quinta-feira, 31 de março de 2016

Termeão Pássaro Branco 2006: Boa pedida!

Bebi este Termeão Pássaro Branco 2006, de Campolargo, nessa sexta-feira da paixão, para acompanhar o bacalhau. Termeão é o nome de um pássaro brasileiro, também conhecido como Guaraz, que dizem ser branco quando jovem e vermelho quando adulto. O vinho é um corte de Touriga Nacional (majoritária), Castelão Nacional e Cabernet Sauvignon, com passagem de 12 meses por barricas usadas. Destaco nele três boas qualidades: Madeira que não deixa marcas, álcool baixo (12%) e muito boa acidez. Ao nariz mostra aromas florais, de amoras, mirtilo e algum vegetal. Como o tempo em taça (e no dia seguinte), foram surgindo aromas de alcaçuz, balsâmicos e fumo de corda. Em boca, no primeiro dia, muito frescor, corpo médio e taninos redondos. Não mostrava a idade. No segundo dia foi ficando mais sóbrio e mostrava notas de ameixa e fumo. O vinho é boa prova de que não é preciso ter álcool alto para se ter boa estrutura. O problema: Pelo baixo álcool, pensei ser um vinho mais leve e que casasse bem com o bacalhau. Não deu liga. Mas no dia seguinte, rimou muito bem com um noix... Bom vinho bairradino, a ser conhecido.

Ps. Comprei no último bota-fora da Mistral. Valeu a pena!


quarta-feira, 30 de março de 2016

Valduero Gran Reserva 12 Años 1996: Um vinho grandioso para celebrar uma grande data!


No último 22 de Março completaram
exatamente 20 anos de minha defesa de doutorado. Foi uma data marcante em minha vida pessoal e obviamente, científica. Como diria meu querido orientador, Prof. Hamza El Dorry, "o nogoso não foi fácil". Muita luta no Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da USP, São Paulo, local de grande tradição e excelência em pesquisa. Lá tive grandes mestres, fiz grandes amigos e aprendi muito. 
E para celebrar esses 20 anos de defesa, tinha que ser um vinho parrudo. Tirei então da adega este Valduero Gran Reserva 12 Años 1996 e saí com a família para celebrar. Esse é o vinho top da vinícola, que adquiri há uns bons anos e que estava descansando esperando a hora certa de ser descorchado. Valduero é certeza de agradar. Seus Crianza são ótimos, os Reservas e Gran Reservas, excelentes e o 6 Años, um camaleão riquíssimo, que adoro! Todos já pintaram por aqui no blog. Mas esse 12 Años é algo que a própria vinícola coloca em destaque. O vinho é feito com uvas de três vinhedos diferentes, de altitude, com idades entre 42 e 90 anos. A fermentação é feita em barricas de carvalho francês de 500 litros e a maturação é (bem) longa, como mostra o contra-rótulo. Demora a ser lançado no mercado. O último é um 1999. E o que falar desse 1996? Cor belíssima, rubi escura, brilhante. Bouquet finíssimo, com notas de cerejas, café, tabaco, couro, tostado, cítrico e especiarias. Em boca, finesse incrível, muita clareza, ótima acidez, intensidade e taninos aveludados. O final era muito longo e com notas de café e de tabaco. Maravilhoso! Estilo bem distinto de seu irmão 6 Años, que tanto gosto. Esse 12 Años prima pela finesse. Um vinho grandioso, com 20 anos e cheio de força. Espero que eu também tenha adquirido qualidades depois desses 20 anos de defesa...rs. 



terça-feira, 29 de março de 2016

Alentejana Road Show: Eu vou!


Dois anos atrás eu fui no Alentejana Road Show, e gostei muito. Ambiente legal, ótimos vinhos, azeites e comida portuguesa. São vários produtores legais, dentre eles a Wine and Soul, Mouchão, Cortes de Cima, Passadouro, Tiago Cabaço, Susana Esteban, Quanta Terra, Paulo Laureano, Chocapalha, Monte do Pintor etc. E desta vez haverá também vinhos espanhóis. Dá para bater um papo legal com os produtores, o que aprecio muito em eventos desta natureza. Confira! Mais informações na página da Adega Alentejana.

Sassoalloro 2006, Serras del Priorato 2011, Angelica Zapata Cabernet Franc 2011, Oyster Bay Merlot 2012, Tua Rita Tierre 2011 e Miguel Torres Nectaria 2009

Não sei se meus confrades concordam comigo, mas essa reunião da confraria teve lá suas arestas. Comecemos por um vinho levado pelo Paulinho, e que tem pedigree: Sassoalloro 2006. Um Sangiovese com o carimbo de Jacopo Biondi-Santi e da grande safra de 2006. Esperar o que? Um ótimo vinho, obviamente. Bem, os aromas eram muito bons, com notas de frutas em meio a chá, especiarias e um tostado charmoso ao fundo. Em boca, começava repetindo o nariz, mas, de repente, sumia! Ou seja, persistência muito baixa. E isso foi notado de cara pelo próprio Paulinho, que o levou. Eu nunca vi um Sassoalloro de persistência tão curta. Ou seja, tinha tudo para ser o grande destaque da noite, mas essa caracterísitca comprometeu, e muito. Considero isso um grande problema, ainda mais para um vinho que não é barato e leva a assinatura Biondi-Santi. O mais curioso de tudo: Este vinho já pintou por aqui no blog, e não mostrava esta característica. Curioso, dei uma olhada na rede para saber da impressão de outros apreciadores. Bem, na Cellartracker, falam bem, na Wine Spectator, idem, com 90 pontos. Só no blog do Silvestre Tavares é que tinha uma opinião próxima da nossa, principalmente no que se referia à persistência. Fico com o Silvestre... Como explicar isso? Cada garrafa uma garrafa? Pode ser. Veja aqui também sobre o 2008
O Rodrigo levou outro que gosto muito, e que há tempos não bebia: Angelica Zapata Cabernet Franc 2011. É um ótimo Cabernet Franc da Catena. Ao nariz boa fruta e toques abaunilhados. Em boca, repetia o nariz e mostrava boa acidez e intensidade. O final era abaunilhado, pedindo mais uns aninhos de adega para se acomodar. É Cabernet Franc que pende mais para Bordeaux que para Loire. Bom e macio agora, mas eu acho que estará bom mesmo daqui a um tempinho.
À direita dele o Tierre 2011, da italiana Tua Rita, levado pelo Caião. Vinho mais simples da vinícola, feito com 80% Merlot e restante de Alicante. Nariz um pouco fechado e com notas vegetais. Em boca se mostrava seco, meio reticente, com herbáceo um pouco acima do meu limiar. Não gostei. Longe de seu irmão logo acima, o Perlato del Bosco.
Seguindo à direita na foto, um Oyster Bay Merlot 2012, levado pelo JP. Neozelandês fácil de beber, com bons aromas de frutas maduras (ameixas) em meio a notas de cedro e tostados. Vinho gostoso, que não surpreende, mas não decepciona. 
O último tinto foi para mim um dos melhores da noite: Serras del Priorato 2011. Foi levado pelo Tiago. É feito pela Clos Figueras, ficando no mesmo nível do Font de la Figuera. É um corte de Garnacha (65%), Carignan (15%), Syrah (10%) e Cabernet Sauvignon (10%), com maturação por 7 meses em barricas de carvalho de 300 e 500 litros. Ao nariz mostra notas florais, de frutas silvestres, balsâmicas e minerais. Em boca é intenso e mineral, com ótima acidez e final longo, com notas minerais e de cacau. Um Priorato clássico, novo ainda e com muitos anos pela frente. Pede comida. Gostei muito, inclusive, do rótulo, bem bonito! 
E para finalizar, um vinho de sobremesa levado por este que vos escreve: Nectaria 2009. É produzido pela Miguel Torres, no Chile, com Riesling botrytizada. Este me enganou. Pensei se tratar de um vinho leve, mais suave... Mas não! Mostrava potência em todos os níveis. Sua cor era intensa, dourada, e ao nariz notas florais, de damasco, mel e gengibre. Em boca mostrava uma acidez destacada, que surpreendia. Era um vinho intenso, picante e com final longo. Acredito que o bebemos de forma errada em vários aspectos: Novo, muito gelado e com acompanhamento inadequado. Ou seja, matamos o vinho! Se fosse bebê-lo agora o deixaria em decanter por umas duas horas, temperatura entre 8-10 graus e para acompanhar, queijo azul ou um cheesecake de damasco. 
Isso aí!





quinta-feira, 17 de março de 2016

Vale da Raposa Reserva 2011: Vale quanto pesa!

Além da enorme simpatia, o Sr. Domingos Alves de Sousa produz vinhos de grande qualidade. Sempre que vou às degustações da Decanter eu gasto um bom tempo apreciando seus vinhos e batendo um bom papo com o produtor, que é gente finissima. Este Vale da Raposa Reserva 2011 eu bebi em passagem por Uberlândia, na companhia de minhas amigas Professoras Renata e Kesser. E o vinho, da grande safra de 2011, fez juz ao encontro. Um duriense com uma pitadinha macia de Alentejo, se me permitem. É feito com Tinta Roriz, Tinto Cão, Touriga Franca e Touriga Nacional. A cor é muito bonita, rubi brilhante, e os aromas muito ricos, com notas florais e de frutas maduras (ameixas e framboesas) em meio a especiarias, chocolate, café e toques minerais. Em boca repete o nariz e mostra ótima intensidade, frescor e taninos sedosos. O final é longo e com notas de café. Vinho rico, muito elegante e que pede sempre outra taça. Muito bom e que justifica o preço. Sem chance para sulamericanos na mesma faixa. Aliás, repetindo algo que sempre ressalto aqui: Os vinhos portugueses e espanhóis, mesmo com os (grandes) aumentos recentes, são imbatíveis no quesito qualidade/preço.

quarta-feira, 16 de março de 2016

QUE TRISTEZA!!!

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Solar dos Lobos Freya 2009: Fresco e macio!

Mais um bom vinho feito pela enóloga espanhola Susana Esteban, que há tempos atua em Portugal. A enóloga, que foi a primeira mulher a ganhar o prêmio de "Enóloga do Ano" pela Revista de Vinhos, é formada em Química pela Universidade de Santiago de Compostela e Mestre em Viticultura e Enologia pela Universidade de La Rioja. Começou na Quinta do Côtto e trabalhou também na Quinta do Crasto entre 2002 e 2007. Desde então, tem sido consultora de diferentes produtores do Alentejo. Recentemente deixou a vinícola Solar dos Lobos e atualmente, possui um projeto próprio, além de produzir um vinho (Crochet) em conjunto com outra grande enóloga, a Sandra Tavares. 
Este Solar dos Lobos Freya 2009 é feito com Touriga Nacional, Alicante Bouschet e Syrah e maturado por 12 meses em barrica de carvalho francês. O legal é que o rótulo já traz tudo, desde como é feito, até a maneira de servir e características ao nariz e em boca. E não há muito o que acrescentar. Ao nariz mostra notas de ameixa e framboesas maduras em meio a café, chocolate e leve tostado. Em boca, frescor e muito equilíbro, com taninos muito redondos. Vinho muito macio e com ótima presença em boca. Muito gostoso! Confirma a qualidade dos vinhos da vinícola e, obviamente, da enóloga.


terça-feira, 15 de março de 2016

Top Italian Wine Road Show 2016, São Paulo

Na segunda-feira, dia 4 de abril, a nona edição do Top Italian Wine Road Show chegará a São Paulo para uma degustação de vinhos que reunirá 62 vinícolas de renome. O evento se dará no requintado hotel Unique. No horário das 14 h às 17 h, acontecerá a feira de vinhos, exclusiva à imprensa e aos profissionais do setor, e entre 17 h e 19:30 h será aberta ao público em geral. Estão também inclusos no cronograma duas Master Classes para a apresentação aprofundada sobre variedades, regiões e estilos, conduzidas pelo editor sênior do guia Vini d’Italia, Marco Sabellico, e pelo jornalista e crítico de vinhos Jorge Lucki, um dos mais respeitados jornalistas especializados em vinhos.
O evento é organizado pela Cristina Neves. Eu fui em 3 edições e garanto: É muito legal!


segunda-feira, 14 de março de 2016

No niver do Thiagão, vinho bão: Tignanello 2011, Xisto 2005, Imperial Reserva 2010 e Santa Cruz de Artazu 2009

Nosso confrade Thiago fez aniversário e nos reunimos para celebrar. Muitas ausências, mas presenças que estavam a fim de comemorar o aniversário do amigo com belos vinhos. A começar pelo vinhão levado pelo aniversariante, que pegou pesado levando um Tignanello 2011. Já mencionei aqui no blog a disputa que existe entre o Sassicaia e o Tignanello pelo posto de primeiro supertoscano, quando postei sobre o 2010, ofertado pelo Paulinho. O vinho é dos grandes. A Sangiovese, majoritária, é cortada com Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc. A cor rubi é muito bonita, brilhante. Os aromas são menos apimentados que o 2010, e com um toque mais maduro e de um vinho mais pronto para beber. Os aromas de cereja preta e ameixa se mesclam a alcaçuz, couro e toques mentolados. No entanto, em boca mostra sua juventude. Mostra um excelente conjunto, com fruta equilibrada por uma ótima acidez, mas os taninos ainda são jovens, pedindo um pouquinho mais de tempo para se arredondarem. Mas para quem gosta, como eu, já pode ser apreciado sem problemas. Uma horinha de decantação é recomendada. O final de boca é muito longo, frutado e mineral. Um vinhaço, claro, com muitos anos pela frente. Valeu, Thiagão! Vinho (muito) bão!
Eu levei um que já pintou por aqui algumas vezes, e que não gastarei muitas linhas com ele. Também, por que ele dispensa... Era um Xisto 2005. Apenas para não deixar em branco, ele continua evoluindo muitíssimo bem em adega. Vinho complexo, aromático, intenso e elegante em boca. Tudo de bom! Dos grandes vinhos portugueses.
Nosso querido Rodrigo levou, pela segunda vez (e muito bem-vinda!) uma garrafa de um produtor amado pela confraria. Era um Imperial Reserva 2010, da CVNE. É outro que dispensa comentários, visto que já foi comentado aqui. Mas não posso deixar de elogiar este exemplar desta safra muito boa na Espanha. Está muito complexo, rico e com expectativa de muitos anos pela frente de bela evolução. Mas já dá para ser apreciado agora sem medo, e com muito prazer, claro. Uma delícia! Outro vinhaço! Rodrigon, pode levar quantas vezes quiser! rs.
E para finalizar, o vinho levado pelo Caião, que provocado por ter levado umas zurrapas ultimamente, levou um belo Santa Cruz de Artazu 2009. O vinho é produto de uma incursão da grande vinícola Riojana Artadi na região de Navarra. É feito com Garnacha de vinhedos muito antigos. Ao nariz mostra notas florais, de amoras, casca de ameixas, herbáceas e toques minerais. Mostra grande complexidade, que se repete em boca, onde mostra bela acidez, notas cítricas e mineralidade. O final é longo e tem um amarguinho que dá charme ao vinho. É um vinho que, apesar de ser ótimo sozinho, clama por comida. Belo vinho, Caião! Gosto muito de vinhos nesse estilo.  Ainda bem que também consegui comprar nessa última promoção da Mistral, a um preço ridículo pela sua qualidade.  
Isso aí, Thiagão! Cumpleaños muy bien celebrados!


segunda-feira, 7 de março de 2016

Gravner Rosso 2004: Um grande vinho!

Esse é o terceiro exemplar de um vinho de Josko Gravner que eu aprecio. Recentemente apreciei um Rosso 1999, ofertado pelo Akira, e um branco Ribolla 2005, que ainda não publiquei aqui no blog. E fico cada vez mais impressionado com a qualidade de seus vinhos, tanto dos tintos, quanto do branco, que muitos dizem ser "laranja", mas que nem o próprio Josko gosta de designar assim. Mas independente disso, os vinhos Gravner são demais. 
Como já mencionei na outra postagem, que tratava do exemplar tinto de 1999, Josko Gravner é um produtor que foge do trivial. O esloveno radicado no norte da Itália, região de Friuli-Venezia Giulia, é mais conhecido pelos seus vinhos "laranja", brancos fermentados por longo tempo em ânforas de terracota juntamente com as cascas e que ganham uma coloração alaranjada com o tempo. São só 18 hectares de vinhedos, sendo alguns, na sua pátria, a vizinha Eslovênia. Sua produção é a chamada natural, com pouca intervenção. Mas embora ele seja até mais conhecido pelos vinhos brancos, ele produz também grandes tintos. 

Este Gravner Rosso 2004 vinho é feito majoritamente com Merlot e um pouco de Cabernet Sauvignon. A fermentação é feita em tinas de carvalho abertas, por 21 dias, pelas leveduras das próprias uvas. A maturação ocorre em barricas de carvalho de 200 litros por longos 48 meses. Para preservar as características do vinho, o engarrafamento é feito sem clareamento ou filtração. A produção é pequena, de pouco mais de 3.000 garrafas. Descorchei o danado e vi que a rolha estava perfeita, novinha, pronta para aguentar ainda muitos anos. O vinho tinha uma cor rubi bem viva e brilhante. Ao nariz lembrava muito seu irmão de 1999, com muita riqueza. Notas de cerejas pretas, cassis, café, alcaçuz e minerais. Foi evoluindo e mostrando notas mentoladas, herbáceas e animais. Em boca era seco, com belíssima acidez e mineralidade. Nada de peso e superextração. Mostrava intensidade, mas muita elegância, com destaque para sua grande clareza e final que não acabava nunca (assim como a vontade de beber mais uma taça). Um vinho sensacional! No ano passado, quando bebi o 1999, comentei que foi um dos melhores do ano. Agora, ao beber o 2004, repito o comentário. Se tiver a oportunidade um dia, experimente um Gravner tinto. Dificilmente alguém não ficará impressionado com a sua grandeza. Este vinho teve um detalhe que o deixou ainda mais especial: Foi presente de minha irmã mais velha, que o trouxe da Enoteca Costantini, de Roma. Ficou preocupada se eu iria gostar...rs. Obrigado, Daínha! Acertou em cheio no presentão!

Nota: Como os leitores podem ver, mudei o título da postagem e também tirei uma frase que falava do uso de adjetivos para vinhos. Fiz isso por que um leitor anônimo reclamou, dizendo (entre outras) que eu já havia dado o meu recado em relação a isso. Concordei com ele, apesar de achar que faltou elegância em seu comentário. Por este motivo, e por ter comentado como anônimo, dei-me o direito de não publicar o referido.
No entanto, concordo que vinhos com preços "salgados" têm obrigação de agradar. Talvez eu passe a publicar apenas sobre vinhos de preços mais palatáveis e que agradem, incentivando o seu consumo. Mas aí, como privar da leitura aquelas pessoas que gostam de ler sobre grandes vinhos? Pensarei sobre o tema... 
Por outro lado, devemos sempre considerar que vinhos que custam uma fortuna aqui podem ser encontrados a preços justos fora (ou então adquiridos em promoções - quando elas são verdadeiras). Assim, é sempre bom ter dicas sobre eles, para que em uma oportunidade, coloquemos na cesta.

domingo, 6 de março de 2016

Quinta do Pôpa Tinta Roriz 2009: Elegância!

A duriense Quinta do Pôpa tem esse nome em homenagem ao avô dos atuais proprietários, o qual tinha como desejo produzir vinhos em suas terras e que tem hoje seu sonho realizado pelas mãos dos netos. A propriedade é bonita e investe em turismo. São 14 hectares de vinhas com classificação "A", ou seja, máxima. Os vinhos são de caráter moderno e contam com a assessoria de ninguém menos que o grande Luis Pato. Os primeiros vinhos foram engarrafados na excelente safra de 2007. Esse Quinta do Pôpa Tinta Roriz 2009 tem cor bonita, rubi com toques violáceos, e aromas de ameixas, chocolate e especiarias. Em boca mostra um perfil macio, elegante, com tudo muito bem encaixado. O final deixa um toquezinho amargo que dá um charme ao conjunto. É um vinho que prima pela elegância e que desce redondinho. Muito bom! Comprei no úlltimo bota-fora da Vinci, a um ótimo preço. Logo vou abater o 2007, que deve ter mais corpo, considerando a safra.

Nota posterior: Eu bebi este vinho devagar, durante a semana, aos poucos, e não posso deixar de mencionar que ele foi ganhando complexidade nos dias seguintes. Essa é mais uma diferença entre um vinho muito bom e um simplesmente, bom. Na última taça o vinho estava com um leve toque de porto que estava demais... Isso indica que evoluiria muito bem em garrafa nos próximos anos.




sexta-feira, 4 de março de 2016

Aniversário de 15 anos do Spazio 203: Destaque para sulamericanos com mais de 10 anos

Nesse sábado o Spazio 203 comemorou 15 anos na cidade de São Carlos, com boa comida e bons vinhos. De entrada, bons espumantes, com destaque para o Estrelas do Brasil Brut 2006, que não canso de beber. Muito bom! Bom também um Jerez Hidalgo Fino, seco, com aqueles toques oxidados e acidez salivante. Perfeito com azeitonas. 
Nos tintos, dentre os vinhos de várias nacionalidades, meu destaque foram para chilenos e um argentino com bom tempo de garrafa. O melhor de todos, para mim, foi o Pargua Cabernet Sauvignon 2004. Orgânico, com 12 anos e muita força, austero, certa rusticidade bem vinda, toques terrosos e ótimo final. Acho que era ainda obra de Alvaro Spinoza. Muito bom! Vejam que diferente o rótulo do atual.
No mesmo balde, um Quinta Generación 2000, da Casa Silva.  Vinho com dezesseis anos e inteiríssimo! Tudo muito bem integrado. No entanto, nele a pimentinha chilena já era mais aparente. Mas domada. Um degrau abaixo do Pargua, mas também bom. Alí do lado, um Erasmo 2004, inteirão, com jeitão de bordeaux e acidez italiana. Bão tamém! Mas abaixo dos outros dois. E para fechar o balde, um Carpe Diem Reserva Syrah 2004, com ótimo corpo e mineralidade. Gostei também. 
Para fechar, dois argentinos. O primeiro foi um Don Nicanor Blend 2004, muito macio e com toque licoroso, de ameixa em calda e côco queimado. Só um pouquinho alcoólico para meu paladar. O segundo, uma raridade: Gran Terrazas Cabernet Sauvignon 1999! Esse é para quem conhece o produtor há um tempinho... A linha Gran Terrazas parou de ser produzida há um bom tempo, que eu saiba. E esse acho que é o primeiro rótulo. Depois mudou para um que lembra o Reserva atual e sumiu. Um Cabernet argentino de 17 anos e em plena forma! Ainda com boa fruta, mas dando lugar a aromas mais sérios. Notas terrosas e de couro em meio a pimenta e fumo de corda. Em boca mostrava ótima pegada e um final picante. Um belo exemplar argentino, muito difícil de ser encontrado. Só mesmo nas degustações do Paulo Piccolli, que abre os vinhos de sua adega particular. Essa foi para mostrar a longevidade de vinhos chilenos e argentinos, quando bem acondicionados. Teve mais vinhos, claro, mas esses foram meus destaques.
Isso aí!

quinta-feira, 3 de março de 2016

Principal Reserva 2005: Uma beleza, no ponto certo!

 Fui na casa do confrade Paolão e levei um vinhão debaixo do braço... Sei que ele gosta de vinhos com mais anos nas costas, e escolhi este Principal Reserva 2005, da vinícola Bairradina Colinas de São Lourenço. Outros mais jovens da linha já apareceram aqui no blog, mas este é o mais "velhinho" que eu tinha. Aliás, até o rótulo é diferente, mais sóbrio, sem aquelas bandeirinhas típicas dos mais jovens. E vou falar uma coisa: Este é o melhor Principal que bebi. Talvez pelo tempo que ele já passou em adega, não sei... O vinho é feito com Merlot, Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon. Eu sempre estranhei um Bairradino sem Baga, mas... O bouquet do vinho estava uma beleza! Notas de fruta madura, licor de cassis, cereja, chocolate, bolo inglês, tabaco e, com o tempo, notas de couro. Em boca, fruta madura, acidez correta e taninos muito redondos. O final era longo e com um toque de couro muito charmoso. Uma beleza de vinho! Devidamente amaciado pelo tempo. Bão demais!
E para arrematar, um Quinta do Vale D. Maria Reserva Porto Lot. 11, denso, floral, mineral, carnudo, com fruta envolta em nota balsâmicas, leve toque vegetal... Tudo de bom! Feito apenas com uvas da grande safra 2011. Se tiver um desses, e não estiver a fim de beber agora, pode guardar que deve evoluir bem com o tempo.
Isso ai, Paolão!

quarta-feira, 2 de março de 2016

Castello di Ama Riserva 2009, Solar de Lobos Grande Escolha 2008, Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas 2011 e Peppoli Chianti Clássico 2011

Mais uma reunião da confraria... E mais uma rodada de belos vinhos. Eu vou começar logo com o melhor da noite, levado pelo Paolão: Castello di Ama Riserva 2009! Falar o que desse vinho, de produtor excelente, considerado uma lenda em Chianti? Só sobram elogios. Ele é feito com Sangiovese 80% e o restante Merlot, Canaiolo, Pinot Noir, Cabernet Franc e Malvasia Nera. Sua cor é lindíssima, rubi, brilhante. Ao ser colocado na taça, exala aromas deliciosos de cereja, ameixa, chocolate e especiarias. Em boca, possui uma classe incrível. Intenso, com acidez na medida, taninos redondos e final muito longo. Uma sedosidade incrível! Nem vou falar qual é o único defeito deste vinho, por que vocês já devem imaginar. No mais, ele maravilhoso!

E na foto, o Castello di Ama Riserva está entre dois portugueses poderosos. À esquerda, o belíssimo Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas 2011, levado pelo JP. Esse já pintou por aqui e espero que pinte outras vezes. É um vinho sensacional, que está evoluindo lindamente na garrafa. Desde que o bebi pela primeira vez, tenho notado mudanças, para melhor claro. Este, estava uma delícia. A fruta estava viva (mas sem exageros), a madeira bem integrada e os taninos ficando redondinhos. De encher a boca e a mente. Que beleza! Um vinhaço de grande produtor e de uma bela safra. Isso aí, JP!
E à direita do Castello di Ama, um alentejano que levei: Solar dos Lobos Grande Escolha 2008. Eu havia bebido o Reserva do produtor tempos atrás e gostado muito (clique aqui), e esperava bastante deste Grande Escolha, que arrebatou um monte de prêmios em Portugal. E ele preencheu todas as minhas expectativas. Um belo vinho talhado pelas mãos da enóloga Susana Esteban. Não mostra a idade, e teria ainda muitos anos pela frente. É feito com Alicante Bouschet e Touriga Nacional, com maturação em barricas de carvalho 67% novas e 33% com um ano de uso. Ao nariz mostra notas de frutas maduras, florais, chocolate e minerais. Em boca mostra frescor, intensidade e mineralidade. O final é longo e com notas de chocolate amargo. Outro vinho excelente, complexo e que se destaca pelo frescor e taninos firmes. Aguardo ansioso o dia da abertura do 2009 e 2011 que tenho, os quais devo deixar um pouco mais na adega. 
E o último vinho da noite foi um Peppoli Chianti Clássico 2011, levado pelo Caião. É um vinho da Antinori, com 90% Sangiovese e pitadas de Merlot e Syrah. Passa 9 meses em grandes barricas de carvalho da Eslavônia (Não Eslovênia!!!), mas 10% matura em barricas de carvalho americano. Daí o toque abaunilhado. Tinha aromas de cereja, chocolate e toques vegetais. Em boca era fresco, com boa acidez e final frutado e levemente abaunilhado. Um bom Chianti, redondinho, macio, mas que tinha alí do lado um Castello di Ama Riserva. Aí, o negócio pega...rs.
Noite de primeira, confrades!

Perescuma No 1 Reserva 2007: Um veludo!

A Herdade da Perescuma possui um pouco mais de 30 hectares de vinhas, exclusivamente tintas, plantas no final da década de 90. Atualmente produzem um branco, que provavelmente utiliza de uvas de outros locais. A enóloga é a renomada Susana Esteban. Este Perescuma No 1 Reserva 2007 é o vinho top da vinícola, e feito com 40% Cabernet Sauvignon, 25% Alicante Bouschet, 15% Syrah, 10% Touriga Nacional, 10% Aragonês, com maturação de um ano em barricas de carvalho francês. Tem uma cor rubi escura muito bonita e ao nariz mostra notas de frutas maduras em meio a cedro e especiarias, como baunilha, cravo e canela. Em boca, a fruta madura é equilibrada com uma acidez correta, que lhe dá frescor. Os taninos são muito sedosos e o vinho é muito aveludado. De safra excelente e evoluiu muitíssimo bem nesses 9 anos. Um belo alentejano, que comprei na Expand do Outlet de Itapeva, por um ótimo preço! Me dei bem! Olha, a Susana Esteban é mesmo craque.

terça-feira, 1 de março de 2016

Roberto Voerzio Dolcetto D'Alba Priavino 2013, Perlato del Bosco 2012, Bottero Anônimo 2009 e Dineen Vineyards Heritage Red 2012

O JP levou este Roberto Voerzio Dolcetto D'Alba Priavino 2013 prá gente beber em reunião de poucos confrades. O vinho é um 100% Dolcetto que não passa por madeira. Tem aromas gostosos de frutas silvestres e especiarias. Em boca, está fechado, muito novo. O final de boca mostra um toque herbáceo. Tem bom frescor, mas é um pouco leve em boca, para não dizer "ralo". Mas acompanha bem comida. Acho que um tempinho fará com que se abra um pouco mais.
O segundo da foto, e melhor da noite, foi levado pelo Caio: Perlato del Bosco 2012, da Tua Rita. Aqui é compra certa. Esse vinho nunca decepciona. Eu fiquei meio desconfiado por ser 2012, muito jovem. E no começo ele estava mesmo um pouco nervoso. Mas em pouco tempo mostrou a que veio. Aromas de cereja preta, alcaçuz e um tostado na medida, que se repetiam em boca. A acidez é perfeita e o final longo e prazeiroso. Uma delícia de vinho! O Caião enfim acertou...rs.
Eu levei um chileno que trouxe de lá. Gostei do rótulo e botei na cesta. É um Bottero Anônimo 2009. O vinho é feito com Cabernet Sauvignon e Carmenére, com maturação de 18 meses em barricas. Tem aromas de ameixa e goiaba, em meio ao pimentão típico da Carmenére. A Carmenére é domada, mas aparece. Em boca é concentrado, com boa acidez e taninos levemente arenosos. Não me impressionou.
O Tiago levou o Dineen Vineyards Heritage Red 2012 é produzido pela vinícola homônima, em Washington, USA. É uma vinícola famíliar que se estabeleceu em 1990, no Iakima Valley. Este Heritage é feito com 5 uvas bordalesas: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Malbec e Petit Verdot. É um vinho maduro no nariz e na boca. Denso, extraído, concentrado, com aquele dulçor que não faz muito minha cabeça. Para os amantes do novo mundo.