terça-feira, 31 de maio de 2011

Confraria do Ciao: Malartic-Lagravière, Tondonia, Tara-Pakay, Alión, Migliara, Dulcamara, Sastre e Lindaflor

Nesta última reunião da Confraria do Ciao o negócio pegou! A lista de vinhos foi de primeiríssima. Começamos com um Chateau Malartic-Gravelière 2000, de Pessac-Leognan, levado pelo confrade João Paulo. Um belo vinho. Para mim, um dos melhores da noite. O vinho é feito com proporções praticamente idênticas de Cabernet Sauvignon e Merlot (totalizando 90%), 8% Cabernet Franc e 2% Petit Verdot. Nas safras recentes a Cabernet Sauvignon é privilegiada, ao passo que nas anteriores a 2002 era a merlot (como nesse do ano 2000, aliás, um grande ano). Vinho de cor densa, nariz a frutas maduras (amoras e framboesas), tabaco, especiarias (canela) e alcaçuz. Em boca é um vinho amplo, intenso e com taninos já redondos e sedosos. O final é bastante longo. Uma delícia!
Em seguida, um vinho que levei e que foi adorado por todos: Tondonia Reserva 2000. Bem, eu adoro os vinhos de Lopez Herédia, que são a manifestação plena da tradição riojana. Vinhos que não seguem modismos, puros e deliciosos. Este reserva 2000 tinha cor rubi bem bonita, aromas de cereja, romã, leve casca de laranja, chá, tabaco e couro. Redondo na boca, com bela acidez e taninos bem integrados. Foi sucesso absoluto!
O Tom nos brindou com dois belíssimos vinhos, o Lindaflor 2002 (já comentado aqui no blog), que sempre é sucesso, uma delícia de malbec. Entre os melhores malbecs argentinos; e um Tara-Pakay 2007. Este último é um vinho top da Chilena Tarapacá. Corte de Cabernet Sauvignon (67%) e Syrah (33%). Vinho potente, encorpado, rico, intenso, de mastigar. Muito complexo. Notas de amora, mirtilo, café expresso, chocolate com leite, baunilha, defumado, especiarias (canela e noz-moscada)  e leve mentolado. Em boca extremamente amplo, intenso, com tudo no lugar. O final era interminável. Que beleza de vinho! Sem dúvida entre os melhores chilenos. De botar muitos bordeaux debaixo no chinelo. Vale a pena experimentar. A Wine o comercializa.
E voltando aos espanhóis, passamos para Ribeira del Duero, com um grande Alión 2006, levado pelo amigo Marcelo Margarido. Bem, Alión dispensa apresentações. Feito pelas Bodegas Vega Sicilia, mas em estilo mais moderno, este vinho é sucesso entre enófilos. Este 2006 estava muito bom, com notas de figo, chocolate e balsâmicas. Em boca é potente, amplo, e o final é longo. No entanto, acho que está muito novo. É vinho para se beber com 10 anos de idade. Aliás, tive a mesma impressão quando bebi o 2004. E alí do seu lado esquerdo, na foto, o vinho levado pelo Fernandinho, um Viña Sastre Crianza 2002. Este sim estava na hora de beber. Já havia apreciado outras garrafas desta mesma safra, e sempre me alegraram. Esta vinícola, também de Ribeira del Duero, faz vinhos muito bons. Seu vinho de entrada, o Sastre Roble, já é uma delícia. Este Crianza 2002 estava muito bom, com notas de fruta (cereja) envolta em bala toffee. Uma delícia!
Bem, indo agora para a bota, bebemos dois italianos de peso. O primeiro, foi levado pelo amigo Caio, e é um vinho feito pela I Giusti e Zanza, na Toscana. O Dulcamara 2006 tem, no entanto, um corte bordalês, com Cabernet Sauvignon, Merlot e um pouco de Petit Verdot. Ao nariz, notas florais, cassis e baunilha. Em boca tem boa acidez, como um bom italiano, e seus taninos são presentes, mas bem integrados. Um vinho muito gostoso e gastronômico por natureza. Eu acho que também está novo e que, com alguns anos de adega, ficará uma delícia. Em São Carlos pode ser encontrado na Mercearia 3M, do amigo Idinir.
E para finalizar, bebemos um outro italiano, levado pelo amigo Rodrigo. Tratava-se de um Syrah feito por Luigi D'Alessandro na Toscana, o Migliara 2006 (esquerda na foto). É um vinho maravilhoso, que arrebatou nada menos que 98 pontos da WineSpectator. Bebemos este vinho no final do ano passado, e comentei aqui no blog. Mas vale a pena citar novamente. Notas florais, de amora, pouco chocolate (geralmente muito presente nos syrah do novo mundo) e boa mineralidade. Em boca, muita sedosidade e elegância. Uma delícia! De novo, o amigo João Paulo e eu foram os que mais gostaram. Os vinhos Luigi D'Alessandro são comercializados pela Mistral.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Bazar do Vinho no Spazio 203 - Cova da Ursa 2003 e muitos outros

Quem não foi, perdeu! A Adega Spazio 203, em São Carlos, organizou neste último sábado seu Primeiro Bazar do Vinho. Nele, os participantes puderam apreciar bons vinhos, boa gastronomia e ainda comprar vinhos com belos descontos. E o valor do convite ainda podia ser descontado das compras.
Devo citar que os eventos organizados pelos entusiasmados Paulo Piccolli e sua filha Mariana são sempre muito agradáveis. Aliás, o Paulo é pioneiro em São Carlos na organização de belos eventos enofílicos. Lembro-me muito bem do Primeiro Encontro de Vinhos das Encostas Paulistas, onde pudemos apreciar belos vinhos, principalmente de produtores nacionais, alguns de boutique, ainda então desconhecidos pela maioria das pessoas. O evento teve ainda outras edições, com a participação de várias importadoras.

Cova de Ursa 2003 e Tamaya CS 2002
Voltando a este Primeiro Bazar do Vinho, ele estava muito bom. O ambiente do Spazio 203 é muito elegante; o atendimento excelente; os aperitivos são deliciosos e bela adega climatizada reserva sempre boas surpresas. O amigo João Paulo e eu começamos com um refrescante espumante francês Veuve Paul Bur Chardonnay/Chenin Blanc, com notas cítricas e de panificação. Seguimos com outros vinhos brancos, dos quais gostei bastante do argentino Salentein Winemaker´s Sauvignon Blanc/Chardonnay e do português Covas da Ursa 2003. Este último, para mim, foi o melhor do evento. É um Chardonnay maduro, já senhorío, com uma bela cor amarela dourada, notas amanteigadas e de pêssego, abacaxi, amêndoa e mel. Uma delícia! Lembrei-me de um dos episódios do saudoso Menu Confiança, no qual foi apreciado um exemplar deste belo vinho. Também gostei bastante do tinto argentino Salentein Winemaker´s Malbec/CS/Merlot 2006. Vinho redondo, sedoso, com notas de ameixa, figo e baunilha muito gostosas. Um belo custo benefício. Muito bom também o vinho de entrada do libanês Chateau Kefraya, o Les Bretèches du Chateau Kefraya. O gaúcho Cordilheira de Sant'Ana Cabernet Sauvignon 2003 e o catarinense Núbio Cabernet Sauvignon 2005, da Sanjo, mostraram como os vinhos brasileiros evoluem bem. Estavam muito bons. Aliás, o Núbio Rosé,  de Cabernet Sauvignon, é também muito bom, bastante fresco e vivo. Uma ótima compra. Outro vinho que gostei muito foi do Tamaya Cabernet Sauvignon 2002. Ele também mostra que vinhos chilenos podem envelhecer, ao contrário do que muita gente pensa. Este Tamaya, de cor escura, densa, tinha notas deliciosas de café, chocolate, integradas com ameixa preta, notas balsâmicas e couro. Adorei o vinho!
Bem, havia ainda outros bons vinhos, e a Mariana disse que vai manter os preços por um tempo. Vale a pena visitar o local, conhecer o ambiente e dar uma olhada na lista de ofertas, pois ela reserva boas surpresas, a bons preços. O Spazio 203 fica na Rua Itália, número 203.

Vini Vinci 2011 - Os vinhos sul-americanos estavam demais!

A Vinci tem em seu portifólio excelentes produtores sul-americanos. Um dos primeiros que visitamos no encontro foi a Kaiken, empreendimento na Argentina do grande Aurélio Montes. Todos devem saber, mas Kaiken é o nome dado pelos indios Mapuche a um ganso selvagem que sobrevoa os Andes, fazendo a travessia entre Chile e Argentina, na região da Patagônia. O rótulo, inclusive, mostra um pássaro estilizado, remetendo também aos Andes. Seus vinhos são excelentes e desde as primeiras safras ganharam grandes notas da imprensa especializada. Gosto muito do Kaiken Ultra Malbec, que tem um ótimo custo benefício. Adorei também o Mai, o malbec top da vinícola, feito a partir de uvas de vinhedos velhos. É um vinho denso, concentrado, bem no estilo de mastigar.

Mas a surpresa foi o Kaiken Corte (Malbec, Bonarda e Petit Verdot). Um vinho com ótimo nariz e gostoso em boca, intenso e denso. As frutas da malbec e bonarda são equilibradas pela acidez e austeridade da petit verdot. Uma delícia de excelente custo beneficio. Para comprar de caixa! Para mim, um dos melhores custos beneficios do encontro. Dali, fomos para o estande da O.Founier, onde apreciamos delícias feitas na Argentina e Chile. Da primeira, adoro o B-Crux, um blend que tem complexidade e preço muito bom para o que oferece. O show começa com o A-Crux Malbec, que é uma manifestação sincera de elegância. É vinho fino, redondo, sem exageros, com notas de ameixa e figo deliciosas. Para mim, um dos melhores malbecs argentinos (já comentei sobre ele aqui no blog). O A-Crux Blend (tempranillo, malbec, merlot e syrah) também estava demais, muito elegante. Mas o final nos reservava dois tops: O.Fournier Malbec-Syrah e O.Fournier Syrah. O malbec-syrah é muito bom, denso, com tostado evidente. O O.Fournier Syrah, no entanto, é um espetáculo! Vinho denso, untuoso, cheio de camadas. Entre os melhores da noite.
Alí do lado, no mesmo estande, passamos para os Chilenos, que também foram show. O Centauri Blend (corte de 45% Carignan, 30% Cabernet Sauvignon e 25% Merlot) de O.Fournier é excelente e de ótimo custo beneficio. Tem ganhado belas notas de degustadores.

Dalí, fomos visitar o estande da Terra Andina, que é dos mesmos produtores da Santa Rita e Carmen. Seus vinhos têm ótimo preço e qualidade. A começar pelo Terra Andina Pinot Noir Reserva, que eu adoro. É mais para velho que novo mundo, e tem ótimo preço. Gostei demais também de um corte Syrah-Cabernet Sauvignon e de um corte Malbec-Petit Verdot. São vinhos muito bons, gostosos, e que entram na corrida com o Kaiken Corte pelo titulo de melhor custo beneficio do evento. Bem, o Suyai, top da vinícola, é um belo vinho. Mostra que a vinicola pode partir para vôos mais altos. Mas não acho bom custo benefício.

Eu apreciando um Don
Maximiano...
E para finalizar os Chilenos, paramos no estande da Errazuriz. E o mais fácil é dizer que tudo estava muito bom. Mas não posso deixar de citar o Pinot Noir Wild Fermented 2007, uma delícia, e o The Blend 2006 (corte de 20% Cabernet Franc, 40% Sangiovese, 15% de Carmenère e 25% Petit Verdot). Fico feliz com a volta da Petit Verdot aos cortes chilenos. Esta uva dá complexidade aos vinhos. E este corte tem ainda duas uvas que gosto muito, a Cabernet Franc e a raínha Sangiovese. Uma delícia de vinho! E já que comecei, como não citar os maravilhosos La Cumbre Syrah e o Kai Carmenére? Dois vinhaços! Elegância pura. O La Cumbre é sem dúvida um dos melhores Syrah do Chile. Notas de cacau e geléia de amora, em meio a toques especiados. Vinho potente sem ser enjoativo.
O amigo Richard apreciando um
Don Maximiano
O Kai é um carmenére de primeiríssima! Tudo muito equilibrado e sem o exagero de pimenta. E para mim, o melhor veio ao final, com uma boa taça de Don Maximiano Founder's Reserve 2007. Elegância pura, redondo, sedoso e longo. É fácil entender por que ele sempre se dá bem frente aos Bordeaux em provas às cegas.


Gabriel Pisano - Juventude e
competência na elaboração de
belos vinhos.

E finalizando os sul-americanos, apreciamos os vinhos excelentes da Viña Progreso, de Gabriel Pisano, um jovem uruguaio que segue a tradição da familia em elaborar belos vinhos a bons preços. São vinhos difíceis de serem batidos na relação custo benefício. Todos tem personalidade, vinhos de autor, que carregam a alma do enólogo. São vinhos gastronômicos. Quer se divertir? Junte um grupo de amigos, compre uma caixa mista, e aprecie os vinhos com um belo churrasco.
Eu gostei de todos os exemplares, mas principalmente do Cabernet Franc e do Gran Reserva Old Vin Tannat 2006 (que deve envelhecer muito bem). São vinhos excelentes! Agora entendo por que o Didú Russo gosta tanto deles. Só acho que aquele feito com a Sangiovese, embora saboroso, não carrega muito a tipicidade da casta (da qual sou fã incondicional!).





domingo, 29 de maio de 2011

Vini Vinci 2011 - Poucos portugueses, mas excelentes

Este ano, no Vini Vinci,  o time português estava desfalcado de um membro de peso, o enólogo Jorge Seródio Borges, que além de fazer excelentes vinhos, é elegância pura. No entanto, pudemos apreciar excelentes exemplares de outros produtores renomados.
A primeira visita foi ao estande da Caves São João. Seus vinhos são particulares, vivos, com personalidade própria. São vinhos que fogem a modismos, muito gastronômicos e que tem alta capacidade de envelhecimento. Quem tiver paciência, pode comprar agora vinhos excelentes, a bons preços, e guardar para celebrações futuras. Gostei muito do espumante Caves São João Bruto 2009 e também do Dão Porta dos Cavaleiros Branco 2005, que é muito barato pelo que oferece. Dos tintos, tanto aqueles da Bairrada, quanto do Dão, estavam muito bons. O famoso Porta dos Cavaleiros Reserva 1985, no decanter, estava elegante e austero ao mesmo tempo. Notas evoluídas, florais, tabaco e leve couro. Um vinho especial. Bebi este vinho no primeiro encontro Vinci, há 4 anos atrás, e gostei bastante. O Poço do Lobo de 1988 também estava excelente.
No entanto, confesso que gostei muito mesmo foi do Reserva Quinta do Poço do Lobo 2005. Uma delícia de vinho, com ótima fruta, boa concentração e taninos presentes mas já arredondando. Deve envelhecer muito bem. Compra certa! Ali perto do estande das Caves São João, visitamos o estande do alentejano Monte das Ravasqueiras. Excelentes vinhos! Os vinhos, feitos pelo enólogo Rui Reguinga, são típicos alentejanos, mas com modernidade, alguns até apontando para novo mundo (o top, por exemplo). O Calantica, vinho de entrada, não passa por madeira e tem muito frescor. Meu amigo Richard não acreditou que custa apenas U$16.90. Uma pechincha. O mesmo vale para o Fonte de Serrana e o Monte da Ravasqueira tinto. No entanto, o Monte da Ravasqueira Vinha Romãs 2008 estava estupendo.

Vinho feito com Syrah e Touriga nacional (maior parte), Alicante Bouschet e Touriga Franca. Muito estruturado e complexo, de encher a boca. Tem alto potencial de envelhecimento. Subindo mais um pouco, um dos melhores vinhos da noite, o MR Premium 2007. Uma maravilha de vinho! É feito com uvas (60% Alicante Bouschet, 30% Syrah e 10% Petit Verdot) de um vinhedo de apenas 3 hectares. É vinho de mastigar, potente, exuberante, longo, com muita complexidade. Fico imaginando como ficaria decantado e também daqui a alguns anos. 
Bem, o último português que visitei foi o estande da Fonseca Guimaraens. Bem, confesso que acho difícil degustar vinhos do porto em grandes eventos. A gente sempre vai no final de festa, depois de ter tomado vários outros vinhos, e todos tem a mesma idéia. Aí, o estande fica lotado e o produtor fica sem tempo de dar atenção devida aos degustadores. Sempre acontece isso. Mas em todo caso, pude apreciar belos portos. Gostei muito do 10 anos (sou fã de portos 10 anos) e do Fonseca Vintage 2000. O Quinta do Panascal Vintage 2005 estava muito novo e com arestas, comprovando que vintages devem ser apreciados depois de bons anos (geralmente 10). 

Vini Vinci 2011 - Espanhóis dão o show!

Desde a primeira edição do Vini Vinci que destaco a participação espanhola, e desta vez, não poderia ser diferente. Começo pela tradicional CVNE (Compañia Vinicola del Norte de España). E não poderia deixar de ressaltar a recepção e atendimento do seu diretor, Sr. José Luis Cornejo, que é de uma fidalguia impressionante.




O Sr. José Luis mostrou os vinhos da CVNE, das três bodegas (Cune, Viña Real e Contino) com muita alegria, contando a história de cada bodega e as características de cada vinho. A começar pelo ótimo Cune Crianza, que segundo ele, é vinho do dia-a-dia do Rei Juan Carlos III (o que mostra que o Rei não tem o Rei na barriga).
Destaca-se, obviamente, o grande Imperial Gran Reserva, o preferido do Rei. O exemplar experimentado, de 1999, estava uma delícia, redondo, cremoso, equilibrado, com notas carameladas, fruta na medida certa, uma delícia! Mas segundo o Sr. José Luis, deve melhorar com o tempo e ganhar as características do 1998, que experimentamos há uns dois anos atrás e estava maravilhoso.

Os vinhos da Viña Real também estavam maravilhosos, com destaque, óbvio, para o complexo e mais moderno Pagos de Viña Real 2004. Finalizamos com os excelentes vinhos de Viñedos del Contino, elaborados com uvas selecionadas de Rioja Alavesa. Seus vinhos são considerados verdadeiros chateau riojanos. O Contino Reserva 2002 estava muito bom, mostrando muita finesse. Enfim, se parássemos alí, a noite já estaria ganha!
Mas a Espanha tinha ainda grandes obras de arte a serem apreciadas. E seguimos pelos Tondonia, que adoro. Pena que o Sr. Lopez de Herédia não estava presente. Mas seus vinhos, estavam em peso e como sempre, maravilhosos. Os brancos, são únicos, particulares e de uma riqueza impressionante. Todos com cores belíssimas, douradas e aromas riquíssimos, com notas de amêndoa, mel, frutas secas, leve oxidado lembrando a Jerez, que delícia! O Gran Reserva 1987 é uma obra de arte, de ficar na memória.
Os tintos, riojanos tradicionais e da melhor estirpe, surpreendem sempre pela sua complexidade e elegância.
O Tondonia Reserva 2000 já mostra a qualidade da vinícola, e o Tondonia Gran Reserva 1987 é de tirar o fôlego.


O Bosconia Gran Reserva 1981, em sua garrafa borgonhesa, esbajou elegância. Aliás, muitos consideram os vinhos de Tondonia verdadeiros borgonheses dentro da Espanha, e eu concordo. São maravilhas engarrafadas.
Continuando a saga espanhola, como não citar os vinhos O.Fournier?

Apresentados pelo seu proprietário, o incansável José Manuel Ortega Fournier, os vinhos deram um show. Desde o mais simples, o Urban Uco (ótimo custo benefício), passando pelo Spiga e Alfa Spiga, todos são de dar água na boca, exemplos de concentração e elegância. Mas o O.Fournier 2004, o top da vinícola, foi destaque absoluto. 
O vinho éconsiderado um dos melhores da Espanha, arrebatando 95 pontos da WS para esta safra. É um vinho intenso, concentrado, que mescla potência com muita elegância e sedosidade. Uma maravilha!
Bela surpresa foi a passagem pelo estande da Altavins. Estávamos do lado, meio indecisos quanto a onde ir, até que o simpático produtor,

Joan Arrufi, nos convidou a conhecer seus vinhos da DO Terra Alta, no extremo sul da Catalunha. São vinhos excelentes e de ótimo custo benefício. O branco é uma delicia, feito com garnacha branca. Seu primeiro tinto, o Almodi, uma mescla de Garnacha, Syrah, Cariñena, Merlot e Cabernet Sauvignon, não passa por madeira e mostra ao mesmo tempo frescor e potência. Muito bom mesmo para sua faixa de preço. O Tempus, já maturado por seis meses em madeira, é mais complexo e redondo, e também muito concentrado.
Mas o ápice é o Domus Pensei, uma mescla de Garnacha, Cabernet Sauvignon, Merlot, Cariñena e Syrah, maturado por 12 meses em madeira. Uma delícia de vinho, com notas deliciosas de café, chocolate, balsâmicas e que traz a potência, mineralidade e concentração dos vinhos da Catalunha. Ótima surpresa espanhola!
Surpresa também foram os brancos das Bodegas Naia, de Rueda. O Naia, um branco feito com uvas Verdejo de vinhedos antigos, é muito bom. Mas o Naiades Rueda (à direita na foto), branco feito com uvas Verdejo de vinhedos muito antigos (alguns centenários) e maturado 8 meses em carvalho, é uma delícia! Um branco complexo, sedoso e muito rico.

E para terminar minha incursão sobre a Espanha, tenho que citar os vinhos que apreciei das Viñas del Cénit. Seus vinhos são feitos na região de Tierra del Vino de Zamora, em Castilla y León, bem próximo a região de Toro. O concentrado e elegante Cenit tempranillo (foto), top da vinícola, elaborado com uvas de vinhedos de 60-100 anos de idade, plantados em pé-franco e maturado por 18 meses em carvalho, é uma maravilha! Foi o último vinho que apreciei na noite, já ao apagar das luzes, e comprovou o sucesso constante dos espanhóis no Vini Vinci. Infelizmente, deixei de visitar ainda alguns outros produtores espanhóis, como as Bodegas Mauro, que adoro. Mas fica para o próximo encontro.
Postarei em breve minhas impressões sobre vinhos de outras nacionalidades apreciados neste excelente Vini Vinci 2011...

sábado, 21 de maio de 2011

Montes Alpha Merlot, Crozes-Hermitage E.Guigal e Lisciotto 2009 (de São Carlos!)

Nesta última quinta-feira apreciamos um Montes Alpha Merlot 2007, levado pelo amigo Tom, que estava muito bom. Os Montes Alpha Cabernet, Pinot Noir e Syrah são figurinhas carimbadas em nossa confraria, mas o Merlot não. Por isso, o vinho chamou a atenção, positivamente. Bem, Montes Alpha é sempre certeza de agradar pela sua qualidade e ótimo custo benefício. Este Merlot estava muito redondo, com boa fruta e notas de pimenta-do-reino que davam lugar, em boca, ao chocolate com leite. Um vinho muito agradável, sedoso, bordalês e dentro do padrão Montes. Compra certa!
Em seguida ao Merlot, apreciamos um Crozes-Hermitage 2005, de E.Guigal, levado pelo amigo João Paulo. Crozes-Hermitage fica no outro lado da colina de Hermitage, no norte do Rhone, e é como se fosse uma "sombra" dos grande Hermitages. No entanto, mesmo os melhores Crozes ficam bem distantes dos Hermitages. E.Guigal é um dos melhores produtores do Rhone, famoso tanto pelos seus Hermitage quanto pelos Cote Rotie, sempre bem pontuados (seu La Landonne 1985 teve 100 pontos da WS, o 2005, 99 pontos, e ai vai...). Este Crozes-Hermitage 2005 não foi bem recebido... Tinha um aroma doce, com notas de groselha, muito madura, mas também um aroma meio estranho de cebola, que se repetia em boca. Para mim, estava cozido e não representou a qualidade E.Guigal. Bem, isso acontece. Tenho certeza de que gostaremos de um próximo.

Bem, mas a surpresa veio ao final da noite. Nosso amigo Rodrigo levou um vinho embrulhado e que todos gostamos. O Paulão matou na hora a uva, só no cheiro: Syrah. Pela cor, frescor e aromas florais, pensei se tratar de um corte GSM (Grenache, Syrah e Mourvedre). Não se tratava de um Syrah Chileno ou Australiano, geralmente carregados na cor, chocolate e na fruta madura (não que estes não tenham bons, e até magníficos, exemplares... mas eu gosto mais dos Syrah do Rhone, mais ácidos, mais frescos e menos compotados). Em boca, vimos logo se tratar de um vinho muito jovem, e os taninos pegaram bastante. A acidez, no entanto,  é boa e o vinho é bastante fresco. Deve melhorar muito com tempo de adega. Está mais para Syrah do Rhone que para aqueles do novo mundo. A surpresa veio ao desembrulhar a garrafa. Tratava-se de um vinho feito em São Carlos, pelo Advogado (e Juiz aposentado) Dr. Antero Lisciotto, que há tempos planta Syrah e investe com carinho na produção de vinhos na Capital da Tecnologia. Ficamos muito felizes em ver um vinho desta qualidade sendo produzido aqui em nossa cidade. Parabéns Dr. Antero!

Santenay La Comme Dessus 2002, de Jean Marc Morey


Ontem apreciei este Santenay La Comme Dessus 2002 com um bom risoto al funghi secchi. Este borgonha é produzido em Santenay (à oeste de Chassagne-Montrachet), por Jean Marc Morey. O vinho tem uma bela cor rubi escuro, mais forte que os pinot tradicionais. Ao nariz exala muita fruta, provavelmente por que o produtor utiliza apenas um quarto de barricas novas de carvalho, para que a madeira não a sobrepuje. O que primeiro se apresenta são as notas de acerola. Meu filho matou na hora o aroma (ele é craque nisso... Mas por enquanto, só nos aromas). Somam-se notas de cereja, morango silvestre e toques terrosos. Em boca é muito bom, fresco, com boa acidez, taninos redondos e final médio. Um borgonha que não é caro e que traz bom retorno. Comprei esta garrafa há alguns anos atrás, na Mistral. Atualmente os vinhos de Jean Marc Morey são importados pela Vinci.

Quinta da Lagoalva de Cima Alfrocheiro 2003

A uva alfrocheiro (ou alfrocheiro preto) é considerada uma das melhores castas portuguesas. É também conhecida como Pé-de-Rato no Dão (onde é bastante plantada) e Tinta Bastardinha, no Douro. Embora seja bastante utilizada em cortes, dando cor, acidez e potencia a uvas mais leves, ela também origina um bom varietal. É considerada uma casta difícil, principalmente devido à maturação um pouco tardia. No entanto, costuma proporcionar vinhos escuros, concentrados e complexos. A Quinta da Lagoalva de Cima produz, na região de Vinhos do Tejo (outrora Ribatejo)  um excelente vinho com esta casta. Aliás, esta Quinta produz também um excelente Syrah (entre os melhores) e alguns vinhos de excelente custo benefício, como o Castelão-Touriga Nacional, que é uma delícia. Este Quinta da Lagoalva de Cima Alfrocheiro 2003, que levei aos colegas da confraria nesta última semana, estava excelente. O vinho não é filtrado, e decantei (por cerca de uma hora) para separar das borras e também por que vinhos feitos com esta uva pedem decantação para mostrar todas as suas qualidades. Sua cor era escura, com leve halo avermelhado. Ao nariz, características da casta, como o chocolate, amoras bem maduras e especiarias (canela). Também notas de alcaçuz, couro e tabaco, que gosto muito. Em boca mostrou-se amplo, denso, com taninos presentes mas bem redondos. Vinho de final longo e duradouro, que mostra-se potente e elegante. Uma delícia! Os vinhos da Quinta da Lagoalva de Cima são importados pela Mistral.

Meandro 2008: Muito bom!

A Quinta do Vale Meão fornecia uvas para a Casa Ferreirinha, produtora do mítico Barca-Velha, um dos mais emblemáticos vinhos portugueses. Atualmente, a Quinta produz seus próprios vinhos, sob a batuta do tri-neto de Dona Antônia Adelaide Ferreira, o Sr. Francisco Javier Olazabal, proprietário da Quinta do Vale Meão. Os vinhos (Quinta do Vale Meão, Meandro e Quinta do Vale Meão Porto Vintage) são dignos de todos os elogios e notas que recebem. O Meandro é o irmão menor do Quinta do Vale Meão, que é um dos melhores vinhos de Portugal. Já apreciei vários Meandro de outras safras, e todos estavam sempre excelentes. Este 2008 está um pouco diferente dos anteriores, mais frutado, menos austero. Talvez pelas condições climáticas na época, que segundo o site da empresa, foram bastante amenas. O vinho é feito com 35% de Touriga Franca, 25% de Touriga Nacional, 25% de Tinta Roriz, 5% de Sousão, 5% de Tinta Amarela e 5% de Tinto Cão. Após esmagamento as uvas passam por um choque térmico seguido de pisa a pé durante quatro horas em lagares de granito. As castas são vinificadas separadamente e o vinho estagia em barricas de 225 litros de carvalho francês Allier, de segundo e terceiro ano. Os aromas são bem envolventes, com notas de cereja, amora e chocolate com leite. Em boca, repete o nariz e é concentrado e elegante, com taninos macios e final longo. Um vinho de primeira, superior a muitos primeiros vinhos de Portugal. Um excelente custo benefício e bela apresentação ao grande Meão. Foi levado pelo amigo Paulão, que já nos brindou com outros Meandro em outras oportunidades. Que continue assim! A propósito, os vinhos da Quinta do Vale Meão são comercializados pela Mistral

domingo, 15 de maio de 2011

Vinha Grande 2008, Weinert Malbec 2003 e Brancaia TRE 2007

O amigo Margarido nos recebeu em sua casa e não deixou por menos. Além do Pintia, comentado aqui, nos brindou com um vinho português muito bom, da Casa Ferreirinha, o Vinha Grande 2008. Bem, esta safra foi boa e o produtor, sem comentários. Assim, a aposta é certa. Este 2008 tem o carimbo da Casa Ferreirinha: elegância pura! Vinho floral, com as notas de violeta aportadas pela touriga nacional. A fruta é presente, mas sem exagero. Notas de amora, kirsch, envoltas por leve anis, cacau e tabaco. Em boca é de meio corpo, com taninos presentes, mas corretos, e acidez que o torna excelente acompanhamento para comida. Gostei muito do vinho, que tem uma relação custo benefício muito boa. Uma boa introdução aos vinhos da Casa. Em São Carlos é comercializado pela Mercearia 3M.
Além do Vinha Grande, apreciamos um malbec tradicional, levado pelo amigo Rodrigo, o Weinert Reserva Malbec 2003. O vinho é feito à moda antiga, em grandes tanques de madeira. Possui as notas de ameixa típicas, cereja, mas é menos compotado e trás também notas animais, de couro, leve tabaco e algo terroso. Vinho muito bom para acompanhar um churrasco. É um malbec diferente da maioria. Também pode ser encontrado na Mercearia 3M.
Apreciamos ainda um italiano muito bom, o Brancaia TRE 2007. Vinho top 100 da WS em 2009 (décimo lugar), com 93 pontos. Foi levado pelo amigo João Paulo. Eu gosto muito deste vinho, já apreciado em outras ocasiões. É feito com 3 uvas: Sangiovese, Cabernet Sauvignon e Merlot, de 3 locais diferentes (dai o nome TRE). A Sangiovese reina e lhe aporta os aromas florais, a cabernet a potencia e a merlot lhe dá cor e equilibra os taninos. Notas de framboesa e amora, envoltas em leve café e chocolate. Vinho encorpado, mineral e com taninos presentes mas redondos. Amplo em boca e com final longo. Um belo vinho e de custo benefício muito bom. Este 2007 se destaca entre os Brancaia TRE. É importado pela Grand Cru.

Vin Santo Castello di Brolio 2003 - Barone Ricasoli

O confrade Caio nesta última semana, além de fazer um belo churrasco na casa do amigo Margarido, levou um vinho de sobremesa belíssimo, um Vin Santo Castello di Brolio 2003, do produtor Barone Ricasoli. O produtor é famoso por seus Chianti, como o maravilhoso Castello di Brolio, já comentado algumas vezes aqui no blog (clique aqui). O Vin Santo Brolio é feito com a uva Malvasia del Chianti, colhida tardiamente para concentração do açúcar. Os cachos são então deixados pendurados por meses, para que o açúcar se concentre mais ainda. Depois disso, o mosto é fermentado lentamente e conservado por cerca de quatro anos em barricas de carvalho de 225 litros. O vinho tem cor âmbar, bem bonita, e um nariz delicioso, com notas de mel, nozes, frutas secas, café e leve tabaco. Uma beleza! Em boca é amplo, denso, com final longuíssimo. Eu adorei. Obviamente, ficou perfeito com o queijo azul levado pelo Caio, mas é daqueles para serem tomados sozinhos, meditando. Bem, eu não fumo, mas acho que ele deve acompanhar bem um charuto, como gosta o amigo Paulão. Valeu Caião! A propósito, os vinhos do Barone Ricasoli são atualmente comercializados pela Inovini.

Pintia 2007 versus Val de Flores 2005 - Briga boa!

O amigo Margarido nos brindou com um Pintia 2007. O vinho é produzido pelas Bodegas Vega Sicilia, na região espanhola de Toro. Esta região tem se primado por belos vinhos e safras muito regulares, na maioria, notas 10. Bem, e se tratando de um exemplar da familia Vega Sicilia, temos que esperar coisa boa. E é o que aconteceu com este vinho. Apesar de novo, principalmente para um vinho de Toro, ele já mostrava todas as suas qualidades. Potencia pura! Como diz o crítico Steven Spurrier, e citado no site da Mistral, o vinho é um "punho de aço em luvas de seda". Boa definição para um vinho que reune a potência da região com a elegância típica dos Vega Sicilia. O vinho, de cor bem escura, passa 14 meses de barricas 70% francesas e 30% americanas.  O nariz é excelente. A fruta (amora, cereja preta) se mescla às notas de chocolate, café, resinosas e balsâmicas. É cheio de camadas e com ótima mineralidade. Em boca é amplo, denso, potente e com final duradouro. É um vinho muscular, com taninos potentes mas bem domados e que devem ficar sedosos com mais tempo na garrafa. Vinho para longa guarda, e que deve recompensar a paciência. Um vinhaço Margarido! A propósito, o vinho é comercializado pela Mistral.
Sua briga na noite foi com um argentino que levei, o Val de Flores 2005. Já comentei sobre este vinho aqui no blog (clique aqui). É outro vinhão! O Margarido disse ter ficado indeciso entre ele e o Pintia. Eu já gostei mais do espanhol. Bem, mas aqui a briga é boa. O negócio é apreciar os dois, respeitando as características de cada um. O Val de Flores também é um excelente vinho, malbec de primeira, com boa fruta (cereja, mirtilo, ameixa) e notas de chocolate e café bem integradas e muito agradáveis. Um vinho sedoso, amplo, de encher a boca. Também está novo e deve envelhecer muito bem. Tanto ele, como o Pintia, acompanharam maravilhosamente a picanha feita pelo confrade Caio, que mostrou-se um craque! A briga com o Tom pelo troféu de assador do ano vai ser acirrada, para o nosso bem. O Val de Flores pode ser encontrado na Wine.

sábado, 14 de maio de 2011

Degustação Mercearia 3M (vinhos da importadora Cantu)

A Mercearia 3M, do amigo Idinir, promoveu uma bela degustação esta semana em parceria com a importadora Cantu. Tudo estava excelente. Além dos vinhos, à vontade (como sempre - uma marca do Idinir), belos queijos, frutas e uma pasta muito boa. Quero destacar alguns vinhos dentre os vários degustados.
Do Chile, os vinhos da Ventisquero estavam muito bons, com destaque para o Grey Carmenére 2007 (bom representante da cepa); o Vértice (corte de Carmenére e Syrah), muito elegante, e o top Pangea 2006, um Syrah 95% e 5% Cabernet. O Pangea é muito bom, mineral, com notas de groselha madura,cacau, leve apimentado e baunilha.
Da Argentina os vinhos de Susana Balbo mostraram a regularidade da vinícola. Os Ben Marco são muito bons, mas eu destaco dois excelentes custo-benefícios: O Crios Syrah/Bonarda 2008 e o Dominio del Plata Malbec/Cabernet Sauvignon 2009. Este último, feito com 55% Malbec, 40% Cabernet Sauvignon e 5% Merlot, tem boa complexidade pelo preço e é muito macio, talvez resultado do estágio em barricas de carvalho americano de segundo uso (além do carvalho francês novo).
Ainda nos sul-americanos, não posso deixar de citar os vinhos da vinícola uruguaia H.Stagnari. Seus vinhos foram apresentados por sua proprietária, Virginia Stagnari, que é uma pessoa muito simpática, alegre e que fala com entusiasmo de seus vinhos, e com razão. A H.Stagnari é uma vinicola boutique que produz vinhos muito premiados. Eu gostei de todos. O Dayman 2003 é muito elegante e já está redondinho; o top Dinastia 2006, que tem outras variedades além da tannat, é complexo e deve melhorar nos próximos anos, mas o que mais me agradou foi  o Tannat Viejo Stagnari 2007. Um vinho redondo, sedoso, com boa fruta e notas de chocolate e baunilha na medida. Um vinho muito premiado e que tem um excelente custo-benefício. Já havia provado exemplares dos anos de 2004 e 2005 há algum tempo atrás, e gostado muito. Este 2007 deve envelhecer muito bem. Acompanhamento perfeito para um belo churrasco.
A Itália estava muito bem representada. Foram muitos os vinhos. Eu destaco um de bom custo-benefício da Vigne a Porrona, o Sangiovese Montecucco 2008, um corte de 80% Sangiovese, 15% Petit Verdot e 5% Alicante, muito bom para seu preço. Vinho com boa fruta, notas florais e um tostado gostoso. Perfeito para massas e deve ser bom parceiro para uma pizza. Subindo alguns degraus, gostei muito também do Brunello La Poderina 2005. Possui notas florais e de chá (tangerina), com bom frescor e elegância. Ainda está novo, mas já pode ser bebido após decantação. O Idinir tem o 2004 na Mercearia, que deve ser ainda melhor, pela safra. Gostei também do Nemorino 2007, de I Giusti & Zanza, um corte de Syrah 60%, Sangiovese 30% e Merlot 10%. Vinho floral, fresco, alegre e de bom custo benefício.
Para terminar, gostei dos portugueses. O Ciconia Reserva 2008 estava muito bom, com notas minerais, boa fruta e notas de couro e especiarias. Mas ainda está novo, devendo melhorar em 1 ou 2 anos. E não poderia deixar de citar os vinhos da Quinta do Vallado. O normal, 2008, é muito bom (embora a madeira apareça um pouco demais para o meu gosto), mas o Vallado Reserva 2006 estava uma delícia. E olha que nem foi a melhor safra dele (o Reserva 2007 foi número 22 nos top 100 da WS em 2010, com 96 pontos! E é uma maravilha.). Este 2006 tem notas de groselha e cereja (kirsch), mescladas à notas de madeira bem agradáveis. É um vinho cremoso, e com final longo. Vallado Reserva é sempre aposta certeira! Parabéns pelo evento Idinir!

O que gostei na Expovinis 2011 - com algum atraso...

Bem, demorei a postar minhas impressões sobre a Expovinis 2011, mas aqui vão meus destaques sobre a feira. Não vou, obviamente, falar de todos os vinhos que apreciei, mas tentarei destacar alguns produtores e importadores. Confesso que gosto mais de degustações realizadas pelas importadoras, como a Mistral, Vinci e Decanter. Nelas, pode-se conversar mais com os produtores, conhecer mais seus vinhos. Além disso, o público é mais calmo e conhece mais de vinho (e comportamento em degustações). Na Expovinis, o pensamento é mais business. Assim, a conversa com o produtor é prejudicada. No entanto, pude conversar  com alguns deles mais calmamente, e já valeu a pena. Destaco a conversa com o produtor dos vinhos Soberanas, representados pela Hannover. O chefe de enologia é o competentíssimo Paulo Laureano. O produtor mostrou belos vinhos, potentes e com muita personalidade. Todos com madeira bem aparente. Gostei na verdade do primeiro vinho, o Soberana XS 2006, feito com Alicant Bouschet, Trincadeira, Aragonês, Alfrocheiro e Tinta Caiada, e que mostrou complexidade e menos madeira que os outros, que são mais pesados.  Dali, experimentei os vinhos da Cave Jado, os quais me surpreenderam bastante. O simpático Olivier nos apresentou a filosofia da casa, que é disponibilizar bons vinhos, de pequenos produtores franceses, a bom preço (geralmente abaixo de 100 reais). São vinhos fora do circuito e bastante atrativos.Os mais caros eram, obviamente, de Champagne, e todos, a meu ver, muito bons (destaque para o Louise Brison Milésime 2004). É uma importadora a ser conhecida.
Não posso deixar de citar alguns vinhos apreciados, como o Quinta do Carmo Reserva 2005. Um belo vinho, potente, mas elegante, com tudo muito bem integrado (é comercializado pela Mistral). Ainda da Mistral, os vinhos alentejanos da Herdade de Coelheiros são boas pedidas. Obviamente, o garrafeira 2003 é destaque entre todos, mas gostei muito também do Branca de Almeida 2004, vinho rico e sedoso feito com as uvas Merlot, Trincadeira e Alicante.
Dos produtores ainda sem importadores no Brasil, destaco alguns brancos do borgonhês Domaine Trouillet. Seus Pouilly-fuissé são muito frescos e ricos, com excelente mineralidade. Destaque para o Coeur de Pouilly 2007, que vem das melhores parcelas no coração da denominação. O vinho descansa em barris de carvalho e possui boa fruta integrada à madeira, que confere o defumado típico do vinho. Além disso, o vinho tem boa mineralidade, o que o torna ótimo acompanhamento para frutos do mar (deve ficar muito bom com ostras). Ali pertinho dos estandes franceses, passei pelo estande da Enoteca Fasano e apreciei um Maycas del Limarí Chardonnay Quebrada Seca 2007. Um belíssimo vinho, com notas de pêssego, maçã, excelente mineralidade e que bate muitos borgonhas por aí. Pedida certa!
Logo à frente, a Inovini, onde apreciei vinhos que gosto muito, antes representados pela World Wine: os Barone Ricasoli. São Chianti perfeitos, representantes sinceros da região. Desde o Chianti simples, que são muito bons, até o grande Castello di Brolio 2007, que estava uma delícia (embora ainda muito novo). Vinho com notas florais, de cereja e chocolate com leite. Fica abaixo dos Castello di Brolio 2004 e 2006, já comentados aqui no blog, mas é muito bom. Ainda do Barone Ricasoli, destaque para o Casalferro 2006. Uma delicia de vinho, feito com Sangiovese e Merlot, com boa fruta, notas de alcaçuz, muito sedoso e com muita elegância e personalidade.
Ainda caminhando na feira, passei pelo estande da Domno do Brasil, para experimentar os vinhos argentinos Vistalba e Tomero. O Vistalba corte A é potencia pura. Confesso que acho muito pesado, compotado demais e com excesso de madeira. Gostei mais do Tomero Gran Reserva Malbec, que é muito bom. O vinho passa 20 meses em barricas de carvalho e possui 15,6% de álcool, mas tudo está muito bem integrado (mas a meu ver é caro - Na mesma faixa Trapiche Single Vineyards, A-Crux e Catena Alta dão um show).  Em frente à Domno, a Qualimpor. E não tem o que comentar, afinal, o que falar dos excelentes Crasto, a não ser elogiar? Dali, eu e meu amigo Carlos André fomos visitar a Magnum, onde tivemos excelentes surpresas. A começar pelos vinhos da espanhola LAN, que gosto muito. O crianza 2005, top 100 da WS, já dava o cartão de visitas. O LAN viña Graciano  2001 está alguns degraus acima, ainda com muitos anos pela frente. O último, potencia pura, o Cúlmen 2005, que a meu ver, está um bebê ainda, devendo ganhar complexidade nos próximos anos. Este 2005 não foi o melhor dos Cúlmen, cujo 2004 dizem ser um espetáculo. Bebemos ainda italianos maravilhosos produzidos pelo artista Bibi Graetz, os Testamatta. Destaque, obviamente, para o Testamatta 2007, que é muito elegante e complexo, mas um bebezinho que deve ser guardado com carinho na adega (a propósito, o 2006 teve 98 pontos da WS!). De surpresa, tomamos ainda vinhos portugueses alentejanos da Adega do Monte Branco. O Alento branco é uma delícia, fresco, alegre e com muito bom preço. Os Alento tintos, principalmente o reserva, são também muito bons e com bom custo benefício. Bem, a representante da vinícola, a simpática Sara Caldeira, me levou ainda para conhecer um produtor de quem sou fã incondicional: o Cristiano Van Zeller! Um dos Douro boys (responsáveis pela revolução nos vinhos do Douro), Cristiano é uma simpatia, e nos recebeu com seus excelentes e sempre bem pontuados Quinta do Vale D.Maria 2007 (já comentado aqui no blog) e Curriculum Vitae 2007 (CV). Dois vinhaços, entre os melhores de Portugal. Ainda bebemos belíssimos portos, muito elegantes e com excelente preço (O Quinta Vale D.Maria lote 06 e o VZ 10 anos). Além disso, batemos longo papo com o Cristiano, o que valeu a feira. Meu confrade Caio descobriu que é "quase primo" dele, compartilhando o sobrenome Seabra. Os vinhos Van Zeller são comercialializados pela importadora Vinho Sul.
Para terminar, passamos pela Pizzato para experimentar um vinho que tinha curiosidade: o DNA 99. Uma beleza de vinho e que mostra o potencial da cepa Merlot no Brasil (e a qualidade da Pizzato). Depois fiquei sabendo que ele foi vitorioso na lista dos Top 10. Merecido! Ainda apreciamos o Alicante Bouschet 2008, que é um belo vinho, com muito corpo, e o 2011. Este último realmente foi uma pancada (no bom sentido). Vinho novíssimo, de mastigar, e com muito peso e complexidade. Deve ser destaque nos próximos anos. Bem, vou parar por aqui... Teve muita coisa boa lá, mas não dá para escrever sobre todas. Till the next year!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Zuccardi Séria A Malbec 2009 - Boa compra!

Dia desses apreciei um belo bife de Chorizo no El Quincho del Tio Querido, em Puerto Iguazu, Argentina. Bem, nem preciso dizer que a carne estava estupenda. Além disso, boa música, com bons tangos e boleros. Uma beleza. Para acompanhar a carne, um vinho básico da Familia Zuccardi, o Zuccardi Série A Malbec 2009. Nada como um beber um vinho na terra do produtor. Parece que fica mais gostoso. Este vinho é simples, nada de muita complexidade, mas acima da maioria dos malbecs em sua faixa de preço. O vinho tem cor violácea, bonita. Ao nariz, notas de frutas maduras, com destaque para a cereja, figo e ameixa. Além disso, o estágio de 10 meses em carvalho francês (apenas 50% das uvas) lhe aporta notas de chocolate ao leite e leve baunilha. Em boca o vinho é elegante e os taninos são bem macios. Mesmo este jovem 2009 já está prontinho para beber, ou sozinho, ou acompanhando o clássico churrasco. Vinho fácil de beber e de custo benefício muito bom. Comercializado pela Ravin.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Dukesfield Pinot, Entre II Santos e Klein Steenberg - Boas compras!

Nesta última quinta três vinhos me chamaram a atenção pela qualidade e custo benefício. O primeiro deles, levado pelo amigo João Paulo, foi o Dukesfield Pinot Noir 2008. Um sul-africano muito fresco e cheio de fruta. Vinho da vinícola De Wetshof e obra do enólogo Danie de Wet, considerado um dos melhores na África do Sul. Não passa por carvalho novo para ressaltar a fruta. O nariz é excelente, com muita fruta madura (morango e cereja). Os aromas persistem e não se esvaem na taça. Em boca é muito agradável, fresco e com taninos redondos e acidez ajustada. Um vinho muito bom pelo preço. Muito melhor que muitos Chilenos por aí... E mais para o lado borgonhês. É comercializado pela Mistral.

O segundo vinho, levado pelo amigo Rodrigo, foi o português da Bairrada Entre II Santos 2006, de Campolargo. É um vinho muito bom e apreciado em outras ocasiões na confraria (mas de safras anteriores). É um corte inusitado, de baga, castelão nacional e pinot noir. Não passa por barricas de madeira para ressaltar a fruta. O nariz é frutado, com notas de cereja e framboesa. Em boca é redondo, com boa acidez, bom para comida. É também um vinho de boa relação custo benefício. Agrada sempre. É comercializado pela Mistral.

O terceiro vinho foi levado pelo amigo Tom e também foi um sul-africano, mas de corte bordalês, o Klein Steenberg 2006. Muitos consideram os cortes bordaleses sul-africanos os que mais lembram os originais de Bordeaux. Eu concordo. Quem tiver oportunidade, prove um Paul Sauer, da Kanonkop e verá que é melhor que muitos Bordeaux. Este Klein Steenberg é um corte de 50% Cabernet Sauvignon, 35% Merlot e 15% Cabernet Franc. Passa 12 meses em barrica de carvalho francês. O vinho é frutado, com notas de cereja, romã, e toques de chocolate amargo e apimentados. É de leve para médio corpo, com taninos corretos e acidez presente, que lhe confere alegria. É um vinho festivo, fácil de beber. Um belo achado. Alguns dos confrades não gostaram, mas eu achei muito agradável e de bom custo benefício. Vale a pena experimentar. É comercializado pela Expand.

EMME Grande Escolha Merlot 2007

O amigo Paulão levou um belo vinho em nossa última reunião, o português de Terras do Sado EMME Grande Escolha Merlot 2007. A vinicola é um empreendimento recente dos empresários Martim Avillez e Henrique Cachão, que pretendem produzir vinhos que agradem o mercado brasileiro e combinem com nossa culinária. Há algum tempo atrás lançaram o EMME Grande Escolha Cabernet Sauvignon (90% Cabernet e 10% Merlot). Eu nunca o bebi, mas dizem que é excelente. Bem, mas vamos ao EMME Grande Escolha Merlot 2007. O vinho, que possui cor rubi violáceo intensa, se mostrou um pouco fechado ao principio, mas foi se abrindo e mostrando grandes qualidades. Ao nariz, notas especiadas, com leve pimenta moida. A fruta é bem integrada, com notas de amora bem madura, que se mesclam com alcaçuz, chocolate amargo e notas balsâmicas. Em boca é intenso, concentrado, com taninos presentes e que devem arredondar com algum tempo de adega. O final é longo e persistente. A aeração lhe faz muito bem e o vinho ganha força depois de algum tempo na taça. Acompanhou com maestria o carré de cordeiro na panela, feito pela Neide do Ciao Bello. A acidez e mineralidade do vinho o fazem bom parceiro para comida. No entanto, é vinho que tende mais para novo que para velho mundo, e seria dificil acertar que se trata de um lusitano se fosse degustado às cegas. Vi que a Estação do Vinho o comercializava, mas não consegui saber quem é o importador. Se alguém souber, me avise.

domingo, 8 de maio de 2011

D.V. Catena Adrianna Vineyard 2003: Vinhão!

Nessa semana, em Foz do Iguaçu, meus amigos Richard, Otávio e Lucas me acompanharam em um jantar no Restaurante Armazém Trapiche. O jantar estava ótimo, com um belo pernil de cordeiro. Para acompanhar, um belíssimo D.V. Catena Adrianna Vineyard 2003. Já comentei sobre este vinho aqui no blog tempos atrás (clique para ler). Não confundir com a linha básica D.V. Catena. Este é um vinho especial, como mostra o próprio rótulo. É feito com uvas de videiras selecionadas do vinhedo Adrianna. É considerado um dos melhores malbecs argentinos. É um vinho muito elegante, fino, sem arestas. Notas de ameixa, leve groselha, figo, mirtilo, amora, cedro e discreta baunilha. Os taninos são finíssimos e o final de cair o queixo. Um vinhaço! E em boa companhia ficou melhor ainda. É comercializado pela Mistral.

Lucas, Otávio (escondinho à esquerda, no fundo), Richard (à direita, ao fundo) e eu.

sábado, 7 de maio de 2011

Zuccardi Zeta 2007

Na última reunião da confraria levei um argentino de respeito, o Zuccardi Zeta 2007. O vinho é feito com 68% de Malbec de vinhedos de La Consulta, 18% Cabernet Sauvignon de Tupungato e 14% Tempranillo de vinhedos de Santa Rosa. As uvas são colhidas manualmente e a malbec repousa por 12 meses em carvalho francês, enquanto a tempranillo 14 meses em carvalho americano. Depois disso, o blend descansa 24 meses em garrafa antes de ser comercializado. Tudo isso lhe aporta muita complexidade, com notas tostadas, de chocolate, herbáceas, resina e baunilha. A fruta é generosa, com notas de amora, mirtilo, ameixa e figo (tendendo ao ramy). Vinho cheio de camadas. Uma delícia! Em boca é redondo, com taninos macios e final duradouro. Um vinhão! Mas deve ser decantado pelo menos uma hora. Demora um pouco a se abrir e os apressadinhos podem achar que está um pouco duro no começo. Mas aos poucos, se abre maravilhosamente. Vinho comercializado pela Ravin.