domingo, 29 de junho de 2014

Na Copa, dançaram... Mas na taça, abafaram: Pago de los Capellanes Reserva 2006, Contino Reserva 2007, Muga Selección Especial 2009, Montesodi Riserva 2010, Mouchão 2007, Paulo Laureano Reserve Vinea Julieta 2009 e Seña 2007!



Bem, quem está acompanhando a Copa 2014 sabe que todos os países produtores destes vinhos na foto já dançaram... O último foi o Chile, que fez um partidaço contra o Brasil e não seria nenhuma injustiça se tivesse passado. Mas uma coisa é certa: Essa turma da foto joga um bolão!
O primeiro é um Pago de los Capellanes Reserva 2006 levado pelo JP, que junto com o Caio, voltava de uma viagem cansativa a Beaune, Barcelona etc. Além dos (bons) quilinhos a mais, trouxeram boas botellas. Este Pago de Capellanes Reserva 2006 já foi levado pelo JP em outra oportunidade (clique aqui). É um vinhaço! Ribera del Duero de primeiríssima. Notas de cereja preta, cassis e caramelo. Em boca, fresco, rico e com final longo e especiado. Uma beleza! Importado pela Cava de Vinhos
Do ladinho dele, o vinho levado pelo Caião, uma obra da CVNE, o Contino Reserva 2007. O vinho é feito com Tempranillo 85%, Graciano 10%, Mazuelo 3% e Garnacha 2%, de vinhedos plantados na Rioja Alavesa. Passa 2 anos em barricas de carvalho francês e americano e 2 anos em adega antes de ir ao mercado. É um vinho que difere dos outros Rioja, inclusive de seus irmãos feitos pela própria CVNE (Cune e Viña Real). Este Contino é mais denso, mais "gordo". Ao nariz mostra notas de ameixa e cereja, em meio a toques terrosos, tostados e cravo. Em boca, é denso, redondo, com boa acidez e taninos redondos. Uma delícia de vinho. Se você está acostumado aos outros vinhos da CVNE, experimente este para ver a diferença. Vale muito a pena. Vinhão! Importado pela Vinci.
Ainda da Espanha, o vinho levado pelo Joãozinho, o Muga Selección Especial 2009. O seu irmão de 2005 já apareceu algumas vezes aqui no blog (clique aqui). E este não poderia deixar de seguir seus passos. Aliás, os vinhos Muga são sempre garantia de qualidade. Destaque para o seu frescor e especiarias, que lhes aportam muita riqueza. Este Seleción Especial 2009 estava uma beleza. É um vinho feito com Tempranillo 70%, Garnacha 20%, Mazuelo 7% e Graciano 3%. A fermentação é feita por leveduras indígenas e a maturação ocorre por 28 meses em barricas de carvalho feitas na própria tonelaria da bodega. Ao nariz mostra notas de cerejas pretas, cítricas, de ervas e especiarias. Em boca, repete o nariz, mostra ótimas acidez, mineralidade e taninos redondos. Está ótimo agora, mas o tempo lhe fará muito bem. É outro vinhão! Aliás, a Wine Spectator lhe outorgou belos 95 pontos. Se vir um deste pela frente, não hesite: Coloca na cesta!
No centro da foto o único da Bota, levado pelo Thiago. É um Montesodi Riserva 2010, de Marchesi de Frescobaldi. Bem, aqui também se trata de um vinho com pedigree. O vinho é feito com 100% Sangiovese do Cru Montesodi, vinhedo de 20 hectares que fica na região do Castello di Nipozzano. A maturação é feita por 18 meses em barricas de carvalho. É um vinho com aromas muito ricos, de cerejas, groselha e ameixas, em meio a alcaçuz, tabaco e um tostadinho bem charmoso. Em boca, repete o nariz e destaca-se pela sedosidade. Incrível para um 100% Sangiovese de apenas 4 anos. O final é longo e especiado. Vinho de exceção. Delicioso! É outro que ganhará muito com adega. Mas este já foi... Se o Thiago quiser levar outra garrafa deste, pode levar que ficarei muito feliz!
E seguindo nos vinhões, dois alentejanos de muita qualidade. Aliás, feitos pela batuta do mesmo enólogo, o grande Paulo Laureano. O primeiro deles foi levado por este que vos escreve, o Mouchão 2007. Bem, Mouchão dispensa comentários. É tradição pura e garantia de qualidade. As uvas [Alicante Bouschet  (majoritária) e Trincadeira] são pisadas a pé, com os engaços, em grandes lagares com capacidade para 6.000-8.000 kilos, onde também ocorre a fermentação. Posteriormente o vinho é trasfegado para grandes tonéis de 4.000 litros, onde ficam por um ano. No segundo e terceiro anos, 80% do vinho é mantido nos grandes tonéis e 20% em barricas de carvalho francês. No terceiro ano ocorre a seleção dos lotes e engarrafamento. No quarto e quinto ano, estágio em garrafa, e neste último, lançamento ao mercado. É um vinho de bela cor grená e aromas de frutas compotadas, balsâmicos, madeira e especiarias. Ganha muito com a decantação, que é necessária. No começo já é muito bom, mas com o tempo vai mudando e ficando ainda melhor. Vão se destacando as especiarias. Em boca, é rico, especiado, com madeira bem integrada e taninos presentes, mas muito corretos. Outro vinhão, para quem gosta de tradição e estrutura. E tem longa vida pela frente. Importado pela Adega Alentejana.
E na foto, à direita do Mouchão, o Paulo Laureano Reserve Vinea Julieta Talhão 24 2009. Este vinho, levado pelo Paulinho, que é apreciador declarado de grandes vinhos portugueses, foi para mim e outros confrades, a grande surpresa da noite. É feito com Alfrocheiro, Alicante Bouschet e Tinta Grossa, com maturação de 24 meses em barricas de carvalho de 225 e 400 litros. O talhão 24 é o mais antigo das vinhas e as uvas foram plantadas completamente misturadas. Por isso, segundo o produtor, só pode ser produzido em anos particulares, quando as uvas atingem a maturação simultânea apropriada. Como o próprio produtor menciona, é um vinho com aromas e sabores exóticos. Aliás, é seu grande destaque. Diferente de todos os outros apreciados na noite. Lembra amoras silvestres, daquelas mais azedinhas, em meio a azeitona preta, chocolate amargo, especiarias e notas minerais. Em boca, repete o nariz em seu exotismo. Destaque mais uma vez para a mineralidade, boa acidez e especiarias. Um vinho particular, que foge da mesmice de tantos outros e que me chamou muito a atenção. Este quero apreciar uma garrafa daqui a uns anos, pois deve melhorar ainda mais. Uma beleza de vinho! Só por curiosidade, a Wine Spectator lhe deu 84 pontos... Estão loucos??? 
Bem, e para finalizar, o vinho que chegou por último, nas mãos de nosso querido Tonzinho: Seña 2007! Chileno de estirpe que já bateu muitos bordozões em degustações às cegas. Aliás, o Tonzinho uma vez já nos brindou com um 2006, que na época, estava muito novo. Este 2007, também é um jovem. Mas já mostra muito riqueza. Vinho de grande safra, é feito com Cabernet Sauvignon 57%, Carmenére 20%, Merlot 12%, Cabernet Franc 6% e Petit Verdot 5%. Ao nariz mostra notas de amoras, cassis, chocolate amargo e especiarias (com destaque para a pimenta preta). Em boca, repete o nariz e é tânico, mas com taninos muito corretos, que devem se arredondar com o tempo. Outro vinho excelente, para brigar mesmo com grandes de Bordeaux, e com muitos anos pela frente. Se for bebê-lo agora, deixe o danado uma horinha no decanter para amaciar. Isso aí, Tonzinho!
Bem pessoal, é isso aí! A noite foi power. Não teve um único vinho que não tenha feito sucesso. Foram escolhidos a dedo para brindar o retorno dos glutões! rs.



quarta-feira, 25 de junho de 2014

Taylor's Fladgate Porto 20 Anos: Rico e Refinado!

Garrafa fosca, linda!
Uma tacinha de vinho do Porto é o fechamento ideal para um belo almoço ou jantar com amigos. E o vinho é também parceiro ideal para uma boa sobremesa como um Créme Brulée ou algo com chocolate. Bem, mas se quiser, pode ser simplesmente parceiro para um bom livro. 
Eu gosto muito de vinhos do Porto, desde os mais simples até os grandes Vintage. Dos Tawnies envelhecidos, sou fã dos 20 Anos. Acho que eles sobem um bom degrau em relação aos seus irmãozinhos de 10 e não são tão caros quanto seus irmãos de 30 e 40 Anos. Este Taylor's Fladgate 20 Anos é uma beleza! Cor âmbar lindíssima, mais clara que de seu irmão de 10 Anos, e aromas refinados de damasco, casca de laranja e figos secos em meio a amêndoas, caixa de charuto e especiarias. Em boca é equilibrado e vibrante, com um final muito longo e levemente picante. Fez boa companhia a uma torta holandesa, mas acho que precisava de um chocolate mais amargo. Outro par perfeito deve ser o Créme Brulée. Logo vou conferir!



segunda-feira, 23 de junho de 2014

Champagne R. Pouillon e Fils Cuvée de Resérve Brut: Frescor!

Em época em que a França está mandando bem na copa, nada melhor que um bom Champagne para descontrair. Este vem de um produtor pequeno, que vendia suas uvas para negociants, mas que em 1947 decidiu produzir seus próprios vinhos. Em 1964 Roger Pouillon, o fundador, passou a ter a ajuda de seu filho James. Os Pouillon são Récoltant-Manipulant (RM), ou seja, produzem os vinhos com suas próprias uvas. Roger faleceu em 1993 e atualmente a vinícola é comandada por seu neto Fabrice, filho de James. Fabrice utiliza agricultura orgânica e está iniciando práticas biodinâmicas em algumas parcelas. Este Champagne R. Pouillon e Fils Cuvée de Resérve Brut é feito com 70% Pinot Noir, 15% Chardonnay e 15% Petit Meunier. É um Champagne com aromas de frutas cítricas, pêra, panificação e um fundinho de mel. Em boca é fresco, cítrico, vibrante,com um toque gengibre e um fundo amendoado e de mel. O seu lado vibrante foi o que mais me agradou. Ótimo sozinho e perfeito para acompanhar comida, principalmente entradas. Um Champagne de bom preço e que foge da mesmice de um monte deles (até mais caros) encontrados por aí nas gôndolas de supermercados, lojas de conveniência, pet shops, farmácias etc... rs.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Esporão Reserva 2006, Yarden Cabernet Sauvignon 2009, Goulart B - Black Legion 2010 e Agapito Rico Vedré 2007

Nesta reunião da confraria (já antiga) o Fernandinho levou, meio tímido, um Esporão Reserva 2006. Bem, a safra não foi lá estas coisas, mas quando o negócio é Esporão Reserva, pode-se esperar coisa boa sempre. E este estava um mel. Os anos lhe fizeram muito bem. O vinho, feito com Aragonês, Trincadeira, Cabernet Sauvignon e Alicantes Bouschet e 12 meses de maturação em carvalho, mostrava muita elegância. Ao nariz aromas de cerejas e framboesas, em meio a alcaçuz, canela e tabaco. Em boca, muito equilibrio, boa acidez e taninos devidamente arredondados pelo tempo. O final deixava um toque de tabaco bem gostoso. Uma delícia de vinho! 
O Tonzinho levou um ótimo vinho Israelense, da Golan Heights Winery, o Yarden Cabernet Sauvignon 2009. É feito com uvas de altitude de regiões frias da Galiléia. Ao nariz é bem rico, com notas de cerejas e cassis, em meio a chocolate amargo, notas herbáceas e de madeira. Em boca mostrava juventude, muita estrutura, vivacidade e taninos firmes. Um ótimo Cabernet Sauvignon, que pode ser bebido agora mas que com certeza ganhará bastante com uns anos de adega. Um vinho que deve ser conhecido.
Eu levei um Goulart B Black Legion Special Blend 2010. O nome do vinho é uma homenagem aos voluntários afrodescendentes comandadas pelo Marechal Gastão Goulart, que lutaram na revolução de 1932 e eram conhecidos como a "Legião Negra". Ele é feito com 80% Malbec e 20% Cabernet Franc. O corte me agrada. A maturação é feita por 12 meses em tonéis de carvalho francês. O vinho, logo ao ser aberto é um pouco mais pegado, mas com o tempo vai se abrandando. Notei que ficou até leve depois uma hora descansando. Tem notas clássicas de ameixa, chocolate e um fundinho de madeira. Em boca é leve e bem equilibrado, com final especiado. Gostei dele, apesar de esperar uma presença maior da Cabernet Franc. Estou notando em alguns vinhos que apreciei da vinícola (que não foram muitos) a tendência em produzir vinhos menos pesados, o que acho legal.
O Paolão levou um Vedré 2007, espanhol de Jumilla, próxima à Murcia, sul da Espanha. A vinícola era conhecida como Agapito Rico, mas agora parece que se chama Bodegas Carchelo. Este Vedré é feito com 50% Monastrel, 25% Syrah e 25% Tempranillo. A maturação ocorre por 14 meses em barricas novas e usadas de carvalho francês. O vinho é do tipo jammy, com fruta em compota, concentrada, chocolate e um toque de café. Em boca repete o nariz e mostra taninos doces. Para o meu gosto, achei enjoativo. Outro problema: A rolha sintética brancona, dando aquele toque artificial que não me agrada. Não é um vinho que eu coloco na cesta. Eu prefiro seu irmão Carchelo.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Kaiken Ultra Malbec 2008

Rapidinho: Comprei este Kaiken Ultra Malbec 2008 na última promoção da Vinci. O vinho é feito por Aurélio Montes na Argentina, e Kaiken é o nome de gansos selvagens que vivem na Patagônia e cruzam do Chile para a Argentina por sobre os Andes. Este 2008 foi feito com 97% Malbec e 3% Cabernet Sauvignon e 80% do vinho matura por 12 meses em barricas de carvalho francês (0, 1, 2 e 3ro usos). O vinho é floral e exala notas de fruta madura, como a ameixa e cassis, com um fundo de alcaçuz, café e tabaco. O álcool, no alto de seus 15,2%, é saliente, o que não me agradou. Em boca é jammy, denso, com fruta madura, boa acidez e taninos maduros. Senti também o álcool. Talvez eu devesse tê-lo deixado decantar um bom tempo para amenizar esta característica. O fato é que já fiquei mais feliz bebendo este vinho.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Quinta da Falorca Colheita Selecionada 2005: Dão, muito bão!

O Dão é uma região que oferece belos vinhos, a preços justos, e que continua pouco explorada pelos paus d'água. Eu gosto muito da clareza e vivacidade de seus vinhos, que costumam também ganhar com anos em adega. A Quinta da Falorca (Quinta Vale das Escadinhas) é conduzida pela família Figueiredo, com tradição de 5 gerações na produção de vinhos. Suas vinhas, que ocupam apenas 13 hectares, ficam no coração do Dão, na sub-região de Silgueiros. Este Quinta da Falorca Colheita Selecionada 2005 é feito com Touriga Nacional, Jaen, Rufete e Alfrocheiro, com passagem breve pela madeira. O vinho tinha granada, com bordas avermelhadas. Ao nariz, abre com notas animais e de framboesas, amoras, alcaçuz e chocolate. Em boca, fruta madura, tabaco, couro e alcaçuz, em meio a taninos maduros e acidez correta. Um vinho daqueles que evaporam da taça rapidamente, pedindo outra. Vai bem sozinho, mas melhora com comida. Um ótimo exemplar do Dão. Delicioso! Se encontrar uma destas, não perca tempo. Eu tive sorte de pegar em promoção da World Wine.

domingo, 15 de junho de 2014

Fronteira 2011: Barato e 90 pontos polêmicos da Wine Spectator

Tempos atrás bebi um Quinta da Fronteira Reserva 2008 que me impressionou (clique aqui). Vinho robusto, bom corpo e que justifica o preço (mesmo aqui no Brasil). Recentemente, vi na Wine Spectator a nota para o vinho mais simples da mesma vinícola, o Fronteira DOC Douro 2011: gordos 90 pontos! Lembrei de uma vez que a revista fez isso para um vinho português simples, o Quinta do Cabriz Colheita 2008, que custa apenas 9 doletas lá fora e ficou inclusive na lista dos top 100 em 2011, com 90 pontos. Aqui no Brasil dá para comprá-lo por menos de 30. Bebi o Cabriz e até gostei, mas fiquei me perguntando de onde tiraram aquela nota. O Fronteira 2011 foi bastante elogiado pela revista, inclusive, com a menção de que foi provado duas vezes, tendo notas consistentes em ambas. Bem, resolvi então comprar o danado para experimentar. Na loja virtual onde o adquiri tinha comentários de todos os tipos, desde aqueles que amaram o vinho, até aqueles que não gostaram nem um pouco. Mas acho que a opinião da maioria era favorável. Resolvi então abrir o vinho, que é feito com Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz, e maturado por 6 meses em madeira. A rolha de boa qualidade impressionou positivamente. Ao nariz, mostrou-se fechado no começo, mas com o tempo foi se abrindo. Notas florais e cítricas em meio à fruta, grafite e madeira. O álcool era um pouco saliente para o meu gosto. Em boca era seco, mineral, com acidez pronunciada e final herbáceo, um pouco amargo. Deixei respirando um pouco na taça e achei que melhorou, mas não muito. Para mim, a madeira passava do ponto (apesar do curto estágio). Tinha um gostinho de engaço que me incomodava um pouco. Apesar de eu não gostar de vinhos com fruta explosiva, queria mais dela neste vinho. Além disso, apesar de gostar de vinhos com boa acidez, ela estava um pouco acima para o meu gosto. É um vinho que implora por comida. Sozinho não vai muito bem. Em suma, não fez muito minha cabeça. Até pensei com meus botões: Os caras da WS beberam o Reserva e deram a nota para o DOC. Mas aí veio a surpresa! Eu abri o vinho em uma quarta-feira à noite, bebi um pouco, tasquei-lhe o vacuvin e o deixei na porta da geladeira. Na sexta-feira, meu cunhado Bu veio nos visitar e resolvi servir-lhe um pouco para ter sua opinião. E não é que o vinho estava outro? As coisas haviam se equilibrado. Os aromas estavam mais legais e em boca estava bem mais redondo, sem aqueles incômodos que eu identifiquei no primeiro dia. Uma boa surpresa! E agora? Quando eu for beber outra garrafa decanto por 2 horas? Ou bebo um pouquinho e faço o mesmo que fiz para esta garrafa? Difícil, hein! O fato é que o vinho que bebi dois dias depois era outro, e muito melhor. Isso indica que ele deve melhorar na adega. Quero ver o que vai acontecer com as garrafas que guardei daqui a 1-2 anos. 
Isso mostra o quanto a gente já deve ter se equivocado em relação a algumas garrafas de vinho...rs.
Meu veredito: Na hora que abri, não gostei. Dois dias depois, uma taça a menos na garrafa e guardado com vacuvin, uma boa compra!

Ps1. Quando bebi o vinho redigi um artigo digamos, "pouco gentil" com o danado. Tive que refazê-lo para não cometer injustiça.

Ps2. Calma! Estamos falando de vinho simples, barato... Não espere um Quinta da Bacalhoa, Meandro ou um Vertente, por favor!


segunda-feira, 9 de junho de 2014

Para começar bem a semana: Viña Tondonia Gran Reserva 1991 - Outra maravilha de Lopez de Heredia!

Menciono no título que é para começar bem a semana, mas um vinho deste é para começar bem o mês, o ano, qualquer coisa. Este Viña Tondonia Gran Reserva 1991 estava descansando tranquilo na minha adega, até que resolvi tirar a garrafa da tranquilidade e expor toda beleza que ela tinha dentro. Eu havia apreciado, anos atrás, uma tacinha daquelas ISO, deste mesmo 1991 (clique aqui). Mas digo e repito: Vinho se bebe, não se prova! E de lá para cá, o vinho mudou um pouquinho. Lembro que na época tinha um leve caramelo, que hoje não mais aparece. A cor também está um pouquinho mais clara. Aliás, que cor! Dêem uma olhadinha na foto da taça abaixo. Cor de Borgonha! E não só por isso, foi servido em uma bela taçona de borgonha. Aí, mostrou toda a sua elegância e delicadeza. Às cegas, passaria por um borgonha, não fosse o fundinho de madeira velha clássico. O vinho é tradição pura: fermentação em grandes tonéis antigos, uso de leveduras da própria uva, clarificação com claras de ovos etc. Este Gran Reserva é feito com 75% Tempranillo, 15% Garnacha e 10% Mazuelo e Graciano. Segundo o contra-rótulo, a maturação é de 8 anos em barricas de carvalho americano. A cor do vinho é belíssima, cereja, límpida. Os aromas, deliciosos: Notas de cereja seca, tabaco, terrosos, cogumelos secos, cítricos e aquele fundo de madeira bem gostoso (nada a ver, claro, com a madeira socada da maioria dos novo-mundistas). Em boca, repete o nariz e mostra muita delicadeza e elegância. A acidez é correta, taninos finíssimos e o final longo e amadeirado. Uma maravilha de vinho, que deve sempre ocupar um espaço na mala de quem visita a Espanha. Aqui é caro, mas mesmo assim, vale a pena. Não é vinho para se beber todos os dias (bom seria se fosse...rs). Assim, em vez de comprar um monte de zurrapas, junte a grana ou uma turma de colegas e compre um destes, que te deixará muito mais feliz. É vinho para ficar na memória e colocar no curriculum. A high impact wine (Qualis A da CAPES... para os amigos pesquisadores...rs).
Que cor!

domingo, 8 de junho de 2014

Chateau Ste Michelle Cabernet Sauvignon Indian Wells 2010: New World!

Rapidinho: O Thiago nos ofertou este Chateau Ste Michelle Cabernet Sauvignon Indian Wells 2010 tempos atrás em reunião da confraria. É um americano de Washington Estate, de bom preço e que oferece boa qualidade. Este de Indian Wells tem como característica ser de clima mais quente e de características típicas de novo mundo. No entanto, esta safra em particular foi mais fria e o vinho ficou menos "jammy". Ele é feito majoritariamente com Cabernet Sauvignon, com pitadas de Syrah, Malbec e Cabernet Franc.  A maturação é feita em barricas americanas e francesas por 15 meses. É um vinho de cor escura e aromas de frutas maduras, como mirtilos e cassis, em meio a baunilha. Em boca é bem frutado, mas equilibrado. É um novo-mundista típico, com destaque para a fruta madura. Mas não é enjoativo. Na mesma faixa eu prefiro ele a chilenos ricos em pimentão. Aliás, os vinhos do Chateau Ste Michelle costumam agradar. Eu gosto dos Merlot e dos Riesling da vinícola, principalmente do Eroica. Bem, o portfólio dos caras é grande...

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Montesco Punta Negra Pinot Noir 2012 e Gallardia del Itata Cinsaut 2013: Um delicado, outro festivo!

Sentamos Carlão, Akira e eu para bebermos dois vinhos bem legais. O primeiro foi o Montesco Punta Negra 2012, argentino de Matias Michelini que provei no último Encontro de Vinhos em Ribeirão Preto (clique aqui). Mas como sempre digo, vinho não se prova, se bebe! E desta feita pudemos beber boas taças e acompanhar, durante umas 3 horas, a evolução do vinho. O danado mudou, e bastante, desde sua abertura até a última taça. E para nossa alegria, para melhor! Se no começo era muito bom, depois de um tempo ficou ainda melhor. A fruta foi se mostrando e o vinho mostrou muita qualidade. Além das notas terrosas e especiadas, foram se destacando notas de cerejas e morangos. O vinho ficou redondo e muito sedoso em boca, com final frutado e especiado. Mas o bom é que não era aquela fruta madurona, de muitos Pinot sulamericanos. Era fruta na medida certa. Realmente, um vinho de muito bom e que vai fazer sucesso. Se for bebê-lo, coloque em decanter e vá acompanhando sua evolução. Ficará surpreso. 
O segundo vinho foi uma novidade que levei embrulhada. Era um Gallardia del Itata Cinsault 2013. O nome do vinho vem de uma flor que costuma crescer entre os vinhedos plantados no Vale do Itata, sul do Chile. O vinho segue uma nova tendência da De Martino, que é a elaboração de vinhos mais frescos, com menos intervenção.  Este Cinsault nem passa por madeira. A fermentação é feita por leveduras da própria uva e a maturação é feita por 7 meses em cubas de inox. Além disso, há pouca uso de sulfito. É um vinho do tipo festivo, com fruta fresca, destacando a framboesa, em meio a um leve toque herbáceo. Tem boa acidez para um Cinsault e é mineral e delicado em boca. É vinho que acompanha bem comida mas que pode ser apreciado sozinho, sem problemas. Atenção: Vinho que lembra os famosos Novello e Beaujolais. É para ser bebido jovem! Gostei dele, que tem bom preço! Quero experimentar aquele seu irmão maturado em tinajas. Os vinhos De Martino são importados pela Decanter, e na região de São Carlos são comercializados pelo Empório Basílico, na vizinha Araraquara. 

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Brunello di Montalcino Col D'Orcia 2005: Já pode ir prá taça!

Este Brunello di Montalcino Col D'Orcia 2005 foi ofertado pelo nosso querido Joãozinho e fez sucesso. Seu nome vem de colina com vistas para o Rio Orcia, que fica no sudoeste de Montalcino. O vinho é feito com uvas de vinhedos orgânicos, cultivados segundo os preceitos da biodinâmica, implementação feita na década de 90 pelo Conde Francesco Marone Cinzano. A vinícola procura manter a tradição de maturação em grandes botti de carvalho da eslavônia (não esloveno, como dizem por aí... inclusive em muitos catálogos de importadoras famosas). O vinho tem uma cor púrpura bem bonita e aromas de ameixas, cerejas, chá e baunilha. Em boca é amplo, com taninos corretos e é claro, aquela bela acidez italiana. Está bem macio para um Brunello de apenas 9 anos. Talvez isso se explique pela safra, que não foi tão portentosa e ficou alí, encaixotada entre duas safras grandiosas na Toscana (2004 e 2006). Os vinhos de 2005 ficaram prontos mais cedo. É a vantagem de as vezes de pegar vinhos de safras não tão poderosas. Isso vale também para Bordeaux e outras regiões. A gente fica apegado em safras grandiosas e esquece às vezes algumas nem tão boas* e que podem gerar bons vinhos e prontos para beber mais cedo, como este Col D'Orcia, que estava muito bom! Logo vem a postagem sobre o 2006... Oriundo de grande safra, estava ainda melhor.

*Nota: Esta observação sobre as safras só não vale para safras péssimas, como a de 2002, que gerou vinhos horrorosos em quase toda a Itália, principalmente em Montalcino. Fuja dela!

quarta-feira, 4 de junho de 2014

EQ Matetic Pinot Noir 2011: Destaque em Pinot Noir chileno!

Rapidinho: JP abriu este EQ Matetic Pinot Noir 2011 tempos atrás e ele surpreendeu. Na verdade, os vinhos da Matetic sempre me agradam. O vinho é feito utilizando uvas do Vale de Casablanca, cultivadas de maneira orgânica e segundo os preceitos da biodinâmica. A fermentação é feita por leveduras da própria  uva, e a maturação ocorre em barricas borgonhesas de 228, 300 e 400 litros, onde o vinho fica durante 14 meses. É um vinho com aromas de cerejas e morangos, em meio a notas terrosas e especiadas. Em boca é macio e sem aquele exagero de extração bem comum em Pinot (e outros vinhos) chilenos. É mineral e com boa acidez. Já está pronto agora, mas pode ganhar com 1-2 anos de adega. É um Pinot Noir que se destaca frente a seus  irmãos do Chile. Recomendado! Se custasse um pouquinho menos eu ia colocar umas garrafas dele na adega. 

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Boa briga, às cegas: Castillo Ygay Gran Reserva Especial 2004, Don Melchor 2006 e Brunello di Montalcino Castello Banfi Poggio alle Mura 2004

O Carlão resolveu servir, às cegas, 3 vinhões de sua adega que tivessem idades parecidas e preços similares no exterior. Os três, do título da postagem, custam mais ou menos a mesma coisa lá fora (só o Brunello é um pouco mais caro). De começo, claro, sabíamos que eram vinhos de qualidade. O único que eu ainda não havia bebido era o Brunello Banfi Poggio alle Mura 2004. De cara, todos concordaram que o decanter que trazia o Don Melchor 2006 tinha o vinho mais pronto para beber. E olha, não deu para matar a procedência. A suspeita de ser um Bordeaux surgiu entre os bebuns. Estava redondinho, sedoso, sem arestas. Prontinho, prontinho... Mas para mim, ele ficava um degrau abaixo dos outros dois vinhos, também devidamente decantados por 2 horas. 
Logo que provei o conteúdo do decanter que continha o Castillo Ygay Gran Reserva 2004 me surpreendi com a fruta concentrada, bastante ameixa, em meio a tostado e chocolate. Até pensei se tratar de um australiano, nacionalidade que o Carlão aprecia bastante. Mas como lembrado pelo Akira, ele tinha um toque cítrico que fugia ao padrão australiano. Este foi difícil. E olha que já havia bebido este mesmo 2004 em duas ocasiões (clique aqui). Mas das outras vezes, foi aberto e vertido na taça, sem decantação prévia. Isso pode ter feito diferença. O fato é que nesta garrafa senti excesso de fruta e extração. Recentemente, lendo uma postagem do colega Silvestre Tavares, do Vivendo a Vida, vi que ele teve impressões similares em respeito ao mesmo vinho. Obviamente, é um vinhão. Mas eu gostei mais das outras duas vezes que bebi. Bem, cada garrafa é uma garrafa. No entanto, para mim fica patente uma coisa: O 2001 foi o melhor Ygay que já bebi (clique aqui). Dá um baile no 2004.
E a terceira garrafa? A terceira trazia o vinho que mais me chamou a atenção ao nariz (e também, a mais polêmica). Era o Brunello di Montalcino Banfi Poggio alle Mura 2004. Ninguém acertou se tratar de um Brunello! Parece incrível, mas foi assim. O vinho tinha aromas complexos, florais, de framboesa e cassis, em meio a especiarias. Sem inspiração, mas encantado com a riqueza do vinho, eu disse que ele me lembrava aromas de um Viñedo Chadwick que havia bebido tempos atrás. Como? Senti aromas de Cabernet Sauvignon em um 100% Sangiovese??? No entanto, mesmo com esta ressalva, ele foi, para mim, o melhor vinho da noite. Aromático, complexo, intenso em boca, acidez vibrante e final longuíssimo. Um vinhão! Bem, os 3 eram... Briga de cachorro grande.
Boa experiência, Carlão!