Bem, demorei a postar minhas impressões sobre a Expovinis 2011, mas aqui vão meus destaques sobre a feira. Não vou, obviamente, falar de todos os vinhos que apreciei, mas tentarei destacar alguns produtores e importadores. Confesso que gosto mais de degustações realizadas pelas importadoras, como a Mistral, Vinci e Decanter. Nelas, pode-se conversar mais com os produtores, conhecer mais seus vinhos. Além disso, o público é mais calmo e conhece mais de vinho (e comportamento em degustações). Na Expovinis, o pensamento é mais business. Assim, a conversa com o produtor é prejudicada. No entanto, pude conversar com alguns deles mais calmamente, e já valeu a pena. Destaco a conversa com o produtor dos vinhos Soberanas, representados pela Hannover. O chefe de enologia é o competentíssimo Paulo Laureano. O produtor mostrou belos vinhos, potentes e com muita personalidade. Todos com madeira bem aparente. Gostei na verdade do primeiro vinho, o Soberana XS 2006, feito com Alicant Bouschet, Trincadeira, Aragonês, Alfrocheiro e Tinta Caiada, e que mostrou complexidade e menos madeira que os outros, que são mais pesados. Dali, experimentei os vinhos da Cave Jado, os quais me surpreenderam bastante. O simpático Olivier nos apresentou a filosofia da casa, que é disponibilizar bons vinhos, de pequenos produtores franceses, a bom preço (geralmente abaixo de 100 reais). São vinhos fora do circuito e bastante atrativos.Os mais caros eram, obviamente, de Champagne, e todos, a meu ver, muito bons (destaque para o Louise Brison Milésime 2004). É uma importadora a ser conhecida.
Não posso deixar de citar alguns vinhos apreciados, como o Quinta do Carmo Reserva 2005. Um belo vinho, potente, mas elegante, com tudo muito bem integrado (é comercializado pela Mistral). Ainda da Mistral, os vinhos alentejanos da Herdade de Coelheiros são boas pedidas. Obviamente, o garrafeira 2003 é destaque entre todos, mas gostei muito também do Branca de Almeida 2004, vinho rico e sedoso feito com as uvas Merlot, Trincadeira e Alicante.
Dos produtores ainda sem importadores no Brasil, destaco alguns brancos do borgonhês Domaine Trouillet. Seus Pouilly-fuissé são muito frescos e ricos, com excelente mineralidade. Destaque para o Coeur de Pouilly 2007, que vem das melhores parcelas no coração da denominação. O vinho descansa em barris de carvalho e possui boa fruta integrada à madeira, que confere o defumado típico do vinho. Além disso, o vinho tem boa mineralidade, o que o torna ótimo acompanhamento para frutos do mar (deve ficar muito bom com ostras). Ali pertinho dos estandes franceses, passei pelo estande da Enoteca Fasano e apreciei um Maycas del Limarí Chardonnay Quebrada Seca 2007. Um belíssimo vinho, com notas de pêssego, maçã, excelente mineralidade e que bate muitos borgonhas por aí. Pedida certa!
Logo à frente, a Inovini, onde apreciei vinhos que gosto muito, antes representados pela World Wine: os Barone Ricasoli. São Chianti perfeitos, representantes sinceros da região. Desde o Chianti simples, que são muito bons, até o grande Castello di Brolio 2007, que estava uma delícia (embora ainda muito novo). Vinho com notas florais, de cereja e chocolate com leite. Fica abaixo dos Castello di Brolio 2004 e 2006, já comentados aqui no blog, mas é muito bom. Ainda do Barone Ricasoli, destaque para o Casalferro 2006. Uma delicia de vinho, feito com Sangiovese e Merlot, com boa fruta, notas de alcaçuz, muito sedoso e com muita elegância e personalidade.
Ainda caminhando na feira, passei pelo estande da Domno do Brasil, para experimentar os vinhos argentinos Vistalba e Tomero. O Vistalba corte A é potencia pura. Confesso que acho muito pesado, compotado demais e com excesso de madeira. Gostei mais do Tomero Gran Reserva Malbec, que é muito bom. O vinho passa 20 meses em barricas de carvalho e possui 15,6% de álcool, mas tudo está muito bem integrado (mas a meu ver é caro - Na mesma faixa Trapiche Single Vineyards, A-Crux e Catena Alta dão um show). Em frente à Domno, a Qualimpor. E não tem o que comentar, afinal, o que falar dos excelentes Crasto, a não ser elogiar? Dali, eu e meu amigo Carlos André fomos visitar a Magnum, onde tivemos excelentes surpresas. A começar pelos vinhos da espanhola LAN, que gosto muito. O crianza 2005, top 100 da WS, já dava o cartão de visitas. O LAN viña Graciano 2001 está alguns degraus acima, ainda com muitos anos pela frente. O último, potencia pura, o Cúlmen 2005, que a meu ver, está um bebê ainda, devendo ganhar complexidade nos próximos anos. Este 2005 não foi o melhor dos Cúlmen, cujo 2004 dizem ser um espetáculo. Bebemos ainda italianos maravilhosos produzidos pelo artista Bibi Graetz, os Testamatta. Destaque, obviamente, para o Testamatta 2007, que é muito elegante e complexo, mas um bebezinho que deve ser guardado com carinho na adega (a propósito, o 2006 teve 98 pontos da WS!). De surpresa, tomamos ainda vinhos portugueses alentejanos da Adega do Monte Branco. O Alento branco é uma delícia, fresco, alegre e com muito bom preço. Os Alento tintos, principalmente o reserva, são também muito bons e com bom custo benefício. Bem, a representante da vinícola, a simpática Sara Caldeira, me levou ainda para conhecer um produtor de quem sou fã incondicional: o Cristiano Van Zeller! Um dos Douro boys (responsáveis pela revolução nos vinhos do Douro), Cristiano é uma simpatia, e nos recebeu com seus excelentes e sempre bem pontuados Quinta do Vale D.Maria 2007 (já comentado aqui no blog) e Curriculum Vitae 2007 (CV). Dois vinhaços, entre os melhores de Portugal. Ainda bebemos belíssimos portos, muito elegantes e com excelente preço (O Quinta Vale D.Maria lote 06 e o VZ 10 anos). Além disso, batemos longo papo com o Cristiano, o que valeu a feira. Meu confrade Caio descobriu que é "quase primo" dele, compartilhando o sobrenome Seabra. Os vinhos Van Zeller são comercialializados pela importadora Vinho Sul.
Para terminar, passamos pela Pizzato para experimentar um vinho que tinha curiosidade: o DNA 99. Uma beleza de vinho e que mostra o potencial da cepa Merlot no Brasil (e a qualidade da Pizzato). Depois fiquei sabendo que ele foi vitorioso na lista dos Top 10. Merecido! Ainda apreciamos o Alicante Bouschet 2008, que é um belo vinho, com muito corpo, e o 2011. Este último realmente foi uma pancada (no bom sentido). Vinho novíssimo, de mastigar, e com muito peso e complexidade. Deve ser destaque nos próximos anos. Bem, vou parar por aqui... Teve muita coisa boa lá, mas não dá para escrever sobre todas. Till the next year!
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