quarta-feira, 29 de maio de 2013

Paul Sauer 2008: Mais uma beleza!

Se tem um vinho que sou fã é o Paul Sauer, da vinícola sulafricana Kanonkop. Já apreciei de vários anos, e sempre fiquei muito feliz. Recentemente dei umas bebericadas no 1995 e mandamos ver em um 2005 (clique aqui). Mas agora foi a hora do Paul Sauer 2008, que abati sozinho... Perdão confrades! Ainda tenho outra garrafa para compensar o egoísmo...rs. 
O vinho é feito com Cabernet Sauvignon (69%), Cabernet Franc (22%) e Merlot (9%). Corte bordalês típico. A maturação é feita por 24 meses em barricas francesas (Nevers) de médio tostado. O vinho tem aromas complexos de cassis, framboesa, florais, café e alcaçuz. Em boca, repete o nariz e é intenso, com muita presença. Os taninos são finíssimos, o final é longo e a acidez é corretíssima. Prima pela elegância, como um ótimo bordeaux. Uma delícia, como todos os Paul Sauer que apreciei até hoje. Como sempre saliento: É daqueles vinhos que colocam os vinhos premium chilenos em situação delicada. Para quem for apreciar: Aeração é recomendada. Deixe em decanter por 1-2 horas e verá o vinho se abrir. Bem, dá prá acompanhar na taça também. É um vinho longevo. O 1995 que apreciei tempos atrás estava uma beleza. Se tiver paciência, guarde em adega e terá um belíssimo vinho em alguns anos. A propósito, os Kanankop são importados pela Mistral

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Aniversário do JP na Confraria: Vega Sicilia Único 1995, Valbuena 2005, Barolo Seghesio La Villa 2004, Mirto 2006, Tokaji Oremus 5 Puttonyos 2003 e Bacalhôa Moscatel Roxo 1999!

Nessa última reunião da Confraria do Ciao comemoramos o aniversário do amigo JP. E é claro, foi em grande estilo. Já que no meu eu levei um Sassicaia, o JP pegou pesado e chutou o balde: Vega Sicilia Único 1995


Fazer qualquer comentário sobre esse vinho é quase que desperdiçar palavras. Mas para não dizer que não falei das flores: O vinho é feito com 85% Tempranillo e 15% Cabernet Sauvignon, de vinhedos antigos. Matura 22 meses em barricas novas de carvalho francês, 28 em barricas usadas e 24 meses em tinas de madeira de grande capacidade. Ou seja, mais de 6 anos maturando, além de um tempo em garrafa antes de ser comercializado. Ao nariz mostra muita complexidade, com notas de cereja preta e ameixa em compota, em meio a notas balsâmicas, leve mentolado, incenso, especiarias indianas (noz moscada e curry) e chocolate. Parece exagero, né? Só com um desses na frente, descansando um tempo na taça, para saber que ele é tudo isso mesmo. Em boca, repete o nariz e mostra intensidade máxima, mas com elegância impecável. Tudo, tudo, no lugar: Acidez, taninos, álcool, madeira, tudo perfeitamente integrado. Uma maravilha!!! Esse é um mito. Sem nenhum exagero posso tecer-lhe adjetivos como sensacional e estupendo! O JP matou a pau e colocou a turma em uma tremenda saia-justa para os próximos aniversários...rs. Parabéns, meu amigo.
E como se não bastasse, chega o amigo Rodrigo com um irmão do Vega: O Valbuena 2005. Que combinação! O Rodrigo não poderia ter tido idéia melhor. Tivemos a oportunidade de sentir a diferença entre os dois, que são grandes. E aqui, nada do Valbuena ser sobrepujado de forma implacável pelo seu irmão maior. Os vinhos são distintos. O Valbuena é feito com uvas de vinhedos mais jovens. A Tempranillo é majoritária, mas leva pitadas de Merlot (+) e Malbec (ou Cabernet Sauvignon, dependendo da safra). A maturação é feita em tempo menor que o Único, e é utilizada também barrica americana. O vinho também é grandioso. Ao nariz é mais frutado, com notas de cereja e ameixa em meio a especiarias. Em boca possui acidez vibrante, que lhe aporta muito frescor. É também mais tânico que seu irmão "maior". Tem ótima pegada e um final longuíssimo. Um vinhaço! É certo que os dez anos de diferença em relação ao Único apreciado, e as próprias características de cada um, deixam diferenças claras. No entanto, o "carimbo" Vega Sicilia aparece em ambos: Elegância e sedosidade! Que maravilha! Mandou bem demais, Rodrigo!
Eu levei um Barolo Seghesio Vignetto La Villa 2004. É a segunda garrafa que abro desse danado. A primeira apreciei sozinho, de forma "egoísta"...rs (clique aqui). Abri com umas 3 horas de antecedência, decantei e levei para o Ciao. Lá, ainda estava nervoso, e deixamos mais um tempo em decanter. Não vou comentar muito sobre ele. É só acessar a postagem acima. É vinho muscular, na linha dos Barolos mais potentes, com notas de cerejas pretas, ameixas, alcaçuz, café, funghi secchi e pétalas de rosas. Em boca é tânico, como deve ser um bom Barolo, mas com taninos redondos. Bem, eu sou suspeito para dar meu parecer sobre esse vinho, por ser Barolista de carteirinha, e por ter levado, claro. Só digo uma coisa: É bão!
O Tonzinho levou um Rioja, das Bodegas Ramon Bilbao, o Mirto 2006. As Bodegas ficam em Haro, coração de Rioja, e completam 90 anos no próximo ano. O Mirto é seu vinho top, e é feito com 100% Tempranillo. A maturação é de 2 anos em barricas de carvalho francês (Allier). O engarrafamento é feito sem clarificação ou filtração. É um vinho com aromas de cassis, cereja, tabaco e chocolate. A madeira também aparece, com notas cedro. Em boca repete o nariz e destaca-se pelo frescor, aportado por uma acidez vibrante. O final é longo e persistente. É vinho que pede comida. Seus 7 anos ainda não se fazem sentir. É um vinho de categoria, no estilo mais moderno, e que poderia ser guardado ainda por muitos anos. Surpreende pela qualidade obtida na safra, que ficou na sombra das grandes 2004 e 2005. 
Bem, de tintos foram esses... Mas como a noite ainda era uma criança, abrimos dois belos vinhos de sobremesa. O primeiro deles foi levado pelo amigo Caio, e era outro com o carimbo Vega Sicilia: Tokaji Oremus 5 Puttonyos 2003. Não repetirei aqui a velha história dos Puttonyos. Quem quiser relembrar clique aqui.  Esse levado pelo Caião, com seus 10 aninhos, estava delicioso! Ao nariz mostrava de início toques de folhas secas, amassadas, em meio a gengibre e frutas secas. Em boca, notas de damasco e gengibre se mesclavam as notas oriundas da botritização (que não sei explicar como são, só sentir...). Um vinho longo e delicioso! 
E como a turma ainda tinha gás, o JP abriu um delicioso Bacalhôa Moscatel Roxo 1999. O vinho é feito com 100% Moscatel Roxo e matura 8 anos em barricas de carvalho de 200 litros, utilizadas para Wisky. É delicioso! Vinho muito rico, com notas florais, de flor de laranjeira, frutas secas, mel e marmelo. Em boca é amplo e com acidez que equilibra o dulçor. Um ótimo vinho!
Bem, pessoal, é isso aí! O aniversário do JP foi comemorado em altíssimo nível, como merece! O próximo aniversariante, tá  no aço!

sábado, 25 de maio de 2013

Flechas de los Andes Gran Malbec 2009

E enquanto não libero uma postagem de vinhos cabeludos, que deve sair na segunda, vai uma mais leve, de um vinho bem feito. O vinho é um Flechas de Los Andes Gran Malbec 2009. A vinícola é nova, tendo lançado seu primeiro vinho em 2006. Aliás, só produz 4: O Gran Corte, o Gran Malbec e os mais simples Aguaribay e Punta de Flechas. A vinícola é do grupo e se localiza na área de Clos de Los Siete, e é uma parceria entre o Baron Edmond de Rothschild e Laurent Dassault (de St-Emilion). Bem, a assessoria é do onipresente Michel Rolland. Esse Gran Malbec ganhou elogios rasgados da revista Decanter, que lhe outorgou 5 estrelas e 18.5 pontos em 20, o que o deixou entre os Top-Rated de 2012. Já mencionei aqui no blog que estou torcendo o nariz para Malbecões pesados, muito extraídos, com excesso prá todo lado. Mas esse não é assim. Possui um nariz com frutas negras, especiarias e notas florais. Em boca, muito equilibrado, sedoso, com boa acidez e taninos bem redondos. É claro que tem o doce da Malbec, mas ele é compensado pela acidez e não incomoda. O vinho melhora consideravelmente após respirar um pouco e vai muito bem com comida. Acredito que deve evoluir muito bem em adega. Vale a pena guardar uma garrafa por pelo menos uns 2 anos para testar. 
O comprei em uma promoção na Mercearia 3M, de São Carlos e fiquei satisfeito. É importado pela Zahil.

domingo, 19 de maio de 2013

Vini Vinci 2013: Fotos e algumas impressões

Muitos anos de barrica, elegância e longevidade
Nessa edição de 2013 do Vini Vinci a importadora Vinci voltou para o local onde foi feito o seu primeiro evento, ou seja, o Hotel Tivoli. Lembro-me bem daquele evento estreiante. Obviamente, a cada edição fica ainda melhor. É difícil eleger destaques dentre tantos vinhos excelentes. 
Minha primeira passagem foi na CVNE, onde experimentei um branco muito fresco, feito só com Viura e sem madeira, o Monopole. Alí também bebi o grande Imperial Gran Reserva 2001, que dispensa comentários. Nossa turma já apreciou o 1998 e eu no último Vini Vinci experimentei o 1999. Todos ótimos! Ah, tem a história batida de que é o preferido do Rei... 
Sedosidade!
Dalí, fui direto ao estande da Lopez de Heredia, o qual tinha como anfitrião o simpático e empolgado Sr. Júlio Lopez de Heredia. Também, como não ser empolgado com aqueles vinhos maravilhosos? São destaques sempre. Brancos incríveis, tintos maravilhosos! O que há de melhor em Rioja. São sucesso sempre em nossa confraria. Ficarei devendo as fotos dos tintos, um Cubillo, um Reserva 2001 e um belíssimo Gran Reserva 1994, vivíssimo e cheio de finesse.
Passei alí pertinho pelo estande da italiana Fontodi, que produz grandes vinhos, entre eles o grande Flaccianello 2007, o Vigna del Sorbo Riserva 2006 e o ótimo Syrah Case Via. Ah, e o Pinot Nero também é uma beleza, assim como o Vin Santo, feito com Sangiovese e Malvasia Bianca. Todos vinhos excelentes, de muita classe. E se estamos falando de italianos, grandes vinhos da Argiolas (destaque óbvio para o Turriga, mas também o grande Vermentino Cerdeña e o de sobremesa Angialis). 
Alegria, elegância e grandes vinhos
E os vinhos da vinícola Dei? O estande nem estava tão cheio. Parece que o pessoal não conhece muito. Mas se não visitou, perdeu. Os vinhos são ótimos e eram apresentados pela super simpática Catharina Dei, proprietária da vinícola. Aliás, seu vinho top tem o nome de Sancta Catharina, e é uma beleza. Eu já havia apreciado o 2001 e agora apreciei o 2009, que embora novo, estava muito sedoso. São vinhos a serem conhecidos. Todos são muito elegantes. Eu gosto muito de seu Nobile de Montepulciano. 
Da Argentina não podia deixar de visitar a Noemía e apreciar todos os seus vinhos, que gosto muito. Quem quiser conhecer o estilo deles pode começar pelo ótimo A Lisa. Mas se quiser chutar o balde mesmo deve mandar um Noemía, que é maravilhoso, para muitos anos de adega. Experimentei o 2008 e o 2009 e estavam belíssimos. Incrível como são distintos dos outros Malbecs argentinos. E ainda tinho o "2", que é um corte que tem como majoritária a Cabernet Sauvignon. Outro vinhão! 
Passando para o Chile, mas com alma espanhola, visitei o estande da O. Fournier, onde o incansável José Manuel Ortega Founier mostrava os vinhos que faz na Argentina, Chile e Espanha. É outro produtor que gosto muito, pela qualidade e regularidade de seus vinhos. Bebi todos, mas fiquei particularmente impressionado com o chileno O. Fournier blend 2008, que tem como majoritária a Cabernet Franc, com pitadas de Cabernet Sauvignon e Carignan. Os vinhedos de Cabernet Franc foram plantados em 1890! Um grande vinho, que deve evoluir maravilhosamente em garrafa. O problema é, como sempre, o preço, que está salgado... Mas que é um grande vinho, é! E também grandioso o de Ribeira del Duero, o O. Fournier 2005. Cem por cento Tempranillo de uma grande safra e de um grande produtor. Potência e elegância perfeitamente casadas. 
De Portugal, gostei muito dos vinhos da Monte da Ravasqueira. É claro que o pessoal (fugindo da etiqueta) ía logo pedindo o MR Premium 2007, top da vinícola, mas perdeu quem não começou do prinícipio, ou seja, do ótimo Viognier Flavours, que é muito típico. Ou então, não quis conhecer o bom custo benefício Monte da Ravasqueira. É claro que o Vinha dos Romãs e o MR agradaram a todos. O Romãs, que tem como majoritárias a Syrah e Touriga Nacional, eu já havia gostado muito da última vez que provei. O MR Premium é feito com Alicante Bouschet, Syrah e Petit Verdot. 
Joana Cunha: Entusiasmo!
E já que entrei nos portugueses, gostei bastante também dos vinhos da Fontes da Cunha. Eles eram apresentados pela simpática e entusiasmada enóloga Joana Cunha, que conta com a assessoria de Francisco Olazoabal (Meão e Valllado). Vinhos do Dão, com alma do lugar (embora eu tenha notado um lado mais moderno neles). Muito frescor aportado pela ótima acidez e taninos marcantes. O Munda Touriga Nacional 2007 estava uma delícia. É a Touriga no seu berço, diferente daquela do Douro. Ela é menos floral, menos explosiva, e mais elegante. Confesso que a prefiro. Ah, e o branco Munda Encruzado 2010 não pode deixar de ser provado. É fermentado em barricas grandes, onde também matura por 6 meses, junto com as borras. Um vinho de muito personalidade e de ótimo preço. Bem, ainda nos patrícios, nem precisaria  comentar sobre os Portos Fonseca, belíssimos vinhos, apresentados pelo conterrâneo Frederico. Mas não posso deixar de citar o Tawny 20 Anos e o Fonseca Vintage 2009, do qual peguei uma bela taça e apreciei bem devagar caminhando pelos corredores do evento. 
E ainda nos portugueses, quem não bebeu o belíssimo Dão Porta dos Cavaleiros Reserva 1975, das Caves São João, perdeu boa parte do ingresso. Antes de apreciá-lo, é claro que bebi todos os outros da vinícola, cujos vinhos muito me agradam. Em sua juventude, mostram certa rusticidade, mas com o tempo, vão ganhando muita elegância. É só ter paciência. Mas quando cheguei naquele "Senhor" de 38 anos, fiquei estupefado. Como são longevos os vinhos dessa vinícola! Impressionante! Um Touriga Nacional estupendo, que evoluiu maravilhosamente bem nesses 38 anos e ainda mostra muito frescor. Destaque total!
E vamos em frente com a vinícola sulafricana Rust en Vrede. Gostei muito do Shiraz e Cabernet Sauvignon. São vinhos de ótimo corpo e com estrutura para guarda. Mas fiquei impressionado com o seu primo Guardian Peak Lapa Cabernet Sauvignon 2009, alí no mesmo estande.  Um vinho com ótima estrutura, nervoso, com taninos presentes e toques muito gostosos de pimenta e tabaco em meio ao cassis. Um belo vinho com ótimo potencial de envelhecimento, mas que já dá muito prazer agora.
Ufa, já tô ficando cansado... Gostei dos vinhos do Clos de L'Oratoire, principalmente o Chateauneuf Branco 2010 e os de Ogier, com destaque para o Gigondas e o Côte Rotie, muito sedosos e elegantes. 
E para finalizar, impossível não se deslumbrar com os vinhos La Spinetta. O Chardonnay Lidia tem muita presença. Lembra, mas não tem o peso e exagero de novo-mundo. O Barbera D'Alba é belíssimo, assim como os Pin Monferrato. Mas o destaque, claro, vai para o estupendo Barbaresco Gallina 2007. Esse sim, merece o adjetivo estupendo. Que vinhaço! Bebi devagar, curtindo com alguns queijos. Um vinho de cor clara, límpida e aromas deliciosas, riquíssimos, com notas de frutas em meio a notas florais e de especiarias. Muscular, mas extremamente elegante, com taninos perfeitos. Estonteante! Esse vou  conferir devagar, em taças adequadas, brevemente. 
Turma da pesada: La Espinetta
Bem, chega vai... Teve muitos outros e não dá para citar todos. Fiquem com as fotos. Ah, e ainda deu tempo de gastar um pouquinho de energia dando uma caminhada até a Tasca da Esquina para apreciar uma boa comida portuguesa, porque ninguém é de ferro...rs.

Ps. Os asteriscos nos marcadores indicam os vinhos "provados", não os bebidos... Estou adotando essa marca agora para diferenciá-los.


Sr. Júlio Lopez de Heredia e eu
Olha a cor desse Barbaresco Gallina La Espinetta!



O incansável José Manuel Ortega Fournier


O melhor em Chianti Clássico Riserva


Ótimos brancos de Argiolas, liderados pelo grande Cerdeña
Suolo 2007: Ótimo Sangiovese de Argiano, que mostrava também um grande Solengo 2006


Paleta de Porco Preto com Creme de Cogumelos e Farofa de Torresmo - Bão demais!


Pudim de Abade de Priscos - Delicioso candidato a Doce do Ano pela Prazeres da Mesa - Eu já votei!








domingo, 12 de maio de 2013

Aplicativo VIVINO (e similares): Tô fora!

Agora é moda: Uma garrafa de vinho é aberta e lá vem o pessoal  com seus super celulares, tirar uma foto para o aplicativo VIVINO. Isso, antes mesmo de beber. E o pior é que não é apenas para documentar o vinho que vão beber, o que eu até acho legal, prá não esquecer. Na verdade, é para checar no aplicativo quantas estrelas os "sommelieres eletrônicos" deram para aquela garrafa. E não importa se é de outra safra, se o que está na rede é o Crianza e o que está sendo bebido é um Gran Reserva, etc. O nome é parecido e pronto. Também pouco importa quantas pessoas "avaliaram" o vinho - esse negócio de tamanho amostral não existe. Se dois deram 2 estrelas, pronto, a pessoa repetirá a nota e seu vinho entrará para a lista das zurrapas. Se for um vinho raro, que nunca algum "Vivinófilo" bebeu, aí você está perdido! Lá vem o comentário: "Ih, nem tem no VIVINO"! Ah, e voltando ao negócio das estrelinhas, isso é o que há! Um sujeito que não entende nada de vinho, que nunca viu uma ficha de avaliação, tasca 4 estrelas em um Casillero e pronto, virou vinhão! E é comum ver vinhos raros e de primeira linha com 1-2 estrelinhas, enquanto chilenos e argentinos superextraídos levam 4... e por aí vai. Sempre discuto isso com o amigo JP: O fato de eu gostar de um vinho não quer dizer que ele é bom. Quer dizer apenas que eu gostei (achei "gostoso"). E o contrário também é válido. Posso não gostar de um vinho que tecnicamente é perfeito, mas que não bate com meu paladar e gosto pessoal (bem, aí é questão de mau gosto mesmo...rs). É como um carro. A pessoa é obrigada a gostar de um Mercedes? Não! Mas por isso um Mercedes deixa de ser um bom carro? Claro que não. Obviamente, é apenas um exemplo meio bobo, para ilustrar minha posição sobre o tema, que é controverso. 
E já que tô malhando...rs. Os caras enchem a cara, tiram uma foto horrorosa, e voilá: 5 estrelas na zurrapa! Ou seja, totalmente confiável o negócio! E o pior: Tem gente que acredita! 
Na minha opinião, há coisas mais relevantes a serem conhecidas sobre um vinho. Que tal saber sobre o enólogo? Esse coitado parece que não existe. E a(s) uva(s) com que foi feito? Como foi a vinificação? Sou capaz de apostar que tem gente que nem com a nacionalidade do vinho se importa. Ou seja, ao final das contas, a turma vai embora sem saber o que bebeu, pois o que importa são as estrelinhas do Vivino. Oportunidade perdida...
Logo que saiu o tal do aplicativo eu o instalei, pois pensava que ia me ajudar no blog. Usei uma ou duas vezes e foi o suficiente para abandonar. Para mim, não tem o que se salve no negócio. Talvez, para registrar as fotos.
Chega, vai... Já fui chato demais por hoje. Vou voltar para meu Paul Sauer... Aliás, será que ele alcança 2 estrelinhas??? rs.

Ps. Caro leitores que usam o Vivino: Não fiquem bravos! É só uma opinião pessoal. Não sou dono da verdade. Apenas sou meio old fashion quando a questão é apreciar vinhos...rs

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Vale de Ancho Reserva 2006: Grande vinho Português!

Dias atrás, enquanto eu fazia a parada obrigatória no Barreirense após participar de uma banca em Campinas, recebi uma ligação do amigo Paolão. O confrade estava sozinho no Ciao Bello e me convocava para um jantar acompanhado, claro, de um vinhão. Não pude deixar de atender o seu convite e chegando em São Carlos fui direto para lá, apreciar um vinho top da Herdade do Menir (mais conhecido com Couteiro-Mor). O vinho era um Vale de Ancho Reserva 2006. Esse alentejano é feito com Aragonês e Alicante Bouschet e passa 8 meses em barricas novas de carvalho francês. O vinho tem uma belíssima cor e é muito aromático, com notas de amoras maduras, cereja preta, tabaco, alcaçuz, couro e aniz. Em boca é denso, daqueles de mastigar, mas muito elegante e nada de ser enjoativo. Pelo contrário, a cada taça queríamos outra. Foi uma tristeza quando acabou. Os taninos e acidez eram corretíssimos, e o final, daqueles intermináveis. Um vinho delicioso, que deve ser bebido devagar, de preferência acompanhado de comida portuguesa. Eu gostei muito dele. Valeu Paolão! Aliás, o blog tem estado recheado de bons portugueses recentemente. E vem mais por aí...
Os vinhos da Couteiro-Mor são importados pela Adega Alentejana. Se achar, compre sem medo e aprecie um belíssimo vinho, curtindo sua evolução na taça. O preço é salgado, mas em questão de qualidade, não dá chances para a maioria dos chilenos e argentinos na mesma faixa.

Nota: A bela foto do rótulo é do livro de horas de D. Manuel I, do século XVI, e é de setembro, quando ocorre a vendímia, retratada na foto. O livro de horas era muito comum na idade média, e geralmente trazia orações e Salmos para serem lidos durante o dia, assim como outras anotações. Eram famosos pelas belas ilustrações.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Ibéricos reinam em ótima degustação da Casa Deliza em São Carlos! Torre Muga, Grous Reserva, Malhadinha e outros...

Na semana passada, depois do aniversário do amigo Tom, ainda sobrou fôlego para ir a uma degustação organizada pela Casa Deliza, de São Carlos, em parceria com a Importadora Épice. O evento, chamado Wine Road Show, foi realizado no Centro de Convenções The Palace. O local é bonito, o evento foi muito bem organizado e os vinhos, de primeira. A maioria era ibérica, mas tinha vinhos também da Argentina e Chile. Aliás, foi desse último a maior surpresa: Um Sauvignon Blanc de ótimo preço e qualidade. Era um Viña Mar Reserva Especial 2011. Um vinho muito bom pelo preço. Mas para o lado vegetal que para o mineral, mas com mineralidade. Notas cítricas e de goiaba branca se mesclavam a notas de aspargo e grama cortada. Em boca, ótima acidez e um fundo mineral. No dia, estava a 36 pilas. Uma pechincha! E já que estamos nos chilenos, obviamente apreciei uma tacinha do Gran Tarapacá Etiqueta Negra 2010, vinho que nunca desaponta. Ao seu lado, um Zavala 2008, com a Cabernet Franc como uva majoritária (e um pouquinho menos de Cabernet Sauvignon e  Syrah). Um vinho redondo, com notas de amoras, cassis e pimenta preta. Muito equilibrado e com grande potencial de envelhecimento.
Bem, mas como já citei, o destaque do evento foram os ibéricos. E não foram poucos. Comecemos pelos espanhóis. Minha primeira visita, claro, foi no estande das Bodegas Muga. Os vinhos dessa bodega são figuras carimbadas aqui no blog. Comecei obviamente pelo ótimo branco, da safra de 2011. Viura fresco, mineral, bem diferente do 2006 que apreciei recentemente, que já estava mais senhorío. Dali prá frente, nos tintos, já havia apreciado anteriormente o Muga Reserva 2007 e o Muga Selección Especial 2005. Ambos muito bons, mas o Selección, uma delícia rica em especiarias e com uma acidez deliciosa. E do lado desses dois, um maravilhoso Torre Muga 2006 (foto acima), cuidadosamente decantado pelo Sr. Jesus Viguera (foto), diretor de exportação da vinícola riojana. Eu voltei depois de algum tempo para beber esse vinho, do qual pude apreciar boas taças. E não tem muito o que falar sobre ele: Ficou no degrau mais alto no evento. Recentemente apreciei por duas vezes o 2005, que estava uma beleza. Mas por incrível que pareça, esse 2006, de uma safra que não teve o deslumbre de 2004 ou 2005, estava melhor. É um vinho concentrado, mas muito elegante, com notas de figo e café com leite. Seu final era longo e delicioso. Uma beleza de vinho! Sozinho, já valeria a noite.
Mas tinha mais... Ainda nos espanhóis, um muito bom Emilio Moro 2007 e os deliciosos Malleolus 2008 e Cepa 21 2008. Gostei também do AmboS Mencía 2007, da jovem Bodega De-Dos. Vinho fresco, mineral e com notas florais. E também ótimo o Morfeo Cepas Viejas 2006, do Toro, feito com uvas de vinhedos pré-filoxéricos. Vinho concentrado, balsâmico, como pede um bom Toro. 
Saindo dos espanhóis, mas mantendo o foco na península ibérica, os portugueses também deram o show. Meu começo foi pelo estande de um produtor que eu queria conhecer pessoalmente há tempos: Luis Duarte (foto). Enólogo de muita classe e grande renome. E ele servia ótimos vinhos, desde os mais simples Rapariga da Quinta até o muito bom Herdade dos Grous 2009 e o belíssimo Herdade dos Grous Reserva 2008 e Moon Harvested Alicante Bouschet 2009. Todos muito bons! Mas o Grous Reserva 2008 e o Moon Harvested estavam de tirar o chapéu.
O Grous Reserva, feito com Alicante Bouschet (50%), Tinta Miúda (30%) e Touriga Nacional (20%), esbanjava estrutura e elegância. Fruta madura e tabaco em meio a especiarias, como pimenta e alcaçuz. Um vinho concentrado e para muitos anos de adega. O Moon Harvested, que tem esse nome porque as uvas são colhidas quando há maior influência da lua, é feito com 100% Alicante Bouschet. É vinho encorpado, aromático, com notas de frutas maduras em meio a café, chocolate e um fundo de madeira. Em boca é amplo e tânico, também indicando um longo futuro. Um belo Alicante Bouschet.
E seguindo nos alentejanos, e também com vinhos que têm a consultoria enológica de Luis Duarte, parti para a Herdade da Malhadinha Nova. Vinhos que eu não conhecia e que me agradaram muito. O varietal de Antão Vaz tem ótima presença e é muito refrescante, mas os tintos é que mais me encantaram, com destaque, claro, para o grande Malhadinha 2009. Vinho dos grandes, feito com Aragonês, Alicante Bouschet, Tinta Miúda, Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon, e que passa 16 meses em barricas. É um vinho denso, concentrado, com fruta negra madura, toques balsâmicos, e chocolate. Em boca, taninos redondos, ótima acidez e final muito longo. Os 15,5% de álcool não se sobressaem. O vinho é muito equilibrado. Outro grande da noite. 
E bem alí do lado do estande da Malhadinha, os também alentejanos da Quinta do Mouro. O tinto do mesmo nome, Quinta do Mouro 2004, tem um corte bem parecido com o do Malhadinha 2009, é só tirar a Tinta Miúda e pronto. Passa 14 meses em barricas francesas e portuguesas. É um vinho mais austero, com fruta madura, lembrando ameixa cozida, notas balsâmicas, tabaco e couro. Um vinho mais tradicional, gastronômico e de muita presença. Seu irmão Casa dos Zagalos 2006 também é bom, mas eu achei o álcool um pouco aparente.
Bem, vou parando por aqui. O evento foi bem legal, muito bem organizado, ótimos vinhos, comida boa e tudo mais. De crítica, só à boa parte do público, bastante inexperiente e que dava pisadas na bola no quesito comportamento...rs. Mas isso é um aprendizado, e com eventos mais constantes o negócio vai mudando. Parabéns à Casa Deliza.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

O aniversário do amigo Tom foi batuta! Isso, Batuta 2009!

O confrade Tom voltou de viagem e comemorou seu aniversário com algum atraso. Mas a celebração foi boa, como sempre. E para acompanhar a Paella Caipira, que ele mesmo fez alí, na nossa frente em seu fogão à lenha, tinha que ter vinho bão, claro. O destaque foi para um que ele ganhou do amigo Margarido e que foi descorchado alí na hora. Era um vinhão de Dirk Niepoort, o Batuta 2009. E esse também justifica o nome do blog como ninguém. É um vinho top do craque Dirk Niepoort, feito com vinhas velhas (70-120 anos de idade), mas com predominância de Tinta Roriz, Touriga Franca e Touriga Nacional. Matura por 20 meses em barricas novas de carvalho francês. Ao nariz mostra notas de amoras, kirsch, framboesa, chocolate e especiarias, como canela e alcaçuz. Em boca, repete o nariz, é mineral e tem como destaque uma acidez vibrante, que o deixa muito fresco. Os taninos são presentes, vivos, sedosos e o final é longo e especiado. Uma maravilha de vinho! Briga fácil com Meão, Vesúvio e outros grandes portugueses. Impressionou-me pela finesse, leveza e clareza. Um vinho digno da comemoração. Um dos melhores portugueses que já bebi. Tem longos anos pela frente, mas já é perfeitamente (e prazeirosamente) apreciável agora. A propósito, os vinhos de Dirk Niepoort são importados pela Mistral.
Bem, e não tinha só ele, não... Vejam as fotos abaixo. A entrada foi com um vinho bem mais simples, um DV Catena Cabernet-Malbec 2008. Vinho com notas florais e de especiarias em meio a ameixa, cassis e figo. Em boca, repete o nariz e mostra boa acidez. Foge um pouco do estilo mais denso, embora ainda tenha aquele doce característico. Mas não é do tipo exagerado. Acredito que ganhará com adega. Diversão certa para novo-mundistas de plantão.
Depois dele, outro argentino de peso e que já foi comentado aqui outras vezes, o Lindaflor Malbec 2002. É um dos vinhos mais consistentes feitos com essa uva na Argentina. Vinho grande, super em tudo, e parece que não morrerá nunca! Incrível como esse 2002 ainda está vivo e cheio. Mas o tempo está lhe aportando ainda mais elegância. Bom mesmo o danado.

Seguiu-se um espanhol, que nunca falta. Agora, um que não conhecia, o Rioja Bordón Gran Reserva 2004. O vinho é produzido pelas Bodegas Franco-Espanholas, e passa 36 meses em barricas americanas de tostado médio a intenso. Depois, descansa mais 2 anos em garrafa antes de ser comercializado. O vinho é um Rioja clássico, tradicional, com madeira presente, mas sem incomodar, e notas de licor de cereja, caramelo, baunilha, cítricas, canela e um fundinho de tabaco. Em boca, mostra ótima acidez, madeira presente e taninos sedosos.  Um vinho muito bom pelo preço que vi no mercado. 
E para finalizar (pelo menos enquanto eu estava lá...) abriram um outro velho conhecido nosso, o Quinta da Bacalhôa 2009. Bem, esse vinho é tiro certo. Não tem erro. É difícil não agradar. Nem vou comentar muito sobre esse ótimo Cabernet (com uma pitadinha de Merlot), pois já foi comentado aqui no blog (clique aqui). No entanto, quando foi bebido mostrava-se ainda novo, meio fechado, mas com ótimo potencial. Agora, já está ótimo para beber. Notas de cassis se destacavam em meio a um tostado delicioso e alcaçuz. Em boca, corretíssimo, como sempre. Mais um Quinta da Bacalhôa que não deixou barato.
Bem, isso ai, pessoal. Aniversário muito bem comemorado do Tonzinho. Parabéns, meu amigo!
A propósito, depois disso tudo, ainda fui para uma degustação da Épice, na qual vinhos ibéricos deram o show. A postagem virá logo. 
Bem, e acabei de receber a informação do JP, que depois de minha saída ainda rolou um Lagarde Primeras Viñas 2009, um Lindaflor 2006 e um Amarone Zenato Clássico 2006 (coisa rara, hein Tonzinho?). Essa turma não perdoa...rs.
Neto colocando o arroz na Paella Caipira feita na hora pelo amigo Tom

Tonzinho dando os toques finais.. Como estava boa a Paella...

Voilá! Depois disso, só alegria!



quinta-feira, 2 de maio de 2013

Quinta do Vesúvio 2007: Esse é vinho de verdade!

Há tempos prometi ao amigo Caio levar uma garrafa do Quinta do Vesúvio 2007 para apreciarmos. Isso porque ele ficou impressionado com o vinho ao apreciá-lo tempos atrás em um Encontro da Mistral. Bem, eu também fiquei, mas como já mencionei aqui no blog, só considero ter tomado um vinho quando o descorcho, ou um amigo o faz. Como diz o Sr. José Manuel Bento dos Santos, da excelente Quinta do Monte D'Oiro, vinho é para ser bebido, não provado. Aquele negócio de sujar o fundinho de uma taça e sair dizendo que bebeu o vinho, não é comigo. Eu tenho que acompanhar a evolução do danado na taça, de sentir como se porta ao lado da comida etc. Bem, e chegou a hora de beber esse Quinta do Vesúvio 2007. 
A Quinta do Vesúvio era uma das preferidas de Dona Antônia Adelaide Ferreira (das Casas Ferreirinha) e foi adquirida pela familia Symington em 1989. A Quinta fica a apenas 45 km da divisa com a Espanha, no lado oriental do Douro, e é uma das mais belas do local. Ela era conhecida muito mais pela produção de excelentes vinhos do Porto, mas em 2007, resolveu lançar um vinho de mesa. E começou por cima - O Quinta do Vesúvio surgiu, logo em sua primeira safra, para competir com os maiores vinhos portugues.  O vinho é feito com 70% Touriga Nacional, 20% Touriga Franca e 10% Tinta Amarela, todas de vinhedos da parte mais alta da Quinta, de difícil acesso. O vinho maturou por 10 meses em barricas novas de carvalho francês. É um tremendo vinho! Ao nariz mostra notas florais (mas sem exagero), de amoras, cerejas pretas, kirsch e groselha, em meio a notas minerais, defumadas (no ponto certo), tabaco, chocolate e alcaçuz. Um monte de coisas, né? Característica de "vinho bão". É por isso que para mim, vinho tem que ser bebido, não provado. Tudo isso vai surgindo com o tempo, e não se mostraria em um fundinho de taça e em pouco tempo. Em boca o danado é sofisticado, untuoso, encorpado, mas sem perder a elegância. Os taninos são corretíssimos e o final é interminável. A cada taça se abria em novas nuances e nos levava a querer outros goles. Sem dúvida alguma para bater de frente com os grandes portugueses. Esse sim, é grandioso! 
Em pouco tempo esse vinho, da bela safra de 2007, será difícil de ser encontrado. Ainda não é tão conhecido como seu primo Duriense Meão, mas o preço já é similar (e a qualidade também). Quem quiser ter uma introdução a ele, pode experimentar um Pombal do Vesúvio, seu irmão menor, mas que, apesar de bom, fica a uns bons degraus de seu irmãozão. A propósito, os vinhos da Quinta do Vesúvio são importados pela Mistral.
Bisteca de Porco com Molho de Ameixa e Mel, sobre Purê de Batata Baroa - Obra do Chef Bart e que ficou ótima com o vinho