Semanas atrás (ainda em 2012) os amigos Akira, Carlão e eu decidimos fazer uma noite de grandes Syrah. E levamos a sério, claro.
O Akira, levou (pela segunda vez - Logo posto a outra) um grande Kilikanoon Oracle 2005, de Clare Valley. É vinho de alta gama da vinícola australiana, cujos vinhos são importados pela Decanter. Eu havia bebido uma taça dele em um Decanter Wine Show tempos atrás e ficado impressionado.
O Carlão, abriu um australiano de Barrosa, o Torbreck Descendant 2005, vinho feito com clones do melhor e mais antigo vinhedo (RunRing) da vinícola, e que é feito ao estilo do Rhône (co-fermentação com a Viognier). A maturação é feita nas barricas usadas para o RunRing.
Eu, levei um italiano (isso mesmo! Fazem grandes Syrah na Itália também!), do produtor Luigi D'Alessandro, e elaborado por Luca Currado (Vietti) e Christine Vernay, do Rhône: O Migliara 2006. É o vinho top da vinícola, localizada na região de Cortona, Toscana.
Três Syrah de estilos bem diferentes.
O Oracle era o mais potente deles, denso, untuoso, de encher a boca, de mastigar. Mostrava notas de frutas maduras, ameixa em compota, balsâmicas, caramelo, café, tostado e alcaçuz. Seu final é interminável. No entanto, não mudou muito durante o tempo que ficou aberto. É daqueles que já mostram tudo que tem logo de cara. Vinho explosivo! Característica principal: Muita fruta madura e tostado.
O Torbreck, no início, não mostrou muito a que veio. Apesar de dividir com seu irmão de Clare Valley o cerne dos Syrah Australianos, ele era mais discreto. Com o tempo, foi se mostrando e foram aparecendo notas florais, provalmente influência da Viognier e especiadas, muitas delas. Se tiver que destacar algo especial no vinho fico com seu lado camaleão, pois mudou muito durante a noite, e especiado, com notas de anis, pimenta e alcaçuz. Um belíssimo vinho, que precisa descansar em decanter para mostrar sua potencialidade. Se o felizardo bebê-lo logo ao abrir pode ficar decepcionado, mas se tiver paciência, será recompensado.
O Migliara 2006 (que recebeu nada menos que 98 pontos da Wine Spectator), é completamente diferente dos dois primeiros. A grande diferença: Mineralidade! E isso eu gosto muito. Vinho mineral é comigo mesmo. E esse, já comentado aqui no blog algumas vezes (clique aqui), a esbanja. Não é vinho explosivo, potente, e sim, mais fresco, com notas de amoras silvestes, anis, pimenta e minerais. Em boca mostrava ótima acidez e lá estava a mineralidade. Perto dos outros, fica um pouco sufocado, visto que não tem a potencia deles, mas faz mais minha cabeça. Um super Syrah italiano! O duro é achar uma garrafa dessas. A propósito, devo esclarecer os rabiscos no rótulo. Eu havia deixado a garrafa com o Fernandinho, na adega do Ciao Bello. Pedi então que ele tomasse cuidado para que suas colaboradoras não vendessem o danado pensando que era um Syrazinho meia-boca qualquer. Elas então resolveram identificar bem a garrafa. E ficou assim...rsrs.
Isso aí, degustação perfeita!