quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Kritt Les Charmes Pinot Blanc 2007 e Terrunyo Sauvignon Blanc 2011

Em tarde quente na nossa querida São Carlos, abri dois brancos para recepcionar o amigo Marcelo Vascaíno, que voltava de sua sofrida peregrinação pela europa e me trazia na mala 3 vinhozinhos meia-boca para este que vos escreve. 
O primeiro vinho aberto foi o alsaciano Kritt Les Charmes Pinot Blanc 2007, do tradicional Domaine Mark Kreydenweiss. Kritt é um terroir muito rochoso e rico em ferro. O vinho, feito seguindo os preceitos da biodinâmica, tem cor amarelo ouro, densa e aromas de maçã, doce de casca de laranja da terra e amêndoas. Em boca é sedoso, cremoso e com final especiado. É muito gostoso e foi ficando melhor com o tempo. É vinho para paladares mais experientes. Iniciantes podem torcer o nariz. Eu apenas senti que já está começando a manifestar cansaço.
O segundo vinho ficava no lado oposto. Muito mais fresco e vivo. O Terrunyo Sauvignon Blanc 2011 é mais um que confirma a evolução dos vinhos feitos com essa casta no Chile. O vinho é feito com uvas do vinhedo Los Boldos, que fica na zona mais fria de Casablanca e a apenas 15 km do oceano pacífico. Mais especificamente, as uvas vem do Quartel #5, que é mais costeiro e com solos de argila vermelha e pobre em nutrientes. O vinho tem um estilo diferente do equilibradíssimo Casa Marin Cipreses e do mineralíssimo Laberinto. É um vinho com toques mais cítricos, grama cortada, lima da pérsia, capim-limão, mas sem deixar o lado mineral, com notas de giz. É muito fresco em boca. Um vinho muito bom e que deve vir na mala de quem vai ao Chile, pois lá, tem um ótimo preço. Apesar de muito bom, eu o coloco um pouquinho só abaixo dos outros dois supracitados (Cipreses e Laberinto).
Ah, querem saber quais foram as botellas que o Marceleto me trouxe de Amsterdã? Vai abaixo a foto...rs. Vale ou não a recepção?

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Vallontano Merlot Reserva 2007: Vinho com gosto de...


...vinho!!! 
Confesso que estou em dívida com os tintos da vinícola brasileira Vallontano, a qual produz vinhos sob a batuta do competente e simpático enólogo Luis Henrique Zanini. Bem, seus espumantes, aprecio sempre, e são excelentes. O seu branco Era dos Ventos, em parceria com Álvaro Escher e Pedro Hermeto já apreciei várias garrafas e gosto muito. Mas os tintos, por incrível que pareça, ainda não havia lhes dado a atenção merecida. Mas o dia chegou. Na última compra que fiz na Mistral inclui algumas garrafas de seus tintos, e o primeiro a ser aberto foi esse Vallontano Merlot Reserva 2007. E como fiquei contente! Como citei, é vinho com gosto de vinho! Nada de excessos. O vinho é feito de forma pouco intervencionista, e a madeira é coadjuvante, não atriz principal. São 8 meses bem dosados. Sua cor é bem bonita, rubi bem escuro, com  halo de evolução evidente. Ao nariz, muita alegria, frutas silvestres, sous bois e um fundinho de alcaçuz. Em boca, repetia o nariz e mostrava ótimo frescor, aportado pela acidez vibrante. Os taninos estavam presentes, mas já domados pelo tempo. Destaque para o frescor do vinho. Pode ser apreciado em temperaturas mais baixas (no contra-rótulo é recomendado entre 15-17 graus) e pede comida (foi ótimo parceiro para um tradicional Nhoque à Bolonhesa). 
É do tipo que eu gosto! Sem dúvida repetirei. Eu comprei a preço promocional na Mistral, mas isso só melhorou a compra, pois seu preço cheio é muito justo. Se você é acostumado com Merlots chilenos carregados em madeira, compotados, sem frescor, experimente esse e depois me fale. Duvido que encontre algo com qualidade parecida na mesma faixa ou até mais caro. 
Ótimo vinho!
Bebi a garrafa n. 545 de um total de 5.400 produzidas.

O ministério anti-bombas adverte: Pode fazer neófito torcer o nariz!



sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Kilikanoon Covenant 2004: Mais um Shirazão de responsa!

Tempos atrás postei aqui sobre uma noite de Shiraz, dos grandes* (clique aqui), que incluia um Oracle, da vinícola australiana Kilikanoon. O vinho foi oferta do amigo Akira, que ofertou nada menos que duas garrafas do danado, em ocasiões distintas. Não contente, o Akira também ofertou duas botellas de seu irmão menor, o Kilikanoon Covenant 2004. A primeira oferta foi no aniversário do Carlão, e a segunda, mais recentemente. A família agradece...rs.
A vinícola considera o Covenant o segundo vinho do Oracle. E é um segundo vinho de responsa! Ele é feito com uvas de 5 diferentes vinhedos e a maturação é feita por 24 meses em carvalho francês (70%) e americano (30%), sendo que 30% é novo e o restante de vários usos. É engarrafado sem clarificação ou filtração. Aliás, já contava com um bom depósito lateral na garrafa. O vinho, assim como o Oracle, mas em menor proporção, é explosivo. Seus aromas incluem muita amora madura, azeitonas pretas, tostados, balsâmicos e pimenta. Uma diferença básica em relação ao seu irmão maior: É mais mineral! O que me agradou bastante. Em boca mostra untuosidade, mineralidade, taninos finos e um longo, longo final. Posso confessar uma coisa? Gostei mais dele que do Oracle. Com a vantagem de que custa 2/3 do preço. 
Os vinhos da Kilikanoon são importados pela Decanter.

* Nota: Surpreendentemente, a postagem sobre os grandes Shiraz foi uma das menos acessadas no blog... vai entender...rs.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Colomé 180 Años 2010: Malbec de primeira, e nada óbvio!

Já mencionei aqui no blog várias vezes que conto nos dedos (de uma mão), os Malbecs que atualmente me agradam. Não aguento mais aqueles Malbecões doces, geleionas, para agradar gosto americano e de neófitos. Mas ainda dá para selecionar coisa boa. Eu gostei de um orgânico, sem sulfito, que experimentei tempos atrás (clique aqui). Também tenho dado preferência aos extremos argentinos: Sul (Patagônia) e Norte (Salta). Nesse sentido, me agradam aqueles da Bodega Noemía e da Colomé, respectivamente. Os da Colomé, apesar de alcoólicos (uma característica da região), fogem do padrão típico dos Malbecs de Mendoza, carregados na geléia, ameixa, baixa acidez, geralmente enjoativos. Esse Colomé 180 Años 2010 foi feito para celebrar, obviamente, os 180 anos da vinícola mais antiga da Argentina. Levei o danado no aniversário do amigo Carlão, que já estava lá com uma tropa formada por um Xisto 2005, Torre Muga 2005 e Don Maximiano 2005 (todos grandes vinhos, já comentados aqui no blog - Ótimos replays, claro...rs). Bem, mas vamos ao Colomé 180 Años... O vinho é biodinâmico, feito com uvas de vinhedos  centenários, de altitude (mais de 2.500 m) e com estágio de 12 meses em barricas francesas  (50% novas e 50% de vários usos). Ainda está novo, claro. Mas já apreciável. E como! Já na cor, difere dos Malbecs tradicionais. Lembra mais aquela cor de Malbec de Cahors. Eu sou meio ruim com esse negócio de cor, meus amigos sabem...rs (sou daltônico...). Mas é uma cor rubi escura, que depois, associei a seus aromas e paladar: Cranberry! Isso! Tem cor de Cranberry seca, e sabor de Cranberry seca. É um vinho denso, untuoso, com fruta madura, mas sem aquele exagero de geléia. Destaque para a Cranberry e cereja preta madura, que ficam em meio a notas de alcaçuz, grafite e leve floral. Em boca é potente, nervoso mas equilibrado, com ótima acidez e final muito longo. Os taninos são corretíssimos. Uma beleza de vinho. Nada enjoativo. Sempre pede outra taça. E a gente fica triste quando ele acaba. Se você, que já não aguenta os Malbecões, estava sem esperança, experimente um desses. Ficará feliz... Está muito acima da mesmice que reina no mercado... Deve evoluir muito bem em adega. Quero beber um desses daqui a algum tempo. 
A propósito, os vinhos da Colomé são importados pela Decanter.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Laberinto Sauvignon Blanc 2011: Mineral prá valer!

Tempos atrás postei aqui no blog sobre o Laberinto Cabernet/Merlot 2007, da vinícola Ribera del Lago. A vinícola é um projeto pessoal do conhecido enólogo Rafael Tirado, e fica ao lado do lago articial Colbún. O Sauvignon Blanc do produtor eu havia tomado apenas umas tacinhas em uma degustação, o suficiente apenas para saber que se tratava de um ótimo vinho e colocá-lo lado a lado com aquele que considero o melhor Sauvignon Blanc chileno, o Casa Marin CipresesMas agora, pude apreciar uma garrafa inteira (ou quase, pois a patroa bebeu umas tacinhas...rs) e tirar uma posição mais definitiva sobre ele. E esse Laberinto Sauvignon Blanc Cenizas de Barlovento 2011 estava uma beleza. Seu nome vem do solo com cinzas vulcânicas onde o vinhedo é plantado. Sua cor é palha bem clarinha, levemente esverdeado, mas esconde um vinho nervoso. Ao nariz é intenso e mostra notas cítricas, de aspargo e minerais. Destaque absoluta para essas últimas. Como cita Patrício Tápia, no Descorchados 2012 (que lhe outorgou 94 pontos) o vinho parece ser feito de pedras. Em boca, repete o nariz e mostra uma acidez vibrante, que lava a língua e dá um frescor impressionante ao vinho. A mineralidade está lá, no final longo. Sente-se também a típica grama cortada, mas ela fica na sombra total do lado mineral. Um ótimo vinho, que deve ficar ainda melhor daqui a um ou dois anos. Quero experimentá-lo com ostras...rs. Ficou ótimo com queijo de cabra.
Aos meus leitores: Se ainda não beberam, não deixem de experimentar esse vinho. Eu comprei no Empório Mercantil.

Comentário final: Eu adorei o vinho, mas confesso que o Casa Marin Cipreses tem um toque floral e frugal que, somados à sua mineralidade, fazem com que ele me agrade um pouquinho mais. Mas a briga é boa!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Ciao: Luigi Bosca Finca los Nobles Cabernet-Bouchet 1995, Casal de Loivos 2008, Chacai 2009, Focus Merlot 2006 e Barbaresco Batasiolo 2008

O título da postagem leva a palavra "Ciao" porque indica vinhos bebidos nas reuniões de quintas-feiras da nossa Confraria do Ciao. E nessa última quinta-feira apreciamos mais uma vez belos vinhos. 
O primeiro deles, levado pelo amigo Paolão, e que consideramos o vinho mais classudo da noite, foi o Luigi Bosca Finca Los Nobles Cabernet-Bouchet 1995. É a segunda vez que o Paolão leva uma garrafa dessas para apreciarmos, o que fizemos com muito prazer, claro. Não gastarei muito com sua descrição, que pode ser vista aqui. Só esclarecendo: As uvas são de videiras de mais de noventa anos, de altitude, cultivadas juntas (Field Blend) e a Bouchet não é a nossa conhecida Alicante Bouschet. É um vinhaço em sua maioridade! Dezoito anos e inteiraço! Valeu Paolão! Comentário final: Raridade.
O Caião levou um que eu estava querendo conhecer, de seu "primo" Cristiano Van Zeller, o Casa de Casal de Loivos 2008. O vinho é feito com um blend de mais de 20 castas, mas com predominância de Tinta Roriz e Touriga Franca. Aqui, destaque para o lado especiado, picante e ótima acidez. O vinho não mostra dulçor e a fruta é mesclada a notas de especiarias, minerais, azeitona preta e chocolate meio-amargo. Os taninos são presentes, do jeito que eu gosto, e indicam um vinho com longa vida pela frente. Um ótimo vinho, que causou certa estranheza a alguns confrades, talvez por ter um estilo próprio e diferente de muitos durienses. Eu gostei bastante. Comentário final: Acho caro o seu preço normal. No preço promocional cobrado tempos atrás, foi uma bagatela.
Seguindo na foto, eu levei um Chacai 2009, chileno produzido por William Févre. O vinho é feito majoritariamente com Cabernet Sauvignon, mas com uma pitada (10%) de Cabernet Franc. Esse vinho foi muito elogiado no Descorchados 2012, que lhe tascou 93 pontos. Recentemente, também ficou bem na fita em uma degustação às cegas frente a grandes Cabernets chilenos e americanos (clique aqui). Chegou às minhas mãos por gentileza do amigo Vitor. Bem, mais um vinho diferente. Ao nariz, logo ao ser aberto, mostrava-se floral e com notas de cassis e especiadas. Não tem exagero de eucalipto ou menta. Com o tempo, as notas de especiarias foram ganhando destaque total, principalmente em boca. O JP até suspeitou ter uma pitada de Carménère. A mim, lembrava um Neyen de Apalta ou os vinhos da Quebrada de Macul. Notas de curry, apimentadas e sálvia brilhavam em meio a um fundo terroso. Acidez correta e taninos redondos. Eu gostei muito do vinho. Foge ao padrão tradicional e pode decepcionar quem espera um chilenão típico. Perfeitamente apreciável agora, mas vou guardar minha outra garrafa uns tempos para ver sua evolução. Comentário final: Vale o preço cobrado e no preço que consegui, foi pechincha total!
O JP levou um ótimo Zuc di Volpe Focus Merlot 2006. O vinho é produzido pela vinícola Volpe Pasini, localizada em Friuli, norte da Itália. Acho que o JP o adquiriu no último bota-fora da World Wine. Fazendo um trocadilho, é um um vinho bem focado, com notas de framboesa, alcaçuz, café e leve mentolado. Em boca mostra muito equilibrio e taninos bem sedosos. Lembrava muito Merlot de Bordeaux. Muito bom! Comentário final: Assim como o Loivos, seu preço é salgado.
E para finalizar, o Tonzinho chegou com um Barbaresco Batasiolo 2008. O vinho mostrava-se muito tânico. Tinha obviamente as notas florais típicas, de frutas vermelhas e um fundinho especiado. Mas os taninos pegavam. Aqui, dois problemas: A idade e a abertura e apreciação logo em seguida. Não dá para fazer isso com Barbaresco e Barolo. Comentário final: Eu achei um pouco ralinho. 
Isso aí, pessoal!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Brioso 2002, de Susana Balbo

Mais um bom vinho argentino da grande safra de 2002, feito com Cabernet Sauvignon (47%), Malbec (38%), Petit Verdot (10%) e Cabernet Franc (5%). Atualmente, tenho dado preferência aos vinhos argentinos feitos com outras uvas, além da batida Malbec, e para os cortes nos quais ela figura como coadjuvante. Esse Brioso é uma boa pedida. Não consegui saber quanto tempo passou em barricas, e de qual tipo. Os atuais passam 14 meses em barricas francesas novas. Foi engarrafado sem filtração. Ao nariz, mostra notas de licor de cassis, cereja, alcatrão, tostadas e couro. Em boca repete o nariz e mostra-se bem redondo, licoroso, com taninos já perfeitamente domados pelo tempo e boa acidez. O final é longo e com notas terrosas e de carne. Tudo muito correto no vinho, que já está no seu ápice e acredito que agora vai começar a descer a ladeira. Bebi um mais jovem recentemente (que logo postarei) e o estilo se manteve, embora esse 2002 traga a concentração típica da safra. Pelo que vi de seu preço recente, é uma compra muito boa.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Altazor de Undurraga 2005: Mucho gusto, soy chileno!

Estava já há algum tempo para abrir esse Altazor 2005, vinho top da vinícola chilena Undurraga. O nome do vinho é uma homenagem ao poema Altazor, do poeta chileno Vicente Huidobro. Esse, da grande safra de 2005, foi o último feito apenas com Cabernet Sauvignon. Aliás, tem uma pitadinha de Carménère, que aparece nas primeiras cafungadas. Depois desse ano, o vinho passou para a batuta de Álvaro Espinosa, que mudou bastante sua composição, aumentando a participação da Carménère e incluindo pitadas de Syrah, Carignan e Petit Verdot. A  sua imponência começa pela garrafa, que infelizmente foi mudada a partir de 2005. É uma bela garrafa com ombros largos, parecida com aquela do seu conterrâneo Clos Apalta, e com um rótulo dourado muito bonito.  Mas o melhor veio após o descorche. Quando o verti na taça mostrou-se muito aromático, com notas de cassis, cedro, leve eucalipto, especiarias e um fundinho terroso (mais evidente com tempo em taça). O vinho mostrava-se nervoso no início, mas com o tempo foi se equilibrando. Em boca, era intenso, com ótima acidez e taninos maduros e firmes.  O final era longo e levemente terroso. Vinho com pegada, nervoso, quente, mas sem excesso de extração. Uma beleza! Chileno de corpo e alma e que justifica o título da postagem. Uma pena que comprei apenas uma garrafa dele. Queria muito apreciá-lo daqui a uns 2-3 anos, pois seu potencial de guarda é muito bom. Nem parecia um chileno de 8 anos, pois estava muito vivo. O JP o comparou a um Dom Maximiano. Eu concordo que não perde nem um pouquinho. A mim, lembrou-me bastante o estilo do Peñalolen Tez. Bem, ambos são cachorros grandes...rs. Agora estou curioso para saber como ficou após a mudança implementada por Álvaro Espinosa. Mas em se tratando desse grande enólogo, a qualidade deve ter sido no mínimo mantida. A propósito, os Undurraga são importados pela Abflug e podem ser encontrados também na Buywine.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Carménère Brasileiro? Aurora Pequenas Partilhas Carménère 2009: Boa surpresa!

Tempos atrás o amigo Rodrigo, do excelente Vinhos e Viagens, disse que postaría sobre uma degustação de Carménères, que incluia um exemplar brasileiro. Fiquei curioso, porque não havia, até aquele momento, ouvido falar de vinhos feitos com essa casta no Brasil. O Rodrigo ainda não publicou o resultado da degustação, mas na semana passada, de passagem por um supermercado de Ribeirão Preto, vi o danado do Carménère na gôndola: Aurora Pequenas Partilhas Carménère 2009. Não tive dúvidas: Esqueci um pouquinho o negócio das salvaguardas e por pouco mais de 30 pilas levei o danado para casa. E nesse final de semana o apreciei. Que boa surpresa! O vinho, que tem cor rubi clara bonita,  mostra aromas típicos da casta: Notas de pimentão, frutas vermelhas e um fundo herbáceo e especiado. Em boca, repete o nariz e é vivo, alegre, com boa acidez. O vinho pede comida (tem gente que fica bravo quando se utiliza o termo "gastronômico"...rsrs). Não tem excesso de extração, comum em muitos Carménères chilenos. Vi alguns comentários na rede que ressaltavam um certo dulçor final, mas não notei. Aliás, achei o vinho mais seco que a maioria dos seus primos (bem mais famosos) chilenos. Parece que ele passa por madeira, mas apenas 6 meses. Ela não deixa marcas.  
Peraí! Não vai pensando que é um "hiper super premium Gran Reserva Especial". É um vinho gostoso, de bom preço e boa opção para o dia-a-dia. Vale a pena experimentar.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Pinot Noir L'Île de Beauté François Labet 2011: O que achei do Vinho do Ano da Prazeres da Mesa

Recebi a notícia de que um Pinot Noir de menos de 60 pilas havia sido eleito o vinho do ano pela revista Prazeres da Mesa. Bem, Pinot Noir bom e barato? Difícil, hein? Adquiri umas garrafas e levei a primeira delas em uma reunião da Confraria do Ciao. Foi uma prova de fogo para o vinho, pois a turma não é fácil. Para complicar, na mesma noite a turma levou vinhos de peso (para variar...), que incluiam um belo italiano, um corte argentino e um Shirazão português de responsa (será tema de outra postagem). Bem, mas o vinho passou pela prova de fogo. A primeira delas: O Fernandinho gostou! Primeiro ponto positivo, pois o Fernandinho não gosta de Pinot Noir (dá para acreditar?). 
Bem, mas vamos a ele. O Pinot Noir L'Île de Beuté François Labet 2011 é vinificado na Borgonha, pelo tradicional Domaine Pierre Labet, mas com uvas oriundas de um vinhedo de solo granítico na Ilha de Córsega. A maceração pré-fermentativa é feita com os cachos inteiros e a fermentação parece ser realizada com as leveduras presentes na própria uva. Depois de duas semanas o vinho é trasfegado para barricas de madeira (segundo o site da Decanter, de segundo uso, por 12 meses) e engarrafado sem filtração. O vinho, de ótimos 12% de álcool, é fresco, vivo, aromático, fácil de beber. Ao nariz mostra frutas silvestres e especiarias. Em boca é leve, festivo, com ótima acidez e mineralidade. Vinho alegre e, como citado no próprio catálogo da Decanter (sua importadora), fica acima de boa parte dos borgonhas genéricos encontrados por aí. Eu gostei. Se tem cacife para para ser o vinho do ano, já não sei e isso não me importa muito. Provavelmente o fator preço foi levado em consideração. É claro que não se pode apreciar um Pinot Noir francês de 57 pilas pensando que vai arrebentar. Não é essa a proposta. Não espere algo próximo de um borgonhão, e sim, um vinho bem feito e de bom preço.   Pegue o seu, experimente e depois me diga o que achou. Eu o adquiri no Empório Basílico, da vizinha Araraquara (alí, na belíssima rua 5).