quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Bela noite: Quinta do Crasto Touriga Nacional 2005, Pulenta La Zulema 2012, Imperial Reserva 2014, Vallado Reserva 2012 e Chateau Guiraud 2011

Na primeira noite da confraria em 2019 eu levei um vinho embrulhado para brincar com a turma. Era para ser uma noite só de vinhos especiais, e foi. E esse que levei foi unanimidade: Bão demais! Mas de todos os confrades, só o Paulinho, Rei dos Portugueses, chutou ser um vinho português do ano de 2005! Tá no sangue do cara, que logo ao sentir o bouquet do vinho já disse ter adorado. Paul fiel à tradição, e sabedor das coisas! Os outros confrades erraram feio a nacionalidade etc. Estão com seus paladares destreinados...rs. Bem, mas o vinho que levei era um Quinta do Crasto Touriga Nacional 2005. Comprei este vinho logo que a loja virtual Wine foi criada! Fizeram uma bela promoção em todo o site para quem indicasse 5 amigos. Comprei muitos vinhos Crasto. Na época, meus confrades ficaram desconfiados, pois era uma loja nova, o site ainda era "meia-boca", tivemos problemas na hora de fechar as compras etc. Assim, só Tonzinho e eu compramos, e nos demos bem. Em 2 dias estavam em casa as caixas pretas da Wine, com belos exemplares de vinhos da Crasto! Isso foi em 2009! O vinho ficou muito bem guardado em minha adega nesses 10 anos e foi o último dos moicanos a ser aberto. E que maravilha estava! Nenhum sinal de cansaço, nem na cor, nem no sabor. Aromas de cereja preta, kirsch, chocolate amargo, madeira no ponto, leve defumado e especiarias. Em boca, repetia o nariz e mostrava ótimo frescor e taninos devidamente arredondados pelo tempo, mas presentes. O final era longo e especiado, com notas amadeiradas na medida. Vinho muito equilibrado, sem exagero algum, e que pedia sempre mais na taça. Uma delícia! Ocupou o primeiro lugar no pódio dos tintos, sem discussão.
Mas a sua posição ficou ainda mais valorizada pelos vinhos que os confrades levaram, mostrados na foto abaixo.


O Quinta do Vallado Reserva 2012 foi levado pelo Paulinho, Rei dos Portugueses. Esse não falha. Vinho feito com vinhas velhas, com nariz e que traz nas costas a responsabilidade de manter a qualidade de seu irmão de 2011, que está belíssimo. Mas este 2012 também está ótimo. Um pouco menos tenso que anteriores, mais fácil de beber, eu diria. Aromas de amoras e cereja preta, em meio a alcaçuz e especiarias doces. Em boca, redondo, sedoso, com taninos já bem resolvidos. Final longo e com toques achocolatados. Eu achei que o bebemos um pouco acima da temperatura, mas tudo bem. Sempre um grande vinho! 
À direita dele, na foto, o Imperial Reserva 2014 levado pelo Caião. Esse também não falha. Novo ainda, mas já bem bebível. Aromas de cereja, cravo, cedro e baunilha. Em boca, entrada levemente doce, mais que o normal para este vinho, e taninos já domados. Surpreende já estar aberto com esta idade. Senti falta do toque cítrico. Mas muito bom também!
Vizinho do Imperial na foto, o Anthonij Rupert Merlot 2008, levado pelo Thiagão. A vinícola sulafricana Anthonij Rupert iniciou suas atividades em 2001 e produz diferentes linhas de vinhos. Anthonij Rupert é a linha emblemática da vinícola, com 7 vinhos, sendo 2 blends e 5 varietais, entre os quais está o Anthonij Rupert Merlot. O Thiagão disse iria nos surpreender. Bem, na semana passada ele nos "surpreendeu", e ficamos preocupados com a nova surpresa...rs. O fato é que a surpresa ficou pelo fato de um vinho já perto dos 11 anos estar tão tânico. Ao nariz, a fruta ficava um pouco encoberta por notas de cacau, especiarias e madeira. Em boca, o problema foi os taninos em excesso e ainda muito vivos. Eu gosto de taninos, mas neste vinho estavam acima do ponto, para o meu gosto. No site da vinícola sugerem guarda de 8-10 anos para o vinho. Fico aqui pensando quando estaria pronto esse que bebemos. Ah, o Thiago também levou o vinho embrulhado, e ninguém passou ao menos perto do que se tratava. 
O penúltimo vinho, um Pulenta Blend Finca La Zulema 2012, foi levado pelo JP. Um belo vinho! É feito com Malbec, Cabernet Sauvignon e, minoritariamente, Merlot. Esse tem longa vida pela frente, mas para quem gosta de vinho com nervo, pode abater agora sem medo de ser feliz. Se for ao lado de uma picanha ou um um ojo de bife, melhor ainda. O vinho tem aromas de ameixa e cereja preta, em meio a especiarias e ervas frescas. Em boca mostrou ótima intensidade e complexidade, sem exagero de dulçor típico da Malbec, que foi bem cortada com as outras castas. Também, nenhum exagero de pimenta-do-reino, apesar de uma picância bem-vinda estar presente. Os taninos eram firmes e o final longo e com notas especiadas e minerais. Um ótimo vinho, que mostra clareza, frescor e muita complexidade. Para beber agora ou guardar. Esse já foi! Muito bom.
E para finalizar, o Joãozinho pegou pesado com um excelente Chateau Guiraud 2011! O vinho foi top 100 da WS em 2014 (#12), com portentosos 97 pontos! O James (99-100 pontos) Suckling lhe deu 99 e a Wine Enthusiast 95. Vinho muito elogiado, sempre. Mas tirando a questão das notas, o vinho é uma beleza. Botrytis na veia! Dulçor médio e bela acidez. Notas de damasco, gengibre, abacaxi, mel e amêndoas. Em boca, frescor, notas cítricas e final interminável. Esse vinho é o que há! Sou fã número 1! Tentarei guardar a garrafa que tenho por mais uns anos, pois deve evoluir lindamente. Top! Para fechar a noite com muita classe. Isso aí, Little!

Ps. O vinhos da Crasto são importados pela Qualimpor e em São Carlos, encontrados na Mercearia 3M; O Vallado pode ser encontrado em diferentes locais (Via Vini, Vino Mundi, Vendivinhos etc); O sulafricano nunca vi no Brasil; Imperial é importado pela Vinci; Pulenta, pela Grand Cru, mas este La Zulema só vi na Bebida on line e o Chateau Guiraud é importado pela Mistral, mas também pode ser encontrado em outras fontes (Belle Cave, Grand Vin, Wine Brasil e Zahil).



segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Quinta do Ameal Escolha 2011: Precioso!

Pedro Araújo, bisneto de Adriano Ramos-Pinto e proprietário da Quinta do Ameal, deve se orgulhar muito de seus vinhos produzidos na região dos vinhos verdes, no Minho. Para mim, seus vinhos brancos ocupam o andar de cima, não apenas na região, mas em todo o Portugal. E este Quinta do Ameal Escolha 2011 não me deixa mentir. Eu, que já havia bebido o 2013 e ficado encantado com ele, fiquei ainda mais com este, da bela safra de 2011, que mostrou uma bela evolução nesses 8 anos. O vinho, 100% Loureiro de vinhas de baixa produção, com passagem por 6 meses em barricas de Nevers, possui cor citrina, brilhante bonita, e aromas deliciosos de flor de laranjeira, uvaia, maçã e amendoados, em um fundo mineral muito cativante. Em boca, repete o nariz e mostra ótimo frescor, cremosidade e mineralidade. É um vinho que melhora em taça e pode ser decantado. Não morre de um dia para o outro. E tudo isso, com apenas 11,5% de álcool. Desce fácil. É sútil, delicado e cativante, sem deixar de ser imponente. Delicioso! Se você gosta de um bom vinho branco, está acostumado com aqueles vinhos verdes levinhos, e ainda não conhece este, está perdendo tempo! Este é outro comprimento de onda!







sábado, 5 de janeiro de 2019

A simplicidade e a ostentação


Depois do almoço, nesse sabadão chuvoso, sentei para dar uma olhada no que rolava na TV. Passando rapidamente por um canal, suportei ver por alguns minutos um programa que falava da ostentação de jovens "cantores" brasileiros, com suas mansões, super motos, carrões importados, helicópteros e até jatinhos. Depois de uns minutos suportando aquilo, mudei de canal e passei para um que mostrava uma reportagem sobre o Índio Cachoeira, que fazia dupla com o Cacique, na dupla Cacique e Pajé. O cantor e luthier vivia uma vida bem simples em Alfenas, MG, onde fabricava violas caipiras. Para se locomover, usava uma bicicleta comum, simples, e um Fiat 147 velhinho que mantinha em sua casa, também simples. Depois de assistir ao programa, ouvindo belas músicas, e sem deixar de lembrar dos outros "cantores", dei uma olhadinha na internet para saber um pouco mais sobre o Índio Cachoeira. Para minha tristeza, vi que havia falecido em Abril de 2018, com 65 anos, após cair de sua famosa bicicleta em uma das ruas de Alfenas. Triste saber disso. Mas por outro lado, sua vida simples nos leva a uma grande reflexão. O que realmente tem sentido nesta vida? Ele dizia que sua viola era sua filha, e que se não tocasse pelo menos duas modas por dia, não ficava contente. Que a viola alimentava sua alma. Bem diferente do que deve alimentar as almas dos jovens cantores...



Veja aqui um vídeo do Indio Cachoeira. Veja outro instrumental aqui

Leia mais aqui e alí