Nossa reunião de final de ano da confraria foi daquelas... Fizemos lá no Restaurante Chez Marcel, onde o Chef Bart esbanjou na qualidade e quantidade. Começamos cedo, e as 19h00 já tinha comida na mesa e vinho na taça. A comida, estava divina. Entradas de dar água na boca: Ostras, Camarões, Vieiras, Mariscos, Salmão defumado com crosta de gergelim, Terrine de Coelho, Salada de Brie com mel e presento cru e aí vai. Não sei como ainda conseguimos apreciar os pratos principais. Aliás, eu e alguns colegas ficamos só em um, deixando de lado um belo Coelho... Realmente foi de primeira. Merci beaucoup, Chef Bart! Bem, e para escoltar tudo isso, vinhos grandiosos. E quando digo grandiosos, não exagero.
Para começar, um Champagne Perrier-Jouet Cuvée Belle Epoque 2004. Aqui o negócio não é só beleza do rótulo. Há tradição e muita qualidade de uma Maison que produz Champagne desde 1811. O vinho era floral, cítrico e com notas de pêssego, pêra e marzipan. Em boca mostrava bela acidez, mineralidade, grande intensidade e cremosidade. Uma beleza! Idéia e execução do Tonzinho. Ah, notem que não falo de perlage. Não ligo prá isso.
Depois deste "champagnão", partimos para o melhor branco que bebi este ano: Georges Vernay Condrieu Coteau de Vernon 2007. Já comentei aqui no blog sobre um irmão "menor" dele aqui no blog (clique). E se já tinha ficado impressionado com o primeiro, agora babei. E não foi só eu o babão. Meus confrades também o elegeram o melhor da noite. E olha que, em meio a tantos vinhões, eleger um é coisa difícil. Mas este estava realmente demais. Ele mostrava tudo que a Viognier pode render no norte do Rhone. O vinhedo Coteau du Vernon, de apenas 2 hectares, fica bem no centro da denominação Condrieu, e de suas vinhas de 60-80 anos de idade a vinícola produz, de forma orgânica, o seu mais concentrado Condrieu. A maturação é feita com as borras, em barricas de carvalho (25% novas) por 12-18 meses, com agitação esporádica. O vinho é de uma riqueza difícil de descrever, tanto ao nariz, quanto em boca. Seus aromas florais e de frutas como o pêssego, se misturam a notas amendoadas e um fundinho de mel. Em boca repetia o nariz e tinha acidez corretíssima e um final interminável. Uma maravilha de branco. Todos ficaram lamentando quando as duas garrafas se evaporaram. Recomendadíssimo! Era importado pela Grand Cru. Não sei se ainda é.
E saímos deste brancão de estirpe para um outra francês, agora da Borgonha, o Gevrey-Chambertin 1er Cru Denis Mortet 2005 (terceiro à direita, na foto acima). Outro produtor dos bons e outro vinho maravilhoso. Olha, eu não mando um "maravilhoso" para qualquer vinho... Tem que mostrar adjetivos. E este, mostrou muitos. A própria vinícola, que produz uma boa gama de vinhos, considera este 1er Cru o mais charmoso de seus vinhos. E apesar de ter longo potencial de guarda, sugerem que pode ser apreciado mais novo. Este, com os seus quase 9 aninhos, estava belíssimo. Suas notas de amoras e cereja preta se mesclavam perfeitamente com notas especiadas (alcaçuz e com o tempo, canela). Em boca era denso, mas elegante ao extremo, e com ótima acidez. O gosto do vinho nunca sumia da boca. Um vinhaço! Outro recomendadíssimo. Importação: Worldwine.
Partimos então para o Pintas 2009, da Wine and Soul (último à direita, foto acima). O duriense é feito sob a batuta do casal Jorge Serôdio Borges e Sandra Tavares da Silva. Eu, particularmente, sou fã dos vinhos do casal e sinto saudades dos bons papos que tinha com o simpático Jorge nos Encontros Mistral, quando seus vinhos ainda eram importados pela empresa. O Pintas 2009 é um vinho muito premiado, e considerado um dos melhores da safra pela crítica portuguesa. É vinho de produção pequena, feito com uvas de vinhas velhas (de quase 80 anos de idade), e pisa a pé. Sua cor é escura, quase impenetrável, e seus aromas florais e de fruta bem madura (mirtilo e cereja preta) se mesclam a kirsch, alcaçuz e cacau. Em boca repete o nariz, é mineral, especiado e muito denso, daqueles de mastigar. É muito elegante e com final muito longo. O pessoal estranhou o vinho e o deixou meio à margem dos outros. Um pecado, claro. É um vinhaço, que implorava comida mais pesada. Nem as entradas, nem os pratos principais faziam frente à sua potência. Eu ainda tenho uma garrafa dele e quero me esbaldar daqui a uns anos. Importação: Adega Alentejana.
E já que estamos falando em potência, lá vai outro: Brunello de Montalcino Capanna Riserva 2007. Recentemente pintou aqui no blog seu "irmão menor", o "não riserva", levado pelo Caião (clique aqui). Aliás, este também foi providenciado pelo Caião. O vinho matura quatro anos em botti e mais um em garrafa antes de ser comercializado. Obviamente, pela sua idade, estava fechado no início e só se mostrou após umas 2 horas de decanter, com muita riqueza. Ao nariz mostra notas cítricas e de frutas silvestres, em meio a chá, folhas secas e alcaçuz. Em boca repete o nariz e tem uma belíssima acidez, em meio a taninos bem presentes. A madeira é muito bem integrada e o final, longuíssimo. É Brunello tradicional, distinto de muitos levados pelo modismo. O problema aqui é a idade do vinho. Muito novinho! Embora tenha dado alegria, é vinho para muitos e muitos anos. Pelo menos mais uns 3 anos de adega seriam necessários para curtí-lo melhor. Quero beber um mais velhinho destes. Se você tem paciência, compre um deste, ou mesmo um normal, e guarde. Terá um grande vinho para apreciar daqui a uns anos. Importação: Viavini.
O vinho seguinte, em garrafa magnum, dispensa maiores apresentações. Era um Vega Sicilia Valbuena 5o Año 2008. Não encontrei a ficha técnica dele no site da Vega, mas o que é conhecido é o seu envelhecimento por menor tempo que seu irmão maior, e mais Merlot no corte, dominado pela Tempranillo. O vinho tinha notas de cerejas e ameixa, em meio a baunilha, tabaco e couro. Nariz mais fresco, de vinho novo ainda, com bons anos pela frente. Em boca era sedosidade pura, marca da Vega Sicilia, e com ótima acidez. Bem, não preciso escrever mais, o carimbo Vega Sicilia dispensa. Vinhão! Importação: Mistral.
E para finalizar, um belo Passito de Pantelleria de Donnafugata, o Ben Rye 2006. Já bebemos este vinho, que é uma beleza. Notas de passas, doce de casca de laranja da terra (gente mais nova não conhece muito), tabaco, especiarias e outras tantas. Muito rico! Em boca é denso, para poucas taças, e foi par perfeito para o pudim de panetone feito pelo Bart.
Grande noite fechando o ano! Isso aí, confrades!
Para começar, um Champagne Perrier-Jouet Cuvée Belle Epoque 2004. Aqui o negócio não é só beleza do rótulo. Há tradição e muita qualidade de uma Maison que produz Champagne desde 1811. O vinho era floral, cítrico e com notas de pêssego, pêra e marzipan. Em boca mostrava bela acidez, mineralidade, grande intensidade e cremosidade. Uma beleza! Idéia e execução do Tonzinho. Ah, notem que não falo de perlage. Não ligo prá isso.
Depois deste "champagnão", partimos para o melhor branco que bebi este ano: Georges Vernay Condrieu Coteau de Vernon 2007. Já comentei aqui no blog sobre um irmão "menor" dele aqui no blog (clique). E se já tinha ficado impressionado com o primeiro, agora babei. E não foi só eu o babão. Meus confrades também o elegeram o melhor da noite. E olha que, em meio a tantos vinhões, eleger um é coisa difícil. Mas este estava realmente demais. Ele mostrava tudo que a Viognier pode render no norte do Rhone. O vinhedo Coteau du Vernon, de apenas 2 hectares, fica bem no centro da denominação Condrieu, e de suas vinhas de 60-80 anos de idade a vinícola produz, de forma orgânica, o seu mais concentrado Condrieu. A maturação é feita com as borras, em barricas de carvalho (25% novas) por 12-18 meses, com agitação esporádica. O vinho é de uma riqueza difícil de descrever, tanto ao nariz, quanto em boca. Seus aromas florais e de frutas como o pêssego, se misturam a notas amendoadas e um fundinho de mel. Em boca repetia o nariz e tinha acidez corretíssima e um final interminável. Uma maravilha de branco. Todos ficaram lamentando quando as duas garrafas se evaporaram. Recomendadíssimo! Era importado pela Grand Cru. Não sei se ainda é.
E saímos deste brancão de estirpe para um outra francês, agora da Borgonha, o Gevrey-Chambertin 1er Cru Denis Mortet 2005 (terceiro à direita, na foto acima). Outro produtor dos bons e outro vinho maravilhoso. Olha, eu não mando um "maravilhoso" para qualquer vinho... Tem que mostrar adjetivos. E este, mostrou muitos. A própria vinícola, que produz uma boa gama de vinhos, considera este 1er Cru o mais charmoso de seus vinhos. E apesar de ter longo potencial de guarda, sugerem que pode ser apreciado mais novo. Este, com os seus quase 9 aninhos, estava belíssimo. Suas notas de amoras e cereja preta se mesclavam perfeitamente com notas especiadas (alcaçuz e com o tempo, canela). Em boca era denso, mas elegante ao extremo, e com ótima acidez. O gosto do vinho nunca sumia da boca. Um vinhaço! Outro recomendadíssimo. Importação: Worldwine.
Partimos então para o Pintas 2009, da Wine and Soul (último à direita, foto acima). O duriense é feito sob a batuta do casal Jorge Serôdio Borges e Sandra Tavares da Silva. Eu, particularmente, sou fã dos vinhos do casal e sinto saudades dos bons papos que tinha com o simpático Jorge nos Encontros Mistral, quando seus vinhos ainda eram importados pela empresa. O Pintas 2009 é um vinho muito premiado, e considerado um dos melhores da safra pela crítica portuguesa. É vinho de produção pequena, feito com uvas de vinhas velhas (de quase 80 anos de idade), e pisa a pé. Sua cor é escura, quase impenetrável, e seus aromas florais e de fruta bem madura (mirtilo e cereja preta) se mesclam a kirsch, alcaçuz e cacau. Em boca repete o nariz, é mineral, especiado e muito denso, daqueles de mastigar. É muito elegante e com final muito longo. O pessoal estranhou o vinho e o deixou meio à margem dos outros. Um pecado, claro. É um vinhaço, que implorava comida mais pesada. Nem as entradas, nem os pratos principais faziam frente à sua potência. Eu ainda tenho uma garrafa dele e quero me esbaldar daqui a uns anos. Importação: Adega Alentejana.
E já que estamos falando em potência, lá vai outro: Brunello de Montalcino Capanna Riserva 2007. Recentemente pintou aqui no blog seu "irmão menor", o "não riserva", levado pelo Caião (clique aqui). Aliás, este também foi providenciado pelo Caião. O vinho matura quatro anos em botti e mais um em garrafa antes de ser comercializado. Obviamente, pela sua idade, estava fechado no início e só se mostrou após umas 2 horas de decanter, com muita riqueza. Ao nariz mostra notas cítricas e de frutas silvestres, em meio a chá, folhas secas e alcaçuz. Em boca repete o nariz e tem uma belíssima acidez, em meio a taninos bem presentes. A madeira é muito bem integrada e o final, longuíssimo. É Brunello tradicional, distinto de muitos levados pelo modismo. O problema aqui é a idade do vinho. Muito novinho! Embora tenha dado alegria, é vinho para muitos e muitos anos. Pelo menos mais uns 3 anos de adega seriam necessários para curtí-lo melhor. Quero beber um mais velhinho destes. Se você tem paciência, compre um deste, ou mesmo um normal, e guarde. Terá um grande vinho para apreciar daqui a uns anos. Importação: Viavini.
O vinho seguinte, em garrafa magnum, dispensa maiores apresentações. Era um Vega Sicilia Valbuena 5o Año 2008. Não encontrei a ficha técnica dele no site da Vega, mas o que é conhecido é o seu envelhecimento por menor tempo que seu irmão maior, e mais Merlot no corte, dominado pela Tempranillo. O vinho tinha notas de cerejas e ameixa, em meio a baunilha, tabaco e couro. Nariz mais fresco, de vinho novo ainda, com bons anos pela frente. Em boca era sedosidade pura, marca da Vega Sicilia, e com ótima acidez. Bem, não preciso escrever mais, o carimbo Vega Sicilia dispensa. Vinhão! Importação: Mistral.

Grande noite fechando o ano! Isso aí, confrades!
![]() |
A turma reunida... Quanto vinho bão! |
![]() |
Rose e Chef Bart - Responsáveis pelo belo cardápio da noite |