sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Barbaresco 2006 Produttori del Barbaresco - Floral e tânico

Na última quarta-feira o Fernandinho resolveu me homenagear pela titularidade, me convidando para jantar em seu restaurante Ciao Belo. Ofereceu então um delicioso Ravioli de Vitela com manteiga de Sálvia que estava demais. Para acompanhar, ainda abriu um Barbaresco Produttori del Barbaresco 2006 que casou perfeitamente com o prato. O vinho é produzido pela secular cooperativa Cantine Sociale Produttori del Barbaresco, fundada em 1894. A cooperativa teve suas atividades interrompidas pelo fascismo em 1920, mas voltou à atividade em 1958, como a única solução para a sobrevivência de pequenos produtores. Segundo o seu site, em bons anos são produzidos 40% de Barbarescos single vineyards, 40% de Barbarescos e 20% de Langhe Nebbiolo. O interessante é que são produzidos bons vinhos, a bons preços. 
Este Barbaresco 2006 ainda está jovem, mas mostra deliciosos aromas de groselha, amora silvestre e notas florais típicas da casta. Em boca, é amplo e com final longo. Os taninos ainda pegam um pouco, o que deve melhorar com algum tempo de adega. Obviamente, ele pede comida, como um bom italiano. Se for apreciá-lo não esqueça de abrir com bastante antecedência e de preferência decantar. A propósito, o vinho é comercializado pela Grand Cru. Valeu Fernandinho! Estava tudo perfeito. Obrigado pela homenagem.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Altos las Homigas Reserva 2006 - Um clássico, sempre

Quem nunca bebeu uma garrafa de Altos las Hormigas? Difícil, né? E quem não ouviu a história do nome da vinícola, atribuído pela presença de formigas nas terras ocupadas pelos vinicultores em 1996? Também dificil. Provavelmente o clássico Altos las Hormigas foi um dos primeiros vinhos de muitos apreciadores de Malbec. Eu particularmente não. Meu primeiro Malbec foi o hoje um pouco esquecido Terrazas Reserva, que aliás, é muito bom. Mas me lembro bem, quando tempos depois comprei uma caixa do Las Hormigas 2002, um belo vinho, de uma bela safra e a um ótimo preço. E também me lembro quando bebi um Reserva 1999, há uns 5 anos, soberbo. Geralmente comparo a diferença do Las Hormigas clássico para o Reserva, com aquela entre o português Duas Quintas  e seu irmão maior Duas Quintas Reserva. Há vários degraus entre eles. O Altos las Hormigas Reserva é um grande vinho, e oferece muito pelo seu preço (que inclusive, já foi bem menor). Mas ainda está bom. Ele bate de frente com outros Malbecs muito mais badalados e que custam mais de duas vezes seu preço. Quem nunca bebeu, precisa experimentar, pois é um clássico quando se trata de Malbec Argentino. Antes de ontem olhei para a Adega e olhei para uma garrafa do Altos las Hormigas Reserva 2006, que olhou para mim, e pronto: Sacacorchos nele! E aí, a picanha teve que deitar na grelha, pois a dupla faz sucesso. O vinho em questão, feito sob a batuta do grande enólogo Toscano Alberto Antonini (que também dá consultoria para a Bodega Renacer), é maturado 18 meses em carvalho frânces, o que lhe dá bastante estrutura. Sua cor, púrpura, é bem bonita. Os aromas, riquíssimos, sem nenhum exagero. Destaque para as notas de ameixa, figo, amora madura, alcaçuz e grafite. Em boca, muito amplo, sedoso, redondo e com boa acidez e mineralidade. O final é longo e muito gostoso. Uma delícia de vinho. Eu já bebi um número enorme de Malbecs Argentinos, dos mais simples aos tops, mas sempre que volto  ao Hormigas Reserva tenho o pensamento claro de que não é preciso mais que isso quando se trata de Malbec. Experimentem!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Jorge Ordoñez Victoria número 2, ano 2008 - Uma jóia!

Jorge Ordoñez é um enólogo de Málaga, sul da Espanha, especialista em vinhos doces. É um craque! E o desafio é grande: Ele produz vinhos doces em uma região famosa pela produção dos grandes Jerez doces, que além da qualidade, têm ótimo preço. A vinícola é parceira da familia de Alois Kracher, grande mestre austríaco dos vinhos brancos doces. Os vinhos da vinícola de Jorge Ordoñez são sucesso de crítica, sempre arrebatando prêmios e grandes notas da crítica especializada. Este vinho que apreciei, o Jorge Ordoñez Victoria 2, do ano de 2008, por exemplo, teve 96 pontos do prestigiado Guia Peñin, em sua edição de 2011. E não é à toa, o vinho é uma preciosidade. Ele é feito com a uva Moscatel de Alexandria, com fermentação em tanques de inox limitada pela diminuição da temperatura quando a graduação alcoólica atinge 13%. É um vinho particular, fino, entre os melhores doces encontrados. Dos vinhos feitos por Kracher, me recorda a frescura e vivacidade. Os aromas de mel e casca de laranja se destacam. Em boca, a acidez equilibra a doçura natural com perfeição. Apreciei o vinho solo e com diferentes acompanhamentos, incluindo panetone, carolinas de creme com cobertura de chocolate, carolinas recheadas com creme de limão e o batido queijo azul. Em todas as situações, foi um perfeito anfitreão! Aliás, dizem que é uma característica deste vinho: Combinar com os mais diferentes acompanhamentos. Um néctar dos deuses! Recomendadíssimo! O seu único problema: O rótulo prateado que atrapalha a foto... rs. A propósito, os vinhos de Jorge Ordoñez são importados e comercializados pela Vinci
Gerhard Kracher (filho de Alois Kracher), Alistair Gardner (enólogo Neozelandês),  Victoria Ordoñez (irmã de Jorge) e Jorge Ordoñez. Foto retirada do site da vinícola (www.jorge-ordonez.es)

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Lenswood Chardonnay 1996 - Velhinho surpreendente!

Tempos atrás adquiri na Adega Spazio, em São Carlos, uma garrafa do Lenswood Chardonnay 1996, um vinho australiano produzido pelo casal Tim e Annie Knappstein, a partir de uvas plantas em vinhedos próximos à cidade de Adelaide. Tim Knappstein é um vinhateiro experimente e muito respeitado na Austrália, pertencente a terceira geração de uma família de produtores de vinho. Interessante é que ele divide o tempo entre produzir vinhos e dar consultoria à vinícolas, com as corridas de carro. Pois é, o cara ainda disputa corridas em um Datsun 240Z restaurado e adaptado para a velocidade. 
Bem, quanto ao vinho, fiquei um pouco apreensivo pela idade do danado, mas levei, pois se ele estivesse bom poderia dar prazer. E não é que estava? E JP e eu pudemos constatar isso ontem à noite. Sua bela cor amarelo ouro denunciava sua idade, mas ao nariz, quanta vida. Aromas complexos, com a presença de notas de maracujá e mamão papaya, em meio a notas deliciosas de mel. O vinho tinha um pouquinho só de amanteigado, sem exageros, e a acidez lhe aportava frescor, mesmo com seus 15 aninhos. Muito gostoso! Um vinho que me surpreendeu, mostrando que bons Chards australianos podem envelhecer sem perder a vivacidade. Aliás, dizem que o Tim Knappstein também produz excelentes Pinot Noir, premiados na Austrália. Fiquei curioso para experimentar. Só não sei quem comercializa seus vinhos no Brasil atualmente. O contra-rótulo cita que era importado pela Maison du Vin, mas acho que não mais. Vi que a Wine Society comercializa vinhos com o titulo Knappstein, mas acho que não são mais os vinhos produzidos na pequena propriedade do casal. A saber...

sábado, 24 de dezembro de 2011

DE BARCA VELHA A CHATEAU D'YQUEM - SÓ MARAVILHAS EM NOSSO JANTAR DE FINAL DE ANO

Nessa semana fizemos o jantar de final de ano da Confraria do Ciao. E para acaompanhar a bela massa feita pelo Tom e o pernil de Cabrito que fiz, só grandes vinhos. O primeiro aberto foi um Chateauneuf du Pape Domaine du Pégau Cuvée Laurence 2005. Não confundir com o Selection Laurence Pégau, que é um vinho bem mais simples. Este é outra coisa. Um dos tops do produtor, tradicional no Rhone. É um Chateauneuf à moda antiga. Vinho com aromas de groselha, tabaco doce, tostado e ao fundo, notas de Bret e toques terrosos. Em boca, redondo, sedoso e com final muito longo. Vinho complexo, refinado e velho mundo por natureza. Eu gostei muito. Uma raridade já difícil de encontrar, mesmo fora do Brasil. Eu tive a chance de adquirir na Grand Cru e felizmente ainda tenho duas garrafinhas para beber daqui a alguns anos.
Seguimos com um top chileno que há tempos queria provar, o Chadwick 2005. Este vinho coleciona vitórias em degustações às cegas frente a grandes Bordeaux. E que vinho! Um nariz de arrebentar. Aromas deliciosos de cassis, cereja preta, cacau e chocolate, em meio a um tostado muito gostoso. Em boca, amplo, sedoso e com final longuíssimo! Um vinhaço! Um dos melhores chilenos que já sorvi. Superou minhas expectativas.
E depois do grande Chadwick, mandamos ver em um espanhol de Ribera del Duero, o Flor de Pingus 2008. É um vinho produzido pelo engenheiro agrônomo Dinamarquês Peter Sisseck. O mesmo que produz o famoso e caro Pingus. Bem, este Flor de Pingus é um vinhão! Um vinho um pouco exótico, com ótima fruta e notas especiadas diferentes, em meio a notas balsâmicas. Em boca, muita estrutura e complexidade. Já bebível agora (e com prazer...), mas com longos anos pela frente. Também agradou a todos.
Mas o conterrâneo dele, alí, de pertinho, Rioja, fez ainda mais presença. O riojano La Viña de Andrés Romeo 2005, produzido por Benjamin Romeo, fez um sucesso incrível. O vinho, da família do grande Contador, é também grande! Ele alia potência e elegância. Ao nariz, notas de amora, cereja preta, tostadas, café e caramelo. Em boca, repete o nariz e é suntuoso, amplo, longo e muito sedoso. Que delícia! Um vinhaço!
E vamos em frente...
Depois das feras anteriores, mandamos ver em duas belezas da Casa Ferreirinha. O primeiro deles foi um Casa Ferreirinha Reserva Especial 2003. Nós já havíamos bebido o 1997, que estava maravilhoso (clique aqui). Este 2003 também estava muito bom, mas não ao nível do 1997, que a meu ver, estava melhor. Ao nariz, notas de groselha, amora, melaço, chocolate e alcaçuz. Em boca, redondo, longo e com taninos já arredondados. Um belo vinho, mas que ficou na sombra de seu irmão mais velho, que mostro a seguir...
No ano passado, apreciamos uma magnum do grande Barca Velha do ano 2000 (clique aqui). Confesso que naquela ocasião fiquei até um pouco decepcionado. Não por que o vinho estava ruim, longe disso. Mas por que eu esperava mais. Acredito que era porque, apesar da idade, ainda estava fechado. 
Mas pessoal, este Barca Velha 2000 que abrimos desta vez, estava uma coisa do outro mundo! Uma maravilha engarrafada. Nem dá para descrever a complexidade do danado. Foi unanimidade: O melhor da noite, sem dúvida alguma! Que riqueza! Vinho delicioso, com notas de figo, amora, cereja, café com leite, melaço, chocolate e alcaçuz. E com o tempo, ia se abrindo cada vez mais. Em boca, uma delícia! Taninos sedosos e final interminável. Grandioso!
E depois disso tudo, para acompanhar meu clássico e aclamado Créme Brulée, um grandioso Chateau D'Yquem 1997. O que dizer deste vinho? Talvez fosse melhor parar por aqui e só mostrar a foto. Uma maravilha! Vinho estupendo, riquíssimo, harmonioso. Um néctar dos deuses! E chega! Não vou correr o risco de cometer qualquer injustiça com esta preciosidade que é para ser bebida de joelhos.

Bem, a noite foi maravilhosa, com bela comida, amigos para sempre e vinhos grandiosos. A única falha foi a ausência de nosso amigo Paolão, que estava doente. Uma ausência muito sentida.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

E na visita anual do amigo Tony, vinhos de primeira: Americanos, Espanhóis e um Francês premiado!

E como sempre acontece, no final de ano o amigo Tony Conde, atualmente residente nos EUA, nos visita e traz vinhos diferentes para experimentar. E desta vez foi a melhor delas. Cheguei na casa do JP, onde o evento sempre acontece, quando já haviam "evaporado" uma garrafa de um Chard muito fresco, sem barrica, que gostei bastante. Era o californiano de Sonoma, o Martin Ray Chardonnay unoaked 2010. Notas gostosas de melão e pera, bem atraentes. Pena que só bebi umas gotas... rs.
Depois bebemos um outro californiano, agora tinto, da vinícola Shannon Ridge, o Wrangler Red Ranch Collection 2008. É um corte complexo (37% Zinfandel, 35% Syrah, 18% Petite Sirah, 5% Barbera, 3% Mourvédre e 2% Tempranillo). O vinho passa 14 meses em barricas francesas e americanas. É muito gostoso, com notas de groselha, cereja marrasquino e um fundinho de baunilha. É muito redondo em boca, com taninos muito sedosos. Um dos melhores da noite.
Passamos então para um Zinfandel, o Melanto Terrace 2007, do produtor Buford e Brown. É um bom Zin, com notas de frutas vermelhas, anis e alcaçuz. É de uma linha mais leve que os tradicionais Zins californianos, que geralmente têm mais peso. Bom vinho, mas que não chegou a empolgar.
Daí, passamos para o Montoya Pinot Noir 2009, de Central Coast. É um Pinot típico do novo mundo, um pouco doce, com notas de framboesa e cereja. Gostoso, mas se fosse um pouquinho menos doce ficaria melhor.
Bem, aí saimos dos californianos e fomos para aquele que achei um dos tops da noite, o Georges Duboeuf Morgon Jean Descombes 2009. Geoges Duboeuf é um grande negociante de Beaujolais, mas que produz também seus próprios vinhos. Morgon é um dos dez Cru de Beaujolais, onde são produzidos vinhos de qualidade bem superior aqueles conhecidos das AOC Beaujolais e Villages. Nos dez Cru são produzidos vinhos mais elaborados, e no Cru Morgon, em particular, vinhos mais longevos. Este Jean Descombes 2009 estava uma maravilha! Muita fruta, com notas de framboesa e amora, em meio a notas florais, muita mineralidade e uma acidez vibrante. Uma delícia de vinho! Foi aí que o amigo Tony disse que ele foi o número 21 na lista dos Top 100 da WS em 2011, com 93 pontos. Merece! Quem só conhece os Beaujolais alegres e descompromissados precisam experimentar este, para ver como podem ser produzidos vinhos complexos com a Gamay.
LAN Reserva 05 e o Tony ao fundo, clicando
E quando acabamos com os vinhos do Tony, o JP abriu uma garrafa do Riojano LAN Reserva 2005, que já fora oferecido por ele em outra oportunidade (clique aqui). Mas esta garrafa estava melhor. As notas de licor de cereja, em meio a notas de tabaco e casca de laranja, faziam do vinho uma delícia! Em boca, muito redondo, gostoso, com taninos levemente terrosos e final médio. Ficou alí no topo, junto com o Morgon. Nós bebemos também um de Ribera Del Duero, o Embocadero 2009, que estava jovem, mas também muito bom. É um vinho que não parece muito com a maioria de Ribera Del Duero, mas que tem muita presença, com notas de amora, tostadas e balsâmicas. É um vinho com bom corpo e boa mineralidade. Uma novidade da Gran Cru. Esqueci de tirar foto dele...
Gruet Blanc de Noirs - Uma  bela surpresa
E deixei para o final um espumante de primeira, também trazido pelo amigo Tony, o Gruet Blanc de Noirs NV. Pois é amigos, os gringos estão fazendo excelentes espumantes, e a preços mais do que convidativos (pelo menos por lá... rs). E este também ficou na lista dos Top 100 da WS, na posição 43, com seus 90 pntos. Isso foi, obviamente, ajudado pelo belo preço (~14 doletas), mas a qualidade do vinho é alta. Ele é vibrante, gostoso, rico, com notas de maçã, pera e aqueles aromas gostosos de padaria às 6h00 da manhã. Uma belíssima surpresa feita em Albuquerque, Novo México (pois é... rs). Não sei se é vendido no Brasil, mas eu gostaria muito de experimentar outra garrafa deste.
Bem, foi mais uma bela e tradicional noite de final de ano na casa do amigo JP (O Rei da Fraldinha), na presença de amigos e com a presença do amigo Tony, que nos visita apenas anualmente (infelizmente). Bem, é aguardar o próximo ano.
Tony, Eu e JP (O Rei da Fraldinha)

Eu e Tony mandando um naso duplo no Gruet

Até o JP, que não é muito fã de espumante, gostou do Gruet

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Jacob's Creek Reserva Shiraz 2004

O amigo Carlos André me ofertou um vinho que estava curioso para conhecer. Eu já conhecia a linha mais simples da vinícola australiana Jacob's Creek, mas tinha curiosidade para conhecer o Reserva, que me diziam ser muito bom. Eu gostei deste Jacob's Creek Reserva Shiraz 2004. Os aromas são de frutas maduras, com destaque para ameixa e cereja preta, mescladas a notas tostadas, chocolate e alcaçuz. Em boca, no início parecia meio doce, mas enganava. Era bem completo, redondo, com taninos bem sedosos e um final especiado, que disfarçava o lado doce. Eu gostei do danado, que deve ficar ótimo com uma carne grelhada, grossa, ao ponto. Quem sabe o Carlos se convence a abrir a garrafa do 2003 que ele tem lá (que dizem ser ainda melhor) para acompanhar uma bela carne?

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

E depois do 2006, NUMANTHIA 2000! Um "Touro" de 11 anos!

 Há algum tempo bebi o espanhol Numanthia 2006 (veja aqui). Era um vinho dos grandes, mas que necessitava paciência, só mostrando suas qualidades verdadeiras no dia seguinte (e eram muitas!). Era como grandes Brunellos e Barolos, que precisam respirar (e muito), para mostrar suas grandes qualidades. E neste final de semana abri um Numanthia 2000. Minha esperança era que estivesse mais pronto que o 2006 e que pudesse já mostrar suas qualidades mais rapidamente, afinal, já tinha 11 aninhos. Ledo engano! Apesar de mais aberto que o 2006, estava muito poderoso durante as primeiras horas. E não adiantou. Abri as 5 da tarde e quando era 9 da noite ainda estava lá, irredutível. As notas de cereja e madeira eram as únicas que se mostravam, junto com o álcool um pouquinho saliente. Mas parava por aí. Um "Toro" bravo, ao pé da letra. Mas no dia seguinte, como aconteceu com o 2006, mostrou tudo que tem de bom: Licor de cereja, chocolate, notas balsâmicas e alcaçuz. Grande presença em boca e final interminável! Que maravilha! Um vinhaço! Potência sem perder a classe.
Portanto, quem for apreciar esta fera, tenha paciência. Ele pede tempo de decanter. E não é pouco. Faça como os italianos fazem com os Biondi-Santi: Abra no dia anterior e se esbalde no dia seguinte. E se deixar dois dias, não se desespere, ele continuará se abrindo e dando muito prazer. A propósito, o Numanthia é comercializado pela Peninsula.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

MONTELIG 2005 - Que vinho delicioso de Von Siebenthal!!!

Nosso amigo Carlos André nos brindou com um belo vinho chileno, da vinícola Von Siebenthal. A vinícola é de propriedade do advogado suiço Mauro Von Siebenthal, que não mais advoga, e que agora se diverte fazendo grandes vinhos no Chile. Tempos atrás bebi um mais simples do produtor, o Parcela #7. Desta vez, foi o grande Montelig 2005, um dos vinhos tops do produtor. O nome vem de "Monte" (de monte mesmo...) e o "Lig" é uma palavra indígena que se refere à luz. Este 2005 foi feito com Cabernet Sauvignon (40%), Petit Verdot (30%) e Carmenére (30%). A porcentagem de Cabernet Sauvignon diminuiu sensivelmente em relação a safras anteriores, e a Carmenére aumentou (o que parece ser uma tendência chilena). A Petit Verdot lhe aporta austeridade e toques florais, e a Carmenére também aparece com sua fruta e "pimentinha", mas sem exageros. O vinho passa 24 meses em barricas novas de carvalho francês,  o que lhe aporta bastante estrutura. Ao ser aberto já mostrava a que veio: fruta madura, muito viva (cassis, groselha e cereja preta) e grande profundidade. Com o tempo em decanter foi se tornando mais complexo, com a fruta sempre presente e notas de chocolate, alcaçuz e leve mentolado. É daqueles que crescem na taça, atributo de grandes vinhos. Em boca tinha uma ótima pegada, com bela acidez e um final bem longo. Os taninos já estão no ponto. Sem dúvida alguma um top chileno, para ficar alí, no degrau de cima. Se for bebê-lo, resista e aproveite sua evolução no decanter e na taça. Vale a pena (aliás, como para todo vinho bão).

domingo, 18 de dezembro de 2011

Reyneke Sauvignon Blanc 2009: Biodinâmico de primeira!

Dias atrás apreciei um Sauvignon Blanc de primeira, feito pela vinícola Sulafricana Reyneke. É uma vinícola relativamente nova, criada em 1998 e cujos vinhos seguem os preceitos biodinâmicos. A vinícola produz vários vinhos, mas seus brancos têm feito muito sucesso. O que bebi é um Reyneke Sauvignon Blanc 2009. É um vinho que surpreende. Um nariz muito rico, com um início típico de grama cortada, que  se mistura à fruta, com notas de melão, lima da pérsia e pêra. Com o tempo, surgem notas gostosas de cêra de abelha, que dá para pensar até que tem um toquezinho de Chenin Blanc (mas não tem). Em  boca, tem acidez vibrante e muita mineralidade, com aquelas notas de giz (sem exagero), que tanto gosto. Foi ficando ainda melhor com o tempo, o que acontece geralmente só com brancos de qualidade. Um belo vinho! Ficou perfeito com camarão e deve ficar uma delícia com queijo de cabra. Estou curioso para experimentar o reserva. A propósito, os vinhos Reyneke são comercializados pela Mistral. Aliás, coloco a foto do 2008, emprestada do site da Mistral, por que bebi o vinho em um restaurante e não tirei foto.

sábado, 17 de dezembro de 2011

VOLTEI! E COM TUDO! VIU 1 2006, CARTUXA RESERVA 2007 E CATENA ALTA MALBEC 2007

Caros amigos, voltei! Depois de mais de uma semana sem postar em decorrência de meu exame para Professor Titular aqui na Universidade. Aliás, já sou um deles! Mas nesta quinta já comecei as comemorações, que prometem. Podem esperar grandes vinhos bebidos nestes próximos dias, mesmo por que, a reunião de final de ano da nossa confraria é na semana que vem, e só vai ter "Vinhobão"!
Bem, mas nesta quinta o Fernandinho nos recebeu com uma bela comida e um cava Freixenet Cordon Negro, que eu gosto muito. E depois dele, fomos para um tinto top, que levei, e que foi presente de aniversário de minha esposa. Era um Viu 1 2006, vinho ícone da chilena Viu Manent, em tributo à memória de Don Miguel Viu Manent, que o concebeu. O vinho é feito com Malbec (94%) de vinhas de mais de 70 anos de idade, e uma pitadinha de Cabernet Sauvignon (6%). O blend maturou 20 meses em barricas novas de carvalho francês (98%) e americano (2%). Ao nariz, notas de figo, ameixa e leve cassis, em meio a notas de café e chocolate ao leite. Em boca, repetia o nariz e mostrava uma sedosidade incrível. E nada daquele de exageros. Tudo na medida certa. Um vinho grandioso e que teria muitos anos pela frente se não decidíssimos abate-lo, com muito prazer! É uma resposta chilena aos grandes Malbecs argentinos, e para bater de frente com os grandes. Aliás, a Viu Manent está produzindo um grande Malbec no Vale do Uco, que eu quero experimentar um dia.
O amigo Paulão levou um outro Malbec, mas argentino: O Catena Alta Malbec 2007. Bem, os Catena Alta dispensam comentários e este já bebemos e foi comentado aqui no blog (clique aqui). Ele é completamente diferente do Viu 1, pois é muito mais floral. Como eu citei em minha primeira postagem sobre ele, é uma explosão de frutas (amoras, principalmente), misturadas com violetas. Vinho obviamente excelente agora, mas que em alguns anos, ganhará em elegância e complexidade. 
O amigo Rodrigo levou um outro vinhão: Cartuxa Reserva 2007. Vinho feito pela Fundação Eugênio de Almeida, que fica acima do conhecido Cartuxa Colheita, que já é muito bom. Mas o Reserva é outra categoria de vinho.  O corte leva uvas que eu gosto muito: Alfrocheiro, Aragonez, Alicante Bouschet e Trincadeira. Maturou 15 meses em barricas francesas. Ao nariz, notas florais, de cereja, groselha e baunilha. Em boca, muita maciez, com taninos sedosos, redondos. O vinho tem bom ótimo corpo e acidez. Uma beleza! Elegância pura, diretamente proporcional ao amigo Rodrigo, e certeza de agradar bons paladares!
Bem, começou a comemoração da Titularidade, e em grande estilo. Vamos ver o que vem por aí...

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Amigos, nesta semana não postarei...

Caros amigos que me brindam diariamente com suas visitas ao "Vinhobão": Nesta semana estarei isolado para dar o polimento final em minhas apresentações para o concurso de titular que prestarei na próxima semana. Assim, não vou apreciar nenhum vinho, e portanto, não vou postar. Mas voltarei com tudo na quinta ou sexta-feira da semana que vem, apresentando os vinhos que espero apreciar para comemorar um possível resultado positivo. E se tudo der certo, será coisa boa!

Abração a todos!

Flavio

domingo, 4 de dezembro de 2011

Familia Deicas Prelúdio lote 81 2005, Ghemme 2003, Vallado 2008 e Quinta da Bacalhoa 2008 - Belos vinhos na casa de JP!

Sexta-feira à tarde, ao final de um dia bastante agitado e cansativo, fomos à casa do JP para uma happy, very happy hour. Chegando lá, já estavam bebendo um Vallado 2008, levado pelo amigo Rodrigo. Este já apreciado algumas vezes pelos confrades (veja aqui). É vinho com boa fruta, notas de violeta da Touriga Nacional e madeira presente. Tem que respirar um pouco para ficar melhor. E tomado daqui a algum tempo, ficará melhor ainda.
Eu levei um vinho que gostei bastante. Comprei no Free Shop de Puerto Iguazu, Argentina, e estava querendo experimentar faz tempo. Era o Prelúdio lote 81 2005, Uruguaio da Família Deicas. É vinho feito com uvas selecionadas e também selecionado em barricas. As barricas, geralmente umas 600, são mantidas em cavas subterrâneas e a cada 6 meses são selecionadas aquelas para continuar o processo. Ao final de 24-30 meses sobram cerca de 200, de onde são retirados os caldos para elaboração do blend. Este Lote 81 foi feito com 38% Tannat, 22% Cabernet Sauvignon, 10% Cabernet Franc, 15% Merlot, 8% Petit Verdot e 7% Marselan. Um belo corte! O tempo total em barricas foi de 26 meses, e foi engarrafado sem filtragem. É um vinho muito complexo ao nariz, com notas de figo seco, ameixa em compota, chocolate, caramelo, baunilha e anis. Em boca, é encorpado mas muito elegante e sedoso, sem nada sobrando. É bom citar que tem apenas 12,5% de álcool. Um vinhão, que geralmente é servido nas embaixadas Uruguaias para mostrar a qualidade atual dos vinhos feitos naquele país. O JP considerou o melhor da noite, assim como o Rodrigo. O Caião, que deu uma "desprezada básica" nele ao ver o belo preço que paguei no Free Shop da Argentina, não sabe o que perdeu.
E ele só foi perdoado porque levou novamente um Ghemme 2003, da Cantina Dessilani, já comentado aqui no blog, por duas oportunidades, e que é uma beleza.
O João, irmão do Rodrigo, levou um Quinta da Bacalhoa 2008. Bem, este vinho é sempre bom, mas acho que ele precisa descansar bem mais, pois está fechado e a madeira ainda aparece bastante. O vinho tem notas mentoladas, de chocolate e frutas escuras. No entanto, a madeira as sobrepuja, o que deve ser resolvido com anos de garrafa. Em boca, é vinho potente, de presença, mas os taninos ainda pegam. Vamos dar-lhe tempo!
Bem, e foi isso! Mas uma happy hour na casa do amigo JP, com belas companhias e belos vinhos!

sábado, 3 de dezembro de 2011

Alain Brumont Gros Manseng/Sauvignon Blanc 2008 - Bom e barato!

Esses dias fui almoçar no Restaurante Tulha, no Damha Golf Club, em São Carlos, e ao ver a carta de vinhos me lembrei de uma postagem do amigo Eugênio, do Decantando a Vida, na qual ele descrevia um vinho de Alain Brumont, o Les Jardins de Boucassé (leia aqui). E na carta do restaurante, vi um branco com bom preço do mesmo produtor. Era o Alain Brumont Gros Manseng-Sauvignon Blanc 2008. Não tive dúvidas em experimentar com um bom peixe. O vinho é feito no sudoeste da França, mais especificamente em Gascogne, de forma orgânica e sem passagem por madeira. Vinho de bela cor amarelo esverdeada e com nariz muito agradável. Notas de pêra, limão siciliano e pêssego, em meio a gostosas notas florais. Em boca, de bom corpo e com ótima acidez. Um vinho muito bom para seu preço, que na Decanter não passa de 50 Reais.