sábado, 2 de julho de 2011

Domus Aurea 1999, EPU de Almaviva 2001 e Cuvée Alexandre 2001

Nesta última noite de sexta-feira apreciamos alguns vinhos chilenos de estirpe e de idades parecidas, feitos em excelentes safras e que dificilmente poderão ser encontrados no mercado. Eram eles o Domus Aurea 1999, o EPU (de Almaviva) 2001 e o Cuvée Alexandre Cabernet Sauvignon 2001, da Casa Lapostolle (mesma produtora do aclamado Clos Apalta). O Domus Aurea e EPU são vinhos bem mais caros que o Cuvée Alexandre e, considerando seus preços atuais, este último custa um pouquinho mais que um terço do valor dos outros dois. Bem, mas vamos aos vinhos...
O Domus Aurea é um top chileno, feito pela vinícola Clos Quebrada de Macul, e é um vinho tradicional, fiel representante do Alto Maipo. Este 1999, de uma cor rubi bem bonita (nem revelava sua idade), é feito majoritariamente com Cabernet Sauvignon, mas tem pitadas de Merlot e Cabernet Franc. Passou 18 meses em barrica de carvalho. Mesmo em decanter demorou a se abrir. Mas depois de uma hora foi liberando belos aromas de frutas, como o cassis, cereja e groselha. Possuia também aromas de eucaliptol (típico dos tradicionais chilenos), menta, notas terrosas e leve café. Em boca era seco, como deve ser, mineral, amplo, mas sem exagero. Os taninos eram presentes mas já estavam redondos, e junto com uma acidez equilibrada davam ao vinho um conjunto muito agradável. Um grande vinho, sem dúvida - entre os tops. A Wine Spectator lhe outorgou merecidos 92 pontos.

Paralelamente, apreciamos o EPU 2001, de Almaviva. Bem, este  aqui trazia com ele a curiosidade por ser o irmão menor do super badalado (e caro demais pelo que oferece) Almaviva. O EPU é feito com Cabernet Sauvignon (majoritariamente) e Carmenére do Vale do Maipo. É vinho novo-mundista típico, muito maduro, bomba de frutas compotadas e madeira aparente. Destacavam-se notas de chocolate, leve menta e balsâmicas. Em boca era amplo, com bons taninos, mas era pesado, meio enjoativo. Tanto que sobrou um terço da garrafa no decanter! Mesmo estando em quatro pessoas! E olha que a opinião foi unânime em relação a ele. Aliás, um amigo, grande entendedor e apreciador de vinhos, já havia me dito que não gostou dele (e que tinha deixado meia garrafa sem beber, pelos mesmos motivos). Eu até pensei que este 2001, de uma grande safra e com 10 anos de idade, já estivesse mais domado. Mas não estava! E não agradou.



Bem, e junto com estes dois bebemos um mais modesto, mas que é um excelente custo benefíco e que sempre arrebata boas pontuações, o Cuvée Alexandre 2001, da Casa Lapostolle. Esta vinícola é considerada a mais francesa das vinícolas chilenas. Seus vinhos são exemplo de elegância e equilibrio. Eu havia bebido um destes, da mesma safra, há uns 3-4 anos atrás, e ficado maravilhado com ele, que considerei um dos melhores Cabernet Sauvignon chilenos que apreciei. Um bordeaux! Obviamente, eu estava curiosíssimo para apreciar ele agora com 10 anos, prazer que o amigo Carlos André nos proporcionou. E olha, foi realmente prazeiroso. O vinho estava maravilhoso. Sua cor, rubi escura, ainda estava vivíssima, sem demonstrar a idade. Ao nariz, belas notas notas de amora e framboesa, mescladas a leve café, chocolate e uma pitadinha de baunilha e especiarias. Em boca estava uma beleza, macio, redondo, sedoso, com taninos finíssimos. Nem preciso dizer que foi o primeiro a "evaporar" logo do decanter. Aliás, isso é um bom termômetro: Vinho sobrou, não agradou!

Antes que eu me esqueça, os vinhos da Casa Lapostolle são importados pela Mistral, o Domus Aurea pela Zahil e o EPU é vendido pela Wine.

8 comentários:

  1. Respeito sua desgustação, seu gosto e o resultado, mas algo errado aconteceu com este EPU 2001, pois este vinho (na safra indicada) é um dos melhores vinhos do Chile que conheço. Olha que já bebi o EPU 2001 pelo menos umas seis vezes, em datas distintas, e nunca tive uma decepção (creio que é melhor que algumas safras do Almaviva). Conheço os dois outros vinhos (também na safra respectiva ao post) e digo que ambos são ótimos, mas as minhas experiências com o EPU 2001 forma melhores (bebi uma garrafa agora em janeiro fantástica). O mundo do vinho permite alguns fatos inusitados e, sinceramente, acho que foi o que aconteceu. parabens pelo blog e pela boa matéria, abraços, Rodrigo Mazzei

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  2. Caro Rodrigo,
    Muito obrigado por sua visita e pelo comentário. Sem dúvida para todos que apreciaram o vinho foi uma surpresa, pois a expectativa era grande. Além disso, já havia lido várias postagens sobre o EPU, com grandes elogios. Mas este realmente não nos agradou. Bem, espero mesmo que seja um problema da garrafa em questão, o que não raramente acontece. Quero ter outra oportunidade de apreciá-lo e tomara que mude minha opinião.
    Um grande abraço,
    Flavio

    ps. Visitei seu blog e gostei bastante. Tomei a liberdade de inclui-lo em minha lista de links interessantes.

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  3. Caro Flávio, apenas para ficar bem claro: minha surpresa não foi o EPU ter sido o último colocado (até porque o gosto pessoal de cada um influi); o que me supreendeu foi o vinho (na safra 2001, que é ótima para o EPU) estar tão fora do seu eixo (tanto assim que vc relata que sobrou 1/3 do decanter). Recentemente, vi um post do Silvestre (do blog Vivendo a vida) que relata uma decepção dele com Almaviva de boa safra. Eu mesmo tive uma decepção recente com um supertoscano muito afamado.... Efim, acho que todos podemos ser "sorteados" um (ou mais) dia(s). Assim, por favor, não fique chateado comigo e, principalmente, com o EPU 2001 (rsrs ....). Se tiver uma oportunidade, dê a segunda chance ao vinho. Por fim, agradeço pelas gentis palavras quanto ao meu blog (que é muito simples e, na verdade, serve como uma "pequena terapia" - rsrssrr). Abraços, Rodrigo

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  4. Carissimo Rodrigo!
    Nós também ficamos bastante surpresos, pelo pedigree do vinho e pela bela safra. Inclusive o amigo que ofereceu o vinho disse ter bebido outros, da mesma safra, e que estavam bem melhores, o que sugere que possamos ter sido "sorteados". Só espero ter a chance de beber outro da mesma safra (ou de outras) para mudar minha opinião (o que me deixará muito contente!). A propósito, fique absolutamente tranquilo que não fiquei chateado (nem com você nem com o EPU! rsrs..). Eu acho bem legal receber opiniões no blog. Aliás, espero que você continue com sua "pequena terapia" no Vinhos e Viagens, que tem postagens muito legais! Ah, e continue visitando o Vinhobão e deixando seus comentários, muito bem-vindos!
    Grande abraço,
    Flavio

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  5. Também respeito a opinião do Rodrigo mas fico com a do Flavio. A experiência que tive com esse vinho não foi agradável, pois o mesmo tinha muita extração, um mentolado e um herbáceo incomodativos. Características que não agradam meu paladar. A safra era 2007 e concordo com o Rodrigo que na safra 2001 deveria estar bem melhor, tanto que o melhor vinho chileno que tenho lembrança foi um Pargua 2001. Mas como a primeira impressão marca muito, não pretendo gastar com EPU.

    Abraços

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  6. Grande Eugênio,
    Obrigado pelo comentário. Também respeito a opinião do Rodrigo e de outros colegas que gostaram do EPU. Como você diz, "duas opiniões divergentes podem estar certas sobre o mesmo tema" (é isso?). O que acontece é que estas características do EPU que você cita também não me agradaram. Acho que os chilenos estão exagerando na extração (e no preço!). Eu estou preferindo os europeus, principalmente ibéricos e franceses do Rhone, Languedoc-Roussillon e Loire (bem, destes últimos sei que você é fã incondicional!).
    Grande abraço,
    Flavio

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  7. Flavio,

    Tenho uma solução,vamos abrir a garrafa do Tom para ver como esta o vinho.Que tal uma especial em casa na quarta que vem?Creme Brulle por sua conta!

    Abs, JP

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  8. Caro JP!
    Idéia excelente! Vamos mobilizar a turma e dar mais esta chance pro EPU. Que tal às cegas? E pode deixar que faço o Creme Brulle!
    Grande abraço,
    Flavio

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