terça-feira, 31 de julho de 2012

E no segundo ANIVERSÁRIO DO VINHOBÃO, só bebemos VINHOBÃO: Crasto Maria Teresa 2006, Buçaco Reserva 2004, Philippe Pacalet Chambolle-Musigny 2009, Protos Selección 2002 e Conde de Los Andes Gran Reserva 2004!

Digo e repito: O compromisso do blog Vinhobão é honrar o nome. De vez em quando escapam umas zurrapinhas, mas são raras (ainda bem...rs). E na celebração do segundo aniversário do blog, mesmo com a falta de dois confrades, o negócio pegou. Todos os vinhos estavam ótimos. Farei a descrição pela sequência decrescente de "boa (ótima) impressão" (na minha opinião, claro).
O primeiro vinho, unanimidade da noite, foi levado por este que vos escreve. Claro, eu tinha que levar um vinhobão. Era um Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa 2006. Este dispensa comentários - É um ícone português de muita estirpe. Vinho top da Quinta do Crasto, feito com mistura de castas (vinhas velhas) do vinhedo Maria Teresa, o qual conta com videiras de mais de 90 anos de idade. A maturação é feita em barricas de carvalho francês, por 18 meses. Ao nariz, mostra uma riqueza aromática incrível. São notas de violetas, cereja preta, frutas silvestres, confeitaria, kirsch, leve tostado, tabaco doce, chocolate e café com leite. Tudo muito bem integrado e que ia se alternando com o tempo. Camadas e mais camadas. Em boca, uma explosão!  Redondo, amplo e sedoso. Uma delícia engarrafada. Vinhobão, de verdade! O comentário da turma era que ele não era apenas o melhor da noite, mas o melhor do ano até aqui. 
O segundo vinho, levado pelo amigo Paolão, é outra raridade portuguesa, da Bairrada, alí bem pertinho de Coimbra. Olha, o Paolão matou um desejo meu, pois eu estava louco para apreciar este vinho. Era um Buçaco Reservado 2004. Não, não tem nada a ver com os "reservados" chilenos... rsrs. Não é chamado Reserva por motivos de regras da Bairrada. O vinho é comercializado apenas no Castelo de Bussaco (o nome do castelo se escreve assim) e no Brasil, importado pela Mistral. É vinho feito majoritariamente com Baga e pitadas de castas locais (cultivadas ao redor do Castelo, na Bairrada e no Dão). O destaque aqui é a tradição e a qualidade, motivos de elogios rasgados da crítica. Segundo o site da Mistral, é um vinho para conhecedores, que pode ser apreciado jovem, como este 2004, mas que ganha muito com o envelhecimento. Uma beleza de vinho! Díficil de descrever. Logo ao ser aberto, é fechadão, austero... Mas com pouco tempo na taça se abre em aromas florais, de frutas silvestres, fumo e alcaçuz. Em boca é austero, amplo, mas com taninos corretíssimos. Aliás, tudo corretíssimo! Vinhaço! Quero repetir logo. Tendo chance, não perca a oportunidade de apreciar um vinho desse. Inclusive o branco, que dizem também ser belíssimo.
O terceiro vinho foi levado pelo amigo JP. Este será provavelmente o que os meus 4 amigos discordarão de mim na sequência, pois parece que não o apreciaram muito, inclusive o próprio JP. Mas eu gostei demais. Foi um Philippe Pacalet Chambolle-Mousigny 2009. Um borgonhês de primeiríssima, feito de maneira natural pelo craque Philippe Pacalet (sem uso de defensivos químicos e pouco SO2 - só no engarrafamento). Aqui, esqueça os Pinot Noir novo-mundistas e conheça um verdadeiro. Um vinho sem aquele exagero de fruta madura dos Pinot do novo mundo. Ela estava presente (morangos silvestres, framboesa), mas integrada com notas terrosas e de ervas secas. Tudo isso, com ótima mineralidade! Em boca mostrava corpo e ótima acidez. Vinho com força, que certamente causa estranheza a quem pensa que Pinot faz vinhos fraquinhos, levinhos, para bebericar... Vinhaço, que só sentiu falta da escolta por um belo prato à base de pato.
O Caião levou um espanhol de responsa: Protos Selección 2002. Um ribera de vinícola tradicional, aliás, muito tradicional, pois foi a primeira de Ribera del Duero (Protos significa primeiro, em grego).  Este Selección é um vinho especial da Bodega, feito com uvas de vinhas de mais de 60 anos de idade. Além das notas de cereja, caramelo e tabaco, mostrava notas especiadas que foram surgindo com o tempo e que me lembraram um Pago de Carraovejas que o Paulão levou um dia. Em boca era bem redondo, com boa acidez, taninos maduros e levemente terrosos. Vinho muito gostoso, que chamou a atenção pelo lado especiado.
O Tonzinho levou um da vinícola Paternina, o Conde de Los Andes Gran Reserva 2004. A vinícola centenária, que conta com uma boa estrutura para enoturismo, faz vinhos em Rioja, Ribera del Duero e Jerez. Este Gran Reserva, feito com Tempranillo e Mazuelo, maturou 3 anos em barricas e mais dois na garrafa antes de ser comercializado. É um Rioja típico, com madeira presente, mas bem integrada a notas de cereja, tabaco e casca de laranja, em meio a couro e baunilha. Em boca, de médio corpo e com taninos redondos. Vinho muito bom, sem surpresas.
Bem pessoal, é isso aí! Vinhobão, é bão! E a vida é muito curta para ficar bebendo vinho ruim...

Caio e Paolão - Com as feras
Que cor do Chambolle...
Contra-rótulo do Buçaco 2004

10 comentários:

  1. PARABÉNS!!!
    Seu blog é muito informativo, bem variado, bem escrito e muito interessante. Sem dúvida um dos melhores da Enoblogs.

    Matéria sensacional. Parabéns pelos prodígios 2 anos!!!!

    Grande Abraço. Carlos E. Maluf

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    1. Caríssimo Carlos Eduardo!

      Fico muito agradecido e feliz e com seu comentário. O Vinhobão foi criado de maneira despretenciosa e hoje recebe a visita de muitas pessoas amigas e que dividem comigo o gosto pelo vinho. Seu comentário aumenta muito minha responsabilidade! Faço votos que o Caduco (www.caduco.blogspot.com.br) tenha longa vida, regada a muitos vinhos degustados!

      Um grande abraço e seja sempre bem-vindo!

      Flavio

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  2. Flávio, parabéns pelos 02 anos de blog!
    Mais que isso: obrigado por dividir conosco tantos vinhos. O sucesso do seu blog não tem segredo, é informação sobre vinhos (sobre vinhos mesmo), com qualidade e isenção. Simples assim, mas anda em falta por aí...
    E tô vendo que a seleção comemorativa foi de primeiríssima!
    Abs.

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    1. Grande Vitor!
      Muito obrigado meu amigo! Eu que agradeço a visita constante, os comentários sempre gentis, e as trocas de informações legais que fazem do blog uma bela diversão.
      Realmente a seleção comemorativa foi muito boa. Não foi muito programada, mas a turma caprichou...rsrs.
      Um grande abraço,
      Flavio

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  3. Boa noite
    Ainda tenho cá em casa, duas das três garrafas que comprei do Maria Teresa
    Um vinhão com um V bem grande.

    Mas, cá em Portugal, infelizmente, anda pela hora da morte :(

    http://www.garrafeiranacional.com/2011-quinta-do-crasto-maria-teresa.html

    Aliás, não sei como é possível isso, mas vocês conseguem comprar mais barato

    http://www.varanda.com.br/vinho-portugues-douro-quinta-do-crasto-maria-tereza-750ml.html .

    Comprei ha bem pouco tempo, um outro "ferrari" dos vinhos portugueses.
    Como faço sempre, antes de o comprar, passei por aqui para tentar ler algo sobre ele.
    Infelizmente, o Flavio ainda não teve a oportunidade de o provar, pois não encontrei nada sobre ele.
    Acabei por comprar e está aqui à espera de "respirar" ....

    Fazem cá falta notas de prova desse grande vinho da casa Ferreirinha.

    Como uma imagem vale mais que mil palavras, deixo-lhe uma fotografia do mesmo antes dele ir para "estágio"


    http://s2.postimg.org/pr0e8i7l5/20140724_154051.jpg
    [url=http://postimage.org/]image url[/url]

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    1. Caríssimo Fernando,
      Muito bom ter sua visita por aqui!
      Concordo com você: O Maria Teresa é um vinhão com V bem grande! Mas aqui também tem subido muito de preço. Eu paguei um ótimo preço neste da postagem, bem menor que o preço que você viu na loja aqui. Mas fiquei impressionado com o que está custando em Portugal! Mais de 200 Euros??? O recente 2011, que imagino estar grande, pode ser encontrado aqui pelo mesmo preço que você mostra em Portugal. Não sei como isso pode ocorrer.
      Estou curioso com o Legado! E tentado a comprá-lo. No entanto, vi que custa o dobro do Maria Teresa aqui... Uau! Mais caro que podemos encontrar alguns Barca Velha. No entanto, imagino ser um grande vinho, não? Fiquei com "boa inveja" da foto que enviastes.. :)

      Depois me diz como estava o vinhão!

      Abraços e volte sempre! Obrigado pela consideração ao blog. Saber que visitas o blog antes de comprar é motivo de orgulho.

      Flavio

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  4. Para ler as suas notas de prova, terei muito gosto em lho enviar daqui a um preço bem mais vantajoso

    http://www.garrafeiranacional.com/legado-2009-tinto.html

    juntando os custos de transporte

    Encomenda Internacional
    Consulte aqui os limites de peso.
    Número de Objetos: 1
    Peso (em gramas): 5000
    País de Destino: Brasil
    Aos preços apresentados, para encomendas com peso superiores a 10 kg, acresce IVA à Taxa legal em vigor.

    Custo dos serviços selecionados: € 63,00.


    Só não sei como se processa isso ai na alfandega para o levantar.
    Mas é uma questão de se informar.

    Mas penso que não será dificil se usar a minha conta ebay e o enviar por lá.
    Já comprei coisas ai (cachaça) via ebay e não tive problema com alfandegas.
    :)

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    1. Caríssimo Fernando,
      Muito obrigado pela gentileza. Eu vi que a Garrafeira Nacional entrega no Brasil, não? Parece interessante. Um amigo comprou e recebeu os vinhos em perfeito estado em sua casa. Eu nunca tentei, mas talvez fosse o caso. O que acontecer é ficar preso na alfândega. Tenho um amigo que sempre viaja a Coimbra. Quem sabe seja um boa opção também para me trazer uma garrafa. A propósito, em meu estado (Minas Gerais) são feitas as melhores cachaças do Brasil! Bom saber que as aprecia.
      Abraços,
      Flavio

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  5. Boa tarde
    Em principio não ficam, pois como vai tudo legal (fatura e impostos pagos), não deve ficar e tratava-se de uma normal importação.
    Não me perece que a garrafeira nacional envie vinhos para fora, correndo o risco dele não chegar a ser desalfandegado.
    O que se passa aqui em Portugal (já aconteceu comigo), é a mercadoria ser fiscalizada.
    Mas basta apresentar o talão de compra (a que é dada pelo paypall), para desalfandegar.
    O risco não é grande
    Fale com eles, sempre compra mais barato que ai.

    P.S.

    Acabada de sair do "estagio", para ser visitada pelo saca rolhas num jantar com amigos logo a noite.

    Vamos ver se ainda está em condições de ser bebido ...
    É o que dá deixar tesouros esquecidos na garrafeira.

    http://postimg.org/image/jbu5odbmv/

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    1. Caro Fernando,
      Espero que quando comprar não fique mesmo presa em alfândega. Um amigo teve uma experiência ruim recentemente.
      Uau! Um vinho de 1980! Espero que esteja bom e que o tenha aproveitado.
      Abraços,
      Flavio

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