terça-feira, 27 de setembro de 2011

Uma tarde de domingo ibérica na casa do JP: Bacalhoa 2008, Pago de los Capellanes 2007 e Meandro 2008 - Tudo de bom!

Nesse último domingo o JP mandou ver em um assado em sua casa, regado a bons vinhos, como sempre. Eu cheguei um pouco atrasado, e perdi o primeiro, levado pelo Caio, o Meandro 2008. Bem, mas já o apreciei e comentei aqui no blog. É um ótimo custo-benefício e que sempre agrada. Beleza de vinho! Tente achar um chileno ou argentino do mesmo preço e que ofereça a mesma qualidade.
Quando cheguei estavam abrindo o Quinta da Bacalhôa 2008. Este é figurinha carimbada na confraria. Sucesso na certa! É daqueles que quando você passar em um Free Shop voltando de viagem, não pode deixar de pegar umas garrafas. Um belo vinho feito majoritariamente com Cabernet Sauvignon e uma pitadinha de Merlot. A madeira aparece bastante, envolta em toques mentolados. Com o tempo estes aromas foram se integrando melhor à fruta (ameixa e cassis), com o surgimento também de notas de café e tostado. Em boca tem pegada e final bem prazeiroso. Os taninos ainda pegam um pouco, assim como a madeira é bem presente. Isso deve melhorar com os anos. Eu ainda não havia apreciado o 2008 e estava curioso por fazê-lo. Outro aprovado! O Quinta da Bacalhôa é sempre um belo vinho.
Bem, em homenagem ao amigo JP, que gosta de um bom vinho espanhol, levei um Pago de los Capellanes Crianza 2007, de Ribera del Duero. O JP já havia nos brindado com um maravilhoso Capellanes Reserva 2006 tempos atrás. Este Crianza 2007 também estava uma delícia. O nariz era rico em cereja seca, ameixa, e bala toffee. Em boca, repetia o nariz e era sedoso de dar gosto. Possuia menos peso que o Reserva, mas tinha complexidade de gente grande. Um vinho para se beber devagar, tranquilo, como fizemos. E ficar com a lembrança e a certeza de que este produtor é realmente de primeira. Os Capellanes são importados pela Cava de Vinhos.
Mais uma tarde de domingo muito legal, com boa comida, ótimos vinhos e o que melhora tudo isso: A companhia de grandes Amigos! Gracias JP!

domingo, 25 de setembro de 2011

Chateauneuf Domaine du Pegau 2006, Ghemme 2003 e Zin Mondavi 2005

O Domaine du Pegau é um dos principais produtores do sul do Rhone. Seus Chateauneuf du Pape são sempre muito bem avaliados. Este que levei, o Chateauneuf Selection Laurence Féraud 2006, é o Chateauneuf mais simples do produtor. Ele é produzido com uvas negociadas e um pouco daquelas do Domaine du Pegau. Não confundir com o grande Cuvée Laurence, degraus acima, e que é artigo de colecionador (por sorte tenho umas garrafas do 2005...). Mas este mais simples já é muito bom. Nariz complexo, com notas de groselha, couro, café e cacau. Em boca, repete o nariz, possui bela acidez e taninos sedosos. Um vinho gastronômico e muito rico. Gostei bastante!
O João Paulo levou um italiano de primeira, o Ghemme 2003, da Cantina Dessilani. Já apreciamos o Gattinara e o Barbaresco desse produtor, ambos muito bons. Mas para mim, o Ghemme é o melhor deles. Um nariz muito gostoso, com a presença floral da Nebbiolo e notas minerais que parecem ser característica de todos os vinhos do produtor. A propósito, o vinho tem 90% Nebbiolo, 5% Vespolina e 5% de uvas raras.  A fruta é presente, sem exagero, com notas de framboesa e amora. Em boca tem corpo médio, bela acidez e taninos sedosos. Um vinho excelente e que agradou a todos.
Bem, e finalizando, nosso amigo Tom, que este ano tem matado a pau nos ofertando grandes vinhos, botou a mão no troféu Palo Alto. Levou embrulhado um Robert Mondavi Private Selection Zinfandel 2005, que para mim estava estragado. Senti notas fortes de plástico, aquelas que nossa amiga Brett, quando está "malvada", costuma aportar. Só lembrando que as pessoas têm diferentes percepções para a Brett (e que esta pode aportar características que agradam e outras que desagradam). Além disso, eu não consegui identicar nada de bom no vinho, muito menos que lembrasse a Zin (da qual, confesso não ser lá um grande apreciador). Bem, Tonzinho, você tem saldo positivo, afinal, tem levado grandes vinhos. Mas não pode abusar senão o pessoal manda ver no troféu! rsrs.

sábado, 24 de setembro de 2011

Undurraga T.H. Pinot Noir 2008 - Vinho com acidez vibrante!

Nesse sábado o amigo João Paulo e eu, com as respectivas familias, nos reunimos em um almoço no Restaurante do Duarte, na UFSCar. O cardápio estava muito bom, com peixes excelentes, feijoada com frutos do mar, cordeiro com frutas secas, coelho etc. Eu levei um Pinot Noir muito recomendado pelo Patrício Tápia, no Guia Descorchados 2010. Foi um Undurraga T.H. Pinot Noir 2008. Os T.H., de "Terroir Hunter", ou caçador de terroir, pertencem a uma linha especial da vínicola, sob responsabilidade do enólogo Rafael Urrejola (que era da vinícola Leyda). Este T.H. Pinot Noir 2008, em particular, é feito com uvas do Vale do Leyda (há um outro produzido com uvas de Casablanca). É um vinho produzido em pequenas quantidades  (nesta safra foram apenas 355 caixas). Isso é bom, pois produções menores sugerem mais capricho. O vinho descansa 10 meses em barricas borgonhesas 20% novas. Tem um nariz muito bom, equilibrado, com boa fruta, principalmente cereja, mesclado à notas cítricas, terrosas e leve tostado. Em boca é bastante elegante, com mineralidade e uma acidez vibrante. Um vinho fresco e bem vivo, com tudo no lugar. Estava perfeito com os pratos. Uma boa pedida! Eu adquiri esta garrafa na loja virtual da Wine.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A polêmica do Schild Shiraz 2008: Será que apreciamos gato por lebre???

Logo após postar sobre o Schild Estate Shiraz 2008, que apreciei com meu amigo JP, um leitor comentou em meu blog que talvez tivéssemos bebido um vinho falsificado. No comentário é citado o artigo na Wine Spectator intitulado "Bait and Switch? When Australia’s Schild Estate ran low on an acclaimed wine, they purchased, blended and bottled a new batch (ver http://www.winespectator.com/webfeature/show/id/44637 ). No extenso artigo, assinado por Harvey Steiman e Tyson Stelzer, é citado que após receber o prêmio de sétimo do mundo na lista, a demanda foi tanta que a vinícola resolveu engarrafar novos exemplares, com o mesmo rótulo, mas utilizando um outro vinho. As garrafas ditas "originais" foram engarrafas em 3 lotes: Novembro 2009, Março 2010 e Outubro 2010. Os engarrafamentos com outro vinho foram feitos posteriormente a estas datas. Pelo que escreveram, essa prática é permitida na Austrália, principalmente para vinhos de baixo custo, mas geralmente não acontece com vinhos mais caros e aqueles que receberam premiações (que é o caso). De qualquer forma, pode até não ser ilegal, mas para mim, não é "legal". No artigo os autores (e alguns comentaristas) citam como pode ser feita a identificação dos lotes originais (ver abaixo). Segundo os produtores, que deixaram comentário oficial no artigo, o "novo lote" foi feito apenas para consumo interno australiano e foi marcado com uma etiqueta extra com os escritos "second blend". Citam que estas garrafas não foram exportadas para os EUA. Mas teriam sido exportadas para o Brasil?

Qual seria então a resposta à minha pergunta no título desta postagem? Será que JP e eu apreciamos gato por lebre?

Bem, como cientista tenho a curiosidade na veia, e fui logo ver na garrafa a identificação a que se refere a Wine Spectator. Cito a seguir parte do artigo, em inglês:

"All bottles of Schild also contain a code, usually located under the back label, that identifies when it was bottled. The bottling code begins with the letters BBS, identifying Barossa Bottling Services, Schild’s bottler. On some bottles, the next character is the letter L and either a 9, 0 or 1. This refers to the year (2009, 2010 or 2011). The next three digits denote the day of the year, with 001 being January 1 and 365 being December 31. So, a bottle that says BBSL9331 was bottled in 2009 on November 27".


Base do contra-rótulo do vinho que bebemos. Notar o código BBSL9331

Ou seja, de acordo com a Wine Spectator, a garrafa que apreciamos é original, dos primeiros engarrafamentos, visto que ela tem inclusive o mesmo código (BBSL9331) do exemplo acima citado pelo articulista. No entanto, há muita discussão no artigo e isso ainda deve render.

Bem, confesso que não gostei desta história "australiana", pois ela compromete fortemente a imagem de suas vinícolas.  Não acho o procedimento adequado, de forma alguma. Isso me empurra cada vez mais aos vinhos de pequenos produtores, artesanais e de preferência, naturais.
Quanto ao vinho, pela Wine Spectator apreciamos o original, não uma garrafa engarrafada posteriormente com outro vinho. Mas independente disso, tenho que ser sincero e dizer que o vinho estava muito bom mesmo. Isso não dá para negar.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Schild Shiraz 2008 - O que JP e eu achamos do sétimo do mundo em 2010

Hoje no início da noite o amigo João Paulo e eu estávamos escolhendo os vinhos para a nossa especial de final de ano (pois é, já está chegando...) e obviamente, isso foi feito regado a um bom tinto e um filé de costela grelhado. O vinho escolhido foi um Schild Estate Shiraz 2008. Este vinho, da grande safra de 2008 na Austrália,  foi o número 7 da lista dos Top 100 da Wine Spectator em 2010, com 94 pontos da revista. Eu gosto de brincar com esta lista. No final de ano, sempre arrisco uns palpites e também compro algumas garrafas antes dela sair. Assim, gosto de fazer um esforço e testar se as notas são justas e se os vinhos são realmente bons. Bem, geralmente são (veja o que achei do nono da lista, o Carm Reserva 2007). Obviamente, uma boa parte vai de encontro ao gosto americano, ou seja, vinhos muito maduros, cheios de fruta, muita baunilha, álcool em excesso etc . Mas eu acho legal a brincadeira e sempre que posso aprecio alguns vinhos da lista, com boas surpresas e algumas decepções. No caso do Schild Shiraz 2008, ele se enquadra um pouco no gosto americano pela fruta madura, mas de resto, é muitíssimo equilibrado e muito, muito agradável. É um vinho que maturou em carvalho americano novo e usado, o que lhe aporta baunilha, mas sem exagero. Ao nariz, tem muita fruta, com notas muito gostosas de cereja e amoras maduras, mescladas a alcaçuz, café, tostado e leve especiaria. Em boca, é amplo, intenso, muito elegante e sedoso, com final longo e muito agradável. Um belo vinho que vai melhorando com tempo na taça. Sabem qual foi a crítica do JP e minha: -Faltou um pouquinho de acidez e mineralidade! Se tivesse, ficaria uma maravilha. Ainda mais por 20 doletas nos EUA. Bem, aqui obviamente é mais caro, mas ainda está em uma faixa de preço justa para a qualidade que oferece. Não há como não agradar: É compra certa! Vou guardar uma garrafa por alguns anos para ver sua evolução, que deve ser boa. O vinho é importado pela Decanter e adquiri em Araraquara, no Empório Basílico.

Nota pós-publicação: Ver comentários e também nova postagem sobre este vinho

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

No bota-fora do Paulão, só teve vinhobão: Castello di Brolio 06, Barbaresco Dessilani 03, Muga Selección Especial 05, Chianti Clássico Riserva Capraia 03, Quinta de Foz de Arouce VVSM 05 e Má Partilha 08


Nesta última quinta fizemos o bota-fora do confrade Paulão, que sai de viagem à França na próxima semana, coitado... Bem, como era de se esperar, ele levou uma preciosidade, o italiano Castello di Brolio 2006, de Barone Ricasoli. Apreciamos este vinho em nossa especial de final de ano em 2010 (clique aqui). É uma maravilha! Não é a toa que ficou em quinto lugar do mundo na lista dos Top 100 2010 da WineSpectator. Vale cada pontinho (dos 96, rs). Aliás, o 2004 também é excelente (clique aqui). A diferença é que o 2006 é mais moderno, mais internacional, mas nem por isso deixa de ser um grande vinho (neste aspecto, confesso que prefiro o 2004). Neste 2006, as notas de baunilha já diminuiram um pouco em relação aquelas garrafas que apreciamos no ano passado, mas ainda estão presentes em meio a notas de amoras bem maduras e alcaçuz. Em boca é amplo, denso, com taninos finíssimos e final longuíssimo. Uma beleza de vinho Paulão!
O amigo João Paulo levou o Barbaresco Dessilani 2003. O vinho estava fechado no início. Notas de ervas e funghi secchi bastante presentes, mas pouca fruta. Depois de um bom tempo respirando surgiram notas de frutas, leve ameixa fresca, morango, mas poucas notas florais típicas da Nebbiolo. Em boca era de leve para médio corpo, com boa acidez e taninos se arredondando. O vinho ficou gostoso depois de bom tempo aberto, com mais harmonia e boa mineralidade. O problema é o seguinte: Barbaresco, Barolo, Brunello e companhia, têm que ser apreciados com muita calma, e com comida! Se não for assim, perdem potencial.
Eu levei embrulhado um Muga Selección Especial 2005. É um riojano muito elogiado pela crítica. Uma característica especial dele é o corte de 70% Tempranillo, 20% Garnacha e 10% Graciano e Manzuelo. A Garnacha entra na composição e dá a ele características especiais, principalmente mais acidez e mineralidade. Aliás, só o Fernandinho acertou a nacionalidade. O Caio até que acertou as notas de cereja, típicas, mas errou o chute. Acho que a Garnacha enganou a turma. O vinho tinha as notas típicas de cereja, tabaco, um pouco de ameixa, alcaçuz e notas cítricas. Em boca parecia ainda jovem, com uma acidez vibrante. O JP achou fechado. Talvez sim, para um Rioja. Mas acho ele causou um certo estranhamento ao pessoal pela acidez vibrante. Por isso, faltou-lhe também a companhia da comida. No entanto, é inegavelmente um belo vinho, e gostei dele.
Seguimos com um Chianti Clássico Riserva 2003, da Tenuta di Capraia, levado pelo Caio. É um 100% Sangiovese , feito com videiras de baixo rendimento. O vinho tinha um bom nariz, com notas de ameixa fresca e leve tostado. Senti falta da cereja, notas florais e de chá da Sangiovese. Mas é um vinho gostoso, rico, de médio corpo e com taninos redondos. Obviamente, tinha acidez típica de um bom italiano e carecia de comida para acompanhá-lo. Mais um que precisava ter respirado mais.
Nosso amigo Tom levou um vinho que me encantou, um Quinta de Foz de Arouce Vinhas Velhas de Santa Maria 2005. O vinho é um regional das Beiras, feito quase que exclusivamente com a difícil casta Baga (ele tem também uma pitadinha de Touriga Nacional), a partir de vinhas velhas plantadas em apenas 3 hectares. A propósito, o grande João Portugal Ramos é genro do Conde e Condessa de Foz de Arouce, proprietários. Dá para imaginar então que tem seu "dedinho" nos vinhos (informação retirada do site Petichef). O enólogo responsável é o engenheiro João Perry Vidal, colaborador da equipe de JPR. Bem, mas vamos ao vinho. Ao nariz, notas de cereja foram se mostrando junto com notas de chocolate meio amargo, grafite e tabaco. Os aromas foram enriquecendo com o tempo. Em boca mostrava médio corpo e taninos e acidez típicas da casta, mas tudo muito bem integrado. É vinho mineral, gastronômico e com grande potencial de guarda. Imagino que em alguns anos irá adquirir aqueles traços de borgonha, que acontece com bons bagas envelhecidos. Eu adorei o vinho! Para mim, foi a surpresa da noite.
E por último, apreciamos o Má Partilha 2008, da Quinta da Bacalhôa, levado pelo amigo Rodrigo. O vinho é feito com 100% Merlot e matura por 16 meses em barricas de carvalho Allier. Ao nariz notas especiadas, de pimenta-do-reino, mescladas a notas de amora e ameixa compotadas e chocolate. Em boca, taninos ainda por arredondar, mas já elegantes, e bom final. Lembrou-me um bom Cuvée Alexandre Merlot.
Minha conclusão geral da noite é que todos os vinhos eram muito bons, mas precisavam ter respirado mais e terem sido apreciados com comida. Apenas os últimos o foram. Eu sou daqueles que pensam que vinho tem que ser com comida, senão prejudica sua avaliação. Por outro lado, apesar do Rosbife com molho do Troigros e bolinhas de batata estar maravilhoso, penso que os vinhos eram adequados para pratos italianos típicos, como cabrito, risotos e massas com molho vermelho.
Bem, a despedida do Paulão, que nos deixará por algumas semanas, foi excelente! Espero que ele se lembre da gente lá na França e pague algum excesso de peso na volta.

A família reunida...

Côte de Nuits-Villages David Duband 2004 - bom vinho!

A denominação Côte de Nuits-Villages compreende os vilarejos de Premeaux, Prissey, Comblanchien e Corgoloin, que se localizam ao sul de Nuits-Saint-Georges, e que ainda não possuem seu próprio status de denominação. Mas lá podem ser encontrados bons vinhos e que representam muito bem a borgonha. São vinhos geralmente mais maduros que em outras denominações e bastante perfumados. Além disso, têm bom preço e são uma boa introdução aos maravilhosos vinhos da Borgonha.
Eu pude apreciar alguns vinhos de David Duband nos últimos tempos. Alguns me agradaram bastante, como o Nuits-Saint-Georges 2005. Outros, nem tanto. Mas este Cote de Nuits-Villages David Duband 2004 estava uma delícia!  Tudo estava muito bem integrado. Aromas perfumados e deliciosos de cereja mesclados a toques terrosos e leve tabaco. Em boca, era macio, com taninos sedosos e excelente acidez. Um vinho muito bom e que comprova que é muito dificil superar os franceses quando se trata desta casta. Aliás, quem quiser fazer um teste, adquira algum genérico de Chanson Père e Fils, Champy, Olivier Guyot ou Drouhin, e verá o quão caro estamos pagando por Pinots chilenos de qualidade inferior.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Glen Carlou Pinot Noir 2009 e Planeta Cerasuolo di Vittoria 2008

No final da tarde de domingo, o amigo JP nos convidou para tomar uns vinhos e apreciar uns frios em sua casa. O horário e temperatura eram propícios para vinhos leves e mais refrescantes. O JP abriu então um vinho da vinícola italiana Planeta, o Cerasuolo di Vittoria 2009. O vinho é feito com a Nero d'Avila e Frappato (60:40) e não passa em barrica. Os aromas são frutados (licor de cereja e framboesa) e doces, indicando um vinho doce em boca. Mas não era. Em boca era suave, tranquilo, nem lembrando o lado quente da Nero. É um vinho leve e descompromissado, com taninos bem sossegados, gentis. Bem, faltou só uma massa com molho vermelho para acompanhar. A propósito, a vinícola lançou recentemente o Cerasuolo di Vittoria Clássico Dorilli, que é um upgrade do anterior. No clássico, a relação Nero-Frappato é 70/30, e o vinho matura em barricas usadas de 500 litros por 12 meses. Um dia experimento.
Em seguida, JP abriu um sul-africano da vinícola Glen Carlou. Esta vinícola produz bons vinhos, que sempre agradam. O vinho oferecido pelo JP foi o Glen Carlou Pinot Noir 2009. É um vinho frutado, com notas fortes de cereja, e com um tostado bem forte. Também pende para o lado doce. É agradável e dá para beber sozinho, sem comida. Para o meu gosto, passou um pouco no que tange à doçura e tostado. Mas tem seus fãs, principalmente aqueles amantes de vinhos do novo mundo. Quem quiser experimentar os vinhos desta vinícola, eles estão com ótimo preço na Grand Cru.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Palácio da Bacalhôa 2007 e Marques de Casa Concha 2005

Nesse final de semana o Akira nos brindou com um belo Palácio da Bacalhôa 2007, o irmão maior do sempre bom Quinta da Bacalhôa. O Palácio é um corte de Cabernet Sauvignon (70%), Merlot (25%) e Petit Verdot (5%), envelhecido por 18 meses em barricas de carvalho Allier e que descansa 12 meses em garrafa antes da comercialização. Este, da bela safra de 2007, tinha belos aromas de café, ameixa, menta, leve apimentado, chocolate amargo e depois de um tempo liberava notas gostosas de amora. Em boca, mostrava juventude, mas já dá grande prazer. É vinho de bom corpo, denso, e com taninos finos. Um belo vinho, e que deve ficar muito gostoso com algum tempo de adega. De qualquer forma, se você não resistir, não deixe de decantá-lo antes de beber. O amigo Carlos André nos levou um Merlot americano que estava bastante fechado, principalmente no começo, quando as notas herbáceas roubavam a cena. Mudou um pouco com o tempo, liberando um pouco de fruta, lembrando groselha, mas a madeira era muito presente. Bem, não fez muito minha cabeça não... Tanto que esqueci o nome! (rs). Qual era Carlão? Saint Andrews ou algo parecido.
Mas o Carlos levou um outro Merlot, o conhecido Marques de Casa Concha 2005, que estava muito bom. Bem, os vinhos desta linha costumam agradar, e o Merlot, em minha opinião, é o melhor deles. Este, de uma bela safra, ainda estava vivão, e o tempo lhe amaciou os taninos de maneira bem correta. Logo que foi aberto já mostrou notas de ameixa e amora, mescladas com notas de café e um tostado na medida, que se mantinha em boca. Mas foi melhorando na taça. Um vinho bem gostoso, redondo e com tudo correto. Para mim, bem melhor que o americano (sorry Carlão!).
Eu levei um que já comentei aqui, o espanhol Emina Prestigio 2006, de Ribeira del Duero. Vinho bom, mas que nesta safra não repetiu o sucesso do 2003, por exemplo, que era mais redondo. Mas depois de um bom tempo aberto mostrou boas qualidades, com notas de cereja e tabaco típicas. Mas eu esperava que ele tivesse melhorado desde o ano passado, quando apareciam notas herbáceas que incomodavam um pouquinho. Elas ainda aparecem.
Bem, a meu ver, a noite foi mesmo do Bacalhôa...

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Mais uma bela noite da confraria: Chateauneuf La Bernardine, Brunello Argiano, Capellanes Reserva, Chateau Ormes de Pez e Andeluna Grand Reserve

A Confraria do Ciao, desfalcada do Fernandinho e Caio, apreciou vinhos de primeira linha na cozinha do Tom. Iniciamos por um levado por este que vos escreve, um Chateauneuf du Pape La Bernardine 2004, de Michel Chapoutier. Este é sempre certeza de agradar. Chapoutier é um mago, que produz belos vinhos no Rhone (e se aventura também em outras paragens, como Austrália e Portugal). É um produtor inovador. É só ver seus rótulos com descrição em Braille para notar. Adepto da vinicultura orgânica e biodinâmica, produz vinhos vivos, sinceros, e com alma. O La Bernardine é um dos poucos Chateauneuf feitos com apenas duas uvas, a Grenache (majoritária) e a Syrah. O vinho tem uma cor rubi linda, brilhante. O nariz é rico em notas de framboesa, cítricas e café. É vinho mineral, fresco e com acidez vibrante - Gastronômico por natureza. A Grenache mostra toda a sua força. Uma delícia de vinho. Ah, os vinhos de Chapoutier são importados pela Mistral.
O amigo João Paulo não deixou por menos. Levou um excelente Pago de Los Capellanes Reserva 2006. Que beleza! Um Ribeira del Duero rico, vivo, de encher a boca. Vinho feito com 90% Tempranillo e 10% Cabernet Sauvignon, e que descansa por 18 meses em barricas francesas novas e levemente tostadas. Ao nariz notas de cassis e cereja maduras, mescladas com notas tostadas, carameladas e de baunilha. Em boca, amplo, sedoso, com taninos presentes e muito finos. Um espetáculo! Todos os vinhos desta vinícola são muito bem conceituados e cultuados na Espanha, que produz o Joven, o Crianza, o Reserva, e os grandes Parcelas Nogal e Parcela Picón (de parcelas de apenas 6 e 2 hectares, respectivamente). Felizmente, a Cava de Vinhos, de Itaipava, está trazendo estes maravilhosos vinhos para o Brasil.
O confrade Paulão levou um Malbecão, de Andeluna Cellars. A vinícola é relativamente nova. Foi fundada pelo empresário americano Ward Lay (das batatas fritas Lay's) e Ricardo Rutini. Em 2007, passou a ser inteiramente do primeiro. Aliás, a vinícola ocupa uma construção muito bonita, aos pés dos andes. O vinho levado pelo Paulão era um Andeluna Malbec Grand Reserve 2005, da linha top da vinícola. Um vinho denso, no qual o figo suplanta a ameixa (eu gosto disso). Além disso, notas de violeta, chocolate, baunilha e alcaçuz. Em boca, bem redondo e macio. O único problema, pelo menos no início, era que a fruta ficava escondida atrás de um tostado um pouco acima do desejado. Mas com bastante tempo aberto ele foi melhorando e ficou muito agradável, companhia perfeita para a carne assada feita pelo Tom.
O confrade Rodrigo matou a pau e levou um dos meus vinhos preferidos: Um Brunello de Montalcino! Bem, não sou bobo nem nada, né? Que maravilha! Como gosto da Sangiovese. A beleza foi um Brunello de Montalcino Argiano 2006. Pois é, de uma safra espetacular, mas novinho, novinho... Mas não estávamos nem aí, mandamos ver. Vai que estraga! (rs). O produtor é excelente, e o vinho, estava uma delícia. Obviamente, ainda um pouco fechado pela idade. Mas depois de aberto, com o tempo foi manifestando toda a riqueza da Sangiovese, com notas florais, de cereja, chá preto e tabaco. Que maravilha! Vinho cheio de camadas e com uma sedosidade muito boa, amplo, intenso, rico. Tudo! Isso é Brunello! Em alguns anos deve ficar uma maravilha. Valeu Rodrigo! Os vinhos da Argiano são importados pela Vinci.
E o Tonzinho fechou a noite com um Cru Burgeois de Saint Estèphe, o Chateau Les Ormes de Pez 2004. A vinícola é propriedade da familia Cazes. É um vinho descomplicado, mas que tem presença.  Um típico corte bordalês: Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc (70:20:10), elegante, com boa fruta mesclada a notas de cedro e baunilha. Vinho de bom valor e que não decepciona. Se não me engano, é importado pela Mistral.
Nem preciso dizer que a noite foi top, preciso? Fernandinho e Caião: Perderam!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

LAN Crianza 2006 - Mais um bom vinho das Bodegas LAN

As bodegas LAN produzem vinhos que muito me agradam. Já comentei aqui sobre o LAN Gran Reserva 2003, que foi um dos grandes vinhos que bebi este ano (o amigo Fernandinho não pára de falar nele) e também sobre o Reservas 2004 e 2005. São vinhos que sempre são reverenciados pela crítica, pela qualidade e pelo preço (pelo menos no exterior...). Este que mostro na foto, e que apreciei no final de semana, é o LAN Crianza 2006. Em 2010, foi o número 44 da WS, com 90 pontinhos. Não que isso diga muita coisa, mas pode ser um bom indicativo. Na verdade, já dei com os burros n`água acreditando em algumas notas, mas no caso dos LAN, sempre foram justas e atestam a regularidade da vinícola. Quanto a este Crianza, achei tão bom quanto os reservas 04 e 05 que cito acima. O nariz é muito gostoso, com notas de cereja, tabaco, cítricas e alcaçuz. Em boca repete o nariz e é redondo, com taninos macios e muito boa acidez. Um vinho que pode ser apreciado sozinho mas que ficou uma beleza com costelinha de porco.
Os vinhos das Bodegas LAN são importados pela Magnum Importadora, e podem ser encontrados na Boutique do Vinho.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Confraria - Noite de Trapiche, Post Scriptum, Gattinara, Casalobos, Von Siebenthal e Splendore



Nessa quinta passada o Paulão se redimiu, depois da "mancada" que deu na semana passada. Levou um vinho embrulhado, que agradou a todos. De cara mostrava ser um vinho com uns 10 anos de idade, não só pela cor, já tendendo ao vermelho tijolo, mas também pelo nariz e boca, que indicaram um vinho maduro, evoluído. Não era vinho de muitas dimensões, mas muito gostoso. Todos pensaram se tratar de um espanhol, devidos as notas de cereja e tabaco, mas não era. Para nossa surpresa, tratava-se de um Trapiche Medalla Cabernet 2002. O vinho contém majoritariamente Cabernet Sauvignon, mas tem pitadas de Merlot e Malbec. Bem, a safra ajudou muito, pois vinhos deste ano foram acima da média na Argentina. Mas o vinho surpreendeu pela qualidade e também mostrou que os vinhos argentinos podem sim evoluir bem, até mesmo aqueles que não pertencem aos primeiros escalões. Estava realmente muito gostoso, redondo, sedoso e agradou a todos. Paulão arriscou, e se deu bem. Mas lembremos que é um vinho de quase 10 anos e de uma grande safra. É difícil extrapolar para outros Medalla mais novos. Vale tentar.

O Caião levou um Post Scriptum 2008, segundo vinho do grande Chryseia (de Prats e Symington). O vinho é feito com Touriga Franca (40%), Touriga nacional (40%) e Tinta Roriz (20%). Ainda está novo, mas já mostra todas as suas qualidades. A baunilha ainda é muito presente, denunciando sua juventude, mas as notas de frutas, como a ameixa e cereja, estão presentes. Depois de um tempo notas de tabaco também surgiam. Um belo vinho, de grande presença em boca, com taninos finos e longo final. Deve ganhar muito com os anos. Uma bela compra!

Eu levei um Gattinara 2003, de Dessilani. Bem, o amigo JP e eu somos fãs dos Gattinara, que para muitos, são considerados mini-barolos. Guardadas as devidas proporções, são vinhos muito interessantes. A Nebbiolo mostra neles suas qualidades, como a riqueza de aromas e seu lado camaleão, que faz com que o vinho mude com o tempo. Este Gattinara 2003 estava uma delícia. Inicialmente, lembrava um borgonha pelas notas de morango e cereja, em meio às notas florais e de funghi secchi. O vinho tinha ainda mineralidade e a acidez típica de italiano, própria para comida. Não deu tempo de apreciarmos muito suas mudanças, por que ele se foi logo e o tempo era curto (este é o problema em se apreciar Nebbiolos em curto espaço de tempo - não dá para curtir seu lado camaleão). O danado ficou perfeito com o Tagliarini ao molho pomodori e polpetas. Vinho para bons paladares... Não é JP? rs.

JP levou o espanhol Casalobos 2005, já comentado aqui no blog (clique aqui). Do começo do ano para cá modificou pouca coisa, a não ser pelas notas de pitanga, perceptíveis ao nariz e em boca. É um vinho que precisa respirar para mostrar suas qualidades. Notas também de amora, ameixa, mescladas a toques balsâmicos e de alcaçuz. Em boca é potente, mineral e com taninos ainda pegando um pouco. Um vinho muito bom, que pede uma carne assada. 

O amigo Tom levou um vinho de um produtor que eu tinha curiosidade para conhecer, o Parcela #7 2006 do advogado suiço Mauro Von Siebenthal. O produtor não mais advoga, nem tampouco mora na Suiça, e sim, no Chile, onde produz belos vinhos. O Parcela #7 2006, foi feito com Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Petit Verdot. Bem bordalês. A primeira vista, o álcool se mostra presente, mas depois de um tempo o vinho fica mais equilibrado. As notas de cassis e groselha se misturavam a notas de pimenta, alcaçuz e leve café. Em boca era fresco e bem agradável. Gostei! Fico aqui curioso para experimentar o Montelig...

Bem, e para terminar o Rodrigo levou um vinho mais simples, mas que mostra ser daqueles de ótimo custo benefício, o espanhol Casajus Splendore 2007. O vinho passa 24 meses em barricas de carvalho (que aparecem nele). O nariz mostra a madeira em meio a frutas maduras, como a groselha e cereja. O vinho tem ainda notas especiadas. Lembrou-me o Vega Sauco. É um vinho alegre e que oferece bastante pelo preço.

Bem, foi uma noite muito boa, com bons vinhos e com características bem distintas.