terça-feira, 29 de outubro de 2013

No aniversário do Paolão, teve Giramonte 2006 e mais um monte de vinhobão!

Dias atrás fomos ao Chez Marcel comemorar o aniversário do Paolão. A noite começou com um Chablis Domaine Long-Depaquit 2011, de Albert Bichot, levado pelo Caião (foto ao final do texto). O produtor é um négociant da Borgonha, que produz uma gama enorme de vinhos. Este Chablis passa 6 meses em barricas. Ao nariz mostra notas de limão siciliano, maçã-verde e minerais. Em boca é leve, com boa acidez e mineralidade. Um exemplar bem típico da região e bom para beber sozinho ou acompanhar um peixe. 
Depois do branco, passamos para um Champagne Piper-Heidsieck levado por este que vos escreve (foto ao final do texto). É aquele, do rótulo vermelho. Estava já há alguns anos em minha adega e mostrava os sinais dos anos. O lado cítrico já não era tão evidente, como costuma ser nos Piper-Heidsieck mais novos. Ele mostrava notas de brioche, tostadas, de panificação e amendoadas, bem gostosas. Em boca era cremoso e as notas de panificação e amendoadas davam o tom. Todos, inclusive eu, gostamos muito. 
Bem, e aí passamos para os tintos. E vou começar pelo grandão, levado pelo Paolão, aniversariante do dia. Era um belíssimo Giramonte 2006, de Frescobaldi. Alguns anos atrás o Paolão chegou na confraria dizendo que tinha ouvido falar de uma degustação da Grand Cru em São Paulo, com vários vinhos tops que tinham a Merlot como majoritária, dentre eles o Petrus 2004 e o Masseto 2006, ambos batidos pelo Giramonte. Completou dizendo que havia conseguido uma bocada incrível prá gente. Que comprara 6 garrafas de Giramonte 2006 com um descontão, uma para cada um dos confrades. Bem, era um descontão de uns 20 Reais por garrafa...kkkk. JP, Tonzinho e eu embarcamos na compra, e temos um desse guardado em nossas adegas. E vou dizer, a facada foi doída, mas valeu a pena, pelo que descreverei a seguir. 
O Cru Giramonte provém de uvas plantadas em um vinhedo de 6,5 hectares, na Tenuta de Castiglioni. Este 2006 foi feito com 87% Merlot e 13% Sangiovese. A maturação transcorreu em barricas novas de carvalho, por 16 meses, e adicionais 6 meses em garrafa antes de ir ao mercado. Ao nariz é muito intenso, com notas de frutas silvestres maduras, quase em compota, em meio a café, chocolate, alcaçuz e um fundinho de baunilha. Depois de um tempo surgia um mentolado bem charmoso. Impressionante! Em boca, repetia o nariz e mostrava taninos sedosos. É potente, untuoso, mas muito elegante. O final era interminável. Vinhaço, dos grandes! Valeu Paolão.
O Tonzinho chegou com um Bressia Profundo 2007 debaixo do braço. A Bodega Bressia, conduzida por Walter Bressia, é familiar, pequena, e se propõe a fazer vinhos distintos, sem o peso e dulçor habitual dos vinhos argentinos. O vinho costuma ser feito com Malbec e Cabernet Sauvignon (majoritárias) e quantidades menores de Merlot e Syrah. No entanto, se me lembro bem do contra-rótulo deste 2007, era 50% Malbec, 40% Cabernet Sauvignon e 10% Merlot. Parece que a Syrah caiu fora nesta safra. Bem, se algum leitor tiver informação sobre isso, fique à vontade. O vinho matura 10 meses em barricas de carvalho francê e americano (de primeiro e segundo uso) e descansa 12 meses em garrafa antes de ser comercializado. Ao nariz mostrava notas de framboesa (bem evidente), amoras, alcaçuz, chocolate e baunilha. Em boca começava doce, mas depois mostrava um toque herbáceo que equilibrava o dulçor. A acidez é boa e os taninos muito macios. O final é bastante prazeiroso. O vinho ainda tem aquele lado doce dos vinhos argentinos, mas sem exageros. Fica melhor depois de um tempo aberto. Assim, a decantação por algum tempo é recomendada. Acompanha a comida muito bem, sendo bastante versátil. Uma bela surpresa. Aliás, só para polemizar, Mr. Parker (ou seus colegas... Jay Miller?), lhe outorgou 92 pontos. A Wine Spectator, 78!!! E ainda disseram que apreciaram duas vezes, com notas consistentes. Piraram. Aqui eu tenho que pender para Mr. Parker. 
Nosso confrade Rodrigo chegou com o Brunello di Montalcino Casalino 2006. Bem, a safra foi ótima e a perspectiva boa. Não achei muito sobre o produtor na rede e não vai dar para falar muito sobre ele então. Ao nariz o vinho mostra notas de cereja preta, bem madura, chá, tabaco e couro. O álcool aparece e dá um ar "quente" para o vinho. Em boca, mostra essse lado "quente", levemente rústico, ficando no meio do caminho entre Brunellos tradicionais e modernos. Meu amigo Rodrigo terá que me perdoar, mas não apreciei muito o vinho. Mas que isso não o desestimule a levar Brunellos, pois ele sabe que sou fã de carteirinha. É que realmente, este não fez minha cabeça, e tenho que ser sincero. Sorry Doctor...
Seguindo, bebemos o português Roquette e Cazes 2010, levado pelo Fernandinho. Este dispensa apresentações. Já postei aqui sobre o 2006 e o 2007. Inclusive já havia provado o 2010 em uma degustação recente da Qualimpor. Minha observação na época foi de que o Roquette e Cazes precisa tempo na garrafa. Mas desta vez, eu mesmo decantei o vinho por 2 horas e voilá: Vinhão na taça! O irmão menor do Xisto, feito com Touriga Nacional (60%), Touriga Franca (15%) e Tinta Roriz (25%), deu o show. Ao nariz notas florais e de amoras maduras, kirsch, framboesa e baunilha. Em boca, repetia o nariz, mostrava ótimo corpo, acidez correta e taninos redondos. O final era longo e muito gostoso. Incrível como a decantação lhe fez bem. Quem o bebe logo ao ser aberto não aproveitará todas as qualidades do vinho. Fez sucesso o danado.
Depois dele, e para finalizar, o vinho levado pelo JP, o Chateau Haut-Bages Libéral 2000. O vinho é um 5éme Grand Cru Classé de Pauillac. Os vinhedos do Chateau ocupam 30 hectares, dos quais cerca da metade faz vizinhança com o Chateau Latour e a outra metade com o Chateau Pichon Baron. Bons vizinhos. O vinho, de uma safra grandiosa, foi feito com 65% Cabernet Sauvignon e 35% Merlot, com rendimento de 800 g/planta. A maturação transcorreu por 16 meses em barricas de carvalho (40% novas). Ao nariz, a fruta (amora e cassis) fica sob notas de tabaco, pimenta-do-reino e alcaçuz. A pimenta é bem evidente e presente também em boca. O lado mineral do vinho também é patente. Em boca, repete o nariz e nem parece ter quase 14 anos. Incrível a sua jovialidade e frescor. Os taninos são firmes e o final era longo e especiado. É o tipo de vinho que eu gosto. Precisaria ser decantado e sua vocação gastronômica é evidente. Um vinhão, que poderia ser guardado ainda por muitos anos.
Bem, e foi isso. O aniversário do Paolão foi muito bem celebrado!
A turma reunida
A lagosta do Chef Bart estava uma beleza

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

3 Amigos, 3 Vinhões: Viña Real Gran Reserva 1999, Cresasso 2006 e Enzo Bianchi Gran Cru 2007!


Quase desistimos da noite... Todos estávamos muito cansados. JP então ligou do Restaurante Barone, quase chorando, dizendo que estava lá sozinho com uma garrafa de um bom espanhol para ser descorchada. Tive que ir. Não deixaria meu amigo aos prantos bebendo um Viña Real Gran Reserva 1999 sozinho...rs. E estava bom o danado. Eu sou fâ da Compañia Vinicola del Norte da España (CVNE), e o Viña Real sempre me deixava bem impressionado em degustações da Vinci. Só para lembrar, a CVNE possui 3 bodegas: CVNE (localizada em Rioja Alta e que deu origem ao nome da companhia em 1879), Contino (com vinhedos na Rioja Alavesa) e Viña Real (também na Rioja Alavesa). A sede desta última é em forma de tina, feita com cedro do Canadá, de onde saem túneis cavados na rocha para maturação dos vinhos. O Viña Real Gran Reserva é um dos tops da vinícola (alí pertinho do Pagos de Viña Real) e é feito com uvas de pagos selecionados, sendo 95% Tempranillo e 5% Graciano. A fermentação malolática do Gran Reserva é feita em barricas de carvalho francês e americano por mais de 2 anos, com trasfegas regulares a cada 3 meses. A clarificação é feita de forma tradicional em Rioja, com claras de ovos. O vinho é um Rioja clássico. Ao nariz mostrava notas de cereja, tabaco, cítricas e da madeira bem acertada. Em boca repetia o nariz, a madeira aparecia discreta e os taninos já estavam amaciados pelo tempo. A acidez já não era aquela... Bem, a safra de 1999 não foi lá essas coisas em Rioja e parece que se manifestou neste vinho, que me pareceu um pouco discreto frente a outros irmãos seus que apreciei em outras ocasiões. Já estava em seu ápice. Estava bom? Sim, claro! É vinhão de estirpe. Mas não era um dos melhores representantes do seu time.
Eu levei o italiano Cresasso 2006, da Zenato. Produtor, ano e vinho, ótimos! Sérgio Zenato fundou a vinícola em 1960 e até os dias atuais, acompanha a produção, do vinhedo ao engarrafamento e exportação. Seu Amarone Clássico é delicioso (imagino que o Riserva deva ser uma beleza). O Cresasso eu apreciei em uma World Wine Experience tempos atrás, e fique impressionado com sua qualidade. Mas era um 2005, cuja safra ficou na sombra da grandiosa 2006. E quando tive a chance de pegar umas garrafas, ainda mais em promoção, mandei ver. O Cresasso é feito com uvas de um vinhedo localizado em Costalunga, no coração de Valpolicella. O solo do terreno é caracterizado por ser formado por rochas do período Cretáceo, daí o nome (Cre, de Cretáceo e Sasso, de pedra). O vinho é feito com Corvina Veronese e matura por 18 meses em barris de carvalho de 500 litros. É muito rico em aromas. No começo mostra notas de cereja preta, amoras maduras e alcaçuz. Com o tempo, surgem notas de chocolate amargo e geléia de ameixa. Em boca, repete o nariz, é mineral e mostra taninos muito sedosos. A acidez é perfeita e o final longo, longo. Um ótimo vinho! Bom para beber solo ou melhor ainda acompanhando uma boa carne ou lascas generosas de parmigiano reggiano.
E para finalizar, o vinho levado pelo Tonzinho, um Enzo Bianchi Gran Cru 2007. O vinho é um top da vinícola Bianchi, e seu nome é em homenagem a Don Enzo Bianchi, seu enólogo por mais de 50 anos. Este 2007 foi feito com 85% Cabernet Sauvignon, 7% Malbec e 8% Petit Verdot. É uma prova de que a Argentina vai (muito) além da Malbec. O vinho passa 14 meses em barricas e é engarrafado sem filtrar. Ao nariz mostra notas de cereja e ameixa, em meio a especiarias. Depois de um tempo, surge um mentolado bem gostoso. Em boca, repete o nariz, mostra taninos sedosos e ótima acidez. É seco e foge do padrão fruta madurona. Um ótimo vinho, com grande potencial de guarda. Aguentaria tranquilo bons anos na adega. A ser conhecido.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Amélia Chardonnay 2011: Branco de qualidade

Dias atrás o Carlão nos ofertou este Amélia Chardonnay 2011. O Amélia foi lançado em 1993 e é feito com uvas do vinhedo Las Petras, do Vale do Casablanca. O local, que fica perto da região central costeira do Chile, possui solos argilosos e com baixa fertilidade.  Segundo a Concha y Toro, o solo, juntamente com o clima frio e os ventos constantes, fazem com que as videiras tenham baixo rendimento e aportam concentração ao vinho. A maturação das uvas no local é lenta e tardía. O responsável pelo vinho é o conhecido enólogo Ignácio Recabarren. O Amélia passa 11 meses em barricas de carvalho. Este 2011 mostra notas de pêra e abacaxi (não exagerado) ao nariz, com um leve toque amanteigado e um fundo mineral. Em boca, repete o nariz, é maduro, mas sem perder o frescor,  e bem sedoso. Para o meu gosto, poderia ser um pouquinho mais mineral e ter um pouquinho menos de álcool. Mas é um vinho muito bem feito, gostoso e par perfeito para frutos do mar. Parece que a vinícola caminha na direção de torná-lo mais fresco, o que acho legal.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Rutini Coleccion Pinot Noir 2002: Bom, mas o 99 estava melhor...

Na mesma noite que apreciamos um Mazis-Chambertin de Dominique Laurent e um Sequana Pinot Noir, levei um Rutini Colección Pinot Noir 2002. Tempos atrás havia apreciado o 1999, que me alegrou muito. A curiosidade por este, da histórica safra de 2002, era grande. Bem, a safra de 1999 também foi muito boa. Quando eu cheguei com o vinho o "Big Charles" deu uma torcida de nariz...rs. "Um Rutini"???...rs. Mas esta linha do Rutini é outra coisa. Nada a ver com os cortes facilmente encontrados por aí. O Pinot, inclusive, é bem difícil de ser encontrado. Lembro que se achava no Free Shop de Guarulhos tempos atrás, mas não mais. E em se tratando de um 2002, mais difícil ainda. Esse me foi trazido por uma cunhada, da Patagônia, junto com o 1999. Mas vamos ao vinho. Ele é feito com uvas de Tupungato e passa 14 meses em barricas novas de carvalho (80% francês e 20% americano). Ao nariz mostra fruta madura, compotada, com destaque para cerejas e ameixas, em meio a baunilha. Em boca já se mostrava no auge e apresentava uns toques terrosos interessantes. Mas tinha um lado compotado que não me agradou muito. Diferente de seu irmão de 1999, do qual gostei mais. E na noite, obviamente, levou uma chinelada do Mazis-Chambertin e a meu ver, também mostrou-se inferior ao Sequana (que tem preço similar no exterior - Aqui no Brasil o preço do Sequana é mais salgado). Mas há de se destacar a boa performance do vinho nesses 11 anos de vida. Aguentou bem.

Sequana Pinot Noir Green Valley of Russian River Valley 2009

Apreciamos este Sequana Pinot Noir Green Valley of Russian River Valley 2009 na mesma noite em que bebemos o Mazis-Chambertin 1997 de Dominique Laurent. O vinho, levado pelo Carlão, foi submetido a uma prova de fogo. Mas o californiano se portou bem. 
O nome da vinícola é em homenagem à deusa Sequana, que é representada por uma estátua sobre um barco que flutua sobre o Rio Sena, cujas águas nascem no berço da Pinot Noir. O enólogo é James MacPhail, que já trabalhou com experts em Pinot Noir, como Merry Edwards e Gary Farrell. Este vinho, em particular, vem de um vinhedo pequeno, de menos de 3 hectares, chamado Sundawg Ridge. O vinho matura 11 meses em barricas de carvalho francês (40% novas). Ao nariz mostra notas de fruta madura, com destaque para cereja e morangos, e alcaçuz. Nariz típico de novo mundo. Em boca é bem redondo, e surpreende com notas terrosas e um toquezinho herbáceo ao final que dá um charme especial. Os taninos são muito sedosos e o final longo. O álcool é alto, o que em Pinot Noir (e tantos outros), me incomoda. Mas neste vinho ele não sobressai. Para o meu paladar, eu só queria que ele fosse um pouquinho mais seco. A sua característica novo-mundista ficou, obviamente, evidenciada por ter sido bebido ao lado de um Borgonha de primeira linha. Foi legal a comparação.  Embora eu tenha gostado do vinho, devo dizer que prefiro os Pinot Noir do Oregon aos da Califórnia. Mas nesse caso, é questão de gosto. Logo descreverei aqui no blog um outro novo-mundo que o acompanhou na mesma noite. 
Os vinhos Sequana são importados pela Decanter.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Dominique Laurent Mazis-Chambertin Grand Cru 1997: Grandioso!

Meus amigos André e Akira apareceram com um borgonha de responsa para mandarmos ver. E não era coisa pequena: Dominique Laurent Mazis-Chambertin Gran Cru 1997! Bem, eu poderia gastar umas boas linhas sobre Dominique Laurent, que é um négociant muito respeitado na Borgonha, mas prefiro remeter à uma postagem do Beto Gerosa, que descreve com muito mais propriedade as características do produtor, que figura entre os négociant tops (isso, tem négociant e négociant...). Para se ter uma idéia, até a Wine Spectator, que não costuma ser muito generosa com borgonhas (?), ou pelo menos o quanto deveria ser, lhe outorga sempre pontuações de respeito. O Mazis de 1995, por exemplo, faturou 98 pontos, e este de 1997 que bebemos, 96 e elogios rasgados. 
O Grand Cru Mazis-Chambertin é localizado dentro da comuna de Gevrey-Chambertin e conta com pouco mais de 8 hectares plantados, em sua maioria, com Pinot Noir (85%). Os restantes 15%, obviamente, são ocupados por videiras de Chardonnay. Seus vinhos são conhecidos pela opulência e é claro, elegância. E este Mazis-Chambertin 1997 não poderia estar diferente. O vinho exalava aromas de morangos silvestres e amoras, em meio a sous-bois, notas florais e muita (mesmo) especiaria. As notas de alcaçuz se alternavam com canela e noz-moscada. Eram impressionantes os aromas do vinho. Na primeira cafungada lembrei também de carne flambada. Parece esquisito, né? Mas foi a sensação que eu tive. Em boca era intenso, especiado, com bela acidez e taninos finíssimos. A madeira, como deve ser em um bom vinho, era coadjuvante e muito bem integrada. O final era interminável, terroso e levemente cítrico. Uma maravilha! Um vinho de 16 anos e em plena forma. Tudo que a Pinot Noir pode oferecer. Sem dúvida alguma um dos melhores borgonhas que eu bebi, ajudado pela perfeita maturação nesses anos em garrafa. E ele foi apreciado na presença de dois outros Pinot Noir do novo-mundo que, embora de muita qualidade, tomaram chineladas daquelas ardidas. Bem, ardido também é o preço do vinho, que é importado pela World Wine. A safra disponível é, no entanto, a 2006.
Valeu André e Akira!

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Flaccianello della Pieve 2006: Para comemorar a titularidade com um grande amigo!

No final de 2011 meu grande amigo Márcio fez concurso para Professor Titular. Coincidentemente, eu também concursava para Titular aqui em São Carlos na mesma semana. Queria muito ter presenciado o seu concurso, mas por motivos óbvios, não pude ir. Mas eu guardei uma garrafinha aqui na adega para um dia celebrarmos juntos o feito duplo. E só agora, na semana passada, quase final de 2012, conseguimos sentar na mesa de um restaurante para celebrar com calma. A vida corrida pouco tempo nos dá. Por isso sempre digo: Não podemos perder a oportunidade de abrir uma boa garrafa! E é claro que eu não abriria uma zurrapa, né? Meu amigo nem eu merecemos judiar de nosso estômago. Fomos ao Barone e eu levei um Flaccianello della Pieve 2006. Bem, esse vinho dispensa apresentações, mas tenho que escrever umas linhas sobre ele. O vinho, da belíssima safra de 2006, acumula notaças de tudo quanto é lado. Foi top 10 da Wine Spectator em 2009 com nada mais, nada menos, que 99 pontinhos... Bem, podemos falar o que for das avaliações, mas nesse caso, o negócio é sério. A vinícola não brinca em serviço. Nunca bebi um vinho dela que não me tenha feito levantar as sobrancelhas. A Fontodi fica bem no coração de Chianti, em um local chamado "Concha Dourada", que tem a forma de um anfiteatro romano. Segundo seu site, o local beneficia-se da altitude, solo calcáreo, muita luz e um excelente microclima, com alta amplitude térmica. A vinícola pratica a agricultura orgânica. O Flaccianello é seu vinho top, e é feito com 100% Sangiovese de vinhedos selecionados. A fermentação é realizada por leveduras indígenas e o vinho matura por 18 meses em barricas de carvalho francês Allier e 12 meses em garrafa antes de ser comercializado. É um vinho superlativo. Ao nariz, mostra notas de cranberry, cereja preta, baunilha, café e um perfume floral que eu não consegui identificar. No primeiro gole pensei ter aberto cedo demais. Estava meio pegado, nervoso... Mas em alguns minutos o negócio mudou. O vinho foi se abrindo e, além dos aromas que pareciam saltar da taça, mostrava uma riqueza em boca impressionante. É cheio de camadas, explosivo, intenso, e muito elegante. Daqueles de encher a boca e ficar com o gosto lá, intrépido, sem vontade de sair. Acidez italiana e taninos presentes, mas sem arestas. Sem dúvida um dos melhores vinhos que bebi este ano e que ocupará lugar de destaque no portfólio do "Vinhobão!". Um vinho para ficar na memória, que ficou ainda melhor por que foi apreciado com um grande amigo, para celebrar duas conquistas resultantes de muita luta. Valeu, amigo Márcio! Devidamente celebrado!