quinta-feira, 2 de maio de 2013

Quinta do Vesúvio 2007: Esse é vinho de verdade!

Há tempos prometi ao amigo Caio levar uma garrafa do Quinta do Vesúvio 2007 para apreciarmos. Isso porque ele ficou impressionado com o vinho ao apreciá-lo tempos atrás em um Encontro da Mistral. Bem, eu também fiquei, mas como já mencionei aqui no blog, só considero ter tomado um vinho quando o descorcho, ou um amigo o faz. Como diz o Sr. José Manuel Bento dos Santos, da excelente Quinta do Monte D'Oiro, vinho é para ser bebido, não provado. Aquele negócio de sujar o fundinho de uma taça e sair dizendo que bebeu o vinho, não é comigo. Eu tenho que acompanhar a evolução do danado na taça, de sentir como se porta ao lado da comida etc. Bem, e chegou a hora de beber esse Quinta do Vesúvio 2007. 
A Quinta do Vesúvio era uma das preferidas de Dona Antônia Adelaide Ferreira (das Casas Ferreirinha) e foi adquirida pela familia Symington em 1989. A Quinta fica a apenas 45 km da divisa com a Espanha, no lado oriental do Douro, e é uma das mais belas do local. Ela era conhecida muito mais pela produção de excelentes vinhos do Porto, mas em 2007, resolveu lançar um vinho de mesa. E começou por cima - O Quinta do Vesúvio surgiu, logo em sua primeira safra, para competir com os maiores vinhos portugues.  O vinho é feito com 70% Touriga Nacional, 20% Touriga Franca e 10% Tinta Amarela, todas de vinhedos da parte mais alta da Quinta, de difícil acesso. O vinho maturou por 10 meses em barricas novas de carvalho francês. É um tremendo vinho! Ao nariz mostra notas florais (mas sem exagero), de amoras, cerejas pretas, kirsch e groselha, em meio a notas minerais, defumadas (no ponto certo), tabaco, chocolate e alcaçuz. Um monte de coisas, né? Característica de "vinho bão". É por isso que para mim, vinho tem que ser bebido, não provado. Tudo isso vai surgindo com o tempo, e não se mostraria em um fundinho de taça e em pouco tempo. Em boca o danado é sofisticado, untuoso, encorpado, mas sem perder a elegância. Os taninos são corretíssimos e o final é interminável. A cada taça se abria em novas nuances e nos levava a querer outros goles. Sem dúvida alguma para bater de frente com os grandes portugueses. Esse sim, é grandioso! 
Em pouco tempo esse vinho, da bela safra de 2007, será difícil de ser encontrado. Ainda não é tão conhecido como seu primo Duriense Meão, mas o preço já é similar (e a qualidade também). Quem quiser ter uma introdução a ele, pode experimentar um Pombal do Vesúvio, seu irmão menor, mas que, apesar de bom, fica a uns bons degraus de seu irmãozão. A propósito, os vinhos da Quinta do Vesúvio são importados pela Mistral.
Bisteca de Porco com Molho de Ameixa e Mel, sobre Purê de Batata Baroa - Obra do Chef Bart e que ficou ótima com o vinho

16 comentários:

  1. Flavio,
    Tens razão.
    Embora haja vinhos "retos", a maioria, acredito, evolui de uma forma ou de outra da abertura até o final da garrafa.
    Muito diferente de uma mera provinha de alguns ml, que serve geralmente e apenas para diferenciar do vinho anterior e do posterior.
    E essa safra, lembro de dizeres, foi das boas.
    Mais um belo corte português, então.
    Abraço!

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    1. Grande Alexandre,
      A evolução é uma das principais características de um vinho "bão". Tomando só um pouquinho até dá para saber que o vinho é bom, que evoluirá bem, etc., mas não dá para curtí-lo. Lembro-me de uma degustação em que a produtora Italiana estava tufando a minha taça e pedi que parasse, pois já estava bom. Ela então disse que não, que o vinho tinha que encher a boca com vontade para que sentíssemos todo o seu potencial. E eu concordo.
      Quanto a esse Vesúvio, uma beleza de vinho de uma grande safra.
      Um grande abraço,
      Flavio

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  2. "Aquele negócio de sujar o fundinho de uma taça e sair dizendo que bebeu o vinho, não é comigo. Eu tenho que acompanhar a evolução do danado na taça, de sentir como se porta ao lado da comida etc."

    Flávio,

    Gostei muito de ler o seu texto, porque é exatamente o que penso. Também não consigo avaliar um vinho desta forma. Seria mais ou menos como julgar um time de futebol apenas pelos primeiros 15 minutos da partida.

    As degustações são para se conhecer vinhos, ter a oportunidade de falar com produtores e outros enófilos. Nesses eventos a gente tem a oportunidade de ter uma visão inicial dos vinhos e dos produtores, das novas tendências, o que pode nos ser útil como guia em futuras compras. Além do que é divertido.

    abraços,

    Alexandre/DF.

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    1. Oi Alexandre,
      Muito obrigado! Que bom que divides comigo a opinião. Concordo plenamente com sua analogia com o time de futebol. Perfeita! Atualmente, no meu caso, nos primeiros 15 minutos de jogo do Vascão já vejo que terei que aguentar mais 75 minutos de sofrimento...rs. Mas um dia isso muda...rs.
      Eu também gosto de degustações, para conhecer os vinhos e bater papo com os produtores. Isso não tem preço. E nelas, como você bem mencionou, temos uma visão incial da qualidade dos vinhos e tendências. Aí, depois, compramos uma garrafa e bebemos o vinho com calma. Realmente é muito divertido. Eu só não me divirto na Expovinis, que provavelmente nunca mais irei, pois aquele movimento todo e a quase impossibilidade de conversar em paz com os produtores me deixa louco...rs.
      Grande abraço!
      Flavio

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    2. Hehehe... vai melhorar, o Vasco está em processo de renovação. Por enquanto é como aquele vinho que não muda nada durante toda a prova. :>)

      Realmente esses megaeventos também não me atraem. Muita confusão, barulho, gente chata e os bebados de plantão.

      Alías faz muito tempo que não vou em nenhum evento. Vou tentar ir no da Mistral ou algum outro este ano.

      grande abraço,

      Alexandre/DF

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    3. Espero que o Vascão melhore, Alexandre! Mas tá demorando...rsrs... Tá parecendo mesmo aqueles vinhos fechados, que não abrem nunca! E ainda corre o risco de vinagrar...rs.

      Então, você lembrou justamente o que me deixa chateado nessas megadegustações: Confusão, barulho, gente chata e bêbados de plantão! Não dá! Tem gente dando cotovelada, socando a taça na cara da gente enquanto conversamos com o produtor (quando isso é possível) etc. O pessoal vai para se embebedar, não para apreciar vinhos. Nem lembram depois o que beberam.
      Os eventos da Mistral, Vinci, Decanter e World Wine já são outra coisa. Neles dá prá conversar com o produtor e a porcentagem de gente chata é muito menor. Mas ainda tem a turma que trabalha em restaurantes, ganha ingressos, põe um crachazão de "Sommelier" no peito com o nome do restaurante e pensa que tem direito de fazer o que quer. E quando chegam no produtor, nem cumprimentam e já apontam o último vinho? É de chorar...rs.
      Abração,
      Flavio

      ps. Tente ir no evento da Vinci. Em Sampa será nos dias 14 e 15. Eu irei no dia 14, quem sabe não nos vemos lá?

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    4. Pois eh, nesse aí já sei que não vou poder ir. Vamos ver no da Mistral. Ano passado tentei ir mas não deu, vamos ver este ano.

      Se eu for te aviso pra gente se encontrar.

      abraços,

      Alexandre.

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    5. Que pena, Alexandre! Mas espero que consiga ir no da Mistral. Acho que esse ano, se tiver, será o Tour Mistral, não? Tem o da Decanter também, acho que em junho, e que também é bem legal. Se for em qualquer um deles, dê um alô prá gente se encontrar lá e tomar uns vinhões juntos.

      Abraços,

      Flavio

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  3. Flávio, gostei demais desse Vesúvio. Naquela correria, conseguiu mostrar um pouco da sua qualidade. Pra mim, foi o melhor português do dia. Lembro de tê-lo colocado nos meus Top5 daquela megadegustação.
    Mas, pensando bem, ele foi apenas o melhor na arrancada. Da garrafa pra taça, foi superior... mas como ficariam todos uma, duas horas depois? Bem, aí só comprando a garrafa, como vc fez. E, pela sua descrição, ele ainda conseguiu melhorar!
    Abs.

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    1. Pois é, Vitor! É um vinhaço! Meu amigo Caio ficou doido com ele, que julgou o melhor do evento. E olha, depois de um tempo ele ficou incrível. Mudava como um camaleão na taça. Realmente impressionante.
      Abraços,
      Flavio

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  4. Blz Flávio

    Um pouco (ou bastante) afastado daqui...esta nossa excelente banda larga que temos....
    Este é um vinhaço mesmo. Tomei a uns 2 anos e foi marcante, mas melhor foi um comentário seu aqui: vinho é para ser bebido, não provado; nada de apenas sujar o fundinho de uma taça e sair dizendo que bebeu o vinho!
    Compartilho mesmo esta idéia

    Abs
    Orlando

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    1. Realmente, Orlando! Estava sentindo falta dos comentários do amigo.
      O vinho é mesmo marcante. E ainda tem muitos anos pela frente. Bom que você concorda com a máxima de que vinho é para ser bebido, não provado. A meu ver, a prova é só para atiçar nossa vontade de abrir uma garrafa na presença de amigos (e de preferência, com boa comida). E aí, o vinho ficará ainda melhor.
      Abraços,
      Flavio

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  5. Flavio, este vinho está custando pouco mais de 30 euros no site Garrafeira Nacional. Aqui, a Mistral cobra quase R$ 400,00.

    Um amigo meu vai na próxima semana a Lisboa e a ele encomendei uma garrafa. Estou na dúvida entre três: Quinta do Vale Meão, Batuta e este Quinta do Vesúvio. Todos eles, aqui, importados pela Mistral, custam em torno de R$ 400,00. Em Portugal, todavia, ao menos no referido vendedor lusitado, os dois primeiros giram em torno de 50 euros e o último, como já mencionado, custa pouco mais de 30 euros.

    Daí lhe pergunto, qual deles é o de sua preferência? Pode-se dizer, além disso, que eles estão num nível similar?

    Abs.,

    Roberto.

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    1. Oi Roberto,
      O Vesúvio lá custa perto de 40 Euros (38,90). Eu paguei 40 e pouco, pois peguei na Espanha. Mas é aquele negócio: Pegam o preço em Euros e multiplicam por 10 para terem o preço final em Reais. E a gente dança! rs. O Vesúvio por 40 lá é uma compra e tanto.
      O Meão varia muito o preço com a idade. Um ano mais velho e o preço sob bastante.
      Agora você me fez uma pergunta difícil... Os 3 são grandes vinhos! Tops portugueses... Mas eu ficaria entre o Vesúvio e o Batuta. São estilos distintos. O Vesúvio é mais cheio, denso, enquanto o Batuta mostra mais frutas silvestres, especiarias e tem um frescor impressionante. A escolha é cruel, mas se você me perguntar que vinho queria ter na taça agora: Batuta! Se for na racionalidade, considerando que para pegar um Batuta ou Meão antes de 2008 vai pagar mais, e que o Vesúvio é um 2007, e está com bom preço, ele começa a se destacar. Em suma, estará feliz de qualquer jeito...rsrs.
      Grande Abraço!
      Flavio

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    2. Flavio, muito obrigado pela dica. Acho que ficarei com o Vesúvio, até para não forçar meu amigo a estourar a cota de importação.

      Abs.

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    3. Oi Roberto,
      Não há de que! Espero que você goste. Mas eu aposto que vai gostar. É um vinhaço! Riquíssimo! Primeiro time!
      Abraços,
      Flavio

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