sábado, 26 de fevereiro de 2011

Juan Gil 2006 - Monastrell de qualidade

Na última quinta-feira o João Paulo levou uma garrafa do Juan Gil 2006, um vinho das Bodegas Hijos de Juan Gil, localizada na região de Jumilla, Espanha. A região é conhecida pelos vinhos elaborados com a cepa Monastrell, nome espanhol para a Mourvedre francesa. Eu particularmente acho (ou achava) vinhos feitas com esta uva um pouco pesados, mas este me surpreendeu pela qualidade. É um vinho feito com uvas de videiras de mais de 40 anos de idade e que passou 12 meses em barricas de carvalho francês, o que lhe aportou muita complexidade. É denso e com bastante personalidade. Tem um nariz muito gostoso, com boa fruta (amoras bem maduras) e notas balsâmicas, de tabaco, alcaçuz e couro (que eu gosto muito). Os taninos são redondos e doces, e o final é longo e agradável. É um vinho com muitas camadas e muito equilibrado. Foi top 100 da Wine Spectator em 2009, merecidamente. Vinho prá repetir. É comercializado pela Mercovino, e em São Carlos pode ser encontrado na Gran Reserva.
Outro vinho destaque da noite foi Crasto Superior 2007, replay bem-vindo de nosso amigo Paulão e já comentado aqui no blog (http://vinhobao.blogspot.com/2010/09/confraria-crasto-superior-vallado-era.html). E olha que de setembro de 2010 prá cá o danado, que já era bom, melhorou. É um vinho muito gostoso, com notas de amora madura, baunilha e muito equilibrio.
O Caio, que depois de longo tempo voltou à confraria, levou um Angelica Zapata Cabernet Franc 2004. Este vinho era comercializado apenas no mercado argentino, mas recentemente a Mistral está trazendo para o Brasil. Tive a oportunidade de beber, há uns 3 anos atrás, uma garrafa do 2002 trazida por uma amiga argentina. Adorei o vinho. Recentemente, tomamos algumas garrafas de safras mais novas (2004 e 2005). Todos muito bons, elegantes e sem o exagero de pimenta de alguns Cabernet Franc argentinos. Esta garrafa levada pelo Caio estava boa, mas nem tanto quanto as outras. Lembrando o Renato Machado, parece que estava levemente "cozida".
Bem, para terminar, tomamos duas garrafas de vinhos que não valeram a pena. Um levado por mim, outro pelo amigo Tom. Eu levei um Las Perdices 2009, malbec argentino que todos acharam fraco e sem personalidade. Acho que tem que ser avaliado de maneira menos apressada. O Tom levou um Crios 2008, também malbec, que estava muito exagerado na compota.  Bem amigo Tom, nossa sorte é que temos saldo positivo... rsrs... A propósito Tom, a feijoada no seu bar Glória estava excelente! Vai virar tradição! Ainda mais com todos aqueles motivos Cruz-Maltinos...

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Luigi Bosca, De Sangre!

No ano passado, no Decanter Wine Show 2010 (veja artigos aqui no blog) pude experimentar o vinho De Sangre, da bodega Luigi Bosca. Fiquei muito bem impressionado com o vinho, que ainda não tinha sido lançado no Brasil. Ontem, pude apreciá-lo mais tranquilamente, egoisticamente, com uma garrafa só prá mim, da safra de 2008... O nome não vem da cor, e sim, para expressar que o vinho veio de dentro, do sangue, dos produtores. É um vinho de cor grenat muito intensa. É feito com uvas de vinhedos de altitude, selecionados, sendo 70% Cabernet Sauvignon, 15% Merlot e 15% Syrah. Apesar do corte, não espere nada de bordeaux. É vinho Argentino, com alma própria e que não quer copiar ninguém. No nariz é frutado, com notas de cereja, cassis e ameixa fresca. Os 14 meses de carvalho (70% Francês e 30% Americano) lhe aportam complexidade, com notas herbáceas, de baunilha e leves de côco queimado. Depois de um tempo na taça surgem notas de alcaçuz e sutis de pimenta-do-reino, que gosto muito quando são na medida. Na boca é intenso, com final duradouro. É um vinho em que tudo está muito bem integrado. Estava perfeito com picanha de cordeiro. O produtor sugere até 15 anos de guarda para o vinho. Já está bom agora, mas acredito que deve melhorar daqui a alguns anos. É um vinho elegante, que tem bom preço e muito boa qualidade, daqueles que sempre pedem uma taça a mais. É importado pela Decanter, e adquiri no Empório Basílico, de Araraquara.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Marques de Borba Reserva 2003 - Vinhobão!



Ontem apreciei um Marques de Borba Reserva 2003. Nestes últimos anos pude apreciar, em diferentes ocasiões, o 2000 e o 2004 (ambos já destacados aqui no blog). Este 2003 mantém a qualidade deste vinho, que para muitos, é o melhor do Alentejo. O Marques de Borba Reserva é um vinho extremamente elegante, mas poderoso e que deve ser bebido com mais idade. Este 2003 estava perfeito! Notas deliciosas de cereja, framboesa, tabaco e couro. Na boca, os taninos estavam redondíssimos e o final era muito longo. Mais uma obra prima de João Portugal Ramos, um mestre do Alentejo. Tive a oportunidade de conhece-lo pessoalmente e conversar por um bom tempo no Encontro Mistral de 2006. Além de ser um grande enólogo, é uma pessoa de educação impar. Se você ainda não conhece seus vinhos, não sabe o que está perdendo! Experimente o Marques de Borba normal, os varietais, que são muito bons, passe pelo Vila Santa tinto (corte), que é muito elegante e chegue no Marques de Borba Reserva. Não tem erro! Aliás, foi uma perda para a Mistral, que representava seus vinhos. Agora eles são comercializados pela Casa Flora, podendo também ser encontrados on line na WineStore.

João Portugal Ramos e eu no Encontro Mistral 2006

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Domaine Cazes Muscat de Rivesaltes 2005

Depois de um bom almoço, nada melhor que uma sobremesa acompanhada de um bom vinho doce. Eu sou fã incondicional de vinhos de sobremesa. O Muscat de Rivesaltes é um dos mais tradicionais vinhos de sobremesa franceses. Este, do ano de 2005, foi feito pelo Domaine Cazes,  em Languedoc-Roussillon, região sul da França. Esta vinicola foi criada por Michel Cazes, no início do século 20, o qual utiliza de métodos biodinâmicos para produção de seus vinhos. Este Muscat de Rivesaltes é produzido com 50% Muscat d'Alexandrie e 50% Muscat à Petit Grains. A fermentação é interrompida por adição de aguardente vínica, e o vinho tem 15% de álcool, muito bem integrado. É um vinho rico, muito vivo, com boa acidez, notas cítricas e de pera e damasco. Uma boa pedida para tortas de pêssego e sobremesas cremosas contendo baunilha. Nós apreciamos com uma torta recheada com chocolate branco e pedaços pequenos de morango, mas ele deve ser bom parceiro para um Créme Brullé. Dizem que é parceiro ideal para Foie Gras. Atualmente os vinhos do Domaine Cazes são comercializados pela Mistral.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Canepa Finisimo CS, Valentim Malbec, Castell de Falset, Crasto Reserva e Porta

Ontem a reunião da confraria foi muito boa. Iniciamos com um Canepa Finisimo Cabernet Sauvignon 2008, que levei. É um dos vinhos do mês passado do Club Wine, da Wine (da qual empresto a figura). A vinicola Canepa é administrada desde 2007 pela gigante Concha y Toro, e dizem que de lá para cá tem melhorado a qualidade de seus vinhos. Este Cabernet Sauvignon tem uma pitadinha (15%) de Syrah, que inclusive, depois de algum tempo na taça, lhe aporta um toque de especiarias bem gostoso. O vinho é bem aromático, com notas de ameixa (fruta fresca, não compota), mentol, baunilha e chocolate. Na boca é de meio corpo, redondo, e com taninos que aparecem, mas devem arredondar com um aninho de garrafa. João Paulo e eu gostamos do vinho, que tem bom custo benefício.
O vinho seguinte foi levado pelo Paulão, que já havia levado um igual há algum tempo atrás. É um Valentim Malbec 2004, do Club des Sommeliers. Não confudam: Não é aquele famoso Don Valentin lacrado, de rótulo amarelo, vendido amplamente no Brasil. Este Valentim foi lançado em 2008 para celebrar os 60 anos do Grupo Pão de Açúcar, e seu nome é em homenagem ao fundador do grupo, o Sr. Valentim dos Santos Diniz. Foram feitas apenas 3.000 garrafas do vinho, utilizando videiras antigas, selecionadas, dos arredores de Mendoza, de mais de 50 anos de idade. Foi elaborado pela Peñaflor. É um vinho gostoso, agradável, com bom nariz (tabaco e ameixa) e bem redondo na boca. Já chegou em sua maturidade.
O amigo Rodrigo levou um vinho que já é figura carimbada em nossa confraria, o Crasto Reserva Vinhas Velhas 2007. Já comentei aqui no blog sobre este vinho, que é uma delicia, com notas de cereja, ameixa, café com leite, dentre outras. Tiro certo!
O João Paulo chegou novamente um pouco atrasado, mas foi. E levou um vinho que todos gostamos muito, que é o Castell de Falset 2003. Havíamos bebido alguns exemplares do 2001 tempos atrás, que também agradou muito. O vinho, espanhol da região de MontSant, é feito com vinhas de mais de 90 anos de idade. Leva Garnacha Tinta, Cabernet Sauvignon, Cariñena, Tempranillo e Syrah. Tem um aroma muito gostoso, com notas tostadas, de berries maduras e alcaçuz. A madeira aparece, mas muito bem integrada. Na boca é amplo e com personalidade. Um vinho muito bom.
A noite foi finalizada com um chileno Casa Porta Merlot Gran Reserva 2006, da Bodegas Córpora, levado pelo amigo Tom. É um vinho maduro e de estilo internacional. A madeira aparece bastante. Acho que deve acompanhar bem uma boa massa com molho vermelho, mais forte. O pessoal não gostou muito... Mas acho que foi porque ele havia sido precedido por vinhos mais redondos.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Gattinara 2001 - Travaglini

O amigo João Paulo nos fez uma surpresa ontem na reunião da confraria. Tinha falado que provavelmente não iria, mas ligou perto das 22h00 já pedindo uma rabada com polenta e chegou com um Gattinara 2001 na mão. Este vinho, piemontês da Vinícola Travaglini, é feito com a casta Nebbiolo, a rainha do Piemonte. A garrafa torta é sua marca registrada. Lembro-me com saudades de um da safra de 1997, que levei na confraria alguns anos atrás. Este, da bela safra de 2001, tinha cor rubi clara, lembrando um borgonha. No nariz, leve amora, notas florais, couro e cogumelo porcini seco, tipico do casta. Na boca é muito elegante, com taninos muito sedosos. Uma delicia de vinho que pode parecer aguado aos paladares mais acostumados com vinhos mais potentes. O Fernandinho lascou a lenha... João Paulo e eu adoramos. Pode levar sempre João Paulo! Aliás, o vinho pode ser encontrado na World Wine.

Vertente 2007 - Belo vinho de Dirk Niepoort

O amigo Paulão nos brindou com um excelente vinho do "Douro Boy" Dirk Niepoort (que já não é tão "boy" assim...). Niepoort é famoso pelos seus grandes portos, mas também pelos seus grandes vinhos de mesa, tanto tintos quanto brancos (o Redoma Reserva Branco é considerado um dos melhores brancos de Portugal, e o Tiara, já comentado aqui, também é muito bom). O Paulão levou o Vertente 2007, que é um vinho que sempre é bem elogiado pela imprensa especializada (o 2006 ganhou 93 pontos e elogios rasgados da WineSpectator). O vinho é um corte de castas portuguesas (Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinta Amarela, Touriga Nacional e outras). É um vinho muito fresco e jovial, mas profundo e com complexidade. Tem excelentes aromas de frutas vermelhas, kirsch, notas herbáceas e leve de especiaria. Na boca é bem redondo, com taninos muito elegantes, mas que devem ser polidos com algum tempo na adega. É um vinho de excelente custo benefício, que briga na faixa do Meandro, embora sejam de estilos diferentes. Como o Meandro, ele é comercializado pela Mistral. Belo vinho Paulão!

Poesia 2002 - 9 anos, mas com jovialidade

Ontem levei um Poesia 2002 para apreciar com os amigos da Confraria do Ciao. Eu estava curioso para saber como o vinho se comportou nestes 9 anos. Bem, a safra de 2002 todos sabem que foi a grande safra Argentina, e vinhos deste ano,  principalmente aqueles mais elaborados, são mais longevos que os de outras safras. A Bodega Poesia é a mesma que produz o Clos des Andes, já comentado aqui no blog, e é propriedade da familia Garcin-Lévêque, que produz os Grands Crus de Bordeaux Clos l’Église, Château Branon, Château Barde-Haut e Château Haut-Bergey. O Poesia é seu vinho top na Argentina, e é feito com as uvas Malbec (60%) e Cabernet Sauvignon (40%). Em relação ao irmão menor, Clos des Andes, ganha em potência, elegância e complexidade. O vinho libera aromas envolventes logo ao ser servido. Possui notas de café, ameixa, groselha e cassis, tudo bem integrado com um tostado bem gostoso. Na boca é suculento, e os taninos são elegantes e bem arredondados pelo tempo. Mas o bom é que o vinho ainda pode ser guardado em adega sem nenhum problema. O pessoal, tomando às cegas, pensou que fosse um 2005-2006. É um vinho muito requintado, com toque Francês e para competir com os melhores argentinos. É companhia certeira para uma boa carne vermelha ao estilo argentino. Meu amigo Tom e eu gostamos muito. A propósito, o vinho é comercializado pela World Wine.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Para que ter um blog sobre vinhos?

Uma pessoa pode criar um blog sobre vinhos por vários motivos. Alguns, conhedores respeitáveis no mundo do vinho, para passar suas experiências sobre este maravilhoso tema. Destes, adorava o Saul Galvão e gosto muito do Roberto Gerosa. Outros, para dividir suas experiências enofílicas com a comunidade, divulgar eventos, promoções etc. Há ainda aqueles que utilizam do blog para divulgar marcas, lojas, importadoras ou tendências, de acordo com seu gosto pessoal. Bem, há também aqueles que querem se exibir, e não são poucos... E estes são os que menos entendem e experimentaram. 
Eu, tenho uma proposta mais simples, que é a de listar os vinhos que tomei, de forma a manter um registro e não esquecê-los. Também quero dividir com amigos e comunidade em geral, minhas experiências enofílicas. Não sou sommelier! Sou um apreciador de vinhos que gosta da bebida, boa comida e bons amigos (não necessariamente nesta ordem!). São 20 anos de bons vinhos (e outros nem tanto...). E o que aprendi? Que devemos ler e experimentar muito, para aprender um pouco. Não quero complicar nada! Tento utilizar uma linguagem simples e dispensar comentários que de nada servem. Se acho o vinho bom, comento. Não tenho preferênias -  tirando Barolos e Brunellos, que adoro - eu gosto mesmo é de vinho bão!
Bem, seja qual for a proposta, quando criamos um blog temos que entender que os leitores são muito bem-vindos e merecedores de respostas educadas aos seus comentários e/ou observações. Infelizmente, alguns blogueiros não respondem ou respondem de forma lacônica e até mesmo mal-educada, preponente e exibicionista aos comentários de seus visitantes. Esses não merecem ser visitados!

Don Melchor 1997, Orin Swift The Prisoner 2008, Crasto Superior 2008 e Terrunyo Cabernet 2008 no aniversário do Akira

Amigos presentes no aniversário do Akira - eu estava no click

Ontem nosso amigo Akira fez aniversário. Para celebrar, nos brindou com belas garrafas e um belo jantar no Ciao Bello.

A primeira garrafa foi de um Don Melchor 1997. Este vinho, obviamente, era um risco, considerando sua idade. Embora ainda bebível, já estava dobrando o cabo da Boa-Esperança, infelizmente... As notas iodadas eram majoritárias e o vinho precipitava rapidamente na taça. A cor era atijolada, do jeito que eu gosto, mas infelizmente o vinho já não entregava tudo que um Don Melchor pode entregar. Uma pena.

E para complicar, foi seguido de um vinho potente e muito rico, o americano do Napa Valley Orin Swift The Prisoner 2008. Era a outra ponta da corda! Vida pura, muita força e potência. Um vinho feito com um corte incomum para nosotros: Zinfandel, Cabernet Sauvignon, Syrah, Petite Syrah, Charbono e Grenache. O vinho era bastante complexo, maduro, frutado, com notas de groselha, cereja e um fundinho de amora. A madeira aparecia com um tostado gostoso. O vinho era levemente doce, talvez herança da Zinfandel, mas tinha a acidez da Cabernet Sauvignon e Grenache. Um belo vinho, na linha dos potentes e com bastante álcool, embora este estivesse bem integrado. O vinho da noite para a maioria.
Mas para mim, o destaque da noite foi o Terrunyo Cabernet Sauvignon 2008, da Concha y Toro. É o vinho que fica entre o Marques de Casa Concha e o irmão maior, Don Melchor. Um vinho ainda jovem, mas que já pode ser bebido. Vinho concentrado, com notas ferrosas, de tabaco, cassis, ameixa e pimenta branca moída. Uma beleza de vinho, com final longo e que deve estar redondinho daqui a um ou dois anos.
Bebemos ainda o Crasto Superior 2008, cujo exemplar da safra 2007 já foi comentado aqui no Vinhobao. Este 2008 estava muito parecido com o 2007, o que é bom, pois mostra regularidade e personalidade. As notas de amora madura são evidentes. Um vinho bem frutado, com um nariz muito bom e que corresponde na boca.


Bem amigo Akira, felicidades e obrigado pela bela comemoração!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

BOTA-FORA DA VINCI!

MAS SÓ NA LOJA! Triste, né? Acabei de ler no blog do Luiz Cola (http://vinhosemaisvinhos.blogspot.com/2011/02/ponta-de-estoque-da-vinci-mas-so-na.html ) sobre o bota-fora 2011 da importadora Vinci. É uma pena que seja assim. Obviamente, para quem não mora na cidade de São Paulo fica mais dificil. Além disso, eu espero ansiosamente, todo ano, sair o bota-fora na loja virtual, tanto da Vinci, quanto da Mistral (rimou!). Aquela brincadeira de ficar buscando os vinhos, achar vinhos mais antigos, que não figuram mais no catálogo, é uma delícia. Até mesmo o congestionamento da rede, que já me fez perder vários vinhos incríveis, é engraçado. Bem, espero que o aguardado bota-fora da Mistral não siga o mesmo esquema.

Chateau Pichon-Longueville Baron 1999

O amigo João Paulo, em comemoração ao nascimento de seu segundo filho, o Lucas, nos brindou com uma garrafa do bordeaux de Pauillac Chateau Pichon-Longueville Baron  1999.  Os vinhos desta safra já podem ser bebidos sem problema. A espera não deve agregar muito. Este vinho é de médio corpo para encorpado, com notas terrosas, de carne e de especiarias (um pouco de canela e noz moscada). Também são evidentes as notas de tabaco e amora. O vinho evoluia na taça com maestria, como deve ser um grande vinho. Na boca repetia o nariz, com muita elegância e final longo e delicioso. Seus taninos estavam sedosos e muito bem integrados.  Um belo vinho JP!

Brolio di Campofiorin, Predicador, Emina Prestigio e Moulin de Gassac Syrah

Na reunião da Confraria do Ciao, nesta quinta-feira, o amigo Paulão levou um Brolio di Campofiorin 2006, de Masi. Este italiano, do Vêneto, é uma edição especial do Campofiorin. Feito pelo método do ripasso, com as uvas Corvina (80%) e Rondinella (20%), é um vinho bem agradável e muito elegante. Obviamente, é levemente adocicado, lembrando um bom Amarone. Mas o amargo típico no final, tipico dos Amarone, não é tão evidente. Um vinho que pede comida (um macarrão com molho vermelho ou um bom risoto).
O Caio levou um Ribeira del Duero, o Emina Prestigio 2006, que já comentei aqui no blog (http://vinhobao.blogspot.com/2010/07/turma-estava-um-pouco-cansada-ontem.html). É um vinho que me agrada muito, mas que ainda está um pouco duro, devendo melhorar com um ou dois anos na adega.

Eu levei um Riojano, o Predicador 2007, de Benjamin Romeo. É o vinho de entrada deste produtor, que já arrebatou por duas vezes 100 pontos do Mr. Parker, para o seu famoso Contador. Ele produz o Predicador para mostrar que consegue produzir bons vinhos a preços mais acessíveis que os caros La Cueva e Contador. É um vinho gostoso, com notas de café, chocolate e cereja. Também possui notas herbáceas e condimentadas. Os taninos estão elegantes e o vinho tem boa acidez, chamando comida. No entanto, penso que está muito novo, principalmente para um Rioja. Eu gostei dele, mas não fez muito sucesso com o pessoal...
Terminamos com um leve e frutado Moulin de Gassac Syrah 2009. É um vinho produzido por Mas de Daumas Gassac no Languedoc-Roussillon. É um vinho alegre, fresco, sem madeira, bem frutado e descompromissado. Um excelente custo-benefício.
Finalizando, eu não poderia deixar de comentar sobre o Graham's Vintage 2003 levado pelo João Paulo. Infelizmente o vinho já estava aberto há tempos, o que não é indicado, principalmente para um Vintage. No entanto, as notas de amora madura ainda estavam presentes, e obviamente, o vinho ainda estava gostoso, mostrando um longo final. Este vinho, em particular, é uma preciosidade que tem 94 pontos da WS e que certamente estaria melhor alguns anos adiante (e uma maravilha após 2013-15). Como estava o da safra de 1985, que já comentei aqui como sendo o melhor porto vintage que tomei em minha vida.