segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Pinot Noir L'Île de Beauté François Labet 2011: O que achei do Vinho do Ano da Prazeres da Mesa

Recebi a notícia de que um Pinot Noir de menos de 60 pilas havia sido eleito o vinho do ano pela revista Prazeres da Mesa. Bem, Pinot Noir bom e barato? Difícil, hein? Adquiri umas garrafas e levei a primeira delas em uma reunião da Confraria do Ciao. Foi uma prova de fogo para o vinho, pois a turma não é fácil. Para complicar, na mesma noite a turma levou vinhos de peso (para variar...), que incluiam um belo italiano, um corte argentino e um Shirazão português de responsa (será tema de outra postagem). Bem, mas o vinho passou pela prova de fogo. A primeira delas: O Fernandinho gostou! Primeiro ponto positivo, pois o Fernandinho não gosta de Pinot Noir (dá para acreditar?). 
Bem, mas vamos a ele. O Pinot Noir L'Île de Beuté François Labet 2011 é vinificado na Borgonha, pelo tradicional Domaine Pierre Labet, mas com uvas oriundas de um vinhedo de solo granítico na Ilha de Córsega. A maceração pré-fermentativa é feita com os cachos inteiros e a fermentação parece ser realizada com as leveduras presentes na própria uva. Depois de duas semanas o vinho é trasfegado para barricas de madeira (segundo o site da Decanter, de segundo uso, por 12 meses) e engarrafado sem filtração. O vinho, de ótimos 12% de álcool, é fresco, vivo, aromático, fácil de beber. Ao nariz mostra frutas silvestres e especiarias. Em boca é leve, festivo, com ótima acidez e mineralidade. Vinho alegre e, como citado no próprio catálogo da Decanter (sua importadora), fica acima de boa parte dos borgonhas genéricos encontrados por aí. Eu gostei. Se tem cacife para para ser o vinho do ano, já não sei e isso não me importa muito. Provavelmente o fator preço foi levado em consideração. É claro que não se pode apreciar um Pinot Noir francês de 57 pilas pensando que vai arrebentar. Não é essa a proposta. Não espere algo próximo de um borgonhão, e sim, um vinho bem feito e de bom preço.   Pegue o seu, experimente e depois me diga o que achou. Eu o adquiri no Empório Basílico, da vizinha Araraquara (alí, na belíssima rua 5).

14 comentários:

  1. Blz Flávio

    Como sempre...super completo seus comentários, além de esclarecedores.
    Em termos de Pinot Noir...o melhor que tomei (na minha mais simplista opinião...quase sem fundamentação..rsrs) foi o Newen Reserve Pinot Noir 2010 um argentino de Bodelga del Fin do Mundo. Com um espaguete caiu muito bem

    Abs
    Orlando

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    1. Caríssimo Orlando!
      Muito obrigado pelo comentário e visita de sempre. Eu ainda não provei o Newen PN. Mas há bons Pinot Noir produzidas na Patagônia. Seguem um estilo diferentes dos Mendocinos. Se encontrar esse Pinot Noir que descrevo na postagem, experimente. Acho que vai gostar.
      Grande abraço!
      Flavio

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  2. Caro Flávio,
    Ainda não bebi o dito cujo, mas suas impressões batem exatamente com minhas expectativas. Devo bebê-lo em breve e já fiquei mais animado após seus comentários. Só tem um detalhe: não dá para chamar de borgonha um Pinot Noir feito com uvas da Córsega, né? Eu sei que foi "força do hábito"... rsrs.
    Grande abraço,
    Luiz Cola

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    1. Caro Luiz,
      É um vinho fácil de beber. Acho que você gostará. Mas com as ressalvas acima...rs.
      Quanto a chamá-lo de borgonha, embora eu tenha citado no inicio da postagem que ele era vinificado na borgonha, mas com uvas da Córsega, umas palavras "borgonha" no final do texto davam margem à idéia de que se tratasse de um borgonha. Resolvi revisar e tirar a palavra borgonha do texto para não causar confusão...rs. Valeu o toque!
      Grande abraço,
      Flavio

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  3. Flávio, sinceramente, quando vi a premiação, pensei num Île de Beauté Loco, rs.
    Se é um bom Pinot francês pelo preço, seja da Córsega ou da Borgonha, já vale a pena conhecer. Aliás, melhor mesmo que não seja da Borgonha, ou custaria mais de 100 Dilmas, provavelmente.
    Abs.

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    1. kkkk... Ele escapa de ser um Beauté Loco, Vitor. É agradável o danado. Mas é aquele negócio: Tem que ir com a expectativa na medida para não se decepcionar. Quando tirar a rolha já lembrará disso...rs.
      Sem dúvida se fosse um borgonhês de corpo e alma, o preço seria mais alto. Eu vou deixar uma garrafinha guardada, para ver o que acontece...rs. Quando vê, tenho uma surpresa daqui a um tempo.
      Abraço!
      Flavio

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  4. Flávio, já tomaste o Leyda Lot 21? O que achou?

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    1. Oi Cristiano,
      Tempos atrás nosso confrade JP nos brindou com uma garrafa dele. Já faz tempo, mas lembro que gostamos do danado. Os Leyda são muito bem feitos. Só acho o preço das linhas superiores, como esse Lot 21, meio salgado. Se bem que os preços de todos os chilenos estão subindo.
      Grande abraço!
      Flavio

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    2. Flavio, meu caro, mais uma vez volto a lhe aperrear.

      E mais uma vez também escrevo em cima de posts antigos seus, a partir daquilo que entendo ter alguma coisa a ver com minhas dúvidas.

      Como sabes, estive na Borgonha, trouxe de lá três vinhos: Clos de Vougeot Grand Cru de Louis Jadot, safra 2009, Chambolle-Musigny, 1er. Cru Baudes, de Joseph Drouhin, também 2009, e Corton - Clos du Vigne au Saint Grand Cru de Louis Latour, mais uma vez da excelente safra 2009.

      No Free Shop do Aeroporto de Frankfurt ainda comprei um Vosne-Romaneé de Albert Bichot, safra 2010.

      Todos os vinhos acima, como se vê, são bem jovens. Precisam, por certo, de uma boa maturação. Além disso, todos eles custam mais de R$ 400,00, aqui no Brasil. O primeiro beira a casa dos R$ 1.000,00. Não são vinhos, pois, para abrir a qualquer momento, até pela dificuldade de repor-los (sempre que tenho um vinho assim fico na "picuinha" de abri-lo e não poder, não de logo, ter outro lá).

      Quero, contudo, ter mais vivência com a Pinot Noir (uva que está me cativando) e, principalmente, com os pinots borgonheses. O preço, como se sabe, deles aqui não é dos mais atrativos.

      Pesquisando, descobri na Wine os quatro seguintes: Louis Latour Chassagne-Montrachet, 2010, por algo em torno de R$ 160,00, Louis Latour Marsannay, 2010, por algo em torno de R$ 93,00, Olivier Laflaive Volnay, 2009, por algo em torno de R$ 165,00 e Olivier Laflaive Pommard, 2009, por algo em torno de R$ 190,00. Além deles, há alguns borgonhas genéricos, tanto dos produtores citados, como de outros como Bouchard Pers e Fils, na faixa de R$ 70-95.

      Que me dizes deles?

      Grato desde já.

      Abraço forte,

      Roberto.

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    3. Grande Roberto,
      Você não me aperrea, meu amigo! rsrs. É sempre um grande prazer ter sua visita diária aqui no Vinhobão!
      Comprastes grandes borgonhas, hein? Esses tem mesmo que descansar um pouquinho e serem abertos em ocasiões especiais. Mas sabe de uma coisa? Já não ligo mais para esse negócio de ocasião especial. Deu vontade, mando ver! rs. Mas é bom ter uns vinhos que nos apresentem os maiores e que não custem tanto, como os que você viu na Wine. Eu sempre penso que um Borgonha genérico é melhor que um monte de Pinot Noir sem-vergonha que é encontrado no mercado. O Latour oferece uma ampla gama, desde os mais simples, até os mais complexos e caros. Os que você encontrou na Wine são mais simples, e têm bom preço lá fora. Eu arriscaria no Marsannay dele. No caso do Olivier Leflaive, também tem coisa muito boa Este Pommard 2009, embora este a 190, custa 60 doletas nos EUA. Fazendo as contas no preço de hoje do dólar, daria 150 pilas. Ou seja, você pagará um só um pouco mais que o preço nos EUA. Eu colocaria na cesta. Quanto ao Bouchard, vale as mesmas observações. Eu prefiro um mais simples dele que alguns do tipo "super hiper premium reserva especial" que aparecem por aí...rs.
      Grande abraço,
      Flavio

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    4. Flavio, sempre bom ouvi-lo. Fico muito grato pela consideração.

      Vou arriscar uns aí. Preciso conhecer este universo que são os vinhos da borgonha, em especial sua majestosa Pinot Noir.

      Veja que, além disso, está difícil encontrar pinots do chamado Novo Mundo a um preço mais baixo. Americanos e neozelandezes, já sabemos: são caros aqui por diversos fatores. Chilenos, por sua vez, ou são de linhas bem básicas, algo que não é bem confiável, ou custam praticamente o mesmo destes borgonheses mais simples, embora não tão simples assim, como o citado Marsannay de Louis Latour. Não achas?

      A propósito, já provastes o Pinot Noir da Série RAR da Miolo?

      Abs.,

      Roberto.

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    5. Amigo Roberto,
      Espero que as dicas sejam válidas...
      Concordo plenamente com você em relação aos preços dos PN americanos, neozelandeses e chilenos. Desses últimos, para pegar algum com mais qualidade, paga-se o mesmo que um borgonha mais simples. Aí não dá. Quer uma dica? Entre no site da Vinci, clique "promoção" no campo de busca e aparecerá alguns vinhos que ainda estão em oferta no site. Tem uns Pinots neozelandeses da Villa Maria a bom preço lá, desde um mais simples por um pouco mais de 70 Reais até alguns mais complexos, que passam de 100. Tem um Cellar Selection por pouco mais de 120 que deve ser bom. Só não gostei muito do Gibbston Valley (postarei amanhã).
      A propósito, bebi tempos atrás o RAR. Até gostei dele, embora tenha o jeitão típico de novo mundo. Esses dias bebi o Valduga Identidade 2012 e o Salton Volpi 2011, que foram elogiados em alguns blogs recentemente. Não gostei de nenhum dos dois. Nem postei.
      Abraços,
      Flavio

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    6. Flavio, meu caro, vou dar uma olhada nas dicas.

      Na noite que passei em Beaune, tomei um Latour Chassagne-Montrachet, 1er. Cru, 2009. Muito jovem, claro. Mas um belo vinho. Custou-me pouco menos de 25 euros. Um ótimo preço para um 1er. Cru de uma safra excelente, não? Lá eles dão muito valor mesmo a essa coisa da safra. O preço muda muito por conta delas. O Clos Vougeot mesmo saiu por pouco menos de 100 euros. Se tivéssemos comprado um da safra 2007 ou 2008 sairia por pouco mais 70 euros. Da safra 2005, também excelente, o preço seria o mesmo. Optei pela 2009 pelo maior potencial de guarda.

      Recentemente, tomei o Calyptra Gran Reserva Pinot Noir, que comprei numa promoção da Wine. Bom vinho. Tem, contudo, aquele jeito meio novo-mundista, como se diz: muita fruta madura e pouca complexidade. Interessante que ele passa por mais de vinte meses em barricas novas de carvalho francês e não fica amadeirado (no sentido ruim).

      Na minha parca experiência, acho essas longas estadias em barricas uma coisa meio incerta: encarece o preço e nem sempre gera bons resultados. Na Itália (vide brunellos e barolos riservas)os vinhos maturam muito tempo, mas, em geral, são em toneis, não em barricas (ou não apenas). Além do que eles têm toda a expertise. É difícil, por exemplo, tomarmos brunellos pesando na madeira. Não achas? Aqui, no Chile e na Argentina, percebe-se que, por vezes, eles acabam querendo compensar alguma coisa com muita madeira, ou seja, longo tempo de barrica.

      Abs.,

      Roberto.

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    7. Oi Roberto,
      Realmente no velho mundo valorizam mais as safras. No Chile, um amigo disse que o pessoal nem olha, e que talvez os estrangeiros se importem mais com elas que eles próprios.
      Ainda não experimentei os Calyptras. Vi opiniões diversas sobre eles. Preciso conhecê-los.
      Quanto ao estágio em madeira, realmente tem que ser feito por quem tem know-how. Nem todos os produtores trabalham bem com ela. Os italianos e franceses são experts. Na Espanha, também (vide os grandes Tondonias de Lopez de Heredia, em Rioja). Infelizmente, tem produtor que pensa que o simples fato de usar a madeira garantirá um bom vinho. E sem contar aqueles que usam os famosos "chips". Isso é evidente em vinhos baratos, para os quais é mencionado o uso de barricas de carvalho francês, novas! Impossível.
      Essa é também uma discussão longa...rs.
      Grande abraço,
      Flavio

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