Nesse último sábado fui à vizinha (e querida) Ribeirão Preto para participar do Encontro de Vinhos. E além de participar do evento, fui convidado a integrar a comissão avaliadora dos Top Five do encontro (o que foi uma honra). Bem, primeiramente devo mencionar que o encontro foi muito bem organizado e durante as 10 horas abertas ao público (isso mesmo!), vi muita gente apreciando ótimos vinhos e gostando do evento. Os expositores estavam todos muito simpáticos, entusiasmados com seus vinhos, os quais, foram bem escolhidos e estavam na temperatura correta. Destaque ainda para as taças escolhidas, da Arcoroc.
Nós chegamos mais cedo, para analisar os vinhos que concorriam aos "Top Five". E ao final, a média dos pontos atribuídos (às cegas) pelos avaliadores resultou na seguinte classificação:
A seguir a foto dos eleitos:
Não "entregarei" quais foram meus eleitos, mas nela (e no topo...) estava o D de Donoso 2007. Um vinhão, que depois bebi um pouco mais, como mostro no finalzinho da postagem.
Bem, mas voltando aos eleitos.
O primeirão foi o californiano Pezzi King (PK) Zinfandel 2005. Vinho do tipo maduro, rico em fruta madura, compotada, banana passa e alcaçuz. Uma confirmação de que com o tempo os Zins vão ficando melhores. Eu tenho minhas restrições a Zins novos, mas tenho tido boas experiências com alguns mais evoluídos.
O número 2 foi o chileno Vértice 2007, da Ventisquero. Corte de Carmenére e Syrah talhado pelas mãos de Felipe Tosso e o enólogo australiano John Duval. Vinho bastante especiado, com destaque para pimenta preta e um fundo de baunilha, em meio a notas de grafite e chocolate. Os 18 meses de barrica lhe aportam muita estrutura, e daqui a alguns anos deve ficar ainda melhor, revelando um pouco mais a fruta. Só senti não ter do lado um bom Filet a Poivre para acompanhar...
O terceiro foi um branco chileno, o Espino Chardonnay 2010, de William Fèvre. E o craque em Chablis mostra que maneja a Chardonnay chilena muito bem. Este Espino Chardonnay, feito com uvas de altitude e com seus 8 meses de barrica (usadas), mantém frescor e é um excelente custo benefício. Quando fiquei sabendo que custava 40 Reais, gostei mais ainda. O vinho tem notas de pera, cítricas, mel e boa mineralidade. Nada com exagero. Ao visitar o estande do Dominio Cassis, seu importador, o Sr. Wilton me apresentou o seu irmão maior, o Gran Cuvée, que figurou entre os melhores Chardonnay do Chile segundo o Guia Descorchados 2012. Não resisti e adquiri uma garrafa alí mesmo. Logo que apreciá-la postarei minhas impressões. Mas pelo que vi no Descorchados, deve ser coisa boa (sabe quanto? Sessentinha!).
Em quarto lugar ficou o riojano Altos de "R" Reserva 2004. Bem, a safra ajuda e o vinho é muito bem feito (e também tem bom preço pela qualidade). Ele é importado pela Cálix, um braço da Decanter. É vinho firme, que mistura tradição e modernidade. Possui notas de cereja preta, especiarias, couro e um fundinho terroso. As notas especiadas me conquistam. Um vinho bem feito, com bom preço e que deve evoluir bem em adega.
E finalmente, em quinto lugar, um português da Bairrada, o Aveleda Grande Follies 2004. Vinho feito com Touriga Nacional e uma pitadinha de Tinto Cão. Aqui tem-se uma Touriga diferente, sem aquelas notas florais tão características. O que se apresenta são notas de cassis, ameixa e tabaco, em um vinho gastronômico por natureza. Vinho que ainda deve ganhar com tempo de adega.
Bem, mas além desses vinhos, apreciei muitos outros durante o evento.
A seguir, mostro as fotos de alguns que me chamaram a atenção. Obviamente, alguns ficarão de fora (como os ótimos vinhos austríacos da Vinhos da Áustria, que já mencionei em minha postagem sobre a Mostra Internacional de Vinhos de Campinas - clique aqui). Mas não tem jeito. A postagem ficaria muit longa. Minha impressão final sobre o evento foi excelente. Parabéns aos organizadores!
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Falar o que deste vinho? Novinho, novinho , mas já macio e com grande futuro pela frente. Uma beleza! A Touriga em sua melhor forma. Gosto muito da Vallado Touriga (clique). Preciosidade que a Cantu tem em seu portfólio. Pude apreciar belas taças e adorei! |
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Ótimo vinho da Umbria! Seco, com notas de amora madura, café e tabaco. Vinho de peso e para amantes de vinhos italianos. |
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Cabernet Sauvignon muito bom de William Fèvre, cujo irmão maior, o Gran Cuvée, também foi destaque no Guia Descorchados 2012. Ótimo preço! |
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Belo branco da Bairrada feito com Chardonnay e Maria Gomes. Notas de pera, florais e um toquezinho cremoso. |
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Vinho da Miolo, feito com vinhas de mais de 35 anos e que mostra tipicidade (e futuro). |
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Também da Cálix, importadora do riojano Altos R Reserva 2004, o Recorba Crianza 2005 é um Ribera de boa pedida pelo preço. |
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Aqui o que vale é a curiosidade. O vinho é um bom chileno, mas o fato de ter tido na barrica um fragmento de um meteoro encontrado no deserto do Atacama, e que caiu no Chile 6.000 atrás, é no mínimo, curioso. Veja o vídeo no blog do amigo Luiz Cola. |