quarta-feira, 27 de junho de 2012

Maycas del Limari Reserva Syrah 2007: Bom para um churrasco, mas bem abaixo de seu irmão maior

Comprei este Maycas del Limarí Reserva Syrah 2007 no último bota-fora da World Wine. Já apreciei algumas garrafas do Reserva Especial 2005, que se mostrou muito superior (clique aqui). Principalmente, porque é mais mineral e tem menos extração. Este Reserva é mais pesado, compotado e com álcool um pouco saliente. Tudo melhora com um tempo depois de aberto, e acompanhando um churrascão. Ao nariz, mostra notas de amora compotada, chocolate e alcaçuz. A madeira aparece também. Em boca é estilão novo mundo, compotado. Particularmente, me agrada muito mais seu irmão maior, que espero mantenha sua elegância e mineralidade em detrimento da potência. Mas o Reserva vai bem com um churrascão e tem preço condizente pelo que oferece. No entanto, pela diferença de preço entre os dois, não tenha dúvida: Reserva Especial!

segunda-feira, 25 de junho de 2012

VEM AÍ O ENCONTRO MISTRAL 2012! MARQUE EM SUA AGENDA

O aguardado Encontro Mistral 2012 acontecerá nos dias 16, 17 e 18 de Julho em São Paulo, no Hotel Grand Hyatt e no dia 19, no Hotel Sofitel, Rio de Janeiro. O evento, que está em sua sexta edição, contará com dezenas dos melhores produtores de vinho de todo o mundo. Que tal apreciar vinhos de Chapoutier, Castello di Ama, Le Macchiole, Cos d'Estournel, Quinta do Vale Meão, Campolargo, Symington Family, Remirez de Ganuza, Castello del Terriccio, Paul Hobbs e tantos outros? Eu fui em todas as edições do evento e garanto: Vale a pena! É uma oportunidade excelente para conhecer e apreciar grandes vinhos na presença de seus produtores. É imperdível! Veja mais detalhes sobre o evento no link, inclusive com a lista dos produtores que participarão do encontro (alguns ainda a confirmar).


Comentário pós-postagem: O Encontro já ocorreu. Veja aqui minhas impressões sobre ele.

domingo, 24 de junho de 2012

Conde D'Ervideira Garrafeira 2003: Do jeito que eu gosto!

Este Conde D'Ervideira Garrafeira 2003 adquiri 2 anos atrás em um saldão da Mercovino. O vinho é produzido pela vinícola alentejana Herdade de Ervideira, que é de propriedade da famila Costa e Leal, a qual é descendente direta do Conde d'Ervideira. Atualmente é chamado Private Selection (assim como os garrafeiras da Esporão). Este 2003 foi feito com Aragonez, Trincadeira e Alicante Bouschet, e passou 12 meses em barricas de carvalho francês. Apesar da idade, ainda possui uma cor rubi bem escura. Ao nariz, mostra notas de passas, cerejas secas, torrefação, tabaco e alcaçuz. Em boca ainda é denso, embora já se mostre bastante evoluído, com taninos redondos e um final bem gostoso. Apesar dos seus 15%, o álcool é bem integrado e não fica saliente. Eu gostei muito do vinho, pois tem características que eu gosto. Se tiver um desses em sua adega, mande ver, para não correr riscos, pois ele já está em seu ápice. E não deixe de decantá-lo, não apenas para desenvolver seus aromas, mas principalmente para retirar as borras, bastante presentes. Portanto, evite agitá-lo e antes de decantar deixe de pé por algum tempo para que as borras fiquem no fundo da garrafa, facilitando a decantação. E aproveite, pois o vinho é muito bom!

quarta-feira, 20 de junho de 2012

3 Barolos no octógono: Are you ready?

Repito: Sou fã incondicional de vinhos italianos! Se for Brunello e Barolo então, me convide! E nesse último sábado o amigo Carlos André me convidou para uma briga de Barolos em sua casa. Recomendei então que já abrisse seus brigões, para que respirassem. Ao meio-dia ele abriu um Barolo Cannubi 2004, de Marchesi di Barolo e um Batasiolo do mesmo ano. Em casa, no mesmo horário, eu abri uma garrafa do Barolo Cascina Nuova 2007, da vinícola Elvio Cogno. Bem, a briga era as 20h00, e como todos sabem, Barolos gostam de respirar. Abrí-los e beber na hora pode ser um desperdício e causar estranheza a desavisados. Não se preocupe: Diferentemente de vinhozinhos meia-boca, eles não morrem facilmente. Pode abrir e deixar o bichão em decanter, exalando perfumes diferentes com o tempo. E é isso que me agrada neles: O jeitão camaleão! E quanto melhor o Barolo, melhor ele faz isso. E enquanto o Barolo que abri respirava em berço esplêndido, eu preparava um Cabrito ensopado ao Alecrim (com um toquezinho de Funghi Secchi ao final, para agradar nossos Barolos...rs). E o legal é de vez em quando pegar uma tacinha para ver como o bichão vai indo... E se deliciar com a metamorfose. Beber Barolo é um evento!
E às 20h30 começou a briga. Todos os Barolões já tinham descansado e já estavam prontos para serem apreciados mostrando suas qualidades. 
O primeiro deles, oferecido pelo Carlão, era um Barolo Beni di Batasiolo 2004. Eu havia dito ao Carlão que ele seria o menos potente deles. Realmente, tinha corpo médio, com notas de morango, framboesa, funghi, folhas secas e madeira. Em boca tinha médio corpo, com taninos presentes (como deve ser em um Barolo), mas já se acertando. O Carlão, com sua sinceridade e imparcialidade características, levantou um probleminha nele: A madeira saliente! Ele disse que no começo ela também aparecia, e não sumiu com o tempo. Como disse o Carlão, eram aromas de serragem, que incomodavam um pouco. Mas com o Cabrito, fez par perfeito! 
O segundo brigão era um Barolo Cascina Nuova 2007, de Elvio Cogno, levado por este que vos escreve. Eu já havia bebido belas taças desse vinho (clique aqui) em um jantar com o simpático produtor, Valter Fissore, após o evento do Gambero Rosso. Esse eu acompanhei desde a abertura e vi suas mudanças. No começo, claro, se mostrava mais fechado e agressivo, o que foi mudando com o tempo. Aos poucos, foi mostrando notas de nozes muito atraentes, em meio a funghi secchi, florais, framboesa e cereja. Tinha também um fundinho de mentol e tabaco, bem discretos. Dentre os três, apesar de ser mais novo, era o que mostrava taninos mais domados e a meu ver, mais equilibrio. O vinho era bem perfumado e acompanhou muito bem a comida.
O terceiro da noite foi levado pelo simpático casal Endrigo e Wania, e era um Barolo no estilo mais tradicional, mais potente, e que demorou bastante a se mostrar completamente. Era um Barolo Cannubi 2004, de Marchesi di Barolo.  O vinhedo Cannubi fica na confluência da região Tortoniana e Helveciana (esta última fica na porção leste da DOCG e origina vinhos mais poderosos e encorpados).   O vinho possuia notas de pétalas de rosa, framboesa, amoras maduras, nozes, café, alcaçuz e com o tempo mostrou notas tostadas e de chocolate deliciosas. Em boca era potente, como esperado, e com taninos presentes, mas bem domados. No começo, era um toro indomável, mas com o tempo, foi o que mostrou a evolução mais perceptível. Lembro-me de uma vez ter levado um Sarmassa 2001, do mesmo produtor, para beber com amigos, sem a devida preparação: Bola fora! Todos acharam pesado, fechadão... Mas lembro também, que no final da noite, ao cheirarem o finalzinho que ficou no decanter, ficaram estupefados. Barolo é isso! É um dos motivos que me fazem gostar deles. São temperamentais, parrudos, cheios de personalidade. Tempos atrás coloquei uma definição dada a eles por Didú Russo, que transcrevo aqui: "italianos bravos, fechados, cismados, mas que no fundo, é tudo fachada, pois têm um coração de criança".
Isso aí! Os Barolões brigaram e quem ganhou foi a gente!  

ps. Veja os comentários do Carlão sobre a noitada, em seu blog (clique aqui).

sábado, 16 de junho de 2012

A redenção da Confraria: Noite ibérica com Laurona 2005, Marques de Cáceres Gran Reserva 2004, Chocapalha Reserva 2007 e Crasto Vinhas Velhas 2009!

Em uma de minhas últimas postagens mencionei que a última reunião da confraria não tinha sido lá essas coisas. Nem tanto por causa dos vinhos, mas por falta de liga, sei lá... Mas essa de ontem, foi uma das melhores que tivemos esse ano. Isso porque, além dos vinhos serem de ótima qualidade, combinaram muito bem entre si. E não foi nada combinado entre os confrades. 
Bem, mas vamos aos belos vinhos... 
O primeiro deles foi levado pelo amigo Paolão, e foi um Laurona 2005 de Celler Laurona. Esta vinícola fica em Falset, centro da D.O. Monsant. A vinícola foi fundada em 1999 pelo famoso René Barbier, produtor do grande Clos Mogador, e que atualmente é enólogo da vinícola juntamente com Fernando Zamora. O Laurona é o vinho de entrada da vinícola, e é feito com Garnacha (55%), Merlot (20%), Syrah (15%) e Cabernet Sauvignon (10%). A maturação é feita em barricas de carvalho de 500 litros por 16 meses. É um vinho rico, com notas de frutas negras, florais, chocolate e especiarias, como o alcaçuz e canela. Em boca mostra potência, ótima acidez e mineralidade. É um ótimo vinho, que precisa respirar para mostrar suas qualidades. Valeu Paolão!
O outro espanhol foi levado pelo JP. Desta vez, de Rioja: O Marques de Cáceres Gran Reserva 2004. Vinho de uma ótima safra e de um produtor não decepciona. Tempos atrás consumimos um Reserva 2000 que estava muito bom. Sem contar o grande Gaudium 1994 que mandei ver (clique aqui). Este Gran Reserva mantém a qualidade. É um vinho rico, feito com um corte tradicional de Rioja (Tempranillo, Garnacha e Graciano), e que mostra notas de ameixa bem madura, cereja, tabaco, couro e baunilha. Bem aromático! Em boca, muito sedoso, mostrando frescor e com taninos redondos. O final é longo e especiado. Outro ótimo vinho! O JP mandou ver! Mais um ibérico de primeira!
E agora mudando de país, mas ainda na península, partimos para os portugas. Eu levei um Chocapalha Reserva 2007. Este eu estava curioso para experimentar, pois vinhos feitos por Sandra Tavares da Silva sempre agradam. O vinho, da grande safra de 2007,  é da região demarcada de Lisboa (antiga Estremadura). É feito com Touriga Nacional (55%), Tinta Roriz (30%) e Syrah (15%), com fermentação em lagares por 12 dias e maturação em barricas de carvalho francês 90% novas por 20 meses. Apenas 6.800 garrafas foram produzidas. Ao nariz mostra notas de violeta (mas sem exagero), de Kirsch, amoras maduras, chocolate, alcaçuz e baunilha. Em boca, logo após a abertura da garrafa, mostrou potência. No entanto, após um tempo e evolução em taça, mostrou uma sedosidade belíssima! É um vinho muito rico e macio. Elegante mesmo. Mas abra com atencedência e se possível decante, para ver suas qualidades. Não é por que fui eu quem levei, mas estava muito bom!
E para fechar a noite ibérica, um que é figura batida na confraria (do lado bom, claro...), o Quinta do Crasto Vinhas Velhas 2009, levado pelo Tonzinho. Já havia degustado uma tacinha desse 2009 tempos atrás (clique aqui) e estava um pouco fechado. Mas agora, abrindo com atencedência, em uma taçona, o negócio melhorou! Ao nariz, muito aromático, com notas de frutas maduras, kirsch, chocolate e alcaçuz. Em boca, repete o nariz e mostra muita elegância, típica desse belo vinho. O que falar dele? Uma beleza, sempre! Valeu Tonzinho!
Bem caríssimos, essa noite foi excelente: Vinhos de primeira, todos agradando muito. Redenção total!

Veja abaixo a foto da turma reunida...




quarta-feira, 13 de junho de 2012

Uma quinta meio torta na Confraria! Não deu liga!

Na semana passada a reunião da confraria ficou devendo. Bem, mas nem tudo são flores... Eu, levei um T de Terrugem 2001, passadão! Produto de mau acondicionamento. Uma pena, pois queria experimentar este alentejano feito majoritariamente com Aragonez e que carrega fama e a batuta de Michel Rolland nas costas. Mas fica prá próxima. 
O JP levou  um bordeaux de Pessác-Leognan, o segundo vinho do Chateau Smith-Haut Lafitte, o Les Hauts de Smith 2008. É um blend de 55% Merlot e 45% Cabernet Sauvignon, que passou 14 meses em barricas de carvalho. O vinho é leve, com aromas de cerejas, cassis, de chocolate e notas apimentadas. Em boca, os taninos ainda pegam um pouco, mas eu achei bem agradável. Um bom vinho, ainda novo, mas já apreciável. Gastronômico.
O Tonzinho levou um borgonha, o Marsannay Les Ouzeloy 2008, do Domaine Joseph Roty. O produtor, Joseph Roty, que faleceu em 2008, era muito renomado na borgonha. Tinha fama de ser excêntrico, avesso à publicidade e visitas. Suas vinhas têm mais de 100 anos de idade, e hoje são cuidadas pelo seu filho Philippe. É um vinho novo, um pouco fechado, com aromas de groselha, notas terrosas e especiadas. Deve melhorar muito nos próximos anos. Eu, particularmente, acho um pecado tomar borgonhas em meio a outros vinhos mais fortes, e em taças de bordeaux. Isso diminui muito a presença do vinho! Borgonha tem que ser com comida apropriada, taça adequada e muita calma... Again, fica para a próxima...
E nosso amigo Rodrigo levou um Jacob's Creek Reserve Shiraz 2008. Vinho de safra boa, mas que carece de mais complexidade. Eu apreciei um 2004 tempos atrás que estava bem mais rico. Talvez esse 2008 melhore, mas não acredito muito nessa possibilidade. Ao nariz mostra notas de fruta negra madura, chocolate e café. Faltou mais especiarias. Em boca é correto, mas não mais que isso. 
Bem pessoal, não foi das melhores noites.... Vamos ver se nessa quinta-feira o negócio melhora. Nossa sorte é que temos saldo positivo!

Mouchão 2002: Tradição do Alentejo!

Semanas atrás adquiri alguns vinhos mais velhinhos, no Empório Brigante em São Carlos. Já dancei com um deles (que foram gentilmente trocados...) Mas como sempre diz o meu pai: "Quem tem medo, não sai de casa!" E eu arrisco nos velhinhos, sem dó. Geralmente tenho mais alegrias que tristezas. Este Mouchão 2002, da foto, já estava um senhor, em seu ápice e talvez descendo a ladeira. Não é vinho para iniciante ou novo-mundista inveterado, nem pensar... Para entendê-lo precisa ter alguma rodagem... O vinho é feito com Alicante Bouschet (70%) e Trincadeira (30%), de forma tradicional. A fermentação é feita em lagares abertos, com pisa a pé duas vezes por dia, e a maturação é feita por dois anos em grandes tonéis de madeira. O vinho é lançado 4 anos após a colheita, pois ainda descansa 2 anos em garrafa antes do lançamento. Este 2002 tinha ainda uma cor rubi escura bem forte, com um halo atijolado, reflexo de seus 10 anos. Ao nariz, mostrava notas de frutas secas, em meio a tabaco, fumo de corda, notas herbáceas e de cogumelos. Em boca mostrava maturidade e taninos perfeitamente domados pelo tempo. Again, não é vinho para paladares pouco compreensivos. Há de ser entendido e apreciado sabendo-se como foi feito e valorizando a tradição.


terça-feira, 12 de junho de 2012

Roquette e Cazes 2006: Bom vinho, mas...

E ainda na visita à casa do Bú, apreciamos uma garrafa do Roquette e Cazes 2006. É o filhotinho do Xisto, que será sempre produzido, enquanto o Xisto, a partir de 2005, só em safras melhores. Eu havia experimentado o 2007 tempos atrás (clique aqui), que achei mais equilibrado. Ambos tem uma coisa em comum: Madeira aparente! Tem gente que gosta, principalmente os neófitos, mas é algo que me incomoda um pouco. E neste 2006, ainda mais que no 2007. O vinho é feito com Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca, com maturação por 18 meses em barricas de carvalho francês (70% novas e 30% de 1 ano). Ao nariz, mostra notas de frutas silvestres, florais e de especiarias, com um toque de curry ao fundo (que ficou mais evidente depois de tempo em taça). Em boca, repete o nariz e mostra taninos presentes e acidez vibrante. A madeira aparece bastante. Eu acho que o tempo pode fazer-lhe bem. De qualquer forma, a decantação é recomendada. Particularmente, este 2006 me decepcionou um pouco. O 2007 é mais elegante. Bem, a safra foi melhor, e pode ser essa a diferença. Espero que os próximos melhorem a cada ano. O fato é que, na faixa desse vinho (e até mais barato) tem portuga bom de briga, como o Meandro, Pombal do Vesúvio, Post-Scriptum, Cedro do Noval, Altas Quintas Colheita, e aí vai... Com um pouquinho a mais você compra o Duas Quintas Reserva, mostrado em minha postagem anterior, e ficará mais feliz...

domingo, 10 de junho de 2012

Duas Quintas Reserva 2008: Excelente vinho!

Lembro-me do saudoso Saul Galvão, em seus livros, mencionar que o vinho Duas Quintas, da Casa Ramos Pinto, é muito bom, mas que seu irmão maior, o Duas Quintas Reserva, fica degraus acima. E ele tinha toda razão. Portanto, não confunda o Duas Quintas de entrada com este Reserva. E foi na terra de Saul, a aconchegante Jaú, que apreciei este Duas Quintas Reserva 2008, oferecido pelo meu cunhado Bú. Já havia apreciado o 2004 tempos atrás, e gostado muito (clique aqui). Este 2008 é um pouco diferente, com mais fruta.  O vinho é feito com 70% Touriga Nacional, 25% Touriga Franca e 5% Touriga Barroca, e maturado por 18 meses em barricas novas de carvalho francês. Seus aromas são muito ricos, com notas florais, de cereja em licor, ameixa e romã, em meio a notas balsâmicas, tostadas e especiadas. Em boca é intenso e elegante, com taninos redondos e ótima acidez. Um vinho excelente e que tem grande capacidade de guarda. Em sua faixa, alguns como o Crasto Vinhas Velhas, Cartuxa Reserva, Vallado Reserva e Vallado Touriga, podem até empatar com ele, mas batê-lo, é difícil. É um vinho muito rico. Se você passar em um Duty Free e deixar de pegar pelo menos uma garrafa desses, estará bobeando. Recomendadíssimo!

Nota: É um vinho musculoso. O deixamos decantar 2 horas antes de apreciar, o que fez grande diferença. Aprecie devagar e verá como evolui muito bem na taça.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Beronia Gran Reserva 2001: Tradição e modernidade em um ótimo Rioja!

Semanas atrás tive o prazer de sentar com meus grandes amigos Pio e Márcio para colocar as modas em dia e apreciar um Beronia Gran Reserva 2001. Eu estava curioso para apreciar esse vinho, visto já ter ouvido elogios a ele. As Bodegas Beronia foram fundadas no início da década de 70, e seu nome remete aos Berones, guerreiros de origem celta que ocupavam a Rioja no século III a.c. Na década de 80 as Bodegas foram adquiridas pela família Gonzáles Byass, produtora de tradicional Jerez Tio Pepe.
Este Beronia Gran Reserva 2001 é um corte tradicional de Rioja, com Tempranillo majoritária e pitadas de Graciano e Mazuelo. Passa 24 meses em barricas de carvalho frances e americano. Sua cor é mais escura que Riojas tradicionais. Ao nariz, muita riqueza, com notas maduras de cereja preta e cassis, em meio a notas balsâmicas, couro, tostadas, tabaco e especiarias, como cravo e alcaçuz. Em boca, muito redondo, amplo, com taninos doces e um fundinho de mel e alcaçuz. Delicioso! Um ótimo vinho de uma grande safra. Está em seu ápice e não deve melhorar mais. Então, se tiver uma garrafa dessas, asse um pernil de cordeiro e manda ver! O vinho superou minhas expectativas. Se não me engano, os Beronia são importados pela Aurora/Inovini.

domingo, 3 de junho de 2012

ACABEI DE APRECIAR O FVLVIA GARAGEM PINOT NOIR 2011!!! VEJA O QUE ACHEI DELE

No ano passado adquiri alguns vinhos en primeur do Atelier Tormentas, de Marco Danielle, e os recebi na semana passada. Dentre eles, claro, o Fulvia Garagem Pinot Noir 2011. Após apreciar o 2009 (clique aqui), fiquei encantado e não poderia deixar passar esse, visto que a produção é pequena e logo será difícil encontrá-lo. E para apreciar um bom Pinot, ao estilo borgonhês, tem que seguir um ritual. Não é só "tufar" o vinho em uma taça qualquer e jogar goela abaixo. Tem que utilizar uma taça apropriada, ter calma, delicadeza e não pensar que está apreciando um Malbecão. No caso do Fulvia, exige ainda mais cuidado, pois o vinho é natural e como tal, deve ser aerado para liberar o CO2 que contém. Por isso, se tiver o prazer de apreciar um desses, coloque no decanter, agite vigorosamente e verá as bolhas se formarem na superfície. Faça isso algumas vezes e só depois aprecie. 
E para mim, vinho pede comida. E como eu estava sem inspiração para cozinhar, resolvi visitar meu amigo Bart, Chef Belga do Restaurante Chez Marcel, que cozinha como ninguém. Bem, mas vamos ao vinho. Ele é feito com a mínima intervenção possível, utilizando leveduras selvagens e com pouca adição de SO2. E que beleza: Só 12% de álcool! Diferentemente do Fulvia 2009, que era 50% maturado em  barricas, esse 2011 é totalmente maturado nelas, e a meu ver, isso lhe deixou ainda mais macio. 
Que cor linda!
Achei o vinho um pouco mais maduro e com mais estrutura que o 2009. Ao nariz, mostra notas de frutas vermelhas, morangos silvestres, especiarias e terrosas (que aparecem com mais tempo em taça). O vinho vai ficando cada vez melhor após decantação. Em boca, é intenso e macio , sutil e elegante (como disse meu amigo Bart, que o adorou. E olha que o Belga tem ótimo gosto, hein!). Tem ótima presença, acidez perfeita, é sedoso e com final persistente. Ou seja: Excelente! Como mencionei para o 2009, o Fulvia Pinot Noir não é apenas o melhor Pinot brasileiro, é para mim o melhor vinho nacional. Claro que é uma opinião pessoal, mas se tiver oportunidade, experimente e me diga. Parabéns Marco Danielle!
E como eu sabia que ia apreciar um ótimo vinho, tive que escoltá-lo com ótima comida. Dê uma olhadinha nessa Terrine de Coelho, que estava maravilhosa e no Filé com Creme de Espinafre feitos pelo Bart. Perfeitos com o vinho! No final da postagem transcrevo texto do Marco Danielle sobre o Fulvia 2011 (Nota do Vinhateiro).


Terrine de Coelho do Bart - Que beleza!
Terrine
Filé ao Creme de Espinafre - Ponto perfeito, como sempre!
Pera à Bélle Hélène - Clássica
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NOTA DO VINHATEIRO (por Marco Danielle)

A safra 2009 desse rótulo foi o vinho de maior repercussão da história do Atelier Tormentas. Quando Ed Motta e Didú Russo declararam ser aquele o melhor vinho brasileiro então produzido, o peso da responsabilidade aumentou frente à expectativa sobre a nova safra. Em 2010 a colheita não alcançou o nível de qualidade esperado, e o vinho não foi feito - dois bons motivos para em 2011 aumentar um pouco o volume produzido e zelar ao máximo pelos resultados. A meta foi alcançada, e o Fulvia Pinot Noir 2011 deverá ao menos se equiparar a seu predecessor - talvez com um leve ganho em acidez e estrutura. Degustado em Julho de 2011, o vinho mostrava um matiz vermelho levemente mais intenso que em 2009, o que traz algumas informações sobre a safra e a vinificação: acidez e estrutura um pouco melhores; maior estabilidade; menor oxidação; menores perdas fenólicas e aromáticas. Contudo, essas mudanças ainda são muito sutis para fazer grande diferença. Sabemos que o caminho é longo e o desafio é grande, e que ainda há muito a aprimorar e a explorar no campo da misteriosa Pinot Noir, mas a busca obstinada por evoluir a cada safra deverá ser administrada com prudência e parcimonia nos novos experimentos envolvendo essa caprichosa casta, de forma a não desvirtuar os traços de delicadeza e personalidade tão apreciados no Fulvia 2009. É mais fácil controlar os resultados quando se faz vinhos tecnológicos, mas em vinicultura natural os controles ficam restritos à estreita paleta de nuances oferecida pela natureza. Ganhar acidez natural pode significar perder teor alcoólico, e assim por diante. Portanto cada novo experimento deve ser feito com prudência, evitando oscilações bruscas que distorçam o objetivo central: elaborar um Pinot Noir de modo mais natural possível, inspirado na elegância, no equilíbrio e na delicadeza de um bom borgonha. O plano para a safra 2011 foi ganhar em estrutura e complexidade sem perder a sutileza. Para isso, parte das uvas foi desengaçada e parte encubada em cachos inteiros, gerando uma fermentação semi-carbônica clássica. Outra mudança radical em relação à safra 2009 é que a partir de 2011 o amadurecimento se dará totalmente em barricas, rigorosamente escolhidas e testadas para neutralidade e sutileza. De 2011 em diante, portanto, o Pinot Noir do Atelier Tormentas será inspirado em alguns métodos ancestrais que pude conhecer pessoalmente na Borgonha. Outra meta para essa safra foi suprimir as leveduras comerciais para a fermentação. Nesse sentido, o Fulvia Pinot Noir 2011 pode ser considerado um vinho ainda mais natural que o 2009, tendo também suprimido a adição de SO2 pré-fermentário. A fermentação foi iniciada e terminada pelas leveduras selvagens provenientes do próprio vinhedo - o que também indica uma provável moderação na política de defensivos agrícolas aplicados às vinhas, sendo preservada a microflora de leveduras indígenas e outros microorganismos incorporados à fermentação. Assim sendo, poderíamos afirmar que o Fulvia Pinot Noir 2011 é fruto de uma vinificação bastante natural.

Chateau Citran 2006: Levinho...

Tempos atrás comprei esta garrafa em um bota-fora da World Wine. E pelo preço que paguei, não compraria nem um merlot brasileiro melhor do mundo, como diria meu amigo Vitor. Este Cru Bourgeois de Haut-Medoc por muito tempo fez vinhos que afastaram fãs de Bordeaux. No entanto, mudou de mãos recentemente e os vinhos ganharam nova vida. Bem, não é o caso deste Chateau Citran 2006, que vem de uma safra meia-boca e não convence muito. Ele foi feito com 50% Merlot e 50% Cabernet Sauvignon (se não me engano...), mostrou um nariz discreto, nada exuberante, com notas de cassis e groselha, em meio a um fundinho tostado. Em boca era leve, um pouco glicerinado e com taninos bem sumidinhos... Olha, ele é bonzinho, não fala mal de ninguém. E só! Para não dizerem que não postei...

Crasto 2009: frescor!

Eu havia provado uma tacinha do Crasto tinto 2009 em uma degustação tempos atrás, mas como tinha seu irmão "Superior" e o Vinhas Velhas, não insisti muito nele...rs. Mas nesse sábado abri uma meia garrafa para ver qual era a sua. O vinho é feito com Tinta Roriz, Tinta Barroca,Touriga Franca e Touriga Nacional, e matura em cubas de inox, não passando por madeira. Isso lhe aporta bastante frescor, uma característica marcante nele. Ao nariz, mostra notas de frutas silvestres, framboeza, azeitona e notas florais. Em boca mostra frescor, boa acidez e taninos corretos. O álcool é um pouco saliente e me incomodou um pouco, assim como um retrogosto levemente herbáceo. Mas é uma questão de gosto pessoal. Bem, é um bom vinho,  com boa fruta e estrutura. Mas a meu ver, não é para os 90 pontos que a WS lhe outorgou. Ele justifica bem seu preço, na faixa dos cinquentinha (aliás, vi na Sabores de Portugal uma promoção por 38 pilas a garrafa! É pechincha!).

sábado, 2 de junho de 2012

Noite de cachorro grande: Roda I, Pintia, A-Crux, Cheval des Andes, Achaval Bella Vista, Korem, Má Partilha e um Graham's 10 anos para arrematar!

Estou atrasado com esta postagem... O pessoal da Confraria tá reclamando... Então, vamos lá. Na semana passada, na cozinha do Tom, belos assados (como sempre) e ótimos vinhos! A noite foi power de novo! Só belos vinhos. De entrada, o Paulão já mandou ver em um A-Crux Blend 2001, de O. Fournier. Eu já postei aqui sobre o belo 2002, mas este 2001 não fica atrás. Belíssimo vinho, Argentino com alma Espanhola, com  a Tempranillo como majoritária e pitadas de Malbec e Merlot. Um vinhaço! Notas de cassis, cereja em compota e caramelo. Em boca intenso, com final longo e muito sedoso. Quer agradar alguém que gosta de vinho? Dê um A-Crux prá ele. Valeu Paulão! A propósito, o A-Crux é importado pela Vinci
E já que falamos de um Argentino com alma espanhola, vamos migrar para dois espanhóis. E que espanhóis! O primeiro deles foi levado pelo JP: Roda I Reserva 2006. Vinho que passa 16 meses em barricas francesas 50% novas. Rioja com nariz de Ribera. as notas de bala toffee saltavam da taça, em meio à cereja e alcaçuz. Em boca, repetira o nariz e deixava um retrogosto levemente herbáceo e cítrico. Aí sim lembrava um Rioja. Um belo vinho. O Caião achou um pouquinho ralo (eu também), mas um belo vinho. Levou um chinelinho do primo Argentino, ainda mais considerando o custo/benefício, mas é um ótimo vinho! O tempo lhe fará bem (nesse caso, faria...rs). É comercializado pela Expand
E como estamos na Tempranillo, vamos a um Toro. Um Toro de Vega Sicilia, o Pintia 2005, levado pelo amigo Rodrigo. Tempos atrás apreciamos o 2007, que estava ótimo. Mas esse 2005 estava mais arredondado pelo tempo. Potencia e elegância juntos. Notas de frutas escuras maduras, chocolate amargo, alcaçuz e minerais. Em boca, amplo, potente e sedoso ao mesmo tempo. Falar o que? Uma delícia! Valeu Rodrigo! O Pintía é importado pela Mistral
E vamos em frente... Que tal voltarmos à Argentina? Vamos lá, para dois grandes. O primeiro foi um Cheval des Andes 2007 levado pelo amigo Marcelo Marga. Já apreciamos um desses (clique aqui). Bem, e esta garrafa parece que estava melhor ainda. Vinho encorpado, com notas de ameixa, cassis e tabaco. Em boca, poderoso, cheio, com leve madeira no retrogosto. Um vinhão! Só queria tomar um mais velhinho um dia... A gente não aguenta!!! O Cheval pode ser encontrado em vários fornecedores, como o Costibebidas
E seguindo com outro Argentino, um outro de pedigree: Achaval Ferrer Finca Bella Vista 2008. Este eu queria provar faz tempo. E não decepcionou, claro. Vinho potente, cheio de camadas. Notas de violeta, mescladas com alcaçuz, amoras e notas minerais. Vinho amplo, que teria muitos anos pela frente. Imagino ele com 10 anos! Só imagino, por que esse, já foi... Valeu Tonzinho! Só por curiosidade: A Finca Bella Vista é a mais antiga de Achaval Ferrer. Possui apenas 5 hectares com vinhas plantadas em "pé-franco", com mais de 100 anos de idade. Ou seja, é artigo de primeira! Os vinho da vinícola já foram importados pela Expand (que ainda tem umas garrafas), mas agora são importados pela Aurora-Inovini
E daí voamos para Portugal, apreciar um Merlot tradicional da Bacalhôa, o Má Partilha 2009, levado pelo Caião. Bom vinho, com notas de chocolate amargo, frutas negras e pimenta preta. A madeira aparece bastante. Muito novo. Melhorará com o tempo, mas mostra potencial.
Eu levei um italiano da Sardegna, o Korem Isola dei Nuraghi 2004, de Argiolas. Já apreciei esse  2004 e gostei muito (clique aqui). O negócio dele é se um camaleão, e não demos tempo para ele mostrar este lado. Logo ao principio, notas de cassis, groselha, tabaco e chocolate. Acidez perfeita, como se espera de um italiano. Mas ele não pode seguir seu caminho camaleão, pois acabou... Eu gostei muito. O Marga também. A  Vinci importa os vinhos de Argiolas.
E para fechar, um dos Portos 10 Anos que mais gosto: Graham's 10 Anos! Eu gosto muito desse vinho. Este, que é de uma leva diferente do último que apreciei, tinha menos notas amendoadas e mais florais e de groselha. Até a cor era mais escura, mais grená. Lembrava mais a característica de um Nieeport. Muito bom, como sempre! Valeu JP! Welcome home!

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Duelinho argentino: Rutini versus Saint Felicien (ambos Cabernet/Merlot 2008)

E em um jantar com amigos no La Rueda, Puerto Iguazu, dois argentinos de bom preço e boa qualidade. O primeiro, bem conhecido dos brasileiros: Rutini Cabernet/Merlot 2008. Vinho feito com 70% Cabernet e 30% Merlot. No começo o álcool aparecia um pouco, mas logo ficou mais equilibrado. Vinho maduro, com notas de cassis e amora compotada, em um fundo de baunilha e tabaco doce. Bem gostoso! Já o seu primo Saint Felicien 2008, feito com as mesmas uvas, é feito pela Catena apenas para o mercado argentino (agora estão exportando, mas não para o Brasil). E a brasileirada gosta dele quando vai lá. Estava parecido com o Rutini, mas mais abaunilhado, levemente glicerinado e por isso, mais redondo em boca, mais macio! Agradou mais a turma, que o achou corretíssimo! Talvez por que ele tenha passado 16 meses em barricas 90% francesas (30% novas) e 10% americanas (novas). Acho que isso lhe aportou mais presença. Bem, os dois estavam bons com a carne. Só ela que não estava! Acreditem: Comemos chuleta dura na Argentina! Acho que foi minha primeira experiência do tipo....rs.