segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

E o leitor me perguntou: "A farra de degustações seguidas dos vinhos top acabou?"

Eu tenho estado muito ocupado nos últimos meses e com pouco tempo para escrever. E alguns leitores me recordam disso... E o título da postagem mostra a pergunta de um deles, ao qual pretendo satisfazer aos poucos, com as postagens sobre os encontros da nossa confraria (que não foram poucos...). Para começar, um que ocorreu no último sábado, na casa do confrade Cássio, que nos convidou para um belo churrasco. E a coisa, pegou, claro! Tinha de tudo, mas reinaram os ibéricos. Vou descrever na sequência da foto.
O primeirão é o Imperial Reserva 2010, da Riojana CVNE. Este, levado pelo amigo Rodrigo, é queridinho da nossa confraria, junto com seu irmão maior Gran Reserva. A qualidade é sempre ótima, claro. Este Reserva da boa safra de 2010, particularmente, foi número 56 na lista dos Top 100 da WS em 2015, com 93 pontinhos. É um vinho com as notas típicas de cereja, cítricas, tostadas e alcaçuz. Em boca mostra ótima acidez e um final cítrico muito gostoso. Ótimo vinho! Impossível não gostar. Novo ainda, devendo evoluir maravilhosamente bem em garrafa.
Do lado direito dele, um dos grandes, ofertado pelo anfitrião, Cássio: Vega Sicilia Valbuena 2004! Aqui o negócio pega. O vinho é de uma safra excepcional e de um produtor que dispensa comentários. Os aromas são inebriantes, com cereja preta em meio a alcaçuz, café, tabaco e muita especiaria. Tem os aromas de curry típicos dos Vega. Em boca é intenso, sedoso, com acidez perfeita e taninos redondos. O final é longo e especiado. Vinhaço! Delicioso! Querem rir? A WS lhe deu 89 pontos! Brincadeira, não? Falta coerência.
Vizinho do Valbuena um outro espanhol de estirpe, também ofertado pelo anfitrião: Carmelo Rodero TSM 2003. O 2005 já pintou por aqui. É vinho top do produtor de Ribera del Duero, feito com Tempranillo, Cabernet Sauvignon e Merlot. A crianza é de 18 meses em barricas de carvalho francês de menos de 2 anos. Esse exemplar de 2003, que não foi lá uma ótima safra em Ribera, ficando da sombra da excelente 2004. Particularmente, o vinho não fez minha cabeça, como fez o seu irmão de 2005. Esse de 2003 estava com uma acidez um pouco alta para o meu gosto, e também não evoluiu na taça como se esperava. Uma pena. O próprio Cássio também não foi convencido.
À direita do TSM, outro espanhol dos grandes, mas agora de Toro: Numanthia 2006. Esse foi levado por este que vos escreve. Tempos atrás, já pintou aqui no blog (clique aqui). Mas naquela época, 5 anos atrás, o vinho me pareceu mais fechado, nervoso. Agora, está uma beleza! Evoluiu maravilhosamente! Os aromas de cereja preta se misturavam a notas florais, licorosas, balsâmicas, alcaçuz e minerais. Em boca é um monstro, mastigável, intenso, com ótima acidez e um final interminável. Um Toro! Gostei demais dele agora, muito mais que anos atrás.
Do lado direito do Toro, outro Riojano: Beronia Gran Reserva 2006. Esse também já pintou por aqui, mas na outra vez, dois aninhos atrás, não me agradou muito. Aquele exemplar se mostrava muito tostado e com madeira proeminente. No entanto, essa agora, levada pelo Thiago, estava muito boa. O tostado estava lá, mas mais domado, não suplantando a cereja preta. Nem a madeira estava tão saliente. Evoluiu bem ou essa garrafa estava mesmo melhor que a primeira apreciada. O fato é que estava muito bom. Os Beronia se caracterizam por terem um preço bom para a qualidade que oferecem.
Cansou de espanhóis? Então vamos para o vinho levado pelo Caião: Brunello di Montalcino Siro Pacenti Pelagrilli 2009. Bem, o produtor faz vinhos belíssimos, desde o Rosso. Se não me engano, essa linha Pelagrilli não existe há muito tempo, tendo sido lançado inicialmente em 2006. Aliás, agora o que era vendido como apenas Brunello é chamado Vecchie Vigne, existindo também o Riserva, que é lançado apenas em grandes safras. O Pelagrilli é feito com uvas do vinhedo Pelagrilli, que fica ao norte de Montalcino. Os vinhedos tem por volta de 25 anos de idade, similares àqueles usados para fazer o excelente Rosso do produtor. Eu, particularmente, acho que transformaram o antigo Rosso, que era melhor que muito Brunello por aí, em Pelagrilli. Bem, o Rosso atual fica 12 meses em barrica, enquanto o Pelagrilli, 24. Mas não sei se é essa a única diferença. O fato é que também este Pelagrilli é muito bom! Notas de framboesa e cereja se mesclam a notas florais e de tabaco. É um vinho com bastante clareza e em boca, destaca-se pelo frescor. Apesar de ainda tânico, mostra-se apreciável, perfeito para uma carne mais gordurosa. Outro exemplar muito bom do produtor. 
Ainda nos italianos, agora um do Piemonte, levado pelo JP: Barolo Marchesi di Barolo 2001! Aqui também o negócio pega. É um Barolo de belíssima safra, com16 anos de idade, e que já ganhou com o devido descanso. Ao nariz mostra notas de pétalas de rosa em meio a framboesa e morango. Ao fundo, notas de funghi secchi e leve tabaco. Em boca, repete o nariz, mostra boa acidez e taninos arredondados pelo tempo. Uma beleza domada pelos 16 anos em garrafa. 
E para finalizar, em grande estilo, claro, o vinho levado pelo Rei dos Portugas, o nosso confrade Paulinho: Scala Coeli 2009! Este também já pintou por aqui tempos atrás (clique aqui). E de pouco mais de um ano e meio para cá, não mudou muito. É feito pela Cartuxa, com uma uva destaque do ano. Nesse ano de 2009 foi utilizada a Touriga Franca. Uma beleza de vinho, floral, com notas de framboesa, chocolate e um fundo mineral. Em boca, denso mas equilibrado com uma bela acidez e mineralidade, que fazem com a gente sempre peça uma nova taça. Mais um vinho grandioso levado pelo Rei do Portugueses! 
Ufa! É isso! Comecei a postar reuniões atrasadas e espero que os leitores fiéis aqui do blog gostem.


Essa foto só a turma entenderá...rs. Uma mesa com uma toalha listrada em cima...rs.

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