terça-feira, 30 de setembro de 2014

Gravner Rosso 1999: Um grande tinto de um produtor famoso pelos vinhos laranja!

Josko Gravner é um produtor que foge do trivial. O esloveno radicado no norte da Itália, região de Friuli-Venezia Giulia, é conhecido pelos seus vinhos "laranja", brancos fermentados por longo tempo em ânforas de terracota juntamente com as cascas e que ganham uma coloração alaranjada com o tempo. O produtor possui 18 hectares de vinhedos, sendo alguns, na sua vizinha pátria Eslovênia. Sua produção segue a linha natural, com pouca intervenção. Embora seja famoso pelos vinhos brancos (ou laranjas, como queiram), ele produz também tintos de excelente qualidade. 
O Akira nos brindou com um grande Gravner Rosso 1999! O vinho é feito majoritamente com Merlot e uma pitada de Cabernet Sauvignon. A fermentação é feita em tinas de carvalho abertas, por 21 dias, com as leveduras das próprias uvas. A maturação ocorre em barricas de carvalho de 200 litros por 48 meses. O engarrafamento é feito sem clareamento ou filtração. A produção é pequena, de apenas 3.600 garrafas. É uma maravilha engarrafada. Antes de abrir, não tinhamos a menor idéia do que iríamos encontrar. Mas quando tirei a rolha, ainda em boas condições, mas pequena e um pouquinho danificada para um vinho que promete grande longevidade, vimos se tratar de algo realmente muito especial. Sua cor ainda estava viva, rubi forte, com leve halo de evolução. Ao nariz mostrava uma riqueza aromática incrível e difícil de descrever. Começou com cerejas pretas, café, alcaçuz e notas
minerais. Com o tempo foram surgindo novas nuances, um mentoladinho gostoso, notas animais, ervas e especiarias. Ao nariz dava até a impressão de que seria um pouco doce em boca, mas não! Era seco, do jeito que eu gosto, com acidez perfeita e ótima mineralidade. Intenso, elegante, com grande clareza e final interminável. Um vinho incrível! Raridade, pois vejo apenas os brancos de Gravner sendo vendidos no mercado brasileiro. E obviamente, um tinto de 1999 será ainda mais difícil encontrar. Posso dizer com tranquilidade que foi um dos melhores vinhos que bebi este ano. Um vinho para ficar na lembrança.


sábado, 27 de setembro de 2014

Altano 2011: Realmente, um "best value"!

Eu aprecio o duriense Altano, da Família Symington, desde seu lançamento, quando chegava no catálogo da importadora por ótimos 13 dólares (se não me engano). Bem, ele ganhou fama e preço, que é o dobro agora. Mas mesmo assim, comparado com outros por aí, é um ótimo achado. Este Altano 2011 tem agradado a crítica, recebendo 91 pontos da Wine Spectator e o título de best value. O vinho é feito com Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca e matura apenas 4 meses em barricas usadas de carvalho francês e americano. É um vinho feito para o dia a dia e para consumo imediato (embora possa ser guardado por um tempinho...). Ao nariz mostra notas florais, de ameixas, framboesas e chocolate. Em boca, repete o nariz e mostra grande maciez. É do tipo "cremoso". A acidez é correta e os taninos redondinhos. Como sempre, um vinho muito bem feito, mas nessa grande safra de 2011, se superou. Uma delícia! Também para comprar de caixa.  Ah, é importado pela Mistral


sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Amalaya Gran Corte 2009: Gostei

Rapidinho: Este Amalaya Gran Corte 2009 foi apreciado na companhia de meu amigo Márcio em Piracicaba, acompanhando um belo filé. É um vinho de Salta, do mesmo grupo da Colomé (Hess Family). Este 2009 é feito majoritariamente com Malbec e pitadas de Cabernet Franc e Tannat. Passa 12 meses em barricas, apenas 20% novas e o restante de segundo uso. É um vinho concentrado, mas sem exageros. Tem aromas de amoras maduras, ameixas, chocolate amargo e pimenta-do-reino. É fácil identificar a presença da Cabernet Franc. Em boca é concentrado mas mostra mineralidade e um toque picante que compensa o doce da Malbec. É um vinho que não enjoa e muito bom para acompanhar carne grelhada. Nos mais novos substituíram a Tannat pela Bonarda. Aí eu já não sei se não vai ficar pesado. Mas este 2009 estava legal. 

Ps. Usei a foto do site da vinícola, pois perdi a que tirei no dia.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Chateauneuf du Pape Vieux Télégraphe La Crau 2009: Vinhaço!

Dias atrás fiz um almoço mineiro para meu amigo Paolão e sua esposa Regina e meu confrade chegou com um belo Chateauneuf du pape Vieux Télégraphe La Crau 2009 debaixo do braço. Meus olhos cresceram no vinhão, feito pela tradicional vinícola, com história desde 1898. Os vinhedos são plantados no planalto La Crau, onde ficava uma antiga estação de telégrafo. Daí o nome.  Uvas de vinhedos mais jovens são utilizadas para fazer o segundo vinho, chamado Vieux Télégramme, o qual é feito apenas com Grenache (90%) e Mourvèdre (10%), mas vinificado praticamente da mesma maneira. Este La Crau 2009 foi feito com Grenache (65%), Mourvèdre (15%), Syrah (15%) e 5% de outras castas. Ele estagiou em barricas por 10 meses e em foudres (500-700 litros) por adicionais 12 meses. O engarrafamento é feito sem filtração, o que já dá para notar, pelos precipitados. O vinho é bem frutado, com notas de ameixa, cassis, alcaçuz e alcatrão. Em boca mostra o vigor de sua juventude, com taninos ainda por arredondar. O vinho é mineral, a acidez é  vibrante e o final, interminável. No começo estava nervoso, mas com o tempo foi ficando mais amigável. Aliás, muito amigável! rs. Mesmo assim, está novo. Precisaria de mais uns anos de adega. Mas estava delicioso e mostrava um grande potencial de envelhecimento. Vinhaço top, de primeiríssima! Valeu, Paolão!


terça-feira, 23 de setembro de 2014

High Hook Pinot Noir Willamette Valley 2012: Jovem e fresco!

Dias atrás fui para Minas e trouxe um frangão caipira para fazer ensopado. Tá difícil achar o danado, mesmo lá. Aqui em São Carlos acha-se apenas o frango "sertanejo universitário", daqueles que só tem uma carne amarelada mas aqueles coxões que lembram peru. E cozinham em 15 minutos...rs. Isso não é frango caipira. Frango caipira tem pouca carne, muito osso, cambitos compridos, carne escura e que toma tempo e paciência para cozinhar, pingando água. E esse que eu peguei era um deles, "Tonico e Tinoco", caipira de raiz! Dubão! E para acompanhá-lo, nada melhor que um Pinot Noir. E escolhi um que ganhei de minha cunhada, trazido de viagem aos EUA. É um Pinot Noir da vinícola antes chamada Fish hook Vineyards, do Oregon. A vinícola é nova, de 2008, e mudou de nome para High Hook Vineyards por causa de uma pendenga envolvendo o nome. O termo "high hook" (em referência a anzol) é usado entre os pescadores nos EUA para designar aquele cara que pesca o maior ou a maior quantidade de peixes. Ou seja, o craque da pescaria. É também usado como um indicador de excelência. A vinícola patrocina várias organizações de conservação ambiental e envolvidas com pesca. Ela doa 3 US$ por caixa para organizações de conservação marinha. Só produz 2 vinhos: Pinot Blanc e Pinot Noir. O uso da madeira é comedido, e nenhuma madeira nova é utilizada. A intenção é deixar a fruta se manifestar. E ela aparece neste vinho em notas de cerejas e framboesas, com um fundo especiado. Em boca é mineral e possui boa acidez, que deixa o vinho fresco e vibrante. Ainda que não seja simples, ele não é um vinho cheio de complexidade. O bom é que não tem aquela fruta super madura de Pinot sulamericano. Gostei de seu frescor. Mas já bebi exemplares do Oregon que me deixaram mais feliz. Ah, ele acompanhou bem o frangão caipira! 
Esse é caipira! Ainda no começo do cozimento, lento, pingando água, como deve ser...



segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Anselmann Pinot Noir Trocken 2011: Frescor e bom preço!

Em tarde de sexta-feira quente, como tem sido ultimamente, passamos na Mercearia 3M e abrimos este Anselmann Pinot Noir Trocken 2011. Confesso que além de algumas poucas degustações, não tenho muita experiência com Pinot Noir alemão, ou melhor, Spatburgunder, que é o nome dela lá. E este foi uma grata surpresa! É Pinot de cor clara e estilo mais fresco. Ao nariz mostra notas de morango e cereja, em meio a notas florais e herbáceas. Em boca é seco, tem boa acidez, que lhe aporta frescor e vivacidade. Os taninos dão presença ao vinho, que tem também um toque apimentado legal. É daqueles que pedem sempre outra taça, diferente de muitos Pinot Noir chilenos, que saturam na primeira. Foi fácil de beber e agradou a todos. Além disso, tem bom preço. Experimente*! 

*Mas atenção: Estamos tratando de um vinho de bom preço e fácil de beber. Não espere um borgonha, por favor... 

domingo, 21 de setembro de 2014

Septima Gran Reserva 2010: Denso

Rapidinho: Mendocino feito com Malbec, Cabernet Sauvignon e Tannat (em quantidades decrescentes) e que passa 18 meses em barricas de carvalho. Nele, tudo é denso. A cor é retinta, escura, bem forte. Os aromas são intensos, de ameixa, amora e figos em compota, em meio a chocolate, baunilha e café. Em boca é muscular, cheio, com taninos sedosos e final longo e tostado. É novo mundo típico e prato cheio para neófitos. Para mim, uma taça pequena, com uma boa tira de picanha, basta. 

Trio bão, no Paolão: Chateauneuf du Pape Bosquet des Papes 2011, Salanques 2010 e Don Maximiano 2008

JP, Fernandinho e eu fomos à casa de nosso amigo Paolão para bons papos, petiscos e ótimos vinhos. O primeiro deles, oferecido pelo JP, foi um (muito) jovem Chateauneuf du Pape Bosquet des Papes Cuvée Tradition 2011. O vinho é feito com 75% Grenache, 11% Syrah, 11% Mourvèdre e 3% de Vaccarèse, Counoise e Cinsault. Bem, o próprio produtor menciona que o vinho começa a atingir o seu melhor depois de 6-7 anos. E este, obviamente, com seus 3 aninhos, estava novíssimo. Um pecado, JP! Mas já que estava lá, tascamos o saca-rolhas e pronto. O vinho mostrava aromas de frutas silvestres, framboesas e amoras, em meio a especiarias, como alcaçuz e canela. Os aromas ficavam tímidos, como se quisessem dizer: "Ei, daqui a uns anos estaríamos maravilhosos"! rs. E em boca a mesma coisa: Timidez!  Fechado e tânico, claro. Mas mesmo assim, deu para ver a sua grande qualidade e potencial. Vinho intenso e mineral. Um belo Chateauneuf, que em 2021 estaria ótimo! 
O Paolão abriu um Salanques 2010, de Mas Doix, Priorato. O vinho é feito com Garnacha (65%), Cariñena (25%) e Syrah (10%). Só as videiras de Syrah são mais jovens. As outras têm mais de 80 anos. Todas, de rendimento baixíssimo (700 gramas de uva por planta). Este também estava novo, mas bem mais apreciável. Os aromas de cereja preta e ameixa se mesclavam a notas licorosas, de chocolate e minerais. Em boca mostrava ótima intensidade, fruta na medida certa, acidez correta e mineralidade. Mais uma confirmação de que vinhos do Priorato sempre são ponta firme. Muito bom! Sócios do Clube Wine, podem comprar que vale a pena.
E eu levei um Don Maximiano 2008, já comentado aqui no blog duas vezes. Por isso, só direi que estava ainda melhor que das outras vezes: sedoso e corretíssimo!  Evaporou rapidinho da garrafa, claro...rs.

sábado, 20 de setembro de 2014

Marques de Casa Concha Cabernet Sauvignon 2011: 93 WS, Highly recommended, Cabernet do ano pelo Descorchados, etc, etc...

Os elogios foram muitos para este Marques de Casa Concha Cabernet Sauvignon 2011. A Wine Spectator lhe tascou 93 pontos, colocando-o como altamente recomendado e um dos chilenos mais pontuados da safra. Posso me enganar, mas é presença certa na lista dos Top 100 deste ano, e provavelmente, em lugar de destaque. No Guia Descorchados 2014 foi eleito como Cabernet Sauvignon do ano. A revista Decanter já não foi tão generosa, lhe outorgando 3 estrelas de 5. Mas e eu? Quantos queijos da canastra lhe dou? Quantos pães de queijo? Bem, o que notei foi que o vinho, como esperado, após os elogios ganhou preço e deu uma sumidinha das prateleiras. Eu consegui comprar por um bom preço, uns 30% a menos do que estão comprando no mercado. Foi justo. O que achei dele? Comparando com seu irmão de 2010 ele é mais denso, até na cor, mais escura. Ao nariz mostra notas de cassis, cerejas pretas e madeira com boa tosta. Em boca ainda está novo, pegado, nervoso para o meu gosto. Precisa de um bom tempo em taça ou decanter para amaciar. Possui um ótimo corpo, toques balsâmicos e final tostado. A madeira aparece. Vai no estilo de seu irmão maior Don Melchor, principalmente quando mais jovem. Aí, depende do gosto. Tem muita gente que prefere o vinho pegado e para estes, pode ser bebido agora. Outros, nos quais me incluo, gostam de vinhos mais "amaciados".... Nesse caso, eu recomendo ter paciência e beber daqui a uns 2 anos. Se gostei dele? Sim, mas confesso que gostei mais do estilo de seu irmão de 2010, que mostrava mais frescor e menos madeira.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Assobio 2011: Compre uma caixa e divirta-se!

A badalada safra de 2011 em Portugal continua a nos brindar com belos vinhos e boas surpresas. E não é só nós que achamos. A Wine Enthusiast mandou 94 pontos para este Assobio 2011, que também tem recebido muitos elogios de apreciadores portugueses. E vem de novo a tônica dos pontos...rs. Mas vamos esquecer um pouco disso para tratar deste vinho. É o vinho de entrada da Quinta dos Murças, incursão da Alentejana Esporão pelo Douro. O vinho é feito com Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca. Apenas 20% estagia em barricas de carvalho novas e usadas de carvalho francês e americano. Se a intenção era evitar que a madeira deixasse marcas no vinho, conseguiram. Ele prima pela fruta viva, com clareza, em notas de framboesas e cerejas, envoltas por notas florais, especiadas e minerais. Parece muito para um vinho deste preço, não? Pois é... O álcool é um pouquinho saliente no começo, mas com o tempo vai se equilibrando. Notas minerais e especiadas vão se acentuando em taça. Em boca, destaque para seu frescor e vivacidade. Rico para um vinho na sua faixa de preço. Bom sozinho, mas melhora com comida. Se for bebê-lo, deixe decantar por um tempo, mas prove uma taça no começo para ver como é vivo. É daqueles para comprar de caixa. Tem potencial para ser guardado ainda por uns anos. Acredito que em 2-3 deve ganhar complexidade. Muito bom vinho! Recomendo! A Ary Delicatessen está com uma oferta muito boa. Pode comprar. 

domingo, 14 de setembro de 2014

3 Top Italians: Brunello di Montalcino Castelgiocondo 1997, Brunello di Montalcino Siro Pacenti PS 2007 e Terra di Lavoro 2006!

Em jantar na casa de nosso amigo André apreciamos três vinhaços italianos, acompanhados de um "Capitão" de Angus e uma Costela ao Bafo, do mesmo bicho. Companhias perfeitas.
Um dos vinhos foi um grande Brunello di Montalcino Castelgiocondo 1997, de Marchesi di Frescobaldi*. Brunello da grandiosa safra de 1997, cujos vinhos causam suspiros em apreciadores de vinhos italianos. E nos seus 17 anos esbanjava força. A rolha, grandona, estava perfeita, só um pouquinho molhada até sua metade. O vinho era, obviamente, o mais pronto da noite, visto que os outros dois italianões eram das "jovens" safras de 2006 e 2007. O Castelgiocondo tinha cor rubi e aromas muito ricos de amoras maduras, cerejas, cogumelos secos, tabaco, de carne e especiarias. Em boca, repetia o nariz e destacava-se pela grande sedosidade. Os taninos já estavam devidamente arredondados pelo tempo, e o final era longuíssimo, especiado e terroso. Uma delícia de Brunello! Em sua completa forma e é claro, ainda capaz de enfrentar uns anos em adega. Mas esse já foi, e desceu bem redondo. Belíssimo!
O outro Brunello é de um produtor que gosto muito: Siro Pacenti! Era um Brunello di Montalcino Siro Pacenti PS 2007. É um produtor que alia tradição e modernidade. Seus vinhos são riquíssimos e com grande capacidade de envelhecimento. Eu bebi os de 98, 99 e 2000, todos impecáveis e inesquecíveis. Obviamente, este 2007 está um bebê, e quem for beber deve decantar por longas horas. A fruta ainda reina, com notas de cerejas maduras e framboesas, em meio a tabaco e chá. Depois de um tempo foram surgindo notas mentoladas bem legais. Em boca, estava nervoso, principalmente no começo, mas depois foi ficando mais amigável. A acidez é vibrante e os taninos são jovens, implorando por alguns anos em adega. O final é longo e frutado. Outro vinhaço! Mas novo, novo... Em uns 3-5 anos ele vai explodir. Quem tiver uma garrafa dele na adega, resista um pouquinho.
E o último, na descrição, não na colocação, era um Terra di Lavoro 2006, da denominação Roccamonfina, elaborado pela Fattoria Gallardi. Aqui o negócio pega! Pensei que o vinho fosse ficar atrás dos outros dois, mas nada! É um vinhaço! Vinho da Campania, feito com 80% Aglianico e 20% Piedirosso, de vinhedos plantados nas encostas do vulcão Roccamonfina. É vinho sempre (muito) elogiado pela crítica. E é especial. Na verdade, eu diria, exótico. Sua cor é escura, retinta, intransponível, e os aromas são incríveis. Saltam da taça aromas de geléia de amora, herbáceas, de alcatrão, defumadas e minerais. Com o tempo as notas herbáceas e defumadas foram dando lugar a chocolate e alcaçuz. Em boca é explosivo, mas ao mesmo tempo elegante. Muito denso e cheio de camadas. O final é interminável. Se você gosta de vinhos potentes, explosivos, é este seu vinho. Se você não aprecia tanto, gosta de vinhos mais leves, menos parrudos, precisa experimentar este para sentir sua intensidade. Realmente surpreende. Mas uma coisa: Precisa decantar, muito! No começo é nervoso, um toro. Mas depois de um tempo... Que vinho! Para este 2006 precisaria de umas 3-4 horas. Imagino que 2010 que está no mercado precise anos de adega ou horas de decanter. Recomendadíssimo! 
Grande noite! Daquelas de ficar na lembrança...

* Não vou falar do polêmico Brunellogate, ocorrido em 2003. Todo mundo já conhece a história... E não cabe no caso deste 1997.




sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Vinhões na cozinha do Tom: Tondonia Reserva branco 1999, Chateauneuf du Pape La Nerthe 2009 e outros...

Em visita à cozinha do Tom, que pelo jeito reabriu de vez, bebemos belos vinhos. Os trabalhos foram abertos pelo JP, que levou um ótimo Tondonia Reserva branco 1999. Bem, este vinho já pintou por aqui e é um queridinho dos confrades, que não são bobos nem nada...rs. Tradição riojana pura! Assim como a outra garrafa, estava belíssimo, com aqueles toques amendoados e de jerez. Este me parecia mais vibrante que o da outra garrafa. Uma beleza! Tondonia dispensa comentários. 
Daí, fomos para os tintos, que descreverei rapidamente e não necessariamente na ordem da foto abaixo. 
O Tonzinho ofertou um Trapiche Manos 2006. O vinho, de grande ano, é top da vinícola, que faz vinhos que agradam os confrades. Este Manos é um 100% Malbec, maturado por 18 meses em barricas e 24 em garrafa antes de ir ao mercado. Tem cor escura e é denso, com aromas de ameixas, cassis e balsâmicos. Em boca, repete o nariz, mostra novamente o lado balsâmico, boa acidez e taninos nervosos. É dificil imaginar que tenha 8 aninhos. Aliás, nervoso também é o preço do danado. É um bom vinho, com ótima estrutura e intensidade. Mas para mim, seu preço no Brasil é salgado demais.
Eu levei um Gil Luna Reserva Especial 2005. O vinho é um espanhol da região do Toro, que faz vinhos que me agradam pela intensidade. Este, não fugia à regra: Intenso, fruta madura, até licoroso, e um fundo balsâmico. Ao ser aberto mostrava-se nervoso e com álcool um pouco saliente. Com o tempo foi se equilibrando e ficando bem melhor. Exige decanter. Gostei do vinho. Mas tenho uma ressalva: O comprei em uma promoção da importadora, por um preço que achei bom para a qualidade do vinho. O preço normal é caro.
O Caião levou um vinhão! Era um Chateauneuf du Pape Chateau La Nerthe 2009. O ano foi bom no Rhône e o produtor é tradicional. Seus brancos são ótimos e os tintos também. Este 2009, apesar de novo, mostrava uma sedosidade impressionante. A fruta ainda é destaque, com notas de framboesas e cerejas em compota em meio a um fundo especiado, incluindo baunilha. O vinho é intenso, frutado e com taninos muito sedosos. O final é longo e especiado. Uma delícia! Destaque na tarde. 
O Paulinho levou um ótimo e conhecido Merlot português, o Má Partilha 2001. Eu fiquei curioso porque queria saber como o irmão do longevo Quinta da Bacalhôa se comportou nesses 13 anos. E olha, comportou-se muito bem! Fiquei espantado com a bela cor rubi e com os aromas elegantes que mesclavam framboesa, couro, tabaco, cravo e canela. Em boca era redondo, devidamente amaciado pelo tempo, com um toque terroso e herbáceo. Uma delícia! Acho que está em seu máximo, mas para quem gosta de vinhos evoluídos, uma ótima pedida. Aliás, os Má Partilha novos costumam pegar. Este não, estava macio. Gostei mesmo!
E não contente, o Paulinho levou ainda um Muga Reserva 2008. Esse é presença constante em nossa confraria. Este 2008 mostra bastante fruta, com destaque para cereja seca e groselha, em meio a especiarias e um toque cítrico. Em boca, destaque para a fruta e um fundinho herbáceo. Está bom agora, mas como um bom Rioja, deve melhorar com mais um tempinho de adega. Aposta certa, sempre. 
Bem, e tudo isso acompanhou muito bem os assados do Tonzinho. Vejam esta costela de Black Angus que o cara fez... Totalmente light!!! rsrs...


Os tristonhos...



quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Portugal Road Show 2014 em Ribeirão Preto: Breves notas

Na semana passada Caião e eu fomos a querida Ribeirão Preto participar de uma degustação de vinhos portugueses. O evento era pequeno, para pouca gente (o que é bom) e tinha coisa boa. 
Dos brancos, gostei do Quinta da Romaneira branco 2012, feito com Malvasia fina e Gouveio, e que mostrou um amendoado gostoso, mineralidade e acidez correta. Os tintos da mesma vinícola dispensam maiores comentários. Mas vale mencionar o Sino da Romaneira 2009, que é muito rico e destaque em sua faixa. O Porto 10 Anos deles também é muito sedoso. O Rosé, é um dos rosés portugueses que mais gosto.
Não preciso falar de Bacalhôa, pois sempre agradam. O Quinta da Bacalhôa 2011 estava ótimo, como já comentado aqui.
Os vinhos da Aliança foram apresentados pelo simpático Mario Neves, com quem bati longo papo e que estava esse ano no Encontro Mistral com os vinhos da Quinta do Carmo. Os vinhos da Aliança tem ótima qualidade pelo preço. Meu destaque foi o rico e sedoso Dão Reserva 2011, corte 50/50 de Aragonez e Touriga Nacional (se não me engano...). Aliás, para mim, foi o destaque do evento, pela qualidade e preço que o torna imbatível em sua faixa. Mas é bom também o mais caro (mas nem tanto) Quinta dos Quatro Ventos 2010.
Gostei também do Herdade das Albernoas Reserva 2011 e Herdade Paço do Conde Reserva 2009, ambos de bom corpo e ótima estrutura. 
Outro vinho que fala grosso pelo preço, importado pela Casa Flora, é o Quinta do Valdoeiro Bairrada 2007. O vinho tem Syrah, Cabernet Sauvignon, Merlot e Baga no corte e é nervoso, com toques apimentados e ótima fruta. Os Quinta do Valdoeiro costumam sempre entregar boa qualidade pelo preço, e este não fugiu à regra. 
Gostei também dos vinhos da Herdade das Comportas, com destaque para o Parus 2011, elaborado majoritariamente com Alicante Bouschet e pitadas de Aragonez e Touriga Nacional. O vinho tem um nariz exótico, com notas de castanha portuguesa cozida, balsâmicas e fruta em compota. Em boca é amplo e balsâmico. Tem ainda uns anos pela frente para se ajustar, mas mostra grande potencial. Gostei. Como mostrado no cartaz, estão à procura de importador...
Bem, disse que seria breve, não? Fui...rs.

domingo, 7 de setembro de 2014

Só vinhões: Brunello di Montalcino Argiano 2004, I Sodi di San Niccoló 2007, Mastroberardino Aglianico 2010, Bioma Niepoort 2010, Paulo Laureano Tradições Antiguas 2011, Viña Ardanza Reserva 2005 e Chateau Guiraud 2009, para arrematar!

Noite fria em São Carlos e turma inspirada. Só vinhões!
Eu levei um Brunello di Montalcino Argiano 2004, que deixamos no decanter enquanto apreciávamos os outros belos vinhos levados pelos confrades. O Brunellão, de grande safra, foi se abrindo e mostrando ótima fruta, cereja madura e amoras, em meio a chá, tabaco e couro. Com o tempo, foi liberando uma notinha mentolada bem legal. Em boca mostrava que os 10 anos já estão fazendo efeito, pois os taninos já estão sedosos. A acidez era ótima e o final muito longo. Uma beleza! A turma gostou, claro.
O JP levou outro vinhaço, riquíssimo: I Sodi di San Niccoló 2007. É um vinho de Castellare di Castellina, feito na região de Chianti com 85% Sangioveto (clone de Sangiovese) e 15% Malvasia Nera. Costuma maturar 15-30 meses em barricas de carvalho 2/3 novas. É o vinho emblemático da vinícola e sempre fatura altas notas da crítica. Este 2007, por exemplo, faturou 95 de Mr. Parker e 3 Bicchieri do Gambero Rosso. Mas notas à parte, é um vinho grandioso. Foi se abrindo durante a noite e mostrando grande riqueza. Tem notas de cereja, ameixas, terrosas e de alcaçuz. É amplo e intenso em boca, com acidez italiana e taninos sedosos. O final é longo e especiado, com notas de alcaçuz e sálvia. Uma beleza de vinho! Sem dúvida teria muitos anos pela frente, com grande evolução. Mas esse já foi...rs. Em noite de tantos vinhões é até injustiça escolher um, mas para mim, foi o melhor da noite, juntamente com o Sauternes descrito logo à frente. Valeu, JP! Vinho importado pela Vinci.
Ainda nos italianos, o Thiago levou um que demanda gosto por vinhos da bota. Paladares afeiçoados por vinhos redondos e aveludados, podem estranhar o nervo e rusticidade do Mastroberardino Aglianico 2010. Vinho da Campania, com aromas de ameixas e cerejas, em meio a notas herbáceas e alcaçuz. Em boca, repete o nariz e mostra rusticidade e nervo. Os taninos são presentes e a acidez, típica italiana. O final é herbáceo. É vinho que deveria ser bebido daqui a uns 2-3 anos e que pede comida. Eu gosto do estilo. É importado pela Mistral.
O Joãozinho, que está se especializando em levar bons vinhos, levou o duriense Bioma 2010, de Dirk Niepoort. Bem, o produtor dificilmente erra. Em 2010 foi a primeira safra deste vinho, que é feito com uvas de vinhas mais jovens cultivadas seguindo os preceitos da viticultura biológica. A maturação é feita em grandes tonéis (2000-5000 litros) de madeira recuperada de tonéis de vinhos do porto. A intenção é ter menos influência da madeira. Procurou-se também utilizar pouca intervenção durante a vinificação. Logo ao ser aberto o vinho mostrou as características dos vinhos de Nierpoort, com frutas silvestres saltando da taça, em meio a ervas e notas florais e minerais. Em boca, mostrava frescor e mineralidade, com final frutado. Com o tempo, foi ficando redondo e a fruta foi se acomodando, deixando um vinho equilibrado e muito saboroso. Outra bela obra de Dirk Niepoort, a um preço mais palatável que seus ícones. Experimente! É importado pela Mistral.
O Tonzinho levou um vinho cujo exemplar de 2010 eu já apreciei. Era um Paulo Laureano Tradições Antiguas 2011, na talha. É um vinho feito seguindo tradições romanas de 2.000 atrás. O desengace foi feito utilizando ripasso, que é um instrumento de madeira que desengaça e esmaga as uvas manualmente. A fermentação é feita em ânforas de barro e o vinho é clarificado naturalmente, por decantação. Depois disso, descansa em inox para afinamento e é engarrafado. Apenas 2.400 garrafas e 600 talhas foram produzidas. O vinho é aromático, com notas de frutas silvestres e terrosas. Em boca é de médio corpo, muito macio e equilibrado. Eu achei mais denso do que aquele de 2010 que apreciei, que era mais festivo. É um vinho muito bom e para ser apreciado jovem, não para guarda. O produtor recomenda 18 meses após o engarrafamento. Ou seja, o 2011 está na hora de ser abatido.
Ainda na península ibérica, passamos para o vinho levado pelo Caio, um belo Viña Ardanza Reserva 2005. O vinho, da vinícola La Rioja Alta, é feito com 80% Tempranillo e 20% Garnacha e matura 4 anos em barricas. Lembrou-me um Luis Cañas Selección de la Familia, também levado pelo Caião tempos atrás (logo vem a postagem). Este Ardanza prima pela fruta madura, com notas marcantes de cereja e framboesa, em meio a couro, tabaco e cravo. Em boca é amplo, frutado e com taninos muito corretos. Tem um fundo balsâmico bem legal. Uma beleza de vinho! Gostei bastante. É importado pela Zahil. Nota pós-postagem: Ficou na lista dos Top 100 da WS em 2014 (#34).
E para finalizar, nosso amigo Rodrigo chega com um Chateau Guiraud 2009 para acompanhar a sobremesa. É um Sauternes fantástico! Riquíssimo ao nariz, com notas amendoadas, mamão, abacaxi em compota e mel. Em boca era cremoso, delicioso, com ótima acidez equilibrando o dulçor. Um néctar! Este de 2009 faturou 96 pontos da Wine Spectator e foi quinto na lista dos top 100 de 2012. A nota é esta e pronto, mas para classificação, conta a disponibilidade no mercado americano e o seu preço, que é muito justo. Se você costuma visitar a terra do Tio Sam e gosta de grandes vinhos, não pode deixar de colocar algumas garrafas de Guiraud na mala. Duvido que não fique impressionado. Mas se quer mesmo é gastar uma fábula com Chateau D'Yquem, pelo nome, fique à vontade.
Isso aí, pessoal! Mas uma grande noite.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Mas Donis Barricas Old Vines 2012: 94 pontos???

O Carlão resolveu servir umas taças às cegas para apreciarmos e tentar identificar a procedência. O vinho me lembrava, em aromas e boca, alguns de Toledo e Valdepeñas, Espanha. Tinha um jeitão meio rústico. Em boca, na primeira golada, passou reto, mostrando-se muito fechado. A fruta estava ausente. Foi aí que o Carlão resolver mostrar que era um Mas Donis Barricas Old Vines 2012, da Celler de Capçanes, Monsant, Espanha. Este vinho faturou 94 pontos de Mr. RP e muitos elogios no mundo virtual. Principalmente pela sua relação preço/qualidade (no Brasil custa entre 70-80 Reais). Eu tinha curiosidade para conhecê-lo. Mas a decepção foi clara, pelo menos naquele instante. Depois de um tempo aberto as coisas foram melhorando. Ao nariz era melhor, mostrando notas florais, de pétalas de rosas, ameixa, notas balsâmicas, licorosas e minerais. Em boca ficou reticente por muito tempo, até que depois de umas 2 horas começou a se abrir e melhorar. Durante este tempo mostrou-se seco (o que me agrada), pouca fruta e até mesmo rusticidade. No final é que melhorou, se abrindo mais e mostrando qualidades. Foi tendendo a acompanhar o nariz e mostrava um lado picante, balsâmico e mineral. É vinho com boa estrutura e que deve ganhar com adega. Agora, está difícil. Se a pessoa beber uma taça logo ao abrir ficará decepcionada e perguntará: "De onde vieram estes 94 pontos?". Aliás de qualquer forma, mesmo depois da melhora, eu lhe outorgaria no máximo uns 89... Mas como não sou pontuador, prefiro dizer que achei um exagero. E muita gente diz que o preço é levado em consideração na pontuação, o que acho um absurdo! Afinal, as análises técnicas de um vinho são feitas baseadas em critérios bem estabelecidos e devem valer para vinhos de qualquer preço. Não se pode ter vinho de 94 pontos na faixa de 70 Reais, vinho de 94 pontos na faixa de 150 etc. Leva-se em conta o preço quando se estabelece uma lista, como a dos Top 100 da Wine Spectator. Aí sim, o preço conta, assim como disponibilidade em mercado etc. Senão, todo o ano a lista seria forrada, obviamente, de vinhos com 99 e 100 pontos.  De qualquer forma, sobre este Mas Donis em particular, tenho a seguinte opinião: Precisa de tempo, e se for beber agora, duas horas de decanter, no mínimo; É vinho para paladares acostumados com Priorato e redondeza; Não tem aquele lado "aveludado" que vi algumas pessoas relatando.... Pelo contrário, o achei até um pouco rústico; É gastronômico por natureza - Sozinho ele pega um pouco, mas com comida melhora muito; Vale o preço cobrado; Pode ser que surpreenda com o tempo e queime minha língua em alguns anos - Eu torço para que isso aconteça! Eu queria muito saber se algum leitor já experimentou o vinho e o que achou dele. 

Ps. É feito com Garnacha (85%) e Syrah (15%), de vinhas velhas, e passa 9 meses em barricas de carvalho americano e francês.