domingo, 30 de outubro de 2016

Salentein Primus Malbec 2010, Muga Branco 2013 e Tokaji Pajzoz 3 Puttonyos 2010

Uma noite bem vazia na confraria. Só 3 confrades: JP, Caio e eu. Mas nem por isso, deixou de ser divertida. Este Salentein Primus Malbec 2010, levado pelo JP, é um vinho especial da vinícola, 100% Malbec de vinhedos de 3 diferentes parcelas de altitude. O vinho passa 18 meses em barricas novas de carvalho francês, é engarrafado sem filtrar e passa adicionais 12 meses descansando nas cavas antes de ser comercializado. Possui aromas florais e de frutas como ameixa e amoras, em um fundo achocolatado. Com o tempo surgem notas elegantes de tabaco. Em boca é amplo, com boa acidez e taninos muito sedosos. O final é longo e levemente abaunilhado. Um ótimo representante da casta. Do andar de cima.
Abaixo, fotos dos vinhos levados pelo Caio e este que vos escreve.
O Caião levou um Muga branco 2013. O vinho é feito com Viura e uma pitadinha de Malvasia, com maturação de 3 em barricas em barricas, sobre as lias. Ao nariz mostra notas cítricas, de maçã verde e ervas frescas. Em boca mostra acidez vibrante, notas cítricas e minerais. O final é levemente abaunilhado. Um vinho de bom preço e que nunca decepciona. 
Eu levei um de sobremesa: Chateau Pajzos Tokaji 3 Puttonyos 2010. O vinho, que passa 3 anos em barricas, apresenta notas florais, de damasco, casca de laranja e nozes. Em boca apresenta acidez cítrica, dulçor equilibrado e fundo amendoado. Um bom 3 Puttonyos, que não surpreende mas também não decepciona. 
É isso!



sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Etim Grenache Vinhas Velhas 2004: 12 Anos, firme e forte!

Bem, é claro que os leitores entenderão o "firme e forte"... Na verdade, o vinho não tem nada de forte na acepção da palavra. Ele está é muito bom para os seus 12 anos, comprovando a longevidade dos vinhos de Monsant. Gosto dos vinhos de Falset-Marçá. Se os leitores derem uma olhada pelo blog verão alguns Castell de Falset sendo elogiados. E este Ètim Old Vines Grenache 2004 mantém a qualidade da casa. O vinho já mostra halo de evolução, mas ainda tá firmão. Aromas de ameixas frescas, florais, alcaçuz e minerais. Em boca, ótima acidez e taninos polidos. A mineralidade, típica da região, está presente. Vinho com muito frescor para um senhorzinho de 12 anos. Comprei este (e mais uma garrafinha que está guardada) em um bota-fora da World Wine uns 2-3 anos atrás. Foi uma pechincha. Na época, havia uma garrafa aberta para prova. Gostei muito e botei fé nas que coloquei na cesta. Aliás, esta seria uma boa prática a ser adotada nos casos de promoções. Se a gente prova, leva com mais tranquilidade e corre menos riscos de dar com os burros n'água. No caso deste Ètim, me dei bem. 




terça-feira, 25 de outubro de 2016

Luis Segundo Malbec 2006, The Chocolate Block 2009 e Bettú Corte Bordales 2002

Noite de poucos confrades... O Paulinho levou este Luis Segundo 2006. O vinho é um 100% Malbec das Bodegas Luis Segundo Correas. A família Correas chegou em Mendoza no século XVII e tem larga tradição política na região. Na viticultura, idem. O vinho é um dos especiais da vinícola, que produz também os mais simples Las Acequias. Ele passa 18 meses em barricas de carvalho francês. Tem cor rubi brilhante e bastante clareza nos aromas, com notas de ameixas, cerejas e especiarias, como canela, cravo e baunilha. Em boca mostra boa acidez, muita clareza, taninos sedosos e final longo e especiado. Muito bom vinho! Malbec que não enjoa.
O Paolão levou um Chocolate Block 2009, sulafricano da Boekenhoutskloof (nome difícil, hein?). É a mesma que faz a linha Porcupine. Este Chocolate Block é feito com Syrah (67%), Grenache (14%), Cabernet Sauvignon (10%), Cinsault (7%) e Viognier (2%), e passa 15 meses em barricas 40% novas. Dizem que lembra um Chateauneuf du Pape... Eu não acho muito não. Aliás, achei novo mundo demais. Tem aromas de frutas maduras, ameixas e amoras em compota, chocolate, baunilha e tostado. Em boca é concentrado, extraído, com notas de frutas compotadas, achocolatadas e tostadas. Tinha curiosidade para conhecer este vinho, mas ele não satisfez minhas expectativas. O tostado e chocolate em excesso me incomodaram.
O Tonzinho levou um Bettú Corte Bordalês 2002. Bem, nem preciso dizer o corte. A produção é pequena. Esta garrafa era a número 356 de apenas 650 produzidas. Vinho brasileiro, geralmente caro, de produtor considerado por muitos controverso, e que infelizmente, não me agradou. Não mostrava muito ao nariz e nem em boca. A fruta estava encoberta em meio a notas de folhas secas. Era seco, o que era bom, e os taninos firmes. Meio rústico. Bem, não fez a cabeça de nenhum dos confrades. Será que se ficasse aberto algum tempo mudaria? Não sei. 
Noite salva pelo Luis Segundo. 
Rapaz, não me lembro o que levei? Será que levei vinho esta noite? Ih...


domingo, 23 de outubro de 2016

Noite com um ótimo Pesquera Reserva 2011 e também em que o Caião faturou o troféu canguru amarelo!

Ontem era a volta dos queridos irmãos Little John e Rodrigo, e fomos ao Barone beber uns vinhões. O Rodrigo levou o melhor da noite: Pesquera Reserva 2011. É o vinho mais novo do produtor que eu bebi, e estava uma beleza! No começo, muita fruta em meio a especiarias, como cravo e canela, e notas tostadas. Foi mudando durante a noite, e as notas de cereja preta foram se mesclando a alcaçuz, tostado, tabaco e couro. Em boca era amplo, boa acidez e taninos já redondos para a juventude. Um ótimo Pesquera, como era esperado. Sem chances para os demais.
Dois brancos fizeram um duelo interessante, mas vencido por um Louis Jadot Pouilly-Fuissé 2014 levado pelo Little John. Notas de maçã verde, cítricas e minerais. Em boca, acidez vibrante, notas cítricas e ótima mineralidade. O final de boca é mineral e com leves notas vegetais. Muito bom! 
O outro branco foi levado pelo JP: Lindaflor Chardonnay 2013. Já comentei aqui sobre ele (levado inclusive pelo próprio JP). Este exemplar tinha notas de pêra e abacaxi, com um fundo de mel e anis. Em boca, tinha entrada doce, que se estendia ao final. A comparação com o Jadot deixou clara a carência de frescor. Pelo menos para mim, ele mostrou um caráter um pouco enjoativo, aquele do tipo "uma taça tá bom". Estranho, por que este exemplar me pareceu diferente da outra garrafa que bebemos, que inclusive, às cegas, o pessoal pensou se tratar de um Pouilly-Fuissé. Três hipóteses: 1. Esta garrafa estava diferente da primeira (isso acontece...); 2. A comparação com o Jadot, mais seco, ressaltou o lado mais doce do Lindaflor e 3. As duas coisas aconteceram. Vai saber...
Eu levei um Perescuma N.1 Reserva 2007, alentejano que já pintou aqui no blog (clique aqui). Assim, não precisa de muitos comentários. Vinho macio, redondo, sedoso, com notas de ameixas e muita especiaria. O engraçado foi que o JP matou a garrafa e no dia seguinte se juntou ao Caião para meter a lenha no vinho...rs. Ou seja, descobri o principal problema deste Perescuma: Prejudica a memória!!! 
E por falar em Caião, o cara levou o vinho que provavelmente lhe conferirá no ano o troféu Canguru Amarelo. Acho que ele fez o seguinte: Comprou uma geléia de amoras, misturou com um vinho reservado, jogou uma colher de açúcar, uma de baunilha sintética e bateu no liquidificador. Depois, deixou por uma hora no quintal da casa dele, sob o calor que tem feito esses dias, e decidiu levar prá gente! Sacanagens a parte, o fato é que o vinho era muito extraído, com muita fruta compotada, geléia, e não agradou. Era um Penfolds Koonunga Hill Shiraz-Cabernet 2013. Bem, nunca tive boa experiência com este vinho. Como a gigante Penfolds produz uma gama enorme de vinhos, muitos deles grandes e caros (Bin 707, RWT, St. Henri e Grange), outros muito bons e que não eram tão caros (Bin 128 e Bin 389), ela pode se dar ao luxo de produzir uns vinhos docinhos para agradar os paladares novomundistas geleófilos. É o caso deste Koonunga. Troféu para o Caião!!! Dificilmente alguém o supera este ano.
O Thiagão levou um Beronia Reserva 2010. Bem, Beronia nunca decepciona, pelo bom preço e qualidade. E este manteve a linha. Ao nariz notas de cereja preta, madura, em meio a tostado, tabaco e alcaçuz. Em boca, boa acidez, taninos redondos e final tostado e especiado. Apesar de ficar um pouquinho atrás de seu irmão de 2011, é outro Beronia Reserva de muito boa qualidade.
Minha sequência: Pesquera, Louis Jadot, Beronia, Perescuma, Lindaflor e tcham, tcham, tcham, tcham?
Isso aí!




Champagne Perrier-Jouet Grand Brut

Fomos  na casa da Fernandinho bater um papo, manjar ótima comida e beber uns vinhos. Levei este Champagne Perrier-Jouet Grand Brut para começar os serviços. E o danado não fez feio. Cor bonita, borbulhas finas, aromas de maçã, cítricos, gengibre e brioche. Em boca, ótimo frescor e boa cremosidade, com final amendoado e leve mel. Bom Champagne, que pode ser encontrado a um preço justo, mais baixo que dos famosos e onipresentes "amarelinhos*"...

*Essa eu colei de meu amigo Eugênio, do DCV.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Valiano Chianti Clássico Riserva 2005: Em ótima forma!

Quando abri este Valiano Chianti Clássico Riserva 2005 estava meio cabreiro, pensando que talvez já tivesse ido para o beleléu. Ao abrir, notei um vinho com pouca fruta, austero e até certo ponto, rústico. O que até me agrada, na verdade. Só queria um pouquinho mais de fruta. No entanto, depois de alguns minutos aberto, o vinho mudou e foi ganhando vida. A fruta, que estava encoberta, surgiu, com notas de ameixa e cereja, em meio a tabaco, leve couro e notas de especiarias doces. Em boca, a rusticidade deu lugar a um vinho macio, devidamente domado pelos 11 anos, e que dava muito prazer. Acidez perfeita e taninos redondos. Acompanhou com maestria um pernilzinho de cordeiro lá do Duarte. Muito bom! Mas quem tiver uma dessas, abra, por que não deve evoluir mais que isso. Comprei em um bota-fora da Vinci. Aprovado!



quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Léon Beyer Riesling 2009: Fresco e mineral!

A família Léon Beyer cultiva vinhos na Alsácia desde 1580! No entanto, foi em 1867 que Emile Beyer fundou a Maison de Vin d'Alsace, atualmente chamada Léon Beyer. O crítico Hugh Johnson considera seus vinhos bastante masculinos (por favor, nada a ver com machismo - todos sabem o que isso significa na linguagem do vinho...), firmes, amplos, secos e de estilo tradicional. Este Léon Beyer Riesling 2009 tinha cor amarelo palha e aromas florais, de pêssego branco, grapefruit, casca de mexerica, leve cera de abelha e aquele toque mineral, de querosene, típico dos Riesling (mas sem exagero, que não me atrai). Em boca era mais seco, acidez vibrante, mineral e final floral. Um vinho que mostra a qualidade do Riesling alsaciano. É para perfeito para frutos do mar e se dá bem com especiarias. Gostei!



terça-feira, 18 de outubro de 2016

Pizzorno Primo 2008, Lagarde Malbec 2010 e Cordillera Syrah 2008

Tempos atrás, o Paulinho, que é o Rei dos Portugueses, voltou abastecido do Uruguai. A mala veio com ótimos vinhos. Um deles foi este Pizzorno Primo 2008. O vinho é um de alta gama da vinícola. É feito com Tannat, Cabernet, Merlot e Petit Verdot, de parcelas especiais. As uvas são fermentadas separadamente por 12 meses em barricas novas de carvalho francês. Daí, só as melhores barricas são selecionadas e utilizadas para o blend final, que depois de feito, matura por adicionais 12 meses em barricas para ganhar complexidade. E ganha! O vinho possui aromas muito ricos de fruta madura (amoras e ameixas), cacau, tabaco e especiarias. Em boca é denso, sedoso e final longo e especiado. Muito complexo e de grande intensidade. Ganhou muito com tempo em taça. Foi mudando e ficando cada vez mais agradável. Já está no ponto para ser apreciado, mas teria ainda bons anos pela frente. Vinhão!
Não me lembro quem levou este Lagarde Malbec 2010. Acho que foi o JP. Bem, o produtor é bom e seus vinhos costumam ser longevos. Este, já estava bom para ser apreciado. Metade dele passa 12 meses em barricas. Ao nariz, frutas compotadas em um fundo abaunilhado. Em boca, bom corpo, macio, boa acidez e taninos redondos. Um bom Malbec que poderia ser guardado por mais uns anos. 
Eu levei o Cordillera Syrah 2008, que trouxe direto da vinícola Miguel Torres quando fui visitar mi hermano Ariel em Talca. Curicó fica bem do lado. E lá compra-se os Cordillera por bom preço, às vezes em promoção. O vinho é um Syrah de pequena produção, que passa 9 meses em barricas francesas 30% novas e 70% segundo uso. Tem aromas de geléia de amoras, cacau, tabaco e alcaçuz. Em boca, repete o nariz e mostra taninos redondos. O final é longo e com notas de especiarias. Um Syrah muito bem feito, sem arestas, com ótima presença. Seu preço é bom pela qualidade que oferece. Perfeito para uma carne assada. Gostei!
É isso!


domingo, 16 de outubro de 2016

Top Italian Wine Road Show 2016: Faz tempo, mas ainda vale...

Faz tempo que participei deste evento no Hotel Unique, em São Paulo. Ele é organizado pela Cristina Neves, e é o terceiro que participo. Dessa vez, não consegui vaga para as Master Classes, mas não importa. Foi bom do mesmo jeito. Ainda por cima, conheci pessoalmente um fiel leitor do blog (Marco) e outros amantes da bebida. Só isso, já vale o evento. Mas é claro que bebemos ótimos vinhos. Não vou citar um por um, para não cansar, nem eu, nem o leitor. Coloco a foto abaixo que reune aqueles que bebi e gostei. Dois produtores me chamaram muito a atenção com seus belos vinhos: Jermann e San Felice. Todos os brancos de Jermann estavam excelentes, frescos, minerais, ricos, tudo de bom! Os toscanos da San Felice também me encantaram. Destaque para o Il Grigio Chianti Clássico Gran Selezione 2011, que é uma maravilha! Foi um dos vinhos que mais me agradaram. Vinho super rico, intenso, floral, fruta silvestre, acidez vibrante, uma delícia! Justifica todo o entusiasmo e orgulho do produtor. Vinho top e que infelizmente não tem mais importador no Brasil. Uma grande pena. Enquanto isso, o mercado está cheio de zurrapas...rs. Recentemente fiquei sabendo que foi primeiro nos Top 100 da Wine Enthusiast em 2015. Pois é, se alguém quiser me dar algumas garrafas dele em troca de alguns "figurões" mais famosos (e bem mais caros), faço negócio.
Bem, também top o Grattamacco 2012, ainda mais decantado em um belo decanter Riedel...rs. Do produtor, ainda gostei do bem mais barato Colle Massari Rosso Riserva 2013.
Grandes, novos, caros e ainda nervosos o Sassicaia 2012 e o Guidalberto 2013. Tempo neles.
Delicioso, macio e sedoso o Amarone Clássico Allegrini 2011. Vinhão! O La Poja 2009, do mesmo produtor, também é bom, mas alguns podem estranhar pelo lado picante.
Ótimo o Harmonium de Firriato! 
Para aqueles que ainda torcem o nariz para os Prosecco, tem que experimentar o De Stefani Zero e o Cartizze Vigna La RivettaProsecco em outro patamar!
Ah, não posso esquecer os vinhos frescos e minerais de Schiopetto
É isso!


sábado, 15 de outubro de 2016

Tinedo Cala 1 2014: Desce fácil!

Dizem que estão tufando vinhos de Castilla y Leon na gente. E muita coisa de gosto duvidoso. Não é o caso deste Tinedo Cala 1 2014. O vinho, produzido pela familia Alvarez-Arenas, no coração de La Mancha, é feito com uvas produzidas de forma orgânica. O corte deste 2014 é Tempranillo 65%, Syrah 25% e Cabernet Sauvignon 10%. Vi por aí que não passa por madeira, mas na ficha técnica do 2011, no site da vinícola, dizem que ele matura por 12 meses em tanques de concreto, com um toque suave de barrica. Eu não sou enólogo e não sei o que isso significa. Mas que sugere uma leve passagem, sugere. E para dizer a verdade, dá para suspeitar. O vinho tem aromas florais, fruta viva, cereja e ameixa, com um toquezinho no fundo de chocolate e alcaçuz. Em boca é leve, médio corpo, sedoso e com taninos redondos e na medida. O final é frutado e especiado. Um amigo me disse que ficou surpreso ao saber que "não passava por madeira". Eu também acho que tem um respiro. O fato é que o vinho é gostoso e bem justo pelo seu preço. Desce fácil e acompanha bem comida. Este, o JP e eu matamos ligeiro lá na Mercearia 3M. Logo beberemos seu irmão maior, o Cala 2 2010, que ganhou 93 pontos da Wine Spectator e o título de Highly recommended. Vamos ver...


quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Nosotros 2009: Para quem gosta de potência, muita potência!


Já fazia um tempo que eu queria experimentar este vinho. Por dois motivos. O primeiro é que gosto do Brioso da Susana Balbo, feito majoritariamente com Cabernet Sauvignon, e queria provar este 100% Malbec. O outro motivo é que muita gente fala bem dele. Muita gente, mesmo. Este Nosotros 2009 se mostrou concentrado até para descer na taça. Ao nariz, notas de fruta em compota: ameixa, mirtilo, cassis etc. Tudo isso mesclado com chocolate, baunilha e alcaçuz. Aqui não tem economia! Em boca, muita concentração, fruta compotada, baunilha e chocolate. Os taninos são sedosos e o final muito longo. Potência pura! Prato cheio para quem gosta de vinhos concentrados, densos. Não é o meu caso. Certamente muita gente pode até me condenar, mas eu não consegui beber uma taça. É claro que é questão de gosto. Mas depois de beber tanto Malbec argentino, já tenho na cabeça (e nas papilas gustativas) o tipo que eu aprecio.




terça-feira, 11 de outubro de 2016

Noite boa, com destaque para um Pêra-Grave Reserva 2012, Brioso 2010, Casa Ferreirinha Vinha Grande 2013, dentre outros

Na semana passada, de casa cheia, apreciamos bons vinhos. O melhor da noite, a meu ver, foi um Pêra-Grave Reserva 2012, levado pelo Paulinho. O vinho é feito pela Quinta São José de Peramanca. A Quinta é propriedade da família Grave desde 1913. Mas a região de onde ele vem, próxima ao Ribeiro de Peramanca, tem a história ligada ao vinho desde o século XIII, quando D. Afonso II mandou plantar vinhas ao lado do Ribeirão, considerando o local um terroir único para a produção de vinhos de excelência. No século XVI, D. Manoel escolheu os vinhos desta região para viajar com as caravelas, com a recomendação de que fosse bebido apenas pelo Capitão e seus pares, além de ser oferecido para os povos que encontrassem. Na carta de Pero Vaz de Caminha, sobre o descobrimento do Brasil, há citação da oferta de vinhos, provavelmente da região, aos indígenas. Em 2003, depois de quase um século de interrupção, João Grave resolve retomar a produção, plantando novas vinhas. Em 2005, engarrafa o primeiro Pêra-Grave. As vinhas ocupam apenas 15 hectares, e os vinhos produzidos têm tido reconhecimento internacional. O tinto Pêra-Velha Grande Reserva tem sido comparado ao famoso (e caro) Pêra-Manca. A vinícola tem como enólogo Nuno Cancela de Abreu (ex-Quinta da Alorna). Este Pêra-Grave Reserva 2012 foi produzido com Touriga Nacional, Alicante Bouschet e Syrah. A maturação ocorreu por 18 meses em barricas de carvalho francês e americano. Ao nariz mostra notas florais, de amoras e ameixas, em um fundo levemente abaunilhado. Em boca, repete o nariz e mostra muita elegância. A acidez é correta e os taninos maduros. Seu final é longo e com presença elegante da madeira. Um ótimo vinho! Imagino que o seu irmão maior, Pêra-Velha, deva ser dos grandes. Os Pêra-Grave são importados pela Clarets.
Descreverei os outros vinhos apreciados na sequência da foto abaixo.
O primeiro é um Brioso 2010, de Susana Balbo, levado embrulhado por este que vos escreve. Alguns chutaram a presença da Cabernet Sauvignon e a complexidade do vinho. O Little John, ressaltou a pimenta do reino. Realmente, o vinho é feito majoritariamente com Cabernet Sauvignon (60%), Malbec (15%), Merlot (10%), Cabernet Franc (10%) e Petit Verdot (5%). Assim, os confrades passaram perto. É um vinho com aromas de ameixa e cassis, em meio a cacau e especiarias. Em boca é encorpado, denso, com boa acidez e taninos vigorosos. O final é longo e com toques de cacau. Um ótimo vinho, para ser apreciado com uma boa carne assada. Todos gostaram, inclusive eu. Liderou a noite junto com o Pêra-Grave, com o qual se equilibra também em questão de custos. No entanto, apesar de ter gostado do Brioso, eu prefero o alentejano. 
O Paolão levou um Berola 2009, espanhol das Bodegas Borsao, da região de Campos de Borja (este nome não traz boas lembranças para meus confrades São Paulinos...rs). O vinho é feito com 80% Garnacha e 20% Syrah, com passagem por madeira por 14 meses. Ao nariz mostra fruta bem madura, ameixas e amoras compotadas, em meio a alcaçuz (bem presente) e baunilha. Em boca é volumoso e tem entrada doce, com destaque para fruta compotada. É bem concentrado e no estilo extraídão. É para os fãs do estilo. A mim, não agradou nem um pouco.
O JP levou uma figurinha carimbada: Montes Alpha Cabernet Sauvignon 2011. Este dificilmente desagrada. Notei uma mudança de estilo em relação a outros mais antigos. A madeira e a pimenta do reino aparecem menos. Mostra notas de ameixas e ameixas, em meio a especiarias. Os taninos já estão redondos e o vinho é bem amigável. Acho que perdeu um pouco em relação a exemplares anteriores. Ficou fácil de beber. Eu preferia o nervo dos mais antigos, que levavam uns anos para amaciar. Do jeito que está, pareia com outros mais baratos.À direita na foto, o vinho levado pelo Tonzinho: Trapézio Bobó 2007, argentino feito com Malbec (70%) e Cabernet Franc (30%). Passa 18 meses em barricas e adicionais 16 descansando em garrafa antes de ser comercializado. É feito com capricho. Ao nariz mostra notas de ameixas e cassis, em um fundo de chocolate e picante. Em boca é denso, com boa acidez (que corta o dulçor) e taninos firmes. A madeira aparece um pouco e o final é levemente picante. É um bom vinho, para ser apreciado com um bom churrasco. Acho que não combinou com as comidas que pedimos. Precisa de decantação. Os 9 anos não lhe afetaram. É vinho longevo.
O último da foto acima é um Ferreirinha Vinha Grande 2013. Vinho de pedigree, de safra nova, e provavelmente o mais pronto da linha que bebi. Está muito pronto para a idade. Ótima fruta ao nariz, com notas de framboesa e amoras, em um fundo floral. Em boca é muito macio, com boa acidez e taninos redondinhos. O Vinha Grande mais fácil que bebi. Estava uma delícia. Não precisa ser guardado. Pode ser bebido agora sem problema. Gostei! Passando para a foto abaixo, um Dorna Velha Reserva 2005, levado pelo Caião. O vinho é feito com Touriga Franca, Touriga Nacional e Tinta Roriz. Ao nariz mostra notas de cerejas, herbáceas, cacau e especiarias. Em boca é seco, com toques de ervas e taninos redondos. O final é médio e com toques de especiarias. Um bom vinho, que depois de 11 anos ainda mostra força. Gostei dele.
E para finalizar, o vinho levado pelo Thiagão: Castello di Farnetella Nero di Nubi 2005. É um Pinot Noir da Fattoria de Fèlsina, feito a partir de uvas de vinhedos plantados na região mais alta da vinícola, em apenas 2,5 hectares. Vinho de pedigree, cujos 11 anos nem se foram sentidos. Tem cor escura e aromas de cereja em meio a folhas secas, tostado, tabaco e outras especiarias. Aqueles aromas típicos da Pinot Noir ficam encobertos. Em boca mostra nervo e bom corpo, com boa acidez e mineralidade. O final mostra um toque de tabaco e ervas. Mais uma vez, a fruta fica um pouco encoberta e é difícil identificá-lo como Pinot Noir. Eu acho que precisaria de tempo em decanter para se abrir. O problema dele: Preço em comparação com Borgonha, Oregon e Nova Zelândia.
Isso aí!

domingo, 9 de outubro de 2016

O niver do Paul foi show: Galatrona 2007, Quinta Nova Referência GR 2008, Xisto 2011, Abadia Retuerta Selección Especial 2010, Font de La Figuera 2008, Leo D'Honor 2008 e Quinta do Crasto LBV 2011!

Na semana passada fomos ao Chez Marcel celebrar o aniversário de nosso amigo Paulinho, o Rei dos Portugueses! E no niver do Paul, o negócio pegou! Não teve um único vinho que tenha deixado arestas, que não tenha sido elogiado. Era todos de excelentes prá cima. Prá cima por que tinha uns cachorrões grandes. A começar pelo vinho levado pelo Paulinho: Galatrona 2007! Este é um monstro de Merlot. Não naquele sentido de vinho concentradão, extraído, novo mundo. É um monstro pela estrutura e intensidade. Já postei aqui duas vezes sobre o 2004. Este 2007, ainda não havia tido o (grande) prazer de beber. Para vocês terem uma idéia, tem só 98 pontinhos da Wine Spectator, onde é mencionado que ele lembra o Petrus 1989. Aliás, comparam o Galatrona também ao Le Pin. Comparações à parte, o vinho é realmente grande. Aromas finos de amoras, florais, azeitona preta, pimenta do reino e tostado. Em boca, acidez perfeita e mineralidade. Os taninos são finos e o final interminável, com notas de cacau, tosta e especiarias. Uau! Nada de superextração e exageros. Tudo equilibrado. Vinho de elegância ímpar. E longevo. Deve aguenta décadas em adega, com prazer garantido aos apreciadores pacientes. Vinhaço, aço, aço! Coloque no decanter, encha uma taça e vá apreciando a evolução. Esse não deu prá fazer isso. Mas seria o ideal. Valeu, Paul!
Nota 1: Este vinho é importado pela Cellar, que pratica um preço justo pelo que ele é vendido lá fora. Podemos encontrar no mercado muitos vinhos sulamericanos pelo mesmo preço e até mais caros. Aliás, isso está ficando bem comum. Mas para qualquer um deles, bater um Galatrona, é tarefa duríssima! 
Nota 2: As videiras de Merlot foram plantadas pela Petrolo em 1990. Na época, a uva era usada apenas para compor o vinho Torrione, que tem como base a Sangiovese. No entanto, Denis Durantou, proprietário do Chateau L'Eglise-Clinet, em Pomerol, e amigo do dono da Petrolo, Luca Sanjust, sugeriu que o solo onde as videiras estavam plantadas era perfeito para a Merlot. Deu no que deu...
Foto do vinhedo Galatrona - Extraída de www.vinous.com
E em homenagem ao Paul, que ama vinhos portugueses, eu levei o vinho top da Quinta Nova Nossa Senhora do Carmo: Quinta Nova Referência Grande Reserva 2008. A Quinta, infelizmente pouco badalada no Brasil, é tradicional, possuindo mais de 250 anos de história. Eles possuem também uma bela estrutura para turismo. Dei uma olhada no site e fiquei babando. Vejam a foto da paisagem:
Eu quero visitar! Bem, mas vamos ao vinho. Eu já bebi alguns vinhos do produtor. O primeiro, foi um Reserva ofertado pelo JP, que estava ótimo. Outro, foi um Touriga Nacional muito mineral, levado pelo Caio, excelente! 
Este Referência, é a representação da excelência da vinícola. Fica ainda acima do Grande Reserva. O vinho é feito com 75% Tinta Roriz e 25% de vinhas velhas. Matura 20 meses em barricas de 300 litros de carvalho francês das florestas de Centre, Nevers e Jura. Os enólogos são Jorge Alves e Sônia Pereira. Ao nariz é muito rico, com notas de mirtilo e amoras, em meio a cacau, grafite e especiarias, como pimenta do reino e cravo. Em boca, denso, untuoso, mas ao mesmo tempo, fresco e mineral. O final era longo, especiado e com notas de cacau. Uma beleza de duriense! O lado mineral e especiado me cativaram. É um vinho para longa guarda. Este 2008 teria ainda muitos e muitos anos pela frente. Vou guardar o 2009 que tenho mais uns aninhos. Tanto um, quanto o outro, têm 18/20 pontos da Revista de Vinhos. Quem não conhece os vinhos da Quinta, experimente, pois vale a pena. Acho que são importados pela Magnum, e geralmente os via na loja virtual Boutique do Vinho
Seguindo com outro grande duriense, um Xisto 2011 levado pelo Rodrigo. É a segunda vez que eles nos brinda com esta preciosidade. O vinho é uma parceria da família portuguesa Roquette, com a francesa Cazes. Os enólogos são o francês Daniel Llose (Chateau Linch-Bages) e Manuel Lobo (Quinta do Crasto). É feito com Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz, adicionadas de vinhas velhas. A maturação é feita por 20 meses em barricas novas de carvalho francês. Mostra um nariz rico, com notas florais, de framboesa e amoras, em meio a especiarias e toques amadeirados na medida. Em boca, repete o nariz, é untuoso e possui taninos sedosos. A fruta é ainda bem presente e o vinho mostra-se jovem, carente de alguns anos para atingir sua melhor fase. No entanto, já é grande agora e dá enorme prazer. Uma horinha de decanter é recomendado. Quem tiver um desses, pode esquecer na adega, sem medo. Vinhão!
Vamos seguir com os vinhões, por que, como podem ver pela foto, ainda tem mais. 
O Tonzinho levou um Leo D'Honor 2008, da Casa Ermelinda de Freitas. É um 100% Castelão, feito com uvas de vinhas de mais de 60 anos de idade. Passa 18 meses em barricas novas de carvalho francês. É bem diferente de seu irmão Mimosa, da mesma vinícola. Tem mais frescor! Sua cor é mais clara e brilhante que do irmão menor. Tem aromas de amora e cassis, em meio a cravo e cedro. Em boca mostra frescor, mineralidade, taninos finos e final longo e especiado. Um Castelão distinto, com muita clareza, sem exageros e muito fresco. Gostei muito! Fui à Casa Deliza e comprei uma garrafa para beber com mais calma. 
Passemos agora para dois espanhóis. O primeiro deles, levado pelo JP, já foi apresentado aqui blog (clique aqui). Era um Abadia Retuerta Selección Especial 2010. O vinho é querido de nossa confraria, e este, em particular, foi também da WS, que lhe conferiu 92 pontos e o colocou como #50 na lista dos top 100 de 2014. É feito majoritariamente com Tempranillo, com pitadas de Cabernet Sauvignon e Syrah. Tem aromas de cereja preta, chocolate amargo e alcaçuz, em meio a notas amadeiradas. Em boca é muito sedoso e intenso, com final longo e especiado. Uma delícia de vinho, já atingindo um ponto ótimo para ser apreciado.
O Thiago levou um ótimo Font de la Figuera Priorat 2008, super segundo vinho do Clos Figueres. É obra de René Barbier e Christopher Cannan, e produzido com Grenache (majoritária), Carignan, Syrah, Cabernet Sauvignon e Mourvedre. A maturação ocorre em cascos de carvalho usados, de 300 e 500 litros. Sua cor é brilhante, rubi, e os aromas de frutas silvestres e balsâmicos, em um fundo mineral. Em boca, repete o nariz e mostra ótimo frescor e mineralidade. O final é longo e com um toque de café. Outro belo exemplar da noite! 
E para finalizar, o Paulinho ofertou um belo Porto: Quinta do Crasto LBV 2011. Vinho de ótimo produtor e safra histórica. Aromas florais, de cereja e framboesa, em meio a notas achocolatadas. Em boca, muito macio e com final longo e rico em especiarias. Uma delícia de porto, já pronto para ser apreciado, mas que deve recompensar quem tiver paciência e guardá-lo um pouco. Perfeito para sobremesas com chocolate.
Isso aí, Paul! Bela celebração! Uma grande seleção de vinhos!




sábado, 8 de outubro de 2016

Falernia Viognier 2013: Simplesinho e bonitinho!

Rapidinho: Quem não quiser gastar um bom dinheiro com um Viognier de Condrieu, e quiser experimentar um bom vinho feito com a casta, arrisque este Falernia Viognier 2013. É claro que não pode competir com os rodanienses, mas traz muito bem as características da casta. O vinho é floral, com notas de pêssego e cítricas. Em boca é mais seco, o que faz com que não seja enjoativo (como alguns Viognier fora do Rhone costumam ser). Mostra boa acidez e é boa companhia para peixe. Vinho de bom preço e que satisfaz. Aliás, todos os Falernia que bebi até hoje me convenceram. Boa pedida chilena. O da safra 2014 pode ser encontrado na Wine Brasil.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Meu niver em 2016: Trasnocho 2006, Giramonte 2006, Chambolle-Musigny Champy Les Bussieres 2005, Clos du Papillon 2004, Chateau de Beaucastel branco 2008 e outros...

Antes tarde, do que nunca! Faz tempo que era para liberar esta postagem, com os vinhos que apreciamos em meu último aniversário. E foi muita coisa boa. Começarei pelos brancos.
Eu abri um Clos du Papillon 2004, Savenniéres de primeira produzida pelo excelente Domaine de Baumard. Aqui é certeza de agradar. Alguns podem pensar na idade do vinho... Ledo engano! A Chenin Blanc em sua melhor forma! A cor era incrível, bem clarinha, nenhum sinal de envelhecimento. O nariz, rico, com notas cítricas  (lima) e minerais, com um fundinho de favo de mel. Em boca era seco, acidez vibrante, cítrica e muita, muita mineralidade! Novíssimo! Nenhum sinal de cansaço. Todos pensaram se tratar de um vinho muito mais jovem. Clamava por ostras... Delicioso! A WS diz que tem textura de porcelana! Boa definição. Encontra-se no mercado o 2009, que tem 93 pontos da WS. É caro? Não é barato. Mas tem gente que tem coragem de comprar branco do novo mundo por preço mais alto. E aí...
Continuando nos brancos, um de primeira grandeza levado pelo Paolão: Chateau de Beaucastel Chateauneuf du Pape branco 2008. O vinho é produzido pela família Perrin, sob a batuta dos filhos de Jacques Perrin, Jean-Pierre e François, e atualmente, já com o auxílio da quinta geração. O produtor tem uma larga tradição em cultivo sustentável. Já em 1950 iniciou a produção orgânica, e em 1974, o cultivo biodinâmico. Este branco é feito com 80% Roussanne, 15% Grenache Blanc e 5% de Picardan, Clairette e Bourboulenc, plantadas em apenas 7 hectares. Trinta por cento do vinho é fermentado em barricas, e o restante em tanques. O vinho tem bela cor amarela dourada e aromas florais, pêssego e marmelo, em um fundo de mel. Em boca, repete o nariz, mostra bom frescor, notas amendoadas e final longo e levemente amanteigado. Precisa de tempo para se mostrar. Bom abrir um pouco antes. Um vinhão, claro!
Outro branco apreciado, levado pelo Joãozinho, foi o Quinta do Carmo Branco 2012. Nesta safra, o vinho foi produzido com Roupeiro (55%), Arinto (30%), Perru (10%) e Fernão Pires (5%). Não passa por madeira. Os aromas são florais e de frutas tropicais, em um fundo abaunilhado. Em boca, repete o nariz e mostra acidez correta. Eu achei a fruta muito proeminente. Não reclamo em beber, mas não é meu vinho. Fica bem longe de seus irmãos tintos, seja o normal, ou ainda mais, o Reserva.

Passemos aos tintos?
Vamos na sequência da foto acima. O primeiro tinto, um ótimo Chambolle-Musigny Champy Les Bussieres 2005, foi ofertado por este que vos escreve. É um borgonha concentrado, com notas de framboesas, cerejas, cacau, leve tostado e especiarias. Em boca mostrava ótimo equilíbrio, taninos redondos e final longo, terroso e especiado. Um ótimo Chambolle-Musigny, diferente de seu irmão de 2006, recentemente descrito aqui no blog. Este 2005 é mais austero, mais sério que o 2006. 
Do lado dele, outro vinho por mim ofertado, um belo exemplar riojano: Trasnocho 2006! O vinho, um dos tops da vinícola Remirez de Ganuza, é feito com um método inovador. Uma bolsa de PVC é introduzida dentro do depósito com as uvas e é enchida de água. Desta forma, o suco restante com as cascas (~70%) é extraído de uma forma delicada, sem fricção, que poderia levar a sabores herbáceos e oxidação. Veja aqui a descrição e um filme mostrando o processo. O vinho é realmente especial. Tem um estilo moderno, cor bem escura e aromas de cereja preta, ameixa e tostados. Em boca, ótima acidez, intensidade, taninos firmes e final muito longo e especiado. Um vinhaço, robusto e muito elegante. Está ainda cheio de vida e poderia ter sido guardado ainda por muitos anos. Este, já foi!
Do lado direito dele, um vinho ofertado pelo JP. E que vinhão! Era um Giramonte 2006, de Marchesi de Frescobaldi. Ele já pintou por aqui no blog, levado pelo Paolão em seu aniversário (clique aqui para ver o que rolou naquela noite). Vinho feito a partir de uvas da Tenuta di Castiglioni, a mais antiga do produtor. Este 2006, o mais destacado de todos Giramonte até hoje produzidos, foi feito com 87% Merlot e 13% Sangiovese. Afinou em barricas por 16 meses e 6 em garrafas antes de sair ao mercado. Tem cor escura e aromas de cerejas, amoras, cacau e café, em um fundo abaunilhado. Em boca é musculoso, intenso, com fruta envolta em café, cacau e especiarias. Os taninos são redondos e o final interminável. Um monstro! Vinhaço!  Desta vez foi decantado, como devia, e mostrou toda sua riqueza. A propósito, a WS lhe deu generosos 97 pontinhos...rs.
E finalizando, vamos para os de sobremesa. Abri um Bacalhôa Moscatel de Setubal 2011, rico, floral, com notas de doce de casca de laranja da terra e pêssego. Dulçor perfeitamente equilibrado com ótima acidez. Delicioso e par perfeito para o Cheese Cake de Damasco feito pela Glace Art
Ofertei ainda um Dr Burklin-Wolf Rupperstberger Gaisböhl Grand Cru Auslese 2002. Este já foi descrito aqui recentemente. Uma beleza de vinho de sobremesa feito com Riesling de um Grand Cru em Pfalz. Um vinho cítrico, mineral, com ótima acidez, dulçor cativante e um final interminável. Uma delícia!
Isso aí!

Ps. Esta postagem está bem atrasada... Meu aniversário já foi há algum tempo.



terça-feira, 4 de outubro de 2016

Willamette Valley Vineyards Pinot Noir Estate 2012: Bão tamém!


Este Willamette Vallley Vineyards Estate Pinot Noir 2012 é produzido por uma vinícola que traz em seu nome a referência ao local onde está estabelecida. Ela já foi considerada pela Wine Enthusiast como uma das melhores produtoras de Pinot Noir do Oregon. Li também que é uma das vinícolas boas de serem visitadas. São vários os vinhos produzidos, incluindo brancos de Pinot Gris e Chardonnay, e tintos de diferentes vinhedos. As uvas para produzir o Estate Pinot Noir são obtidas de vinhedos plantados em solo vulcânico, em 1983. O vinho matura por 9 meses em barricas 23 % novas de carvalho francês. Tem aromas de cerejas, framboesas, tabaco e terrosos. Em boca, repete o nariz e mostra boa acidez e mineralidade. Os taninos são finos e o final longo e levemente picante. Muito bom vinho, de uma excelente safra nos EUA. Já pronto para ser abatido, mas melhorará com uns 2-3 anos de adega.




















Crisp e picante, com taninos firmes em torno dos maduros sabores cereja e hortelã, empurrando passado o aperto sobre o acabamento. Melhor a partir de 2016 até 2020



domingo, 2 de outubro de 2016

Neste eu voto: Dr Burklin-Wolf Rupperstberger Gaisböhl Grand Cru Auslese 2002

Já que este não é um blog diet, devo dizer que nada é melhor que fechar uma bela refeição com uma sobremesa acompanhada de um belo vinho doce. E as opções são muitas: Porto, Sauternes, Tokaji, Icewine, Banyuls, Pedro Ximénez, Passito de Pantelleria, Moscadello di Montalcino, Vin Santo etc etc. Se é bão, gosto de todos. Os alemães, feitos com Riesling, sempre são ótimas pedidas. E este Dr Burklin-Wolf Rupperstberger Gaisböhl Grand Cru Auslese 2002, entra na lista dos "mais que bão"! O nome é grande, e o vinho, idem. É produzido por aquela considerada uma das vinícolas mais tradicionais da Alemanha, biodinâmica a partir de 2005. A fração do vinhedo Rupperstberger considerado Grand Cru, o Gaisböhl, é de apenas 5,2 hectares. O vinho é excelente. A cor dourada é belíssima, como pode ser vista na foto. Os aromas são florais, de damasco, baunilha e mel. Em boca, ótimo dulçor equilibrado por ótima acidez. O final é longo  e floral. Uma beleza! É o tipo de vinho que a gente fica muito triste quando acaba...