Bem, quem está acompanhando a Copa 2014 sabe que todos os países produtores destes vinhos na foto já dançaram... O último foi o Chile, que fez um partidaço contra o Brasil e não seria nenhuma injustiça se tivesse passado. Mas uma coisa é certa: Essa turma da foto joga um bolão!
O primeiro é um Pago de los Capellanes Reserva 2006 levado pelo JP, que junto com o Caio, voltava de uma viagem cansativa a Beaune, Barcelona etc. Além dos (bons) quilinhos a mais, trouxeram boas botellas. Este Pago de Capellanes Reserva 2006 já foi levado pelo JP em outra oportunidade (clique aqui). É um vinhaço! Ribera del Duero de primeiríssima. Notas de cereja preta, cassis e caramelo. Em boca, fresco, rico e com final longo e especiado. Uma beleza! Importado pela Cava de Vinhos.
Do ladinho dele, o vinho levado pelo Caião, uma obra da CVNE, o Contino Reserva 2007. O vinho é feito com Tempranillo 85%, Graciano 10%, Mazuelo 3% e Garnacha 2%, de vinhedos plantados na Rioja Alavesa. Passa 2 anos em barricas de carvalho francês e americano e 2 anos em adega antes de ir ao mercado. É um vinho que difere dos outros Rioja, inclusive de seus irmãos feitos pela própria CVNE (Cune e Viña Real). Este Contino é mais denso, mais "gordo". Ao nariz mostra notas de ameixa e cereja, em meio a toques terrosos, tostados e cravo. Em boca, é denso, redondo, com boa acidez e taninos redondos. Uma delícia de vinho. Se você está acostumado aos outros vinhos da CVNE, experimente este para ver a diferença. Vale muito a pena. Vinhão! Importado pela Vinci.
Ainda da Espanha, o vinho levado pelo Joãozinho, o Muga Selección Especial 2009. O seu irmão de 2005 já apareceu algumas vezes aqui no blog (clique aqui). E este não poderia deixar de seguir seus passos. Aliás, os vinhos Muga são sempre garantia de qualidade. Destaque para o seu frescor e especiarias, que lhes aportam muita riqueza. Este Seleción Especial 2009 estava uma beleza. É um vinho feito com Tempranillo 70%, Garnacha 20%, Mazuelo 7% e Graciano 3%. A fermentação é feita por leveduras indígenas e a maturação ocorre por 28 meses em barricas de carvalho feitas na própria tonelaria da bodega. Ao nariz mostra notas de cerejas pretas, cítricas, de ervas e especiarias. Em boca, repete o nariz, mostra ótimas acidez, mineralidade e taninos redondos. Está ótimo agora, mas o tempo lhe fará muito bem. É outro vinhão! Aliás, a Wine Spectator lhe outorgou belos 95 pontos. Se vir um deste pela frente, não hesite: Coloca na cesta!
No centro da foto o único da Bota, levado pelo Thiago. É um Montesodi Riserva 2010, de Marchesi de Frescobaldi. Bem, aqui também se trata de um vinho com pedigree. O vinho é feito com 100% Sangiovese do Cru Montesodi, vinhedo de 20 hectares que fica na região do Castello di Nipozzano. A maturação é feita por 18 meses em barricas de carvalho. É um vinho com aromas muito ricos, de cerejas, groselha e ameixas, em meio a alcaçuz, tabaco e um tostadinho bem charmoso. Em boca, repete o nariz e destaca-se pela sedosidade. Incrível para um 100% Sangiovese de apenas 4 anos. O final é longo e especiado. Vinho de exceção. Delicioso! É outro que ganhará muito com adega. Mas este já foi... Se o Thiago quiser levar outra garrafa deste, pode levar que ficarei muito feliz!
E seguindo nos vinhões, dois alentejanos de muita qualidade. Aliás, feitos pela batuta do mesmo enólogo, o grande Paulo Laureano. O primeiro deles foi levado por este que vos escreve, o Mouchão 2007. Bem, Mouchão dispensa comentários. É tradição pura e garantia de qualidade. As uvas [Alicante Bouschet (majoritária) e Trincadeira] são pisadas a pé, com os engaços, em grandes lagares com capacidade para 6.000-8.000 kilos, onde também ocorre a fermentação. Posteriormente o vinho é trasfegado para grandes tonéis de 4.000 litros, onde ficam por um ano. No segundo e terceiro anos, 80% do vinho é mantido nos grandes tonéis e 20% em barricas de carvalho francês. No terceiro ano ocorre a seleção dos lotes e engarrafamento. No quarto e quinto ano, estágio em garrafa, e neste último, lançamento ao mercado. É um vinho de bela cor grená e aromas de frutas compotadas, balsâmicos, madeira e especiarias. Ganha muito com a decantação, que é necessária. No começo já é muito bom, mas com o tempo vai mudando e ficando ainda melhor. Vão se destacando as especiarias. Em boca, é rico, especiado, com madeira bem integrada e taninos presentes, mas muito corretos. Outro vinhão, para quem gosta de tradição e estrutura. E tem longa vida pela frente. Importado pela Adega Alentejana.
E na foto, à direita do Mouchão, o Paulo Laureano Reserve Vinea Julieta Talhão 24 2009. Este vinho, levado pelo Paulinho, que é apreciador declarado de grandes vinhos portugueses, foi para mim e outros confrades, a grande surpresa da noite. É feito com Alfrocheiro, Alicante Bouschet e Tinta Grossa, com maturação de 24 meses em barricas de carvalho de 225 e 400 litros. O talhão 24 é o mais antigo das vinhas e as uvas foram plantadas completamente misturadas. Por isso, segundo o produtor, só pode ser produzido em anos particulares, quando as uvas atingem a maturação simultânea apropriada. Como o próprio produtor menciona, é um vinho com aromas e sabores exóticos. Aliás, é seu grande destaque. Diferente de todos os outros apreciados na noite. Lembra amoras silvestres, daquelas mais azedinhas, em meio a azeitona preta, chocolate amargo, especiarias e notas minerais. Em boca, repete o nariz em seu exotismo. Destaque mais uma vez para a mineralidade, boa acidez e especiarias. Um vinho particular, que foge da mesmice de tantos outros e que me chamou muito a atenção. Este quero apreciar uma garrafa daqui a uns anos, pois deve melhorar ainda mais. Uma beleza de vinho! Só por curiosidade, a Wine Spectator lhe deu 84 pontos... Estão loucos???
Bem, e para finalizar, o vinho que chegou por último, nas mãos de nosso querido Tonzinho: Seña 2007! Chileno de estirpe que já bateu muitos bordozões em degustações às cegas. Aliás, o Tonzinho uma vez já nos brindou com um 2006, que na época, estava muito novo. Este 2007, também é um jovem. Mas já mostra muito riqueza. Vinho de grande safra, é feito com Cabernet Sauvignon 57%, Carmenére 20%, Merlot 12%, Cabernet Franc 6% e Petit Verdot 5%. Ao nariz mostra notas de amoras, cassis, chocolate amargo e especiarias (com destaque para a pimenta preta). Em boca, repete o nariz e é tânico, mas com taninos muito corretos, que devem se arredondar com o tempo. Outro vinho excelente, para brigar mesmo com grandes de Bordeaux, e com muitos anos pela frente. Se for bebê-lo agora, deixe o danado uma horinha no decanter para amaciar. Isso aí, Tonzinho!
Bem pessoal, é isso aí! A noite foi power. Não teve um único vinho que não tenha feito sucesso. Foram escolhidos a dedo para brindar o retorno dos glutões! rs.