quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Ricominciare Cabernets 2006

Ainda na noite dos australianos (postagem anterior) bebemos esse argentino feito por Jorge Catena, irmão mais novo de Nicolás Catena (mas que segue caminho próprio). Era um Ricominciare Cabernet Franc - Cabernet Sauvignon 2006. O vinho, feito com 60% Cabernet Franc e 40% Cabernet Sauvignon, tem passagem curta por madeira (apenas 6 meses), para que ela não sobrepuje a fruta. No entanto, ela aparece mesmo assim, mas sem incomodar. No começo, o vinho é meio fechado. Mesmo depois de uma meia hora decantando relutou em mostrar suas qualidades, principalmente em boca. Depois de mais tempo, começou a se abrir. Portanto, é importante decantar por no mínimo uma hora. Notas de ameixa e amora se mesclam a notas balsâmicas e de chocolate meio-amargo. Em boca ele apresenta boa acidez e taninos mais secos. Eu senti um herbáceo que confesso ter me incomodado um pouco. É um vinho com certa rusticidade. Mas não é bomba de frutas. Acredito que ele melhoraria com uma comida levemente condimentada. Por falar em condimento, eu senti falta daqueles toques de pimenta preta da Cabernet Franc. O vinho foi comprado em promoção da Expand (de 95 por 47). Vale o preço promocional. Com preço cheio enfrenta uma lista enorme de concorrentes. Eu, por exemplo, se for em busca de uma Cabernet Franc, fico com o brasileiro Valmarino ou com um ótimo Trinch!, de Catherine e Pierre Breton. 

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Dois australianos evoluídos em Bota-Fora: Vasse Felix Shiraz 2001 e Vasse Felix Cabernet-Merlot 2000!

Os amigos Carlão e Akira me chamaram para uma vinhada e abriram dois australianos que compraram em uma oferta da Expand. Eram dois vinhos já evoluídos, com mais de 10 anos nas costas. Os bons australianos envelhecem bem e recompensam quem tem paciência. E esses dois não fugiram à regra. 
Os vinhos são de uma vinícola conhecida em Margaret River, fundada na década de 60, a Vasse Felix. Eu nunca havia provado um vinho deles. Dizem que eles têm preferência por sua Cabernet, mas que os vinhos feitos com a Chardonnay também são muito bons
O primeiro a ser descorchado foi um ótimo Vasse Felix Shiraz 2001. Com seus 12 anos de idade ainda mostrava muita força. Cor ainda forte, rubi bem escura, tendendo para o café. Vinho com aromas muito gostosos de ameixa madura, cereja preta, alcaçuz, tabaco, café e um fundo tostado. Com o tempo, foi surgindo uma notinha de menta. Em boca é muito gostoso, macio, domado pelo tempo. Os taninos são sedosos e o vinho denso, suculento. A madeira é presente mas nada que nos faça lamentar não ter celulases em nosso trato digestivo. Segundo o Akira, pagaram 70 pilas no danado. Se passar perto de uma loja Expand, e gosta de um vinho evoluído, com presença, macio, redondo, não pode deixar esse escapar. Mas não é vinho para adega, e sim, para mandar ver logo.
O segundo vinho, o Vasse Felix Cabernet Sauvignon- Merlot 2000, como o nome diz, era um corte de Cabernet-Merlot, mas que segundo a vinícola leva também uma pitadinha leve de Malbec. Outro ótimo vinho! Menos alcaçuz que o primeiro, mas com um toque de pimenta-preta a mais. Notas de cassis se misturavam a um fundinho mentolado, tostado e herbáceo. Um vinho peculiar. Em boca, taninos finos e muita presença. Perde em aromas para o primeiro, mas é mais mineral em boca. Também não o deixe escapar. O Akira disse que pagou, na promoção, 46 pilas por ele (ou 70, sei lá... posso estar confundindo com o Shiraz). Mais um motivo para pegar uma botella.
Nota: Pelo menos nesses vinhos mais antigos, a vinícola costumava usar, em sua maioria, barricas francesas usadas.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Jaffelin Nuits-Saint-Georges 2005: borgonha delicioso na taça!

Em uma passagem na querida Ribeirão Preto, peguei uma garrafa deste Jaffelin Nuits-Saint Georges 2005. O Produtor não é dos mais badalados, mas o vinho (comprado a preço promocional, e na faixa de um PN chileno médio) é muito bom. Cor de Pinot Noir, um pouquinho mais escura que o usual e nariz esbanjando sous-bois, framboesa e romã. Em boca, redondo, de médio corpo, taninos presentes, mineral e com ótima acidez. Delicioso! E com os Champignons na manteiga de ervas e Magret de Pato do Bart, do restaurante Chez Marcel em São Carlos, foi par perfeito! Se ainda achar uma garrafa dessa na Mercovino, pegue depressa!
Champignons com manteiga de ervas
Magret de Pato

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

200.000 visualizações do Vinhobão! Legal!

Hoje, dando uma passada de olho nas estatísticas, vi que o Vinhobão, depois de apenas dois anos e meio de vida, tinha passado a barreira das 200.000 visualizações... Achei legal. É claro que isso inclui qualquer tipo de passagem pelo blog, muitas delas, acidentais...rs. Mas pode ser que alguém que tenha passado de raspão volte - E eu espero que sim. Mas além das visitas, fico contente com os comentários sempre amáveis de meus diletos visitantes. O blog  é uma atividade que me diverte e traz amigos (e não são poucos). Dia desses eu queria parar com ele, pois toma bastante tempo. Mas depois, vi que precisava mesmo era ver as coisas por outro ângulo, e fazer adaptações. Em suma: Ser menos neura e encarar tudo como diversão. E senti que as coisas melhoraram. 
Tenho notado um aumento crescente do número de acessos ao blog, oriundos de vários locais. As visitas nacionais são seguidas das visitas dos EUA, Portugal, Alemanha e tantos outros. Confesso que esperava mais visitas dos patricios portugueses e dos hermanos sudamericanos. Mas quem sabe melhora...rs. 
No geral, acho que as pessoas gostam da idéia do blog, que é de apenas relatar as experiências que tenho, sozinho ou na grande maioria das vezes, com meus amigos. São raras as postagens que saem desse perfil. O blog conta hoje com uma lista de quase 800 vinhos apreciados (mesmo, sem conta gotas...rs), das mais diferentes nacionalidades. Os tintos reinam (mas não deveriam... ainda equilibro isso!). Aqui no Vinhobão não há lugar para preconceito nem radicalismo: O vinho tem que ser bão, e pronto! E vinho bão, fica melhor ainda na presença de amigos. E que venham muitos deles! 

Nota 1: Espero que meus visitantes continuem a comentar no blog. Sempre aprendo muito com isso.

Nota 2: É claro que esse negócio de 200.000 visualizações é uma grande brincadeira... Eu trocaria umas 100.000 por 50 citações a mais em cada um de meus artigos científicos...rsrs.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

SOBREVOANDO TORMENTAS 2: Os vinhos de Marco Danielle de novo na Confraria do Ciao!

Em 2011 fizemos em nossa reunião semanal da Confraria do Ciao uma degustação especial de vinhos do Atelier Tormentas, de Marco Danielle (clique aqui). E a segunda edição aconteceu em dezembro de 2012 no Restaurante Tiburon, em São Carlos. Aproveitamos uma oferta especial do Atelier para degustar novos vinhos. Nota: Decantei e aerei todos os vinhos com 2 horas de antecedência e os levei para o restaurante já no ponto. Coincidente com a degustação anterior, só o Ius Soli Garagem 2008, um corte de Cabernet Sauvignon (60%), Merlot (30%) e Alicante Bouschet (10%). Da outra vez o vinho estava mais duro, intrépido, mas dessa já estava mais aberto e amigável. No entanto, ainda tem muitos anos pela frente. O Fulvia Garagem Pinot Noir 2011 já é figura carimbada aqui no blog. Foram várias garrafas dele apreciadas. Um vinhaço! Uma delícia de Pinot Noir, com muita fruta silvestre, notas terrosas e especiadas. É unanimidade na Confraria: Todos adoram!
O Prelúdio 2007 apreciei uma pequena taça logo ao abrir e vi sua mudança durante o evento. O corte de Merlot (70%), Cabernet Sauvignon (20%) e Cabernet Franc (10%) foi sucesso no portfólio de Marco Danielle. Eu adorei! Vinho autêntico, com gosto de vinho, sem exagero de nada, elegante, com aromas complexos de groselha, flores, alcaçuz, folhas secas e animais. Em boca, acidez belíssima e taninos presentes, muito ajustados. Um bordeaux! Sem modismos e muito gastronômico. Nota: Está bom boa quantidade de sedimento. Deve ser decantado e depois aerado para mostrar suas qualidades (isso vale para os outros também).
O Tormentas Premium 2006, à direita do Fulvia Pinot Noir na foto, com o rótulo contendo a sombra branca de um rosto feminino, é feito com Pinot Noir tardia (45%), Tannat (25%), Merlot (25%) e Alicante Bouschet (5%). Vinho mais cheio, carnudo, com os toques animais dos outros vinhos, mas um calor que o diferenciava de todos. É um vinho mais potente, denso, mas muito sedoso em boca, com taninos presentes mas bem redondos. Acho que foi o segundo vinho que mais agradou na noite (bem, eu já tenho mais dificuldade em fazer esse tipo de eleição... Aliás, não gosto muito. Cada vinho é diferente e tem sua alma própria). 
O Tormentas Premium 2007, feito com Merlot 100% foi o que menos agradou a turma. É um vinho mais seco, levemente herbáceo, mais rústico, e talvez isso tenha causado estranheza na turma. Acho que está muito novo. O tempo lhe fará bem. 
E para fechar, um que adorei: O Fulvia Garagem Cabernet Franc 2010! Eu havia bebido o 2008, e gostado bastante. Mas o Marco Danielle já havia me sugerido apreciar o 2010, que eu ia ter uma surpresa. As diferenças básicas: No 2008 as uvas são desengaçadas a mão, enquanto nesse 2010 os cachos são incubados inteiros. No 2008 a maturação é em inox, e no 2010, 24 meses em barricas francesas. E embora eu tenha gostado do 2008, esse 2010 conseguiu superá-lo. Parece ter chegado fresquinho do Vale do Loire! Notas de azeitonas pretas, apimentadas e amoras silvestres. Frescor ao nariz e em boca. Taninos presentes e que devem ficar redondos nos anos vindouros. Vinho mineral e cheio de vida! Adorei! Quero apreciar outra garrafa dessa daqui a alguns anos. 
Bem, adorei a noite. Eu sou suspeito, pois gosto muito dos vinhos de Marco Danielle. Uns podem agradar mais, outros um pouco menos, mas é um estilo que aprecio. Não têm maquiagem, são autênticos. No entanto, são vinhos que têm que ser compreendidos e muitos podem estranhar suas características, principalmente os toques animais. Com exceção do Pinot Noir, que é um vinho mais fácil de ser compreendido e geralmente agrada a gregos e troianos, eu diria que não são vinhos para principiantes. E mesmo daqueles com mais litragem, exigem compreensão e preparação correta na hora de beber. Se abrir, ir enchendo a taça e tufando goela abaixo, incorrerá em erro. Aliás, isso vale para a maioria dos vinhos...rs. Mas para os Tormentas, é fundamental. E outra coisa: Pedem comida!
Isso aí, pessoal! Até a próxima!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

VOSNE-ROMANÉE 2006, de David Duband

Já apreciei alguns vinhos de David Duband. É um produtor relativamente jovem e seus vinhos ainda pouco conhecidos. Apreciando alguns deles, o que notei foi certa falta de regularidade. Alguns eram muito bons, outros nem tanto. Uma característica comum a todos eles é a possibilidade de se beber mais jovem. Este David Duband Vosne-Romanée 2006 que apreciei tinha notas de frutas silvestres, framboesa, sous-bois e especiarias, como canela e alcaçuz (evidente depois de tempo em taça). Em boca, mostra certa rusticidade, taninos secos e evidentes. A acidez vibrante é daquelas de dar inveja a Pinots sulamericanos. Um vinho muito bom, com aptidão gastronômica e que ainda teria alguns anos pela frente. Os vinhos de David Duband eram importados pela Vinci, mas atualmente, não sei quem os importa. Veja os postagens sobre vinhos do produtor aqui no blog (clique).
Cor típica, bonita!

sábado, 12 de janeiro de 2013

Três Palácios Merlot Family Vintage 2006: Boa presença

Já apreciei o Três Palácios Merlot Family Vintage 2006 em outra ocasião (clique aqui). Agora estava melhor. A vinícola boutique Três Palácios é uma propriedade familiar que é reconhecida por produzir bons Merlots. Esse vinho em questão é do tipo maduro, quente, mas redondo e muito agradável. Passa apenas 10 meses em barricas francesas para que a madeira não sobrepuje a fruta. Ao nariz tem notas de frutas maduras (ameixas e cerejas pretas) em meio a notas tostadas, café, pimenta preta e alcaçuz. Em boca, repete o nariz, com destaque para as notas especiadas. Os taninos já estão redondinhos. Um vinho muito redondo e agradável. Comprei em uma promoção da World Wine. Nota: Deixe aerar por um tempo que ele fica ainda melhor.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Dr. Loosen Urziger Wurzgarten Riesling Kabinett 2007: Alegria!

As desastrosas garrafas azuis que invadiram as prateleiras dos supermercados na década de 80, apesar de conterem aqueles keep coolers brancos e sem gás dentro, tiveram o seu papel: Popularizaram o vinho. No entanto, a estratégia deu um trabalho danado para os produtores alemães, que veem até hoje seus ótimos vinhos associados com aqueles suquinhos ralos contidos nas famigeradas garrafas. Mas mesmo naquela época, dava para achar nas lojas algumas poucas garrafas de bons Mit Prädikat em belas garrafas pretas. Coisa rara...
Esse Dr. Loosen Würzgarten Riesling Kabinett 2007 fica um acima do famoso Dr. L, vinho mais simples do produtor. O vinhedo Ürziger Würzgarten fica em uma curva do Mosel e tem como característica se localizar em um local completamente íngreme (ver foto abaixo), sobre solos de ardósia. O vinho em questão tinha uma cor amarela bonita e um nariz com notas de nectarina, damasco fresco e limão. Em boca mostrava mineralidade, descia redondinho e fresco como deve ser um bom Riesling. Seus 7,5% de álcool contribuiam para sua leveza. Foi unanimadade na passagem de ano - Todos gostaram! Inclusive esse que vos escreve. Comprei em uma queima da Expand tempos atrás, pela metade do preço (pouco mais de 50 pilas). Estou arrependido de não ter comprado mais.
Ürziger Würzgarten. Fonte: http://www.drloosen.com/v05_urziger.htm

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Five Elements Pinot Noir 2001: Americano orgânico e biodinâmico!

Vai aí uma postagem para poucos acessos, seguindo o raciocínio bem coerente do amigo Vitor, do Louco por Vinhos. Descobertas e/ou vinhos raros não dão tanta audiência quanto vinhos comerciais. Nem o preço (e tampouco a categoria) do vinho garantem visitas. Eu também tenho feito essas constatações. A "coitada" da recente  postagem sobre os 3 Syrazões só despertou a curiosidade dos meus leitores fiéis e dos dez moleques que eu pago para ficar clicando no meu blog diariamente...(rs... brincadeira, hein!). 
Bem, mas para aqueles que gostam de boas descobertas, vamos lá para esse vinho americano...
O Oregon é reconhecidamente o local onde são produzidos alguns dos melhores Pinot Noir norteamericanos. A vinícola Cooper Mountain vendia uvas para principais vinícolas do Oregon desde o final da década de 70. Só em 1987 lançou o seu primeiro vinho. Atualmente, possui mais de 100 acres plantados, de cultivo orgânico e biodinâmico, buscando vinhos autênticos. As uvas são fermentadas pelas próprias leveduras que com ela convivem (quer chamar de indígena? Chame), mínima adição de sulfito e, quando utilizadas, as barricas de carvalho francês não são novas. 
Esse Five Elements Pinot Noir 2001 parece que nem está mais no portfólio da vinícola. Eu tinha lá minhas dúvidas quanto à sua integridade, considerando já ter bons 11 anos. Mas que boa surpresa. Estava inteiraço! A cor, como mostra a figura abaixo, denunciou um pouco sua idade. O halo de evolução já era bem evidente. No entanto, o vinho estava perfeito, tanto ao nariz, quanto em boca. É um Pinot de estilo leve e com bons 12,5% de álcool (Isso sim!). Ao nariz, notas de frutas silvestres, sous bois, minerais e especiarias. Em boca é leve, seco, equilibrado e com notas terrosas em meio às frutas silvestres. Uma delícia! Do jeito que eu gosto. Nada de muita extração e doçura excessiva. Um achado! Para tirar o preconceito contra vinhos americanos. Aliás, duvido que alguém bebesse às cegas e não afirmasse se tratar de um bom borgonha.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Syrah em triplicata (e dos grandes): Kilikanoon Oracle 2005, Torbreck Descendant 2005 e Migliara 2006!

Semanas atrás (ainda em 2012) os amigos Akira, Carlão e eu decidimos fazer uma noite de grandes Syrah. E levamos a sério, claro. 
O Akira, levou (pela segunda vez - Logo posto a outra) um grande Kilikanoon Oracle 2005, de Clare Valley. É vinho de alta gama da vinícola australiana, cujos vinhos são importados pela Decanter. Eu havia bebido uma taça dele em um Decanter Wine Show tempos atrás e ficado impressionado. 
O Carlão, abriu um australiano de Barrosa, o Torbreck Descendant 2005, vinho feito com clones do melhor e mais antigo vinhedo (RunRing) da  vinícola, e que é feito ao estilo do Rhône (co-fermentação com a Viognier). A maturação é feita nas barricas usadas para o RunRing.
Eu, levei um italiano (isso mesmo! Fazem grandes Syrah na Itália também!), do produtor Luigi D'Alessandro, e elaborado por Luca Currado (Vietti) e Christine Vernay, do Rhône: O Migliara 2006. É o vinho top da vinícola, localizada na região de Cortona, Toscana.
Três Syrah de estilos bem diferentes.
O Oracle era o mais potente deles, denso, untuoso, de encher a boca, de mastigar. Mostrava notas de frutas maduras, ameixa em compota, balsâmicas, caramelo, café, tostado e alcaçuz. Seu final é interminável. No entanto, não mudou muito durante o tempo que ficou aberto. É daqueles que já mostram tudo que tem logo de cara. Vinho explosivo! Característica principal: Muita fruta madura e tostado.
O Torbreck, no início, não mostrou muito a que veio. Apesar de dividir com seu irmão de Clare Valley o cerne dos Syrah Australianos, ele era mais discreto. Com o tempo, foi se mostrando e foram aparecendo notas florais, provalmente influência da Viognier e especiadas, muitas delas. Se tiver que destacar algo especial no vinho fico com seu lado camaleão, pois mudou muito durante a noite, e especiado, com notas de anis, pimenta e alcaçuz. Um belíssimo vinho, que precisa descansar em decanter para mostrar sua potencialidade. Se o felizardo bebê-lo logo ao abrir pode ficar decepcionado, mas se tiver paciência, será recompensado.
O Migliara 2006 (que recebeu nada menos que 98 pontos da Wine Spectator), é completamente diferente dos dois primeiros. A grande diferença: Mineralidade! E isso eu gosto muito. Vinho mineral é comigo mesmo. E esse, já comentado aqui no blog algumas vezes (clique aqui), a esbanja. Não é vinho explosivo, potente, e sim, mais fresco, com notas de amoras silvestes, anis, pimenta e minerais. Em boca mostrava ótima acidez e lá estava a mineralidade. Perto dos outros, fica um pouco sufocado, visto que não tem a potencia deles, mas faz mais minha cabeça. Um super Syrah italiano! O duro é achar uma garrafa dessas. A propósito, devo esclarecer os rabiscos no rótulo. Eu havia deixado a garrafa com o Fernandinho, na adega do Ciao Bello. Pedi então que ele tomasse cuidado para que suas colaboradoras não vendessem o danado pensando que era um Syrazinho meia-boca qualquer. Elas então resolveram identificar bem a garrafa. E ficou assim...rsrs.
Isso aí, degustação perfeita!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

A Confraria do Ciao abriu 2013, e forte: Pintia 2006, Riglos Gran Corte 2009, Solengo 2005 e Berardo 2006!

Amigos leitores, vou iniciar uma nova fase do Vinhobão, com postagens mais rápidas.  Descreverei os vinhos de forma mais ligeira, com nossas impressões sobre eles. Vamos lá.
O amigo JP levou o espanhol Pintia 2006. Esse dispensa comentários. De Vega Sicilia não se espera pouco. Um vinho denso, típico do Toro (esse sim, um Toro de verdade), untuoso, fruta madura, notas balsâmicas, chocolate e minerais. Os taninos são presentes, mas domados (mas devem melhorar ainda com uns anos de adega). O final é longo. Foi unanimidade na noite. Mas surprise: É o que tem menor nota da WS: 87 pontos! Estão de brincadeira. Veja no blog as apreciações de outros Pintia (clique). 
O Caião levou o vinho que acabou de ser eleito o primeiro da lista dos Top 100 da Wine Enthusiast, o Riglos Gran Corte 2009. Um blend de Malbec (70%), Cabernet Sauvignon (25%) e Cabernet Franc (5%). Aqui, esqueçam a Malbec doce, enjoativa etc. Não! É puro equilibrio. O vinho tem tudo no lugar. Notas de ameixas, figo e cereja preta se misturam a notas de café com leite e chocolate. Um vinho delicioso, cremoso, redondo, que nos deixa com vontade de tomar outra taça. Vinhão. É importado pela Decanter, e na região de São Carlos pode ser encontrado no Empório Basílico, de Araraquara.
O Tonzinho começou o ano arrebentando. Levou um grande supertoscano da vinícola Argiano, o Solengo 2005. É a terceira garrafa do danado que aprecio (clique aqui) e cada vez fico mais feliz. Um vinhaço, que começa com notas de pitanga, cassis e cereja e vai se desenrolando em notas cítricas, tostadas, chocolate e alcaçuz. Em boca mostra grande volume e a acidez típica de um grande italiano. A propósito, não leva Sangiovese, apenas castas francesas (Cabernet, Merlot, Syrah e Petit Verdot). Um vinhaço!
E para fechar, eu levei um Berardo Chianti Clássico Riserva 2006, da tradicional vinícola Castello di Bossi. Um vinho que foi agraciado com 93 pontos da WS e que com certeza faz a alegria de amantes de vinhos italianos. A Sangiovese se manifesta de maneira implacável. O bom dele: Vai mudando com o tempo em taça, o que para mim, é característica de grandes vinhos. O começo é nervoso, mas com o tempo mostra notas de cereja, ameixa, chá, ervas frescas, pimenta rosa, alcaçuz, tabaco e couro. Muito rico mesmo! Prato cheio para italianófilos. Eu gostei demais. Ótimo Chianti Clássico Riserva.
Isso ai! Começamos muito bem o ano, com vinhos excelentes. Pelo início dá prá ver que 2013 promete.
ps. Faltaram os confrades Paolão e Rodrigo.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Nossa Especial de Natal teve: Louis Latour CORTON-CHARLEMAGNE 2005, CHAMPAGNE DELAMOTTE, GIORGIO PRIMO 2007, BARCA VELHA 2004, CRASTO MARIA TERESA 2007, MOUCHÃO Tonel 3-4 2005, INSIGNIA 2007 e BEN RYE 2006!


Bem pessoal, durante o ano de 2012 foram várias noites regadas a grandes vinhos, sem dó... E em nosso jantar de final de ano a Confraria do Ciao não poderia deixar por menos. Foram vários vinhos de peso, para sete felizardos (a maioria, também de peso...rsrs).
A noite deveria começar com um Champagne, mas como ainda precisava resfriar um pouco mais, ficou para depois de um branco de expressão, o grande Corton Charlemagne 2005, de Louis Latour.
Foi a família Latour que, após os danos causados pela Phylloxera, resolveram erradicar as videiras de Aligoté e Pinot Noir de seus pouco mais de 9 hectares no famoso vinhedo de Corton-Charlemagne e replantar com Chardonnay. Seu vinhedo fica na melhor área da colina de Corton, garantindo máxima exposição ao sol. Esse Corton-Charlemagne 2005 foi fermentado em barricas de carvalho e o amadurecimento foi em contato com as borras (Sur lie). O amadurecimento foi em barricas francesas por 10 meses. Ao nariz, já mostrava toda a sua força. Notas de frutas cítricas, brioche, torta de limão, nozes e leve tostado. Tudo isso, com ótima mineralidade. Em boca, repetia o nariz e era untuoso, cheio e ao mesmo tempo macio, fino e elegante. Tudo perfeito! Uma maravilha engarrafada! De apreciar cada gota com muito prazer e ficar muito triste quando a taça já não mais continha aquele néctar... Excelente!
E depois de nos esbaldarmos com o Corton, partimos para uma magnum do Champagne Delamotte Brut (na foto grande, primeira garrafa). Embora pouco badalado, o produtor é tradicional em Champagne, produzindo grandes vinhos desde 1760 e sendo a quinta Maison mais antiga de Champagne. Tem como vizinho nada mais nada menos que o grande Champagne Salon. Aliás, são Champagnes irmãos, do mesmo grupo (Laurent-Perrier) desde 1989. A Maison Delamotte tem produção limitada, a vantagem de ser menos famosa que a Salon. Seu preço é (bem) mais acessível. O brut é feito com 50% Chardonnay, 30% Pinot Noir e 20% Petit Meunier. É um Champagne excelente, com notas cítricas e de maçã mescladas a nozes tostadas e panificação. É um Champagne potente e elegante, mineral e de bastante presença. Delicioso! Muito bom mesmo! Se pintar alguma no Bota-Fora da World Wine, não deixe passar.
E aí, fomos para os tintos... E que tintos! Bem, a ordem não importa muito no caso, mas vamos começar com um Barca Velha 2004. Já havíamos apreciado o 2000 em duas especiais de final de ano seguidas (aqui e aqui) e queríamos ver como estava este mais recente da Casa Ferreirinha. Bem, não preciso dizer que é um vinhaço. Nesse décimo sétimo vinho do celebrado Barca Velha, a elegância da Casa Ferreirinha se manifesta já nos aromas e em cada gole. O vinho é feito com Touriga Nacional (40%), Touriga Franca (30%), Tinta Roriz (20%) e Tinto Cão (10%). A maturação ocorre em barricas 75% novas e 25% de segundo uso, por 16 meses, e o vinho é engarrafado sem qualquer tipo de tratamento. O vinho possui aromas riquíssimos, com notas de frutas silvestres, florais, balsâmicas, especiadas e minerais. E tudo muito certinho, equilibrado, sem destaque para nada. Sem arestas! Em boca repete o nariz e mostra-se cheio, mas elegante, com fruta viva, ótima acidez e mineralidade. Os taninos são corretíssimos! Embora apreciável agora (e como!!!), acredito que ainda está longe de atingir o seu apogeu. O próprio site da vinícola sugere que isso deva ocorrer entre 15-20 anos após a colheita. Realmente, apesar da riqueza, a impressão é que ainda tem muita coisa por vir. De qualquer forma, ao apreciar esse vinho não se esqueça de decantar por no mínimo 3 horas.
E saindo de Portugal em direção à Bota, partimos para aquele que achei um dos mais completos da noite. Talvez até porque eu tenha aberto com horas de antecedência, decantado e levado na temperatura correta. E como isso faz diferença... Mas tratava-se de outro vinhaço, o Giorgio Primo 2007, da Fattoria La Massa. Eu já postei aqui sobre um 2004 que bebi tempos atrás e também sobre umas taças bebidas em uma vertical (do 2006, 2007 e 2008) apreciada na World Wine Experience (clique aqui), que inclusive, incluia esse 2007. Mas agora no negócio foi diferente. E não foi apenas por causa do tempo de lá para cá, mas também por causa do tratamento do vinho, da taça, do tempo para apreciação (e quantidade, lógico...rs). Isso permite explorar todo o potencial do vinho, que é enorme. Uma curiosidade é que a partir da safra de 2007 a rainha Sangiovese foi tirada do corte, o que, a princípio, achei um ultraje. No entanto, quando se bebe o vinho a "revolta" se transforma em admiração. O vinho é feito apenas com castas francesas (Merlot, Cabernet Sauvignon e Petit Verdot - O 2004 tinha todas elas e também a Sangiovese). Ao nariz mostra uma riqueza aromática incrível, que muda com o tempo. Notas de amora madura, cereja preta, alcaçuz, tostado e baunilha se fazem logo sentir. Com o tempo vão aparecendo notas de cassis e um toque mentolado. Em boca, repete o nariz e é untuoso, potente, mas de uma sedosidade incrível. Como citei para o 2004, a potência e a sedosidade estão de mãos dadas nesse vinho. Paolão e eu o elegemos o rei da noite, e outros confrades o deixaram em segundo ou terceiro. Ou seja, agradou demais. Aliás, agradou também a WS, que lhe outorgou 97 pontos e o colocou entre os top 100 de 2009. É um vinho que não pode deixar de ser experimentado por quem gosta de vinho bão!
E a noite ainda tinha 4 estrelas por brilhar...
Uma delas era uma belíssima magnum de Mouchão Tonel 3-4 2005. Aqui o negócio também pega. É vinho de representa a tradição do Alentejo. O vinho advém da atenção do chefe das adegas da vinícola, que notou que aqueles oriundos dos tonéis 3 e 4 eram mais ricos e complexos. A vinícola resolveu então separar e comercializar esse vinho em separado. Ele é feito com Alicante Bouschet (que se adaptou muito bem nas terras da Herdade do Mouchão) e Trincadeira. A fermentação é feita em lagares de pedra, com pisa a pé. A maturação ocorre por 24 meses em tonéis de madeira portuguesa. É um vinho de cor densa, escura, e aromas muito ricos de frutas maduras, com destaque para amoras, notas balsâmicas, fumo de corda e um fundinho mentolado. Em boca repetia o nariz e se mostrava denso, untuoso e com final muito longo. Muito rico! Outro vinhaço!
Depois dele, outro português de peso: Quinta do Crasto Maria Teresa 2007. Não há muito o que dizer do M. Teresa. É um vinho de muita classe, dos grande portugueses. Eu havia ofertado um 2006 para o pessoal tempos atrás e foram elogios para todo lado (clique aqui). O vinho é feito com uma mescla de uvas (mais de 30 castas) provenientes de vinhas velhas, de mais de 90 anos de idade. O envelhecimento desse 2007 foi feito em barricas de carvalho (80% francesas e 20% americanas), por 20 meses. Ao nariz mostra notas florais e de frutas silvestres (em geléia), kirsch, chocolate, baunilha e confeitaria. Em boca, repetia o nariz, com destaque para as frutas maduras. Era como se mordessemos a parte de cima de uma torta de framboesa. Na verdade, isso não me apeteceu muito. Achei meio exagerado nesse aspecto e para mim, ele perdeu para o 2006. Parece incoerente, principalmente considerando que a safra de 2007 foi melhor. No entanto, o 2006 fez mais minha cabeça. Talvez em alguns anos o 2007 melhore e o excesso de fruta dê lugar também para outras características. É claro que é um excelente vinho, sem dúvida alguma. Mas pode (e deve), melhorar.
E para finalizar a lista de grandes tintos, partimos para um californiano, o Insignia 2007, de Joseph Phelps. Vinho estilão bordalês feito com as melhores uvas de seis vinhedos de Phelps. O vinho, cuja primeira produção data de cerca de 40 anos, é considerado um dos maiores do mundo. O da safra de 2002 foi o vinho do ano da Wine Spectator. Esse 2007 ganhou 96 pontinhos da revista. Ele é feito majoritariamente com Cabernet Sauvignon, mas tem pitadas de Merlot e Petit Verdot. Tem cor, nariz e paladar super concentrados. Ao nariz mostra notas de cassis, amoras, mirtilo e terrosas. A madeira aparece, mas bem integrada ao conjunto. Em boca é untuoso, cheio, de mastigar. Mas tudo muito bem integrado e nada de ser enjoativo. O final é interminável. Outro vinhaço! Tem ainda muitos e muitos anos pela frente e deve melhorar muito ainda. Foi a preferência de boa parte dos confrades. Bem, eu diria que, se o colocassem do lado o Giorgio Primo 2007 e pedissem que eu escolhesse, eu iria direto no Giorgio. E não é só porque custa 1/3 do preço, mas porque gosto mais dele. O italiano feito com uvas francesas faz mais a minha cabeça.
E para finalizar, e acompanhar meu famoso (rs) Creme Brulée, um delicioso Ben Ryé 2006, da vinícola Siciliana Donafugatta. Esse ano resolvemos fugir um pouco de Tokaji e Sauternes, e experimentar outros vinhos doces. Esse Passito di Pantelleria eu havia provado no Encontro do Gambero Rosso e gostado muito. É um vinho feito com Zibibbo (a mesma Moscato de Alexandria). Sua cor é âmbar (faltou a foto...rs),  bem bonita. Lembra até um Porto. Aliás, lembra também nos aromas e paladar. Ao nariz mostra notas de damasco, nozes, doce de laranja da terra e um fundinho de tabaco e ervas. Em boca, a doçura é compensada com uma ótima acidez, que lhe dá frescor e não o deixa enjoativo. O final é longo e prazeiroso. É um vinho excelente! A WS lhe tascou merecidos 94 pontos. Ficou ótimo com o Creme Brulée, mas a meu ver, ficaria melhor ainda com uma Pastiera di Grano ou algo parecido.
Bem, é isso aí... Mais uma daquelas noites muito especiais da Confraria do Ciao (aliás, tem noite nossa que não seja especial?). 

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Flaherty 2008 e Quinta Generación tinto 2007: Embate de dois chilenos

Reuni-me com os amigos Carlão e Akira para apreciar dois vinhos chilenos muito bons. Eu levei o Flaherty 2008, que é um corte de Syrah (44%), Cabernet Sauvignon (31%) e Tempranillo (25%) (informações do site da vinícola). Segundo dizem, a Tempranillo é plantada no quintal do autor, o enólogo é Ed Flaherty, que foi o primeiro enólogo do grande Seña e que atualmente é enólogo chefe da Tarapacá. É um vinho de boutique, produção pequena (apenas 4.488 garrafas - Atenção gigantes produtores brasileiros: Vinho especial é assim - Produção pequena! Esse negócio de vinho "Super Premium", produzido em dezenas de milhares de garrafas, não me convence). Mas voltando ao Flaherty, a maturação é feita por 19 meses em barricas de carvalho francês (25% novas). Ao nariz, é bastante aromático, com notas de licor de cereja, cassis, amora e chocolate. Sente-se também um leve tabaco e um fundinho de eucalipto e alcaçuz. A madeira aparece, mas muito bem integrada. Em boca, é cheio, denso, mas sem exageros. Os taninos estão perfeitamente domados. É bastante redondo. Destaque também para notas minerais. É um vinho muito bom e gostei muito do vinho, pela perfeita integração de todos os elementos. Vale a pena experimentar (eu quero repetir). Tem tudo para se destacar entre os bons chilenos. Aliás, já foi eleito pelo Descorchados o melhor Assemblage de vale quente. Esse é o problema... Logo começa a virar estrela. É importado pela Terramatter.
O segundo vinho, ofertado pelo amigo Carlão, foi um que eu ainda não havia provado, o Casa Silva Quinta Generación tinto 2007. Bem, o produtor dispensa apresentações. O vinho é um corte de Carmenére (45%), Syrah (27%), Cabernet Sauvignon (23%) e Petit Verdot (5%). A maturação é feita por 13 meses em barricas de carvalho francês. É um vinho no qual a Carmenére reina absoluta, pelo menos na primeira hora. Depois de um tempo em decanter ela começa a ficar mais integrada e as notas de pimenta e herbáceas começam a ficar mais leves. Ao nariz mostra ameixa, cereja e chocolate. Com o tempo, surge o alcaçuz. Em boca, tem bom corpo e mostra taninos levemente arenosos e boa acidez. Pede comida. Quem não gosta da Carmenére pode estranhar, principalmente durante os primeiros momentos após a abertura. Recomendo deixar em decanter um bom tempo para o vinho ficar mais integrado. É também um vinho muito bom e tem preço similar ao do Flaherty (talvez um pouquinho mais caro, dependendo do lugar). Embora os dois vinhos se equiparem, eu achei o Flaherty mais elegante.