domingo, 26 de setembro de 2010

Reunião na casa do João Paulo - Clos de los Siete 2008, Duas Quintas Reserva 2004, Farnese Montepulciano de Abruzzo e Pensées de Pallus

Pensées de Pallus
Ontem fomos a casa do querido casal João Paulo e Vanessa para um "more than happy hour"! Estavam lá as familias de Paulão (incluindo Pedro Ivo´s family), João Paulo e Fernandinho. Bem, nem preciso dizer que foram horas deliciosas, com boa comida (o chourizo de porco preto estava ótimo João!), bons vinhos e, acima de tudo, excelentes companhias! João Paulo abriu um Clos de los Siete 2008, um argentino feito pelo onipresente Michel Rolland e vendido no Brasil pela Grand Cru. O vinho é um corte de Malbec, Merlot, Cabernet Sauvignon, Syrah e, segundo a WS, neste ano conta com uma pitadinha de Petit Verdot. É um pouco diferente dos anteriores, principalmente do 2002 e 2003. Este de ontem me pareceu com uma maior influência da Malbec que nos anteriores. É um vinho redondo, equilibrado, com ótima fruta. Um Smart buy. Mas a meu ver, ainda está novo, devendo ganhar em complexidade com mais uns dois anos de adega. O Fernandinho adorou. Eu acho um pouco concentrado e extraído.
Paulão levou uma Farnese Montepulciano de Abruzzo 2006 Magnum, da Worldwine, que me lembrou macarronada de domingo com a familia toda, com muita gritaria e risadas. É um vinho fresco, tranquilo e fácil de beber.
O Fernandinho levou um que eu adoro e é para mim um dos melhores vinhos de Chinon. A Cabernet Franc é a uva tinta do Vale do Loire, onde fica Chinon, e é a prova de que não é só de brilhantes brancos que vive esta região. O vinho a que me refiro é o Les Pensées de Pallus 2007, do Domaine de Pallus. É o segundo vinho do Domaine. Ele envelheceu 18 meses em barrica de carvalho (barrica de 2 anos). E não são quaisquer barricas - São aquelas utilizadas pelo lendário Chateau Haut-Brion. Antes de ser engarrafado, o vinho fica 2 meses descansando. É um vinho fresco, com as típicas notas de tabaco, azeitona verde e pimenta. É mineral e com boa fruta. Vinho de fino acabamento e com final longo. Deve acompanhar maravilhosamente pratos levemente condimentados. Embora digam que os Chinon devem ser tomados novos, a Cabernet Franc, mãe da Cabernet Sauvignon, é uma uva que costuma premiar quem tem paciência. Um belo vinho Fernandinho! Encontrado na Vinci e em São Carlos no Gran Reserva. Em homenagem ao Fernandinho coloco a foto do Pallus no blog.
Eu levei um vinho do Adriano Ramos Pinto, o Duas Quintas Reseva 2004. É um vinho que me surpreendeu pelos aromas inusitados e que fogem um pouco aos comuns de vinhos do Douro. É um vinho encorpado e bastante complexo, com notas terrosas, de ferro, e aromas de amora, ameixa e especiarias (noz moscada). Vinho poderoso e muito equilibrado, e que deve ganhar muito com alguns anos de adega. Precisa de uma horinha de decanter para mostrar toda sua potencialidade, e deve acompanhar um cordeiro que é uma beleza! É vinho da importadora Franco-Suissa, e em São Carlos encontrei no Bon Gourmet.
O João Paulo ainda ofereceu a sua tradicional coleção de licores... Uma beleza de noite! Obrigado João Paulo e Vanessa!

sábado, 25 de setembro de 2010

Côte de Beaune 2006 - Joseph Drouhin

Joseph Drouhin é uma dos mais reputados produtores da Borgonha. Produz grandes vinhos em cada denominação. Este Côte de Beaune 2006 é excelente e uma ótima introdução aos vinhos da região. É um vinho suculento, com notas de cereja e framboesa. Levemente picante e terroso. A acidez é muito boa e equilibrada com a fruta e madeira. É um vinho muito elegante.  Drouhin é garantia de qualidade e mesmo seus vinhos mais simples estão acima da média. Este Côte de Beaune, por exemplo, fica na faixa de preço de bons Pinots do novo mundo, mas acima deles em qualidade. Vale conferir. Vendido pela Mistral.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Confraria - Pedra Alta, Glen Carlou e Arienzo Reserva

Ontem estávamos apenas em quatro (Fernandinho, Paulo, João Paulo e eu). A noite estava quente, e o Paulo resolveu levar um branco que foi uma supresa pela qualidade e bom preço. É o Quinta da Pedra Alta Reserva Especial 2007, um vinho branco português, do Douro, feito com as castas Malvasia Fina, Gouveio e Rabigato. É um branco leve, bem refrescante, com notas florais e cítricas, bem equilibrado. Embora seja citado no site da Grand Cru que envelhece no Inox, no site do produtor é citada uma leve passagem por barril de carvalho Francês. Isso lhe aporta certa complexidade e notas de nozes. Todos gostaram do vinho. 
João Paulo levou um Marques de Arienzo Reserva 2003. Eu gosto muito dos vinhos Marques de Arienzo. Acho uma excelente representação de Rioja. Este vinho é feito com 95% de Tempranillo e 5% de Mazuello e Graciano. Envelhece por 2 anos em carvalho e também na garrafa antes de ser liberado. É um vinho frutado, redondo, com excelente bouquet. Notas de café com leite e bala toffee. Muito gostoso. Também agradou a todos.
Eu levei um Glen Carlou Pinot Noir 2007. Eu gosto muito desta vinícola Sul-Africana. Ela é relativamente jovem mas produz vinhos de ótima qualidade e bons preços. Este Pinot, da região de Paarl, é vermelho brilhante, de corpo médio e com boa intensidade. Notas claras de cerejas e morango, e ao final, um tostado que não sobrepuja a fruta. É um vinho que agradou a todos tanto pelos aromas, quanto pelo paladar sedoso. Glen Carlou é sempre certeza de bons vinhos. Experimente também o Chardonnay, que para muitos, figura entre os melhores da África do Sul. Os vinhos Glen Carlou podem ser encontrados na Estação do Vinho.
Ah, Fernandinho, os bolinhos de bacalhau de entrada estavam excelentes!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Maycas del Limarí Syrah Reserva Especial 2005

Os vinhos da vinícola Maycas del Limarí são vinhos particulares e que sempre são presença de destaque no Guia Descorchados. Este Syrah é muito bom e diferente da maioria dos Syrah Chilenos e Argentinos atuais, que primam pelo excesso de fruta e compota. Como o Sauvignon Blanc, ele também é um vinho mineral, com a clara influência do oceano. É mácio e floral, com notas de violeta, amora, cereja. Ao final, mostra um leve tostado. É um vinho bom, nem um pouco enjoativo, e que pode ser tomado sozinho ou acompanhar um belo prato. Espero experimentar logo o 2007, que ganhou o posto de melhor Syrah Chileno no Descorchados 2010. Adquiri em São Carlos na Adega Spazio, representante da Enoteca Fasano.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Grande Cuvée Trockenbeerenauslese Nouvelle Vague "Nº6" 2004 (Alois Kracher)

Grande Cuvée
É... desta vez o Caião matou a pau... Levou um Grande Cuvée Trockenbeerenauslese Nouvelle Vague "Nº6" 2004,  de Alois Kracher, um Austríaco especialista em vinhos brancos doces. Daqui a algum tempo contaremos para o Henrique que seu pai comemorou seu nascimento à altura. O vinho é o TOP do Kracher. Uma maravilha para deixar Tokaji 6 Puttonyos arrepiado. Vinho equilibradíssimo, com aromas e sabores de mel, damasco, manga bem madura e baunilha. Foi fermentado em carvalho novo e maturou por dois anos em madeira. É muito aveludado na boca, e tem perfeito equilibrio entre doçura e acidez. A combinação com o queijo azul alemão ficou perfeita. De tomar de joelhos! Beleza Caião! Quando quiser repetir a dose estamos à disposição!




Este sim, é para beber de joelhos!



Tom dizendo para o Caio que só o Tokaji 6 Puttonyos para fazer frente...



Rodrigo, João Paulo e Caio´s Brother

Reunião na casa do João Paulo... Alois Kracher Cuvée número 6 e outros

Tarde na casa do JP, com bons vinhos (que esqueci...rs). Mas tenho que lembrar o que o Caio levou, o TOP do Alois Kracher: KRACHER Trockenbeerenauslese Burgenland Grande Cuvée Nouvelle Vague No. 6! Também, estava comemorando o nascimento do seu filho Henrique... Tinha que levar vinhão mesmo... O vinho é grandioso. Briga fácil com grandes vinhos de sobremesa (inclusive no preço). Notas de damasco seco, abacaxi em calda e especiarias. Acidez que compensa o dulçor, grande intensidade e final interminável. Vinhaço!


quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Confraria - Xisto 2005, Bosconia 2000, Pulenta XI 06, Esporão Garrafeira 05, Marques de Borba Reserva 04 etc

Vinhos apreciados: Xisto, Bosconia, Pulenta XI, Bouchard Pouilly Fuissé e Esporão Garrafeira. O Barolo Batasiolo e Marques de Borba Reserva não estão na foto.
Ontem comemoramos o nascimento do Henrique, filho do amigo Caio, e também a defesa de Doutorado do amigo Rodrigo. A reunião foi na belíssima cozinha do Tom, que nos recebeu com um belo e refrescante Pouilly-fuissé de Bouchard Aine e Fills, 2007, o qual apresentava, além do típico esfumaçado, notas de pera e bastante mineralidade. Um vinho com bela acidez. Belo vinho Tom! Por outro lado, a comida estava uma delicia. O Tom mandou ver no seu famoso "Galeto braseado com polenta". Uma maravilha! Bem, os vinhos levados pelo pessoal estavam todos ótimos. O Rodrigo nos brindou com um belíssimo Xisto 2005, de Roquette e Cazes, que foi unanimadade pela sua riqueza e elegância. É um vinho maduro, poderoso, com notas de amoras, cassis, chocolate, alcaçuz e café. Uma beleza! Daqueles de mastigar, como lembrado pelo João Paulo, e digno da comemoração. O João Paulo nos brindou com um belo Pulenta XI 2006, que é um Cabernet Franc Argentino poderoso mas muito elegante, no qual os toques apimentados não sobrepujam a fruta, com em grande parte dos vinhos feitos com esta uva no novo mundo. O vinho tem notas de café e chocolate e um final bastante longo. Deve acompanhar perfeitamente pratos levemente condimentados. Valeu João Paulo! O amigo Paulo (Paolao), nos brindou com um vinho que para muitos é considerado o melhor do alentejo, o Marques de Borba Reserva 2004. O vinho é obra do grande enólogo João Portugal Ramos, que o elabora com as castas Trincadeira, Aragonez, Castelão, Cabernet Sauvignon e Alicante Bouschet. Notem que a rainha Touriga Nacional não está presente. É um grande vinho, elegante ao extremo e com fruta bem integrada com a madeira. É um vinho redondo, rico, com notas de framboeza e ameixa e que agradou a todos, principalmente o Tom, que o elegeu o melhor da noite. Valeu Paolao! O Fernandinho, com um bela camisa, fez bonito e levou um Esporão Garrafeira 2005, que nunca decepciona. É um vinho de médio corpo, com notas de geléia de amora, chocolate e café. Belo vinho Fernandinho! Já o amigo Margarido nos brindou com um Barolo 2005 da Batasiolo, que estava uma beleza (embora eu ache que ganhará com um tempinho adicional de adega). Como um bom Barolo, é complexo, floral, com aromas de chá e notas de amora e groselha. O vinho tinha bom corpo, taninos sedosos e um final longo. Bela pedida Margarido! Eu levei um Tondonia, o Bosconia 2000, um Rioja de Lopez de Herédia feito com as uvas Tempranillo, Garnacha, Graciano e Mazuelo. Bem, eu sou suspeito para escrever sobre este vinho, por ter levado e por adorar os Tondonias. Para mim, Lopez de Herédia e CVNE fazem os mais belos vinhos de Rioja. Os Tondonias são vinhos singulares, de caráter tradicional e que expressam como nenhum outro a Rioja. Este vinho tinha uma cor rubi incrível, com notas de especiarias, baunilha e de casca de laranja. Os Tondonias tem grande capacidade de envelhecimento, e este, estava no ponto, mas sem dúvida aguentaria mais tempo na adega.  É um vinho de médio corpo, com uma bela acidez, limpo e muito refrescante. Eu adorei, assim como o João Paulo.  Tondonias são sempre apostas certeiras.
A noite foi encerrada com o refrescante Pallini Peachcello, oferecido pelo amigo Tom. Uma bela noite de comemoração!



Eu servindo o amigo João Paulo com o belo Xisto; O Fernandinho querendo
uma bela dose e o Paulo ao seu lado direito. Ao fundo e á esquerda o Margarido,
 assistindo ao jogo do Curintia, que neste dia papou o Fluminente e alegrou o Tom!


Da esquerda para a direita, Eu, Margariado, João Paulo, Fernandinho (na frente) e
Tom ao fundo, assando os galetos!

Da esquerda para a direita, Fernandinho, Paulo, Rodrigo, Margarido e Tom (de costas). Lá no
fundinho á esquerda o amigo João Paulo.
Eu apreciando o Marques de Borba Reserva 2004.


Tom brindando com o ótimo Garrafeira Esporão. Ao fundo, Margarido mandando
ver no galeto, junto com Rodrigo.

Nota da redação: O amigo Caio não saiu nas fotos, pois chegou no final e a bateria já tinha acabado... Uma pena.

domingo, 12 de setembro de 2010

AN/2 2006 e Dei Nobile de Montepulciano 2003

Encontrei no sábado o amigo Paolão e sua esposa Regina no Ciao Bello, que apreciavam o excelente espanhol AN/2 2006 de Ànima Negra. É a segunda vez que o Paolão leva este belo vinho, feito em Mallorca com as cepas locais Callet (60%), Mantonegro e Fogones (20%), Cabernet Sauvignon e Syrah (20%). É um vinho de cor profunda, gostoso, redondo e obviamente, diferentes dos demais espanhóis. A fruta aparece e não é coberta pela madeira. Pode repetir Paolão!

Eu levei um Vino Nobile de Montepulciano da vinícola Dei. Os Nobile de Montepulciano formam, juntamente com os Chianti Clássico e Brunellos de Montalcino, a tríade nobre da Toscana, e a vinícola Dei é uma das mais reputadas da região. O vinho é feito com Sangiovese (80%), Canaiolo Nero (15%) e Mamollo (5%), e tem aromas de framboesa e cereja. É um vinho muito elegante e que obviamente acompanha com maestria um prato italiano. O AN/2 é vendido pela Mistral e o Dei vendido pela Vinci.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Confraria - Crasto Superior 2007, Vallado 2007, Era dos Ventos 2008 e outros

Ontem na confraria fizemos um pequeno duelo entre dois bons portugueses: Vallado 2007 e o novo Crasto Superior 2007. Ambos estavam ótimos. O Vallado é um vinho clássico, com boa pegada, boa fruta, e mais aberto (ao contrário do Reserva que ainda precisa um tempinho...), mas acho que a madeira ainda aparece muito. Certamente um tempinho guardado em adega lhe fará bem. O Crasto Superior 2007 é um lançamento e chegou para ser bem aceito. A vinho é muito equilibrado e a fruta (amora bem madura) aparece com muito sabor. O nariz é excelente, com notas florais em meio à fruta, e na boca o vinho surpreende. É levemente adocicado e próprio para agradar os mais distintos públicos. É vinho que dá para tomar sozinho. Belo vinho levado pelo Paolao! Vale conferir.
Tomamos ainda o esperado branco Era dos Ventos 2008, que adquiri da Confraria Carioca. O vinho é feito por uma parceria entre o Zanini (Vallontano), Álvaro Escher (ex-Cave Ouvidor) e Pedro Hermeto (Restaurante Aprazível, RJ). O Álvaro era o produtor do famoso Insólito, vinho que agradou muito, inclusive levando Ed Motta a destacá-lo como melhor branco brasileiro. E realmente é um grande vinho, que me agradou bastante. Vinho de garagem. Diferente de tudo que se conhece, a começar pela linda cor dourada. O nariz é muito vivo, também diferente. Lembra damasco, como acertado pelo amigo Tom, pimenta (típico da uva - aliás, daí o nome Peverella) e ferrugem. Na boca também é excelente, com muita harmonia. É vinho de meditação e motivo de orgulho para os fabricantes. O Paolao, o Caio e eu fomos os que mais gostamos do vinho. Os outros colegas, principalmente o Fernandinho, parecem ter estranhado um pouco. Acho que se tomarem pela segunda vez vão mudar de opinião. O próprio Álvaro me disse que o Insólito era 8 ou 80, não há meio termo. Concordo e o mesmo vale para o parecido Era dos Ventos.
Tomamos ainda um honesto Clos Torribas 2006 e um La Escondida Shiraz 2008 (bem frutado, sem aparecer muito a madeira - lembrou shiraz antigos).

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

09/09/09 - O dia em que Saul nos deixou

Saul Galvão era reverenciado por todos no mundo do vinho. Não apenas por seu conhecimento e sua posição de maior degustador do Brasil, mas também pelo seu jeito cavalheiresco, refinado, por seu semblante bonachão, lembrando personagem de Goscinny e Uderzo. Seu amor à família é um exemplo a ser seguido, e sua competência na enologia dificilmente será alcançada. Muitos podem aparecer, mas Saul Galvão, o homem dos "Prazeres na Mesa" e "Tintos e Brancos", será sempre lembrado como referência nacional e internacional no tema. Seus livros estão nas estantes dos amantes do vinho e da boa comida, e ainda estão nas livrarias chamando a atenção de todos. Seus artigos na revista Gula ainda estão lá, eternizados. Seu blog, ainda está lá, e a gente fica esperando a atualização que infelizmente não mais virá. Mas isso pouco importa, o que vale na vida de um homem é a impressão que ele deixa para sua família e para a sociedade. E Saul deixou uma impressão muito positiva, e um grande legado literário. Luiz Horta deixou um texto bonito em seu blog após a passagem de Saul (http://blogs.estadao.com.br/luiz-horta/r-i-p-saul-galvao/), que ocorreu em 09/09/2009. Ou seja, hoje faz um ano exato. Acho que o texto de Luiz Horta resume bem o que muitos de nós queriamos dizer sobre o nobre Jauense. Eu, fico por aqui... Deixando a ele minha pequena homenagem.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Saul Galvão e os almoços em Jaú

Eu adorava ler os artigos de Saul Galvão na revista Gula. Na famosa seção "Confesso que bebi", Saul sempre apresentava histórias gostosas, contadas de maneira simples e de abrir o apetite (e a sede). Quando chegava a revista em casa eu ia direto no meio dela, onde ficava sua coluna. Nas edições seguintes ao seu aniversário, em abril, ele sempre se referia à comemoração em Jaú, na casa de sua querida Mãe, a Dona Sila, e seus parentes. Saul amava a sua família, e sempre dizia que as três melhores cidades do mundo eram Jaú, São Paulo e Paris. Nos seus almoços de aniversário ele sempre citava a presença dos pequenos pastéis (carne e queijo) e o pernil de porco assado com a pele, além do cuscuz de frango, que segundo ele, era uma velha receita da família. O Saul gostava do pernil de porco por que ele engloba vários cortes, de carnes brancas e secas, mais delicadas, até outras mais escuras, gordurosas e de sabor marcante. Para acompanhar o pernil Saul dizia que tinha que ser vinho de classe. Um deles foi o Vega Sicilia Valbuena 5o ano 1998, que evocava cacau e bala de café. Eu tive o prazer de levar um desses para apreciar com meu amigo Fernando Tinton no Ciao Bello. Realmente uma maravilha. Também cita em um dos almoços o Seña 2001, que julgou o melhor Seña que bebeu, com toques de eucalipto da Cabernet Sauvignon chilena e muita elegância e concentração. E aí vai... Como diria o Saul, o negócio é viver bem!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Saul Galvão - Jauense, "Modéstia à parte"!

Quando vou à Jaú, cidade que gosto muito e que me presenteou com minha amada esposa, sempre me lembro de Saul Galvão. Saul sempre dizia que, "modéstia à parte", nascera em Jaú. E isso aconteceu no dia 3 de abril de 1947. Assim, temos também em comum o mês de abril, o mais belo do ano, como o mês de nascimento. Saul foi para a cidade de São Paulo em 1960, para estudar direito no Largo São Francisco. Acabou não se formando nesta profissão, tendo adotado o jornalismo. Escreveu para o Estado de São Paulo e Jornal da Tarde. O primeiro registro profissional no Grupo Estado data de 1965, ano em que nasci... Em 1987, lançou o livro "Os Prazeres da Mesa", com receitas de cozinhas paulistanas famosas. Ao mesmo tempo, Saul Galvão se transformava em um dos maiores especialistas em vinho do Brasil e lançou, em 1992, o clássico e indispensável, "Tintos e Brancos". Ninguém que goste de vinho de verdade pode passar sem este livro. E já ao ler o prefácio terá de início uma idéia de como era Saul Galvão. Seu amor pela família e amigos transparece a cada frase. Sua simplicidade interiorana e sua sofisticação parisiense conviviam na mais perfeita harmonia. Afinal, alguém já disse que a sofisticação é o ápice da simplicidade. E Saul, era a sofisticação em pessoa. E pessoas deste tipo deixam muitas saudades...

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Viña Progreso - de Gabriel Pisano

Quem quiser ler um artigo superlegal do grande Didú Russo, sobre o projeto do jovem Gabriel Pisano no Uruguay, acesse seu blog. Nele verá uma definição para o Tannat 2006 do produtor, que achei o máximo e tomo a liberdade de reproduzir aqui:
"Provei também seu Tannat 2006 que é exatamente o que espero de um Tannat. Robusto, um lavrador arrumado para uma festa de casamento, suas mãos não estão sujas, mas são de um lavrador, sua camisa não está suada, está limpa, mas é simples e está bem passada, engomada até; ele está meio sem jeito, mas é a companhia mais confiável da noite.".
Eu que já sou fã dos vinhos Pisano, estou agora curioso para experimentar os vinhos do Gabriel, principalmente aqueles de Petit Syrah (ou Durif) e Cabernet Franc. Sem contar o "Barrica Aberta"...

Vinha Pan 1997 - Uma maravilha!

Hoje lendo o blog de meu amigo Eugênio Oliveira, do "decantando a vida", vi o prazer que ele teve ao beber um Redoma 1995. Eu, que hoje estava inclinado a abrir um vinho "criado", não tive dúvidas e abri um Luis Pato Vinha Pan 1997. O vinho é uma das maravilhas feitas pelo grande Luis Pato, o mais conceituado enólogo da Bairrada e que doma a casta baga como ninguém. Vinha Pan (de "Vinha Panasqueira") é um clássico e cultuado Bairrada de vinhedo único.  Como definido pelo próprio Luis Pato (e citado por Amarante, em os Segredos do Vinho), os grandes Bairradas são como um misto de Barolo e Bourgogne, pois no inicio eles realçam taninos similares aos da Nebbiolo e, quando maduros, descortinam a riqueza aromática da Pinot Noir. Pude comprovar isso hoje com o grande Vinha Pan 1997. O rico buquê me lembrou um bom borgonha. Estava muito complexo, adocicado, com notas animais, couro, ervas secas, leve canela e tabaco. Uma maravilha! O vinho tinha cor vermelho-atijolada, com halo de evolução bem evidente. No palato estava extremamente aveludado, com taninos doces e redondos. E eu, que adoro vinhos envelhecidos, fiquei feliz!
Para acompanhá-lo fiz uma costelinha de porco que "modéstia à parte", estava demais. Temperei duas tiras de 10 cm x 30 cm de costelinha (sem muita gordura) com sal, pimenta-do-reino, um pouco de Curry (pouco...) e sálvia picada. Banhei com  fios de azeite e algumas colheres de aceto balsâmico dos bons e deixei dois dias dentro de um saco plástico, na geladeira. Assei por duas horas, sendo os primeiros 45 minutos em forno bem quente, para dourar e formar a crosta no fundo da assadeira, e os restantes em forno a 180 graus, tampando com papel alumínio, após colocar na assadeira rodelas grossas de cebola, dentes de alho com casca e um pouco d'água para o deglace. Uns 15 minutos antes de acabar coloquei 3 maças na assadeira para fazer o purê de maçã que acompanhou as costelinhas, as quais reguei com o molho da assadeira e servi com arroz branco e mandioca cozida. Bem, prato simples que casou com o vinho perfeitamente... A propósito, os vinhos de Luis Pato são comercializados pela Mistral.

Vinho e Bacalhau

Esta semana farei homenagens em meu blog aquele que julgo o maior crítico de vinho de todos os tempos no Brasil: Saul Galvão! No próximo dia 09 completará um ano que o grande Saul faleceu, deixando muitas saudades aqueles que gostam de vinho.
Dentre muitas outras coisas, Saul me ensinou que bacalhau se come com vinho branco barricado ou no máximo, vinho tintos leves. Nada de vinhos encorpados que ficam brigando com o prato. Por sugestão sua aprecio bacalhau com o delicioso Conde de Valdemar fermentado em barricas, que é um vinho branco típico de Rioja, com muita personalidade. O vinho, elaborado com Viura, é seco, levemente oxidado, com madeira bastante presente, o que lhe aporta complexidade e peso. Quem ainda não experimentou a combinação tente, pois não se arrependerá.
No último sábado apreciei um bacalhau com um Bourgogne Chardonnay genérico da Maison Champy, ano 2004. Obviamente, o vinho não tem o peso nem a complexidade do Conde de Valdemar, mas os anos lhe deram a maturidade suficiente para acompanhar maravilhosamente o prato. A Maison Champy produz vinhos excelentes, sendo os seus vinhos de entrada uma excelente introdução aos vinhos da Borgonha. É só experimentar os Pinots e Chardonnays de entrada para ver o quão caro pagamos por vinhos similares (e muito abaixo em qualidade) da Argentina e Chile.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Dinastia Vivanco Crianza 2005, Montes Alpha Syrah 2006 e Serrera Moments Malbec 2007 - Bons vinhos na confraria

Na reunião de ontem estávamos apenas eu, o Fernandinho, João Paulo, Tom e de passagem rápida (mas absolutamente indispensável!), o Paulo (Paolao).
O amigo João Paulo nos brindou com o sempre excelente Montes Alpha Syrah 2006. Montes Alpha é sempre certeza de agradar (com exceção do Carmenére, que confesso ainda não ter me convencido). O Syrah 2006 é um vinho rico, com notas de figo caramelizado, café com leite, chocolate e amora madura. Sempre é presença entre os best buys da Wine Spectator, que outorga merecidos 91 pontos ao 2006. Vinho da Mistral

O Tom levou um Serrera Moments Malbec 2007. O vinho é de cor rubi, diferente da maioria dos malbecs atuais que tendem para cores mais escuras, violeta. O nariz tem leve baunilha, chocolate e não tem aquele exagero de ameixa compotada, embora esta apareça. É um vinho redondo, com taninos macios e bastante equilibrado. Boa pedida! Vinho de bom custo/benefício. A vinicola Serrera é representada pela Hannover, e em São Carlos pode ser encontrado na Mercearia 3M, do amigo Idinir .
Eu levei (embrulhado...) um Dinastia Vivanco Crianza 2005. Foi indicado pelo Lucas, da WorldWine de Ribeirão Preto. É o vinho mais simples desta vinícola de Rioja, mas tem complexidade de gente grande. É um misto de tradição e modernidade. A madeira aparece, como se espera de um Rioja, mas está bem integrada com a fruta e acidez. O vinho melhorou ainda mais quando acompanhou o famoso Nhoque a Bolonhesa do Ciao Bello. O único que matou a procedência na hora foi o amigo Tom, que está ficando craque nisso. A propósito, a garrafa é muito bonita, bastante charmosa. É um vinho de excelente custo/benefício e estou curioso para experimentar os seus irmãos maiores.