bello. Isso foi fundamental, pois eram vinhos relativamente novos e alguns deles, brigões.
Fizemos uma rodada inicial com cada um, e depois, com todos abertos e a comida na mesa, mandamos ver livremente de acordo com a preferência de cada confrade.
O primeiro a ser apreciado foi o O Mingre Assemblage 2007, da tradicional vinícola J.Bouchon. O vinho é feito com Cabernet Sauvignon (37%), Malbec (21%), Carmenére (21%) e Syrah (21%), de vinhedos com mais de 60 anos e de baixo rendimento. Os enólogos são Patrick Valette, Rafael Sanchez e Pablo Toro, ou seja, só gente boa. O vinho, que é feito com uvas de vinhedos de baixo rendimento, passa 14 meses em barricas de carvalho francês. Ele tem boa fruta, mas sem exagero, com notas de framboesa e ameixa, em meio a cacau, chocolate ao leite e um tostado na medida certa. Em boca é sedoso, complexo e muito elegante. Era o mais barato da turma, e o mais pronto para ser bebido. Agradou a todos, sem exceção. Muito bom o vinho! Recomendo. Fiquei arrependido de não ter comprado mais garrafas dele.
O segundo vinho foi o Neyen Espiritu de Apalta 2007. A vinícola Neyen possui 135 hectares de vinhedos, mas apenas uvas de 30 deles são utilizadas para o Neyen Espiritu de Apalta, o seu vinho top. O enólogo é o competente Patrick Valette. O vinho é feito com 70% Carmenére e 30% Cabernet Sauvignon, e passou 14 meses em barricas de carvalho francês (70% novas). É bastante especiado, com notas de especiarias indianas em meio à fruta madura e café. Em boca, muito correto, com taninos levemente arenosos e final especiado muito gostoso. Um vinho excelente, mas para paladares que sabem entendê-lo. Lembrou até características do Domus Aurea (embora este último seja feito só com a Cabernet).
O terceiro vinho foi o Triangle 2008, da jovem vinícola Crazy Wines, a qual é propriedade de de Jean-Pascal Lacaze, Christophe Beau e Olivier Bastet. O enólogo é Rhodolphe Bourdeau. A área plantada é de apenas 1,5 hectares. O Triangle 2008 é feito com 100% Cabernet Sauvignon, de vinhedos sem irrigação de Cauquenes, no Vale do Maule. O vinho foi muito elogiado no Descorchados 2012, onde foi chamado de "monstro". Sugerem ainda que precisaria no mínimo 5 anos de garrafa, além dos 2 anos que já passou em madeira. E realmente é um monstro! Foi eleito por unanimidade o melhor da noite. Um vinho potente mas muito equilibrado. Notas de frutas maduras, como a goiaba e amora, em meio anotas tostadas, balsâmicas e chocolate amargo. Em boca é amplo, potente, mineral e com longo final. Lembra a potência dos vinhos da região de Toro, na Espanha. Um vinhaço, com anos e anos pela frente. Vou guardar uma garrafa por uns anos, porque tenho certeza de que evoluirá maravilhosamente.
E para fechar, uma nova estrela chilena, o Peñalolen TEZ 2009. A vinícola Peñalolén foi fundada em 1998 e tem como enólogo Jean-Pascal Lacaze. É do mesmo grupo da Quebrada do Macul, que faz o grande Domus Aurea, e do Pargua. Portanto, tem pedigree. Aliás, ele já tem arrebatado prêmios em eventos realizados no Brasil. Ele foi lançado na Vitória Expovinhos 2012 e já ficou entre os Top Five. Até hoje, há apenas duas safras lançadas, a 2009 e a recente 2010. O vinho é feito com uvas de baixo rendimento e a produção é muito pequena. Só para se ter uma idéia, foram feitas apenas 2 barricas do 2009 e 4 do 2010! Essa garrafa que bebemos era a número 192 de apenas 490 que foram produzidas! Portanto, se quiser beber um desses, corra, pois acabará logo. É um vinho muito aromático, com muita fruta (menos madura que do Triangle), com notas de goiaba e cassis, em meio a um leve mentolado. Em boca é potente e com um final muito longo. Um vinhaço que ainda está novo e que deve evoluir muito bem. Em minha opinião, ficou ali pertinho do Triangle.
Minha conclusão final: Noite impecável! Abertura com Champagne, final com Sauternes e Creme Brulée, e um recheio com tintos chilenos de primeira! Falar o que? Todos os tintos estavam ótimos, com destaque para o Triangle e TEZ, mas muito bem na fita o Neyen e o Mingre (que se mostram mais prontos para beber).
Todos os tintos são importados e comercializados pela Vinos y Vinos, que aliás, também importa os excelentes vinhos da vinícola Elvio Cogno, já comentados aqui no blog (1 e 2)