domingo, 30 de agosto de 2015

Quinta fria, com bons vinhos: Brunello Il Poggione 2009, Chianti Classico Riserva La Selvanella 2010, Montes Alpha Cabernet Sauvignon 2009, Dominican Oaks Zinfandel 2010 e Celeste Crianza 2011


 Com esse inverno atípico que estamos tendo é bom aproveitar as poucas noites mais frias. Essa última quinta-feira era uma delas e pediu vinhos com mais corpo. Vários confrades deram o cano, mas os que foram, levaram coisa boa, como geralmente acontece.
O Caião chegou com um Brunello di Montalcino Il Poggione 2009 debaixo do braço. Promessa de boas taças, o que se concretizou. O vinho, apesar de novo, estava já pronto para ser apreciado. Claro que no começo estava um pouco nervoso, mas com o tempo foi se abrindo em belas notas de cereja bem madura, terrosos, tabaco e mentol, em um fundo tostado bem legal. No estilo de seu irmão de 2006, mas menos intenso que ele. Em boca, repetia o nariz e mostrava taninos firmes e um final longo e balsâmico. Esquentou a noite, claro! Il Poggione não decepciona. 
O segundo da foto foi levado por este que vos escreve, e era um Chianti Classico Riserva Vignetti la Selvanella 2010. O vinhedo da fattoria Il Selvanella é propriedade da conhecida Melini. Ele foi um dos 50 vinhos do ano da Decanter em 2014 e figurou também em segundo lugar em um painel de Chianti Classico 2010, com 95 pontos. O vinho deixa as marcas da Sangiovese logo na primeira fungada. Tem aromas intensos de cerejas e frutos silvestres, em meio a couro, chá e especiarias. Em boca é fresco e com final longo e especiado. Os taninos e acidez indicam longa vida pela frente. Uma belezinha que comprei a um ótimo preço em uma daquelas queimas da Wine, que a gente tem que ficar de olho, pois às vezes pinta coisa bem legal. 
O terceiro da foto, levado pelo JP, dispensa apresentações. Era um Montes Alpha Cabernet Sauvignon 2009. Os Montes Alpha frequentaram bastante as taças da confraria, mas fazia tempo que não pintava um Cabernet. Esse 2009 estava no ponto! Os aromas típicos de um CS chileno tinham como destaque o cassis bem maduro, um toque achocolatado, pimenta do reino e o pimentão que não suplantava a fruta. Em boca estava muito macio, com taninos devidamente arredondados e um final dominado pelo cassis e chocolate. Cabernet Sauvignon de manual, como dizem por aí... Muito bom!
O penúltimo vinho era um Dominican Oaks Zinfandel 2010, californiano do Napa Valley levado pelo Rodrigo. Um típico Zin (como dizem os americanos...rs), com notas de framboesas, anis, especiarias doces e um fundo defumado. Em boca repetia o nariz e, apesar daquele toque doce da zinfandel, tinha uma acidez destacada, que compensava o dulçor e fazia com que o vinho não cansasse. Bem, eu não sou muito fã de zinfandel. Gosto de alguns mais envelhecidos. Mas este estava agradável.
E para finalizar, o vinho levado pelo Thiago, que já estava para ganhar um cartão amarelo. Era um Celeste Crianza 2011, espanhol de Ribera del Duero produzido pelo craque Miguel Torres. É o primeiro vinho feito pela família Torres em Ribera, e é produzido a partir de uvas de vinhedos de quase 900 metros de altitude (de onde, segundo a vinícola, quase se pode tocar as estrelas e dar forma às nuvens... Daí o nome e o rótulo). O vinho tinha aromas frutados bem vivos, com notas de ameixa e cereja, em meio a caramelo e notas terrosas. Em boca, repetia o nariz e mostrava corpo médio e uma ótima acidez, que lhe aportava frescor. Os taninos são maduros e o final especiado. Um Ribera típico, que se destaca pela fruta, e que pode ser encontrado a bom preço aqui no Brasil.
Isso aí, pessoal! Noite fria e bons vinhos!


terça-feira, 25 de agosto de 2015

Fim de tarde na casa do JP: Churrasco e vinhos, com direito a um excelente Crasto Reserva Vinhas Velhas 2012!

O JP não parava de falar que queria comer uma picanha bem alta etc, etc... E não deu outra, reuniu alguns confrades em sua casa para apreciar boas carnes e alguns vinhões, claro. 
Bem, eu levei um que foi eleito por todos o melhor da tarde/noite, e o descreverei em primeiro lugar. Era um Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas 2012, até o momento, o representante mais recente de um vinho sempre querido da confraria. Aliás, se ela tivesse outro nome, acho que se chamaria "Confraria Crasto Vinhas Velhas", tamanha é sua identidade com este vinho, frequentador assíduo de nossas taças. E este 2012 estava uma beleza! Eu o achei ainda melhor que sei irmão da grande safra de 2011. Acho que, dos que bebi novos, foi o da linha que mais se mostrava pronto. Um vinho riquíssimo, com notas de frutas maduras, cerejas em licor, madeira da melhor qualidade, bolo inglês, chocolate e especiarias. Em boca tem um ataque levemente licoroso, com as cerejas se sobressaindo e um tostado que agregava muito charme ao conjunto. O vinho é mineral e com final especiado longuíssimo. É intenso e ao mesmo tempo muito elegante, sem nenhuma aresta. Como todos os Crasto Vinhas Velhas, deve evoluir maravilhosamente, mas já está uma beleza agora. Um vinhaço! Para mim, o melhor desde o fabuloso 2005. 
Tentarei ser mais breve com os outros vinhos, sombreados pelo anterior... rs. 
O primeiro da foto é um Tiago Cabaço Alicante Bouschet 2011. O Paulinho levou este vinho e ele mesmo não ficou muito empolgado. É claro que perto do anterior, ele perde um pouco o brilho, mas eu gostei do danado. É um vinho com fruta madura, notas especiadas e defumadas. Em boca é redondo e com taninos presentes, que devem arredondar com algum tempo, visto que o vinho ainda é novo. Tem boa acidez e é mais seco que os vinhos normalmente feitos com esta casta. 
O segundo da foto é um Brunello di Montalcino Maté Riserva 2008, ofertado pelo anfitrião JP. É o segundo vinho que bebemos do produtor, não muito conhecido por nossas bandas. O primeiro que apreciamos, e que ainda não postei, era um normal, que também não fez muito a cabeça do pessoal. Este Riserva tem mais intensidade que seu irmão menor, mas também não convenceu a turma. Tem cor clara e aromas de cereja madura, tabaco e especiarias doces. Em boca, repete o nariz e mostra fruta madura e final especiado, lembrando cravo. Eu achei um pouco doce, sei lá... Não me encantou. 
Do lado direito do Crasto Vinhas Velhas na foto, um Montes Alpha Syrah 2010, também ofertado pelo JP. É um vinho que frequentava muito a mesa da confraria, e que há tempos não dava o ar da graça. O Syrah costuma ser um vinho extraído e concentrado, com muita fruta madura, baunilha e tostado. Mas este 2010 parecía mais comedido, com mais frescor, embora siga na mesma linha.
E o último vinho era um Finca Flichman Paisajes de Barrancas 2012, levado pelo Thiago. Este matei o corte no nariz: Syrah, Cabernet Sauvignon e Malbec. Ele se denuncia. Tem aromas florais e de ameixa em compota, amoras maduras, madeira, alcaçuz e outras especiarias. Em boca tem um ataque doce equilibrado com um toque mineral e boa acidez. A madeira ainda aparece um pouco, visto a idade do vinho, mas nada que incomode. Deve ganhar com um tempo de guarda. Para fãs do novo mundo.
Isso aí, pessoal! Ah, as carne assadas pelo Tonzinho? Estavam ótimas, claro.


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Degustação Mercearia 3M/Zahil em São Carlos: Ótimo evento e novidades sulamericanas!

Nessa semana que se passou a Mercearia 3M, em parceria com a importadora Zahil, promoveu mais um ótimo evento em São Carlos. O local era muito apropriado, a presença de produtores agregou qualidade, e além dos vinhos, tinha boa música, massagem relaxante e um ótimo café Coração da Terra, de São Sebastião de Paraíso (MG) para arrematar. Ou seja, tudo de bom!
Bati um ótimo papo, e aprendi muita coisa com o produtor Jean-Pascal Lacaze (foto), que apresentou seu grande Domus Aurea 2009. Sou fã deste vinho, que é um Cabernet Sauvignon tradicional chileno que não se curvou à internacionalização. Na verdade, ele tem pitadinhas de Merlot, Cabernet Franc e Petit Verdot. É um vinho que tem identidade própria, intenso mas muito fresco, com belas notas de cassis envoltas em especiarias e um mentolado muito charmoso. A acidez é vibrante, os taninos são vivos e o final muito longo. Uma beleza de vinho, que em alguns anos deve ganhar aqueles toques terrosos e de curry que aparecem em seus irmãos mais evoluídos. A propósito, seu irmão Alba de Domus 2010, também apresentado, feito com Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc, também estava muito bom! Só lembrando que Jean-Pascal Lacaze também produz o grande Peñalolen TEZ e Triangle (Crazy Wines), sobre os quais também conversamos na ocasião.
Alí do lado de Jean-Pascal estava a mesa da Casa Marin, representada por Nicolas Marin, e cujos vinhos também me agradam bastante. Já disse várias vezes aqui no blog que considero seu Casa Marin Cipreses Sauvignon Blanc o melhor feito com a casta no Chile. O exemplar de 2013 segue a qualidade e características de seus antecessores: Frescor, mineralidade, intensidade, riqueza aromática e capacidade de envelhecimento! Um ótimo Sauvignon! Mas os brancos foram representados também por um Casa Marin Miramar Riesling 2012 bastante típico, com notas de querosene e um Sauvignon Gris que agradou muito, pelo lado floral, acidez vibrante e mineralidade! Gostei muito, principalmente deste último, pois o o "lado querosene" de muitos Riesling não me faz muito a cabeça. No campo dos tintos, estava delicioso o Casa Marin Pinot Noir Litoral Vineyard 2011, sem excesso de extração e com fruta na medida certa, boa acidez e mineralidade. Também muito bom o Casa Marin Syrah Miramar Vineyard 2010, denso, com boa fruta, especiarias e um fundo mineral. Intensidade na medida.
A vizinha de bancada da Casa Marin era a Aquitânia, que elabora um dos melhores Chardonnay do Chile, o ótimo Sol de Sol. Bebemos novamente o exemplar de 2009, que já foi citado aqui no blog. Como 6 anos está uma beleza, cheio de vida e frescor, mostrando que o vinho é longevo. Pude beber também o Sol de Sol Pinot Noir 2009. Tempos atrás, havia bebido o exemplar de 2008, que mostrava-se um pouco fechado, mais seco e com fruta um pouco discreta. O 2009 está mais aberto, com mais fruta (mas sem exageros de extração), bastante frescor e mineralidade. Pinot Noir do jeito que eu gosto, sem exageros. Para mim, melhor que seu irmão de 2008. É no estilo do Casa Marin, supracitado. Gostei! Também da Aquitânia, estava uma beleza o Lazuli 2006, um Cabernet Sauvignon maduro e com ótima evolução. Elegante, sedoso e com muita presença. Muito bom preço pela sua qualidade. Para que comprar Cabernet Sauvignon chileno 3 vezes mais caro?
Da Chateau Los Boldos gostei de uma novidade, que é o Los Boldos Gran Reserve Assemblage 2013, feito com Cabernet Sauvignon e Syrah, e cujo rótulo tem uma zebra desenhada. É um vinho de corpo médio, redondo e fácil de beber. Também achei legal o Chardonnay Sanama, leve e bem fresco. 
Pertinho dalí estava o estande da uruguaia Juan Carrau, com a presença do simpático Javier Carrau (foto), com o qual batemos um bom papo. Bebi dois vinhos da vinícola. O primeiro foi um Reserva de Tannat 2012, que mostrou uma qualidade muito boa pelo seu preço. O vinho tem boa fruta, toques defumados, mineralidade e taninos típicos da casta, que no conjunto, deixava o vinho agradável e a gente desejoso de mais uma taça. Tem aquele toque de rusticidade que eu gosto bastante. Perfeito para uma carne gordurosa! E é claro, bebemos o seu top Amat 2009. Vinho muito refinado, com notas de ameixa seca, tostadas, tabaco e chocolate. Em boca é amplo e elegante, com taninos sedosos. Não denuncia a idade, mostrando-se ainda jovem. Tem longa vida pela frente. Não é Tannat daqueles poderosões, cheios etc. Mostra sim, muita elegância e maciez, sem abandonar o lado típico da casta. Um ótimo vinho!
Para não extender muito a postagem, vou concluir com três argentinos que gostei bastante. O primeiro deles é um Flecha de Los Andes Gran Corte 2008. O vinho é um corte de Malbec, Syrah e Merlot. Apesar de denso, é muito elegante e tem ótima estrutura, com grande potencial de envelhecimento. Elegância bordalesa!
Os outros dois são feitos com uma casta que adoro, que é a Cabernet Franc. Todos sabem que é uma casta na qual a Argentina está investindo bastante, e que gera ótimos vinhos por lá. Tempos atrás, destacava-se o Pulenta XI, com sua intensidade, e o Angelica Zapata, com menos intensidade, mas muita elegância e presença em boca. Depois, novos foram surgindo, aliando mais frescor e mineralidade aos vinhos. Os vinhos das Bodegas Aleanna (Alejando Vigil e Adrianna Catena) são excelentes! Desde o mais simples até o belíssimo Gran Enemigo. Mas tem muita gente surgindo com força na elaboração de ótimos vinhos feitos com a Cabernet Franc. Um deles, que bebemos no presente evento, é o Rutini Cabernet Franc 2012. Uma delícia de vinho! Aromas florais, fruta na medida, acidez vibrante, taninos finos e grande evolução em taça. Um Cabernet Franc muito elegante e com grande capacidade de envelhecimento. Refinado!
O outro exemplar que adorei foi o Salentein Numina Cabernet Franc 2013. Este, já comprei algumas garrafas para beber aos poucos. Seus irmãos de anos anteriores andaram arrebatando prêmios por ai. Parece que dois anos seguidos ele ganhou como melhor Cabernet Franc da Argentina em sua faixa de preço. Aliás, é um vinho que oferece muita qualidade pelo seu preço. Ao nariz é mais intenso que o Rutini, mostrando mais fruta, com notas de amoras e ameixas em meio a notas florais, azeitonas pretas, defumadas e minerais. Em boca, repete o nariz e mostra ótima intensidade e persistência. Apesar da juventude, pode ser perfeitamente apreciado agora, mas deve ganhar muito com a adega. Aliás, como já escrevi por aqui, a Cabernet Franc costuma recompensar muito bem quem tem paciência. Esse não deve ser diferente. Não hesite: Compre! É muito bom.
Bem, isso aí pessoal! O evento foi muito bom, com muita gente legal, boa comida e ótimos vinhos. Valeu, Idinir e equipe!




domingo, 23 de agosto de 2015

Ponzi Pinot Noir Willamette Valley Tavola 2012: Outro belo exemplar do Oregon!

O casal Dick e Nancy Ponzi compraram 20 hectares no Oregon para começar a produção de vinhos, inspirados em muitas visitas a Borgonha. A vinícola familiar foi fundada em 1970 e em 1976 foram lançadas as primeiras 96 caixas de Pinot Noir no mercado. Até hoje, a segunda geração da família utiliza na vinícola os métodos implementados há cerca de 40 anos atrás. E nesses anos, os vinhos do produtor têm acumulado prêmios e elogios da crítica, sendo reconhecidos entre os melhores produtores do Oregon. Nesse último sábado levei este Ponzi Pinot Noir Willamette Valley Tavola 2012 para apreciar em almoço no Restaurante Tablado dos Sabores, lá na UFSCar. Para quem não conhece, vale a pena visitar o restaurante, conduzido pelo português Duarte, que aos sábados prepara um menu especial. Nesse último sábado o cardápio era atrativo, e o vinho era apropriado para acompanhar o arroz de pato, pernil de cordeiro, Bacalhau a Gomes de Sá e outras delícias preparadas pelo Duarte (que aliás, também gostou muito do vinho). Este Pinot Noir Tavola é preparado com um blend de até 10 vinhedos, e matura 11 meses em barricas de carvalho francês 20% novas. É produzido para ser um vinho apreciável mais jovem. O vinho tinha notas florais e de cerejas, framboesas e especiarias, em um fundo mineral muito gostoso. Um PN leve, com acidez vibrante, mineralidade e final longo e muito agradável. Os taninos são finos e sedosos. Uma delícia! Perfeito para o cardápio daquele día. Mais uma prova da qualidade dos PN do Oregon, que muito me agradam. Este, da grande safra de 2012, também deixou sua marca.
Só como observação, este vinho foi Top 100 da Wine Spectator em 2014, com 91 pontos e sendo classificado como smart buys


segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Bila-Haut Côtes du Roussillon Villages 2012

Rapidinho: Sempre uma boa compra (já foi melhor), este Bila-Haut 2012 é produzido por M. Chapoutier no Languedoc-Roussillon. É um corte de Grenache, Syrah e Carignan, sem passagem por madeira. Ao nariz mostra notas de framboesas e cerejas, em meio  chocolate, leve tabaco e especiarias. Em boca, repete o nariz e mostra boa acidez, que lhe aporta bom frescor. É bem sedoso e desce fácil. Não tem a complexidade de seu irmão Occultum Lapidem, mas é um vinho sempre bem feito, fácil de beber e que sempre agrada. Vários de seus irmãos já pintaram nos Top 100 da WS, sendo sempre considerado best values. Mas como mencionei, com o dólar nas alturas, já não é tanto. 

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Só feras no Niver do Joãozinho: Tignanello 2010, Imperial Gran Reserva 2008, Font de La Figuera 2008, Promis Ca'Marcanda 2009, Antis 2008, Mas La Plana 2009 e um Vin Santo Castello di Brolio para arrematar!

Nessa semana nosso querido confrade Joãozinho completou mais uma safra, e para celebrar, descorchamos boas garrafas. Boas não seria bem a definição, eu diria ótimas! 
Vou começar por uma maravilhosa, levado pelo Paulinho, que sempre pega muito pesado. Era um Tignanello 2010. Aqui o negócio pega. O Tignanello disputa com o Sassicaia o posto de precursor dos famosos supertoscanos. No entanto, embora a família Antinori já fizesse experimentos há tempos com uvas francesas, o Sassicaia foi lançado em 1968, enquanto o primeiro Tignanello em 1971. Mas a discussão ainda existe. Vejam trecho extraído da página da Antinori, sobre o Tignanello: "E' stato il primo Sangiovese ad essere affinato in barrique, il primo vino rosso moderno assemblato con varietà non tradizionali (quali il Cabernet), e tra i primi vini rossi nel Chianti a non usare uve bianche". Controvérsias à parte, trata-se de um vinho históricoE este 2010 tem ainda nas costas o carimbo de uma bela safra na Itália. Bem, antes que venham me dizer que estava novo, que matamos um vinho novinho etc..., devo dizer: Não estamos nem aí! Somos adeptos daquele ditado: "Melhor um ano antes que um dia depois". No caso, não foi bem um ano antes...rs. Foram muitos, pois este Tignanello teria anos de vida pela frente. Mas já agora, mostra o quanto é grande. O danado é um corte de 80% Sangiovese, 15% Cabernet Sauvignon e 5% Cabernet Franc, produzidas no vinhedo homônimo. Matura 12 meses em barricas. Ao nariz é muito complexo, com notas de cerejas pretas, cassis, alcaçuz, chocolate amargo, minerais e um defumado bem charmoso. Com o tempo vão surgindo notas mentoladas muito elegantes. Em boca repete o nariz e mostra grande intensidade e elegância. Destaque para o defumado e a mineralidade. A acidez é perfeita e os taninos muito sedosos. É vinho de grande persistência. Apesar de novo, mostra-se perfeitamente apreciável. No entanto, tem longa vida pela frente e deve ganhar muito com alguns anos em adega. Vinhaço! Grazie mile, Paulinho!
O anivesariante também pegou pesado. Levou um belíssimo Imperial Gran Reserva 2008, da riojana CVNE. Bem, é chover no molhado falar sobre este vinho. Vários irmãos dele, de outras safras, já nos deram muito prazer e apareceram aqui no blog. Este 2008 foi a  primeira vez, e como não poderia deixar de ser, confirmou a qualidade. Como o mais recente que havíamos bebido era um 2007, deu para ver bem a diferença entre eles. Este 2008 fica entre um 2007, mas cítrico e fresco, e o grande 2004, ganhador como vinho do ano da Wine Spectator tempos atrás, que é mais cheio, mais tostado. O vinho tem aromas de cerejas, caramelo, tabaco e cítricos, com um fundo de madeira muito bem integrada. Em boca mostrava toda a elegância da linha, ótima acidez, taninos corretos e final muito longo. Uma beleza! É daqueles que evaporam rapidinho da garrafa. Xodó de nossa turma, terá sempre lugar garantido em nossas taças.

Eu levei o único sulamericano da noite, e era um Antis 2008, vinho top de gama do produtor William Févre no Chile. O vinho é um corte em proporções idênticas de Cabernet Sauvignon, Cabernet Sauvignon e Carmenére. Ao nariz é bastante aromático, floral e com notas de cassis e framboesa, em meio a tabaco e pimenta. Em boca é amplo, com ótima acidez e taninos redondos. Tem que ser aberto com antecedência, pois é nervoso e demora um pouco para amaciar. Uma horinha de decanter, pelo menos. Um chileno de classe, andar de cima, que lembrou-me o Montelig, de Von Siebenthal. 
O nosso amigo Rodrigo levou um espanhol de muita classe, que já foi comentado aqui. Portanto, nem vou gastar muitas linhas. Era um Mas La Plana 2009, Cabernet Sauvignon de primeiríssima feito pela vinícola Torres. Mas tenho que reforçar a elegância deste vinho e dizer também que esta garrafa parecia estar ainda melhor que a primeira que o Rodrigo levou. Cabernet Sauvignon de primeira linha!
O Paolão, que recentemente parece ter adquirido um carinho especial pelo Priorato, levou um ótimo Font de la Figuera 2008, segundo vinho do grande Clos Figueres. Mas é um segundo nervoso...rs. Também pudera: É produzido sob a batuta do grande René Barbier, em parceria com Christopher Cannan. É feito com Garnacha (60%), Cariñena (10%) e partes iguais de Syrah, Cabernet Sauvignon e Mourvédre. Vinho super sedutor ao nariz, com notas florais e de ervas frescas (destaque para a sálvia) em meio à fruta madura (framboesa) e notas minerais. Em boca é amplo e fresco, com acidez balsâmica e taninos sedosos. O final é longo e especiado. Uma delícia de vinho! Comprova toda a força do Priorato e a qualidade de seus vinhos. Tem ainda anos de vida pela frente. Esse já foi, em ótima hora...rs.
O JP levou um vinho de Angelo Gaja, produzido na Toscana: Promis de Ca'Marcanda 2009. É feito com Merlot (majoritária), Syrah e Sangiovese, de vinhedos de baixa produção da região de Bolgheri. Ao nariz mostra notas de amoras maduras e cereja preta, em meio a alcaçuz e chocolate. Em boca repete o nariz e mostra muita sedosidade. A maturação em barricas usadas faz com que a madeira não deixe marcas. Destaque para sua elegância e maciez. Difícil não agradar. Muito gostoso!
Bem, e para arrematar a noite com muita classe, um Vin Santo Castello di Brolio 2003, levado pelo Caião, que já nos havia brindado com um destes anos atrás (clique aqui). Como já pintou por aqui, não vou gastar muitas linhas. Mas não posso perder a oportunidade de elogiar este vinho, com suas notas deliciosas de damasco seco, nozes, mel, caramelo, café e tabaco. Delicioso e perfeito com queijos azuis e sobremesas (tortas de pêssego, de laranja, pastiera di grano etc. Chocolate não...). Vinhão!
Aniversário muito bem celebrado, hein Little John? Felicidades, meu amigo!
A turma reunida... Vinhaços!


segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Mas Borràs 2006: Pinot Noir classudo de Miguel Torres!

Miguel Torres produz belos vinhos na Espanha e Chile. E além do seu famoso Cabernet Sauvignon Mas La Plana, produz um excelente Pinot Noir, como este Mas Borràs 2006. O vinhedo Mas Borràs fica em Santa Maria de Miralles (Penedés), em uma região de altitude  e fria, que segundo a vinícola Torres é apropriada para o cultivo da Pinot Noir. Como citado no site da própria vinícola, é um dos poucos vinhedos de Pinot Noir plantados na Espanha. Eu só havia bebido um Pinot Noir espanhol, feito na região de Granada, o excelente Cauzón (clique aqui). Como o seu irmão Cabernet Sauvignon Mas La Plana, o Mas Borràs surgiu para o mundo ganhando prêmios importantes em concursos de vinho em Paris. O vinho, que vem em uma garrafa imponente, passa 9 meses em barricas de carvalho 50% novas, que marcam presença positivamente. Ao nariz o vinho mostra notas de cereja, minerais, couro, ervas secas e tostado. Em boca é intenso, mineral, com ótima acidez (que lhe aporta frescor), taninos finos e final longo e levemente tostado. Evolui muito bem na taça. Destaque para o seu lado mineral  e intensidade (herança Catalunha?). Parece em estilo com seu conterrâneo Granadino, mas é mais denso. Um ótimo Pinot Noir, que tem identidade própria.  No dia que levei para beber com os amigos Tonzinho e JP, comentamos que ele tinha alma própria. Não tendia para Borgonha, embora fosse cheio de elegância, e tampouco para a fruta e extração exagerada geralmente encontradas em Pinot Noir sulamericano, por exemplo. Gostei muito, claro!