quinta-feira, 28 de março de 2013

Lagarde Primeras Viñas 2009: Esqueça na adega!

A vinícola argentina Lagarde é muito tradicional. Foi fundada em 1897 e ainda mantém a arquitetura daquela época, assim como vinhedos muito antigos. Esse Lagarde Primeras Viñas 2009 tem esse nome justamente por que foi elaborado com uvas dos vinhedos mais antigos da vinicola, plantados na criação da vinícola, ou seja, alí no início do século XX. O vinho foi produzido pela primeira vez em 2008, e aquele foi feito com uvas de videiras plantadas em 1906. Já esse 2009, tem uvas de videiras de 1906 e 1930.  O vinho matura 14 meses em barricas de carvalho francês e descansa 1 ano em garrafa antes de ser comercializado. Ao nariz é poderoso, com muita fruta madura, como a ameixa e mirtilo, notas florais, especiadas e de grafite. Em boca é denso, guloso, e com taninos doces. Apesar de ser Malbec, bem extraído e com aquele doce característico, tem algo a mais que indica uma ótima evolução nos próximos anos. Um pecado termos tomado agora. Certamente, pode agradar muita gente ainda jovem. Mas para mim, é vinho para muitos anos de garrafa, como costumam ser os Lagardes. Esse, em particular, é para quem é paciente e até mesmo com problemas de memória. É para deixar no fundinho da adega e esquecer, para poder apreciar um vinho de primeira daqui a alguns anos. A propósito, nos foi ofertado pelo amigo Tom. Valeu Tonzinho! Outra coisa, o rótulo é muito bonito.

terça-feira, 26 de março de 2013

Quinta da Fronteira Reserva 2008: Duriense muito bom, mesmo!

Esse vinho peguei sem nenhuma referência e me dei bem. E só depois vi que tem como um dos enólogos o grande Jorge Serôdio Borges, que além de muito competente, é uma das pessoas mais educadas e elegantes que conheci no mundo do vinho. Pude conversar com ele em encontros Mistral (e depois da Vinci) e era sempre um ponto forte do evento. Infelizmente, depois que ele mudou de importadora, não o vi mais. No entanto, continuo a apreciar seus vinhos. Esse Fronteira Reserva 2008 tem ainda como enólogo João Corrêa, que é enólogo chefe da Companhia das Quintas.
O vinho é feito com Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz. A fermentação é feita em cubas de inox e a maturação em barricas de carvalho francês novas e usadas, por um período de 18 meses. Tem cor rubi escura e aromas muito complexos. Logo ao abrir e verter na taça, os aromas de tabaco saltam dela. Em pouco tempo, vão se integrando a notas de cereja preta seca, florais, alcaçuz e azeitona. Em boca é intenso e com ótima presença. É mineral, especiado, ótima acidez e taninos firmes. Faz-se sentir um leve e charmoso amargor ao final, o que me apetece. Um vinho muito bom mesmo, e que deve evoluir muito bem nos próximos anos. Aliás, no próprio contra-rótulo recomendam guardar umas garrafas para acompanhar sua evolução, com o que concordo, e farei. 
Adquiri o vinho na Wine e devo dizer que está acima de vinhos com preço similar. Recomendo!

segunda-feira, 25 de março de 2013

Um austríaco e um português fizeram bom par: Salmon Riesling 2008 e Cartuxa 2007

Na última Mostra Internacional de Vinhos em Campinas provei vários vinhos austríacos e esse Salmon Riesling 2008, do produtor Salomon-Undhof me agradou. Vinho fresco, floral, seco, com notas de maçã, gengibre e boa mineralidade. Sem excesso de querosene, como notado em muitos vinhos feitos com essa casta. Boa experiência. A ser apreciado com frutos do mar. Crítica: Preço pouco competitivo!
O vinho apreciado depois dele é figurinha carimbada, já bem conhecido. Acho que é o primeiro colheita da Cartuxa mostrado aqui no blog, já que meus confrades, que não são bobos nem nada, gostam mesmo é do Reserva. Mas eu gosto também do colheita.
Não é aquela coisa, e seu preço o deixa em desvantagem frente a muitos portugueses na mesma faixa. No entanto, esse Cartuxa Colheita 2007, feito com Aragonês, Alicante Bouschet, Alfrocheiro e Trincadeira mostrou algumas características que me chamaram a atenção. O vinho tinha bons aromas de frutas maduras, em meio a notas balsâmicas e especiadas. Foi aí que se destacou. As especiarias se mostraram. Além disso, tinha notas animais e um fundinho cítrico. Gostei dele.
Isso aí, um bom branco e um português tradicional, fugindo um pouquinho do trivial.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Doña Paula Selección de Bodega Malbec 2002: Malbecão Clássico!

Os vinhos da linha Seleción de Bodega, da vinícola Doña Paula são, como o nome sugere, o resultado de um assemblage de seus melhores terroirs: Finca el Alto, de solos predominantemente argilosos; Finca Alluvia, de solos minerais e pedregosos e Finca los Indios, de solos calcáreos e arenosos. Os vinhedos são de baixo rendimento e de altitude superior a 1.000 m. São os vinhos top da vinícola e apenas é feito um Malbec e um Chardonnay da linha.
Esse Doña Paula Selección de Bodega Malbec 2002 foi fermentado com leveduras indígenas e passou 18 meses em barricas de carvalho francês. Ele traz consigo o carimbo de uma safra maravilhosa e que produziu vinhos densos, como é o caso. Ao nariz, mostra notas de ameixa, framboesa, chocolate, leve baunilha e minerais, de grafite. Em boca, é intenso, muscular, mas muito redondo e com taninos sedosos. O final é muito longo. Não tem o peso de um Lindaflor, mas é denso também. Por outro lado, tem o lado mineral como destaque. Aguentaria ainda uns bons anos, com tranquilidade. Bem, é Malbecão, de primeira linha, muito bem feito e que dificilmente não agrada os fãs. Eu tenho dito há tempos que estou meio enjoado de Malbecs clássicos, densos, mas não posso deixar de elogiar a qualidade desse, que é alta. O lado mineral também fez diferença. A propósito, o vinho nos foi gentilmente ofertado pelo amigo Carlão.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Double de Zuccardi Q Tempranillo 2005: Muito bom!

Eu gosto de vinhos feitos com a Tempranillo na Argentina, e para mim, os da Zuccardi despontam. No último aniversário do amigo Carlão ele nos brindou, na mesma semana, com duas garrafas de um Zuccardi Q Tempranillo 2005. O legal é que, não sei por que, as duas tinham rótulos diferentes. Mas o conteúdo, idêntico, claro. O "Q", da série, remete à Qualidade, e realmente são vinhos diferenciados. O único problema aqui é a pronúncia, que é melhor que seja feita em português mesmo. É o caso também do Norton "Privada", que aqui mudaram para "Privado", por motivos óbvios. Esse Q Tempranillo 2005 é feito com uvas de videiras com quase  40 anos de idade e matura 12 meses em barricas de carvalho americano. Ao nariz, é bem rico e mostra notas de cereja preta e ameixa, em meio a tabaco, chocolate, couro, leve tostado e baunilha (fruto de estágio em carvalho americano). Em boca, repete o nariz e mostra ótima intensidade. É muito redondo, com taninos muito sedosos. Um ótimo vinho! Difícil não agradar. O problema é seu preço aqui no Brasil. Bem que poderia chegar aqui com um preço melhor. Na faixa de 110 Reais pode-se encontrar espanhóis bons de briga e a coisa pega. Mas temos que esquecer um pouco isso e experimentar os "Q", pois são muito bons. E se for visitar nuestros hermanos, ou passar no Duty Free, é uma ótima pedida.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Ladera Napa Valley 2004: Cabernet Sauvignon muito bom!

Alguns vinhos americanos que têm a Cabernet como atriz principal já frequentaram o Vinhobão, mas não são muitos (veja exemplos aquialí e acolá.). Esse Ladera 2004, Cabernet Sauvignon do Napa Valley, me foi ofertado pelos amigos Akira e Carlão, em visita à minha casa tempos atrás. A vinícola data de 1886 e produz vinhos que têm como estrela a Cabernet Sauvignon, mas também um Malbec e um Sauvignon Blanc que dizem ser muito bons. Esse Cabernet Sauvignon  que os amigos me levaram foi feito com uvas do vinhedo Lone Canyon, no Napa Valley. Segundo informações, todos os tintos da vinícola passam cerca de 24 meses em barricas francesas, que ficam no subsolo da vinícola, que é toda feita com pedras e foi renovada na última década. Todo o processo de produção é feito por gravidade. Esse Cabernet 2004 é muito vivo, concentrado e com ótima pegada.  É um vinho muito estruturado e que mostra notas de cassis, ameixa fresca e ervas finas. Em boca é amplo, mineral, com ótima acidez e taninos muito corretos. Um vinho muito bom e que mostrou muita elegância. Mas se for apreciá-lo, deixe um tempinho no decanter para aerar e mostrar suas virtudes.

Ps. Há um outro Ladera, irmão menor desse, que é um pouco mais simples e que também é Cabernet Sauvignon, mas com uma pitadinha de Petit Verdot. Às vezes as pessoas confundem os dois. 

terça-feira, 19 de março de 2013

Homem português sobrevive uma semana só na base do vinho!

Li na versão on line do jornal português Correio da Manhã, que um homem de 69 anos, chamado Mário Vaz, que estava desaparecido desde o último dia 12 de março na zona de Sertã, foi encontrado ontem com vida. Sertã fica bem no centro de Portugal, um pouco ao norte de Fátima. O homem, que estava bastante debilitado, disse que conseguiu sobreviver tomando goles diários de um vinho que trazia no carro. Ele foi encontrado por um morador de Vilar da Carga, que ouviu seus gritos de socorro. O homem se perdeu em uma mata quando estava seguindo para Ferreira do Zêzere, onde tem uma casa. Ao que dizem, seu celular (telemóvel) ficou sem bateria e ele perdeu o contato. 
Pois é, mais uma comprovação de que vinho faz bem para a saúde!!! Eu queria saber qual vinho era. Por sorte deveria ser um bom vinho português! Se fosse uma zurrapa as coisas poderiam complicar... Brincadeiras à parte, felizmente ele passa bem.

Ps. A figura é meramente ilustrativa, retirada de meus arquivos...rs.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Ôpa: San Vicente 2004, Opus Eximium 2008, Alfa-Crux blend 2003, Chianti Capraia Riserva 2003 e Villa di Capezzana 2006!


Nessa semana passada a Confraria do Ciao se reuniu no restaurante Chez Marcel, do amigo Bart. E é claro, rolou comida de primeira e vinhobão! Vamos na ordem da foto...
O primeiro deles foi um replay do amigo JP, o riojano San Vicente 2004. E que replay bem-vindo! Não vou escrever muito sobre esse vinhão, pois já foi oferecido pelo JP em outra oportunidade e já descrito aqui (clique). Nesse um ano e meio que passou, não mudou muito. Vinho estruturado, especiado e com muita presença em boca. É vinho para muitos anos e de uma classe impressionante. Um grande Rioja.
Na sequência, o vinho que levei, o austríaco Opus Eximium Cuvée 21 2008, de Gesellmann. Eu havia provado esse vinho na Mostra Internacional de Vinhos de Campinas (clique) e fiquei impressionado. Aí não teve jeito, peguei uma garrafa. É um vinho feito com as uvas Blaufrankish (a mesma Lemberger - clique aqui para postagem sobre um vinho feito com ela), Sankt Laurent e Zweigelt (que é um cruzamento das duas primeiras). É um vinho biodinâmico e que passa 17 meses em barricas francesas. É  muito aromático, com notas de ameixas frescas, groselha e cassis, em meio a notas de alcaçuz e outras especiarias, como cravo e canela. Em boca, tem bom corpo, é intenso, mineral e com ótima acidez. Um vinhão! Aguentaria ainda muitos anos em garrafa. É importado pela Vinhos da Austria.
E vamos em frente com o vinho levado pelo confrade Rodrigo, o A-Crux blend 2003. Esse deu sequência a outros dois já descritos aqui no blog (2001 e 2002). Vinhaço argentino com alma espanhola, feito pelo grande José Miguel Ortega Fournier. Esse vinho sempre agrada e briga de frente com vinhos que custam o dobro. É feito com Tempranillo, Malbec e Merlot , e no alto de seus 10 anos de vida, estava uma delícia. Mostrava notas de cereja, ameixa, figo, tabaco e café com leite. Em boca é amplo, rico, com ótima acidez e um final muito longo. Às cegas é facilmente confundido com um bom espanhol. Quer agradar um (bom) amigo? Dê uma garrafa desse vinho de presente para ele. Vai acertar em cheio!
E não percamos o fôlego... Continuemos com o vinho levado pelo Caião, o Chianti Clássico Riserva Capraia 2003. Esse também foi replay, pois o Caião já havia levado uma garrafa desse vinho tempos atrás (clique aqui). É um 100% Sangiovese, com notas de ameixa e cereja em meio a tabaco e couro. Não mudou muito nesse pouco mais de um ano que passou. Talvez tenha ganho um pouquinho mais de notas de tabaco e couro. Em boca, ótima acidez e bom final. Um Chianti Clássico Riserva muito bom e que já repousou o suficiente para ficar macio.
E para finalizar, um outro italiano, levado pelo amigo Paulão, o Villa di Capezzana 2006. É o vinho emblemático da Tenuta di Capezzana, que fica em Carmignano. Já postei aqui no blog sobre o ótimo Barco Reale 2008 e logo postarei sobre o grande Ghaie de la Furba (também levado pelo Paulão). Bem, mas voltando ao Villa di Capezzana 2006, é um vinho feito com 80% Sangiovese e 20% Cabernet Sauvignon. Passa 14 meses em barricas de carvalho de 350 litros. Ao nariz, mostra notas de amoras, cerejas pretas e florais (violetas), em meio a leve tostado e notas minerais. Em boca, repetia o nariz e mostrava ótima acidez, mineralidade e taninos corretos, mas que devem melhorar com o tempo. Mais um ótimo vinho da Tenuta de Capezzana. Quem não conhece os vinhos dessa vinícola, deve experimentar, pois são particulares.
Bem, tudo isso, acompanhou belos pratos feitos pelo Chef Bart. Coloco algumas fotos a seguir.
Tartare
Bruschetta de Pecorino com Figo, Presunto Parma e Mel
Filet com molho cremoso de espinafre
Alcatra com molho de cerveja preta e chocolate

domingo, 17 de março de 2013

Cordilheira de Santana Gewurztraminer 2004: Ainda bom!

Tempos atrás peguei essa garrafa na Adega Spazio, em São Carlos.  Obviamente, tinha a precoupação quanto à idade do vinho. Mas não é que esse Cordilheira de Santana Gewurztraminer Reserva 2004 ainda estava bom? Pois é. O vinho, feito com uvas de Santana do Livramento, divisa do Brasil e Uruguai, estava inteiro e mostrava  tipicidade da casta. Os aromas de lichia se mesclavam a aromas florais e especiados. Em boca, tinha boa intensidade e acidez. É claro que não é nenhum alsaciano, mas surpreendeu-me pela longevidade e tipicidade. Um bom vinho e que mandou bem com uma comida chinesa.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Brioso 2005: Outro ótimo vinho de Susana Balbo!

Comentei recentemente aqui no blog sobre o Brioso 2002, de Susana Balbo. Agora é a vez do Brioso 2005, ofertado pelo amigo Carlão. Esse 2005 tem um corte bem diferente, tanto nas proporções quanto na inclusão de uma pitadinha de Merlot. Enquanto o 2002 tem Cabernet Sauvignon (47%), Malbec (38%), Petit Verdot (10%) e Cabernet Franc (5%) esse 2005 tem mais Cabernet Sauvignon (65%), menos Malbec (15%), Merlot (5%), Cabernet Franc (10%) e Petit Verdot (5 %). Para mim, um corte mais interessante, com predominância da Cabernet Sauvignon. Passou 14 meses em barricas francesas novas. Embora presente, o tostado é muito mais sutil que no 2002. Além disso, a fruta me pareceu menos madura. Ao nariz, notas de figo, anis, ameixa, chocolate ao leite e alcaçuz. Em boca, repete o nariz e mostra ótima intensidade. É muito redondo e sedoso. Um ótimo vinho que tem ainda bons anos pela frente. A vinícola menciona 10-15 anos de guarda. Sem dúvida é um vinho que tem estrutura para aguentar bom tempo de adega. Mas já pode ser apreciado agora sem problema. Outro belo vinho de Susana Balbo. A repetir!

quinta-feira, 14 de março de 2013

Peter Lehmann Stonewell 2001: Australiano de grande elegância!

Sempre dou preferência a vinhos australianos mais evoluídos. Quando jovens, sua potência me incomoda um pouco. Mas com uma década na adega, já arredondam e mostram muita elegância. E é claro, isso fica mais patente no caso de vinhos de primeiro escalão. É o caso desse Peter Lehmann Stonewell 2001. A vinícola é tradicional, mas relativamente jovem. Seu primeiro vinho foi produzido em 1980. Na época, apenas um Shiraz era produzido. Com o tempo, Peter Lehmann e o seu enólogo chefe, Andrew Wigan, selecionaram uvas que chamam de "pequenas jóias negras", as quais destinam para a produção de seu vinho top, o Stonewell. Elas são escolhidas de não mais que 12 vinhedos antigos, sendo um deles plantado em 1885. Bem, mas vamos a esse 2001... 
O vinho matura 18 meses em barricas francesas (90%) e americanas (10%). É um vinho com aromas de frutas maduras, como cassis e ameixa, em um fundo levemente tostado e rico em especiarias, como anis, cravo e alcaçuz. Muito rico! Em boca é intenso, muscular, mas sem perder a elegância. O tempo já lhe deu um polimento incrível e o vinho é muito, muito redondo. Os taninos são muito sedosos e seu final, interminável. Um vinhaço, que alia potência e elegância. De deixar saudades. Fez companhia mais que perfeita para um Ragu de Cordeiro com Polenta mole, feito por esse que vos escreve e que, por um grande pecado, esqueci de fotografar.
A propósito, os vinhos de Peter Lehmann são importados pela Decanter.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Carmelo Rodero TSM 2005: Grande espanhol!

Na ocasião do último World Wine Experience, em São Paulo, tive a oportunidade de bater um bom papo com o Sr. Carmelo Rodero, proprietário e enólogo das Bodegas Rodero. Pessoa simpática, educada e apaixonada pelos seus vinhos. Na ocasião, apreciei todos os vinhos do produtor, desde o fresco Joven até os tops TSM (2003 e 2005). Na época, lembro de ter gostado demais do TSM 2005. E eis que chegou a chance de apreciar uma garrafona dessa beleza. O Carmelo Rodero TSM 2005 é vinho de alta gama do produtor, feito com Tempranillo (majoritária), Cabernet Sauvignon e Merlot de vinhedos com mais de 40 anos de idade. Imagino que seu nome vem das iniciais das uvas utilizadas. O vinho tem crianza de 18 meses em barricas de carvalho francês de menos de 2 anos de idade. Ao nariz, mostra notas de cereja preta, ameixa, toques balsâmicos e tostados, grafite e café com leite. Com o tempo foram aparecendo notas florais e especiadas. Em boca, repete o nariz e mostra grande complexidade e intensidade. É um vinho muito elegante e que destaca-se por sua complexidade, ótima acidez e mineralidade. Os taninos são corretos e o final muito longo. Um vinhaço! Dentre os grandes espanhóis.  
Ao apreciá-lo, vá acompanhando sua evolução em taça, que é excelente, característica de grandes vinhos. Logo posto aqui sobre o Reserva do mesmo produtor.
Sr. Carmelo Rodero e o seu belo TSM

terça-feira, 12 de março de 2013

Ciao: Benmarco Expresivo 2005, La Massa 2009, Luca Beso de Dante 2007 e Etna Rosso di Verzella 2005

Na última semana tivemos bons vinhos na Confraria do Ciao.
O começo foi com um que levei embrulhado e a moçada (?), em sua maioria, chutou ser um espanhol de classe. E era um argentinão, de Susana Balbo, o Benmarco Expresivo 2005. Vinho que tem a Malbec contribuindo com um pouco mais de 50% e os restante dividido entre Cabernet Sauvignon, Merlot, Bonarda e Syrah. Eu achei o vinho mais pronto e elegante da noite. Nada de muita extração e madeira passando por cima de tudo. Um vinho com aromas maduros e lembrando mesmo Espanha. Notas de cereja em licor, figo, framboesa, caixa de charuto e depois de um tempo, café. Em boca, muito, muito redondo, com taninos perfeitos, arredondados pelo tempo. A acidez era correta e o vinho tinha um final longo e muito sedoso. Realmente um ótimo vinho e que evoluiu muito bem. Mais um que comprova que vinhos argentinos evoluem muito bem, principalmente os cortes.
O segundo vinho foi o La Massa 2009, levado pelo JP. Corte de Sangiovese, Merlot e Cabernet Sauvignon. Vinho com bons aromas, de framboesa, cereja e tabaco. Em boca é seco, com acidez de italiano e fundo mineral. Os taninos ainda pegam e pedem uns aninhos de adega. É um vinho que deve melhorar com o tempo. Agora, tá pegando um pouco, mesmo para quem é fã de italiano. Eu gostei mais do 2008. 
Passamos então para outro argentino, levado pelo confrade Rodrigo, o Luca Beso de Dante 2007. Mais um vinho que mostra a habilidade de Laura Catena. Corte de Malbec e Cabernet Sauvignon, cheio de classe. Obviamente, tinha aquele docinho ao nariz e na boca, mas com o tempo, tudo foi se integrando e o vinho foi ficando muito bom. Notas de figo, ameixa, aniz, alcaçuz e café com leite. Os taninos são sedosos e o final muito agradável. Imagino que deve ficar uma beleza com alguns anos de adega. Ótimo vinho! Assim como seu colega Benmarco, teve 92 pontos da WS e na minha opinião, ficou lado a lado com ele.
E para finalizar, o vinho que o Tonzinho levou, e que ele mesmo, não gostou. Na verdade, a turma toda torceu o nariz, mas eu não. Era um Etna Rosso di Verzella 2005, da vinícola Siciliana Benanti. O vinho é feito com Nerello Mascalese e Nerello Cappuccio. Já citei aqui no blog que a Nerello Mascalese disputa com a Aglianico o posto de melhor uva do sul da Itália. A maturação do vinho é feita por 10 meses em barricas de 225 litros. Era um vinho que fugia às características dos primeiros. Já de cara mostrava uma cor clara, lembrando borgonha. Ao nariz mostrava notas de frutas vermelhas, tabaco e especiarias, como a baunilha, cravo e alcaçuz. Em boca, mostrava corpo médio, ótima acidez e taninos perfeitos. O final era persistente. Eu gostei do vinho, que me surpreendeu positivamente. Sem dúvida quero experimentar mais vinhos feitos com a Nerello. 
Isso aí, pessoal! Vinhos parelhos em mais uma noite boa na confraria...


segunda-feira, 11 de março de 2013

Cooper Hill Pinot Noir 2004: Nove anos, e perfeito!

Tempos atrás postei aqui no VB sobre um Pinot Noir americano, do Oregon, que gostei muito. O vinho era feito com uvas orgânicas e seguindo os preceitos da biodinâmica, pela vinícola Cooper Mountain (clique aqui). Dessa vez, apreciei um outro da mesma vinícola, também orgânico, mas abaixo na hierarquia. Confesso que estava temeroso quanto à integridade desse Cooper Hill Pinot Noir 2004. Não tinha muita certeza quanto à qualidade de seu armazenamento na loja que o adquiri e, além disso, tratava-se de um vinho mais simples que o Five Elements, e portanto, que não deve suportar tanta guarda. Inclusive, em seu contra-rótulo está escrito que era um vinho para ser apreciado logo. Bem, mas como diz meu Pai, quem tem medo não sai de casa. Comprei o danado por um belo preço e mandei ver nesse final de semana. E que ótima surpresa! Não sei se o fato de ter apreciado um PN chileno mais potente no dia anterior me influenciou, mas esse estava do jeito que eu gosto: Leve, pouco álcool (12,5%) e transbordando sous-bois. O vinho tinha cor mais clara e aromas de frutas silvestres em meio a sous-bois, e com o tempo, alcaçuz. Em boca, era leve, seco, com ótima acidez e um fundinho lembrando folhas secas, um pouco amargo que, ao contrário de incomodar, dava um charme especial. Um vinho muito agradável, nada enjoativo e que confirma mais uma vez a qualidade dos vinhos feitos no Oregon.

domingo, 10 de março de 2013

Herú Pinot Noir 2009 e Terredora Aglianico 2008

Nessa última sexta-feira passamos na Mercearia 3M para rever os amigos e é claro, beber uns vinhões. Dois foram abertos. O primeiro deles, um que queria conhecer há algum tempo, o Herú Pinot Noir 2009, da Ventisquero. O vinho feito com PN de Casablanca e possui uma cor mais escura que os PN tradicionais. Passa 14 meses em barricas francesas (no 2008 35% de primeiro uso, 35% segundo e 30% terceiro - No Descorchados Patricio Tápia cita que na safra de 2009 as de primeiro uso foram diminuidas para 20%). Ao nariz, apresenta-se como um tipico Pinot chileno. Notas de morango, framboesa e cereja se mesclam a baunilha e um toque de chá. Em boca mostra bom corpo e boa acidez, com um fundinho herbáceo, até um pouco amargo, que equilibra sua doçura. É um vinho que se diferencia nesse aspecto. Ficou melhor bebido a temperaturas mais baixas. Acredito que deve melhorar muito em 2-3 anos. Agora, eu acho que não justifica o seu preço. Mas vamos dar-lhe tempo... A vinícola menciona que tem guarda de até 8 anos. Outra coisa: Um bom Pinot deve ser bebido em taças apropriadas, sem correria e, de preferência com uma comida adeguada (não petiscos, como fizemos). Assim, a nossa percepção sem dúvida pode ter sido prejudicada. A garrafa que tenho do 2010 vou guardar mais tempo e beberei como manda o figurino. A propósito, o nome Herú vem de uma lenda de um duende de gorro vermelho que protege as melhores uvas.
Do Herú, partimos para um italiano, do sul da bota, mais precisamente da Campania, o Terredora Aglianico 2008. A Aglianico, uva de origem grega, compete com a Nerello Mascalese pelo posto de uva mais importante do sul da itália. A vinícola Terredora tem ganhado destaque nos últimos anos, principalmente com a produção de ótimos brancos feitos com a Fiano de Avellino. Esse Aglianico é um vinho que apresenta sua nacionalidade na cor e aromas bem vivos. Notas de frutas silvestres se mesclavam a notas de verniz e especiarias, com destaque para a Sálvia. Em boca, mostra ótima acidez, vivacidade e taninos firmes. A Sálvia apareceu mais ainda e confesso que me incomodou um pouco. O vinho é um pouco rústico e certamente melhoraria com comida (italiana, claro). Mais uma vez: Do jeito que foi bebido, em uma tarde quente, com petiscos, não emplacou. E não é vinho para iniciantes, que podem estranhar.
Isso aí, pessoal!

sexta-feira, 8 de março de 2013

Ciao: Barolo Gaja Gromis 2000, Erasmo 2007 e Luca Malbec 2007!

Estou atrasado com mais essa postagem... Mas vamos lá... Mais uma noite de belos vinhos na Confraria do Ciao. A noite estava meio esvaziada, mas os que foram levaram ótimas garrafas.
O Tonzinho, disse que levaria um Quinta da Bacalhoa 2010, que eu queria experimentar. No entanto, após falar ao telefone com o JP, resolveu passar em sua casa e mudou de idéia, levando um grande Barolo Gaja Gromis 2000. Matou a pau! Dianteira certeira! Bem, sou suspeito, mas não teve jeito: Barolão no peito! 
O Rei da Noite!!! Sem apelação!
O produtor, não precisa palavras, Angelo Gaja é quem produz alguns dos melhores, e mais caros, Barolos no mundo. Aliás, é considerado o melhor produtor da Itália. Mas nesse aspecto, tenho minhas ressalvas. Esse Barolo Gromis é de um ano que rendeu grandes Barolos e estava soberbo. Era uma mistura de Barolo tortoniano com helveciano, aliando o equilíbro típico de Gaja com a potência. Maturou 12 meses em barricas francesas e mais 12 em grandes cascos de carvalho francês. Vinho encorpado, tânico (como deve ser), notas de fruta maduras, pétalas de rosas, funghi, alcaçuz e tabaco. O final era longo e muito prazeiroso. Uma beleza! Valeu Tonzinho!
O confrade Rodrigo nos brindou com um vinho que gosto muito, mas que ainda não havia provado dessa safra, o Erasmo 2007. O 2006 já apareceu algumas vezes aqui no blog (clique aqui). Esse 2007, como os anteriores, é um típico corte bordalês (Cabernet Sauvignon 70%, Merlot 20% e Cabernet Franc 10%). Também foi destaque no Descorchados 2012, com 95 pontos. Ao nariz, notas de groselha, cassis e especiadas de cravo e alcaçuz. Em boca, repete o nariz e mostra-se mais seco que o 2006, com um leve fundo herbáceo. Eu gostei dele, mas confesso que preferi o do ano anterior. Quero colocá-lo frente a frente com o 2006 para conferir. Os 95 pontos do Descorchados talvez sejam um pouco exagerado, mas é um vinho correto como sempre e para mim, difícil de ser batido em sua faixa de preço (estava a 72 pilas para sócios do Club Wine).  Agradou a todos. Acredito que deve melhorar bastante com um tempo de adega.
E para finalizar, um vinho levado pelo JP e que é sempre sucesso na mídia falada, escrita e cochichada, o Luca Malbec 2007. Inclusive, foi top 100 da WS em 2008, com 93 pontos. O vinho de Laura Catena é muito bem feito. Sem arestas. Malbec típico, com notas de figo, mirtilo, alcaçuz, anis e café. Em boca, destaque para a sua sedosidade e taninos finíssimos. Mesmo eu já tendo dito que estou enjoado de Malbec puro, não dá para deixar de elogiar a qualidade desse, que é impecável. 
Isso aí, pessoal! Mas uma bela noite na Confraria do Ciao!  

quarta-feira, 6 de março de 2013

Briga de Brunellos di Montalcino irmãos: IL Poggione Riserva 2005 versus IL Poggione 2006!

Bem, a postagem trata de uma comparação entre dois Brunellos di Montalcino, que têm em comum apenas o produtor, a centenária Tenuta Il Poggione. No entanto, as semelhanças ficam por aí. O Brunello di Montalcino IL Poggione Riserva 2005 é feito com uvas de um vinhedo especial, o IL Paganelli, plantado em 1964 (essa data me lembra algo...rs). O vinho passa 4 anos em barricas francesas de 300-500 litros e vem de uma safra que ficou na sombra da belíssima safra de 2006 na Itália. Obviamente, é grande, untuoso, denso, mas mostrou algo que me incomodou um pouco: Excesso de tostado! Não gosto de nada exagerado, e isso me marcou. Ele mostra aromas de couro, café, tabaco, alcaçuz e... tostado! A fruta fica escondida em meio a tudo isso, e não sei se o tempo lhe abrirá as portas. Em boca, repete o nariz, mostra ótima acidez e taninos presentes (claro) mas já corretos. O final é longo, como esperado para um bom Brunello, mas estava lá o tostado. Será que demos azar com a garrafa? Não sei. Olha, mas isso não quer dizer que o vinho estava ruim... Longe disso! Eu só queria mais equilibrio, com a fruta subindo um degrauzinho...rs.
E seu irmão "menor"? Esse eu, de forma egoísta, mandei ver sozinho, em dois dias bem "bebidos". E o Brunello di Montalcino IL Poggione 2006 me encantou mais. Diferentemente do Riserva, ele passa um ano a menos nas barricas (3 anos). É um vinho aromático,  mais fresco, com a Sangiovese manifestando tudo que tem de bom. Notas de cereja preta, couro, caixa de charuto, alcaçuz e de carne. Em boca, explosivo, vibrante, ainda tânico, mas perfeitamente apreciável. Obviamente, melhorará com tempo em adega. Tinha um tostadinho também, mas leve e bem integrado. O final, longo, longo... Uma delícia!  Estava ótimo no primeiro dia, e redondinho no segundo. Para mim, ganhou o duelo com seu irmão maior. Na verdade, quem ganhou fui eu, pois sou fã incondicional desses vinhos, que considero verdadeiros cavalos de raça! 
A propósito, os vinhos são importados pela Vinho Sul.
Essa cor seduz...rs. 

segunda-feira, 4 de março de 2013

Sol de Sol Chardonnay 2009: Que frescor!!!

Tempos atrás apreciei um Sol de Sol Chardonnay 2008, da Viña Aquitânia e, apesar de ter gostado bastante, confesso que esperava mais dele (clique aqui). Na época, o amigo Eugênio até ressaltou que considerava o Sol de Sol melhor que o Maycas del Limarí Quebrada Seca, ao qual eu manifestei preferência. No entanto, acredito que pode ter sido algo particular com aquela garrafa do 2008, pois esse Sol de Sol Chardonnay 2009, que levei há alguns dias para os confrades, estava excelente! Mordi a língua! Ele conseguiu me agradar mais que o Maycas. Destaque total para a sua ótima acidez e mineralidade. Esse conjunto aporta ao vinho um frescor impressionante. No site da vinícola citam que isso é devido à localização do vinhedo plantado em Traiguén, localizado 650 km ao sul de Santiago. Mencionam que as uvas, em sua fase de maturação, recebem calor apropriado e também se beneficiam do clima frio, o que faz com que o vinho conserve a acidez natural e mantenha excelente equilíbrio. A passagem por carvalho francês é breve, faz bem e não deixa marcas. Se você gosta daqueles Chardonnay pesadões, abacaxi puro, muito mel e manteiga, esqueça esse! Aqui o que se destaca é o frescor, a mineralidade. Tudo está muito bem integrado. Uma delícia de vinho, que é difícil ser batido na américa do sul. Bem, agora tem o Aristos Duquesa no mercado... Aquele, que na safra de 2008 arrebatou 20 pontos de 20 possíveis da revista Decanter, que o comparou a Grand Cru borgonhês (veja aqui). Só que se compra 3 Sol de Sol com o que se paga por ele...rs. Será que a diferença vale a pena? Daqui a uns tempos eu postarei a experiência aqui no blog.

Ps. Definitivamente, meus confrades (ainda) têm se mostrado despreparados para bons brancos. Precisam se enveredar mais por estes caminhos, antes que se arrependam...