quinta-feira, 25 de abril de 2013

Don Maximiano 2008 versus Don Melchor 2008: Briga Chilena!

Dois amigos da Universidade e esse que vos escreve resolvemos realizar um encontro acadêmico e é claro, regado a bons vinhos. Sendo a meu convite, resolvi entrar com as botellas. 
Bem, a dupla era formada por dois chilenos badalados: Um Don Maximiano 2008 e o Don Melchor 2008. Esses vinhos fazem uma guerra particular entre os grandes vinhos chilenos. Ambos colecionam elogios da crítica especializada. O Don Maximiano, vinho top da chilena Errazuriz, surpreendeu o mundo ao vencer, em degustações às cegas, vinhos renomados de Bordeaux. O Don Melchor, que surgiu com um ótimo preço, logo em suas primeiras safras ganhou elogios rasgados da crítica e com isso, aumento de preço. Os dois situam-se na mesma faixa e têm em comum serem feitos majoritariamente com a Cabernet Sauvignon. Nesse nosso jantar, apreciamos um exemplar de Don Maximiano 2008 e um Don Melchor do mesmo ano, harmonizando com pratos elaborados pelo Chef Bart, do Chez Marcel.
O Don Maximiano 2008 é feito com 84% Cabernet Sauvignon, 8% Carménère, 5% Syrah e 3% Petit Verdot, do Aconcágua. A colheita e seleção das melhores uvas são feitas manualmente. A fermentação é feita em pequenos tanques de inox e a maturação em barricas novas de carvalho francês por 20 meses. É um vinho aromático, com notas de cassis, cereja preta, tabaco, canela e alcaçuz. Um fundo tostado também se fazia presente, sem exagero. Em boca, repetia o nariz e mostrava grande equilíbrio. Tudo no lugar: fruta, álcool, acidez e a madeira. Os taninos são corretíssimos e muito sedosos. Um vinho muito gostoso. Gostei mais que outros de safras anteriores que bebi. Elegância prá dar e vender (principalmente para vender...rs).
Junto com o Don Max, apreciamos um Don Melchor 2008. Esse com boas diferenças em relação ao anterior. O vinho é feito com 97% Cabernet Sauvignon com 3% de Cabernet Franc e passa 15 meses em barricas de carvalho francês. É um vinho com mais pegada, nervoso, com notas de cassis, tabaco, café, tostado e chocolate. Um fundo balsâmico também estava presente e a madeira  aparece, mais do que eu desejaria. Talvez (espero) melhore com o tempo. Os taninos são mais presentes que no Don Max, assim como a acidez. É um bom vinho, com maior potencial de envelhecimento que seu colega da Errazuriz. Mas a madeira me incomodou.
Uma curiosidade: A Wine Spectator deu apenas 89 pontos para o Don Maximiano e 94 pontos para o Don Melchor. Uma diferença que nem eu, nem meus dois amigos concordamos. A nosso ver, o Don Max era mais rico e elegante enquanto o Don Melchor estava um pouco áspero (talvez evolua com tempo de adega). Esse Don Max 2008, talvez por não ter tanta potência, não agradou muito a WS. E eu acho isso bom. Ambos, são vinhos internacionais, feitos para agradar.  Eles me agradam? Claro! Não sou bobo nem nada... Mas já me entusiasmaram mais. Atualmente, meus olhos já não brilham tanto ao mirá-los. E além disso, os dois são caros no Brasil. Pelo preço de cada um eu faço a festa com belos portugas, espanhóis, italianos e franceses, que me deixariam mais feliz. E não precisa procurar muito, hein!
Mas o fato é que a comida estava boa, a companhia dos amigos maravilhosa e os vinhos, enriqueceram muito o momento.
Até a próxima!

10 comentários:

  1. Flavio,
    Briga de cachorro grande!
    Ainda não provei o Don Max, mas conheço outros produtos da Errazuriz, cujas linhas mais inferiores já trazem vinhos de qualidade.
    O Don Melchor, bem, fera! Mas nunca provei um tão novinho assim.
    Será que essas notas da WS não levam em conta um potencial de envelhecimento que concluiste ser maior no Melchor?
    Pois é, quando a prova leva a um entendimento contrário à avaliação da crítica a gente fica a buscar explicações, já que eles pouco explicam.
    Problema desses vinhos realmente é o preço. Acha-se coisa muito boa, por preço bem menor, claro menos badaladas.
    Grande prova!
    Abraço!

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    1. Realmente, Alexandre! Buldogões! Você precisa experimentar o Don Max. Ele prima pela elegância. Esse 2008 está bem macio.
      O Don Melchor 2008 está mais pegado. Tempos atrás tivemos a oportunidade de apreciar por algumas vezes o 2006, que estava mais macio. Acredito que a safra tem influência nisso.
      Acho que o negócio de potencial de envelhecimento pode ser um ponto favorável ao Melchor na nota. Mas acho que tem algo acima disso (e o comentário do amigo Vitor vai de encontro ao que penso também). O Don Max nunca levou boas notas da revista, e não vejo distância dele para o Don Melchor. Aliás, esse 2008 achei melhor. Isso se repete para alguns vinhos. É só ver as notas que o Biondi-Santi levava da WS. Agora, por um milagre (?), começaram a avaliar bem os Biondi. Será que fórmula do vinho mudou? rsrs... Ficou mais internacional? Ou a WS começou, de uma hora prá outra a gostar de Brunellões tradicionais? É um mistério.
      Bem, e realmente, o problema tanto do Don Max quanto do Don Melchor, é o preço. Pelo que paguei, na faixa que o Vitor cita abaixo, está muito bom. Acima disso, começa a complicar.
      Abração e obrigado pelo comentário legal de sempre!
      Flavio

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  2. Flávio,

    Nossas impressões sobre estes vinhos são as mesmas, são bons, mas já não encantam como antigamente. Também tenho investido em outras garrafas, portuguesas, italianas, algumas francesas, e até mesmo chilenas e argentinas, mas fugindo muito desses vinhos "overpriced".

    Mas sempre que surge a oportunidade são vinhos que ainda despertam a nossa curiosidade em prová-los.

    abraços,

    Alexandre/DF

    Ps: Consegui comentar apenas usando o Chrome.

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    1. Grande Alexandre/DF!
      Que bom que conseguiu comentar novamente. Estava sentidno falta de seus comentários. Acho que deixarei a dica em uma postagem para que os amigos leitores usem o Chrome.
      Quanto aos vinhos, realmente, são bons e ficarei sempre feliz ao tomá-los. Não rejeitarei de forma alguma. Mas concordo em gênero, número e grau com você: Pelo preço, dá prá achar portugueses, italianos e até mesmo franceses de primeira. Aliás, dá prá achar com preços menores. Inclusive, chilenos e argentinos de ótima qualidade. É só garimpar. E garimpar bons vinhos, a bons preços, é uma das coisas mais gostosas do mundo do vinho.
      Abração,
      Flavio

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  3. Flávio, salvo engano, se compararmos os últimos anos, a WS vem atribuindo notas mais altas pro Don Melchor. Na minha opinião, mesmo com perfis um pouco diferentes, é possível dizer que eles se equivalem. Será que essa supremacia tem alguma outra razão? hehehe
    Bem, com seu selo de aprovação, vou mirar em uma garrafa mais recente do Don Max. Acho que consigo por uns 70 Obamas...
    Abs.

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    1. Oi Vitor,
      Você não está enganado. O Don Melchor sempre leva notas melhores da WS. São simplesmente 15 safras igual ou maior que 90 pontos, enquanto o Max teve 9 (e a máxima foi um 92 para a grande safra de 2001 - A maioria dos melhores pontuados ficou com 90). O Melchor tem 7 safras com nota 94 até 96. Eu sempre achei uma injustiça com o Don Maximiano, pois os acho equivalentes. Na minha opinião, não é o Max que está baixo, é o Melchor que está alto... Realmente é para estranhar a razão dessa supremacia...rsrs.
      Acho que um amigo comprou recentemente por 70 Obamas. Pode comprar e descorchar o danado que já tá prontinho! E você vai gostar, sem dúvida.
      Abração,
      Flavio

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  4. Tempos atrás eu fiz uma grande pesquisa nessas revistas, queria chegar a alguma conclusão do que significavam essas notas. O resultado é que nunca consegui entender como funciona o sistema. Alguns vinhos ficavam com diferenças de até 9 pontos de uma revista para a outra. Uns são sempre bem pontuados por umas, e mal por outras. Muito difícil de entender...
    Quanto a WS posso dizer que ela tem uma certa birra com a Errazuriz, basta ver as pontuações e comparar com outras revistas. Já a Concha y Toro é sempre muito bem avaliada. Outro que quase sempre não vai bem é a Esporão, por exemplo. O oposto do que ocorre com a Quinta do Crasto que vai sempre muito bem. Morandé costuma ir muito mal. Alion (ficou 7 safras seguidas com a nota abaixo dos 90) e Pintia também não são muito bem avaliados. Só para citar algumas. É complicado...

    abraços,

    Alexandre/DF

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    1. Oi Alexandre,
      Realmente é difícil de entender. Os exemplos que você citou são perfeitos. O Esporão, coitado, só leva na cabeça. Alion, um vinhaço, assim como o Pintia, só nota ruim. O Vega Sicilia Único, empata com o Don Melchor!!! Pode??? É meu amigo, aí tem...rsrs.
      Abraços,
      Flavio
      Ps. Estamos esperando o seu blog... E uma ótima postagem seria o levantamento que você fez.

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  5. Flávio,

    Pois é, exemplos de coisas estranhas não faltam.

    Quanto ao blog a questão é que estou com muita coisa na cabeça agora, estou de mudança, como o nosso amigo Vitor. Uma mudança meio tumultuada, que já era pra ter acontecido.

    Preciso resolver essas pendencias na minha vida, senão nada vai para frente.

    Mas estou levando a sério a idéia do blog que vocês me sugeriram. Assim que as coisas estiverem mais encaminhadas eu vou começar a pesquisar o assunto e me inteirar sobre os detalhes. Assim vai ficar mais fácil trocarmos nossas idéias.

    abraços,

    Alexandre.

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    1. Oi Alexandre,
      Mudança é realmente algo que deixa nossas vidas tumultuadas. Mas por outro lado, é sempre um desafio e surgimento de novas oportunidades. Espero que logo esteja com as coisas no lugar. E quanto ao blog, tem que começar quando estiver com a cabeça boa, com tranquilidade. Eu as vezes me condeno por ficar muito preocupado com ele, em vez de usá-lo para me divertir. Mas espero equilibrar as coisas. Acho que já estou conseguindo...rs.
      Abraços,
      Flavio

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