terça-feira, 29 de abril de 2014

Fondillon Gran Reserva 1980: Que vinho de sobremesa!

Na mesma noite em que apreciamos um Shea Vineyards Pinot Noir 2011, o Paolão serviu um Fondillon Gran Reserva 1980, de Salvador Poveda. É um vinho de sobremesa feito na belíssima região de Alicante, Espanha. A vinícola é de 1919, e divide com mais uma dezena de vinícolas a produção deste vinho raro. O danado é feito com a casta típica da região, a Monastrell (Mourvèdre na França) colhida tardiamente e deixada passificar por algumas semanas. É envelhecido no mínimo 8 anos em grandes tonéis velhos de carvalho, de 1500 litros. Este, produzido pela família Poveda, envelhece ao redor de 20 anos. Não é fortificado, o álcool, que gira em torno de 18%, vem da própria fermentação. 
É um vinho especial. A cor é âmbar e o vinho tem aromas incríveis. Parece uma mistura entre Jerez e Porto. Tem notas de frutas secas, caramelo, nozes, oxidadas e caixa de charuto. Muito rico. Em boca repete o nariz e é muito intenso, com final interminável. Mandamos com chocolate amargo e ele foi bem, mas acho que ficaria melhor ainda acompanhando doces com nozes, daqueles sírios. Mas se você quiser tomar apenas ele, depois de um belo jantar, ficará muito feliz. É o famoso vinho de "meditação" (existe isso??? rs). Enfim,o vinho é recomendadíssimo! Era importado pela World Wine. Não sei se ainda o é. Eu peguei em uma promoção e já estou arrependido de ter comprado só uma garrafa.

sábado, 26 de abril de 2014

Eventos de vinho: Em quais costumo ir, em qual não vou, e como procuro me comportar neles


O que tem de eventos de vinhos nessa época não é brincadeira. Eu não resisti e resolvi comentar um pouquinho sobre eles.

Em quais costumo ir?

Encontro Mistral - Frequento desde o primeiro, no início dos anos 2000. Por que? Não precisa muita justificativa. O evento é charmoso, muito bem organizado e tem um time fantástico de produtores. No próximo dia 5 de maio estarei lá.

Vini Vinci - Também vou desde o primeiro, que aconteceu no Tívoli, em São Paulo. Segue a mesma linha da Mistral (claro). E por que vou? Tem Lopez de Heredia... Preciso dizer algo mais?

Decanter Wine Show - Também vou desde os primeiros. Cresceu muito nos últimos anos. É muito bem organizado e tem vinhos que fogem da mesmice. Gosto muito.

World Wine Experience - Fui em dois, e gostei. Por que vou? Porque os italianos e franceses dão o show.

Top Italian Wines Roadshow - Gambero Rosso - Evento elegante, no qual se aprecia o melhor da Itália. Show!

Encontro de Vinhos - Vou sempre no de Ribeirão Preto, por ser perto. O evento é pequeno, legal, sem miguelagem de vinho e sempre tem coisas novas. 


E em qual não vou?

Expovinis - Acho que é o único que tenho restrições. O motivo é simples: A muvuca! É muita gente, se acotovelando para pegar uma taça, como se fosse a última de sua vida (dizem que este ano foi diferente... Que bom!). Acho que é o evento que tem mais gente que não sabe como se comportar adequadamente em degustações. Quando fui, anos atrás, senti falta de cuspideiras nos estandes, e quando havia, eram rodeadas de gente que não se tocava e ficava empatando na frente delas. O resultado era fatal: Ou bebia mais do que queria ou fugia de muitos estandes. Além disso, era difícil conversar com os produtores. Bem, a feira é para negócios e obviamente, muitos produtores, ou seus representantes, querem mesmo é arranjar importadores aqui no Brasil. Com toda a razão. E para finalizar, aquela fila monstro de gente esperando um táxi na saída. Não dá. Bem, mas essa é uma opinião pessoal. Tem muita gente que gosta e elogia o evento, que é claro, tem muito vinho bom (Brunello Capanna, por exemplo). 


Fonte da foto (clique aqui)
E como procuro me comportar em um evento desta natureza?

Sempre vejo a lista de produtores com antecedência, estudo sobre eles e faço uma lista de prioridades (que não é encabeçada pelos mais caros, e sim, pelas novidades).

Forro o estômago antes, para que o efeito do álcool seja atenuado.

Usar perfume? Nunca! O que tem de gente perfumada em degustação não tá no gibi. Isso atrapalha muito o olfato, principalmente dos outros.

Vou e volto de táxi! O que vejo de cara chegando de carro, e saindo torto, é brincadeira... Lamentável.

Procuro chegar bem no início, quando o evento ainda está vazio. Assim, tenho mais tranquilidade para visitar os estandes.

Cumprimento os produtores! Por incrível que pareça, tem gente que chega, nem olha para a cara deles (absurdo total!) e já vai apontando para o vinho mais caro (outro absurdo).

Converso com os produtores e ouço deles sobre seus vinhos, que são fruto de sua paixão. É uma oportunidade única que muita gente deixa escapar. Mas atenção: Não devemos monopolizá-los! Tem mais gente querendo conversar com eles.

Experimento dos mais simples aos mais complexos (e caros). Sigo a sugestão do produtor, que obviamente, quer que eu conheça toda a sua obra. Se o portifólio é grande, é simples: Eu descarto (cuspo a grande maioria). Não é deselegante "cuspir" o vinho. Deselegante é ficar bêbado ou querer beber só os mais caros. Além disso, "pulando" os mais simples perde-se a chance de conhecer bons vinhos para o dia a dia e também as características do produtor. Quando vejo um cara chegando no estande e apontando para os vinhos mais caros, e insistindo nele mesmo depois do produtor sugerir gentilmente que experimente também os mais simples, fico envergonhado por ele. Outra coisa: Agradecer o produtor ao final é questão de educação. Tem gente que bebe e vira as costas sem a menor consideração. É muito feio isso.

Após descartar um vinho na "cuspideira" eu saio de perto dela para que outros possam também utilizá-la. Tem gente que fica em volta e empata o seu uso.

Não fico desesperado querendo beber todos os vinhos do evento. Minha diversão é conhecer novos vinhos, apreciá-los e conversar com o produtor. 

Bebo muita água durante o evento.

Vou esporadicamente ao banheiro para tirar o "roxão" dos dentes e dar um ajuste no visual, claro...rs.

Não fico atrás de celebridades. Há pessoas que ao verem um artista grudam no pé dele e não o deixam apreciar o evento. Tem hora prá tudo.

E para finalizar: Procuro fazer do evento um momento de aprendizado, e principalmente, de diversão, sem neuras, e com muita moderação. Assim, saio feliz dele e com vontade de voltar no ano seguinte.


quinta-feira, 24 de abril de 2014

Para celebrar mais um ano vivido, um vinhaço: Remirez de Ganuza Reserva 2004!

Dias atrás saí com a minha digníssima e meus filhotes para comemorar mais um ano de vida. E é claro, tinha que levar um vinhão debaixo do braço para celebrar. O danado foi um presente do último dia dos pais justamente deles, que sempre me presenteiam com belos vinhos. Meu filhão, que ajudou na escolha, já conhece minhas preferências e além de ótimo nariz, tem muito bom gosto. E este Remirez de Ganuza Reserva 2004 deu o show. Eu já o havia provado no Encontro Mistral de 2012, e gostado muito, claro. Mas já disse várias vezes: Vinho se bebe, não se prova! Beber devagar, sentindo a evolução, na taça correta e acompanhando comida, é outra coisa. E desta vez pude sentir o poder deste vinho. Ele é feito com Tempranillo (90%) e Graciano (10%), de videiras com mais de 60 anos de idade. A maturação é feita por 28 meses em barricas novas de carvalho francês (80%) e americano (20%). O vinho, cor granada escura, é muito aromático ao nariz, com notas de ameixas, cerejas pretas, aniz, alcaçuz, tabaco e café. Com o tempo, foi mostrando aromas balsâmicos e tostados. Em boca, repete o nariz e é muito intenso, denso, exuberante. A madeira é muito bem integrada, a acidez correta e os taninos redondos. O final é interminável, com notas de café e cacau. Um vinho muito complexo, que une tradição e modernidade. A meu ver, enfrenta fácil o Cune Imperial Gran Reserva 2004, que faturou o primeiro lugar na lista dos Top 100 da WS em 2013. Aliás, o Mr. Parker (ou foi o Jay Miller? rs), lhe atribui portentosos 97 pontos! Vou falar uma coisa: Desta vez, estou com ele... É um vinho de tirar o chapéu!
Apropriadíssimo para celebrar mais um outono!

quarta-feira, 23 de abril de 2014

4 Vinhões no aniversário do André: Beringer Alluvion blanc 2006, Louis Jadot Clos de Vougeot 2003, The Dead Arm 2006 e Solengo 2005!

Dias atrás nosso amigo André fez aniversário e comemoramos com grandes vinhos.
O Akira levou um branco que surpreendeu a todos. O americano Beringer knigths Valley Alluvion Blanc 2006 foi uma grata supresa. Do alto de seus 8 anos deu um show de riqueza. Bem, não existe a uva "Alluvion Blanc". O nome é em homenagem aos solos aluviais de Knights Valley. Na verdade o vinho é um corte de 4 castas: Semillon (47%), Sauvignon Blanc (43%), Chardonnay (8%) e Viognier (2%). A Semillon e Sauvignon Blanc foram fermentadas em barricas francesas, sobre as lias, com battonages duas vezes por mês para agregar aromas e riqueza ao vinho. O vinho foi maturado por 8 meses em barricas francesas (1/3 novas). É um vinho muito aromático, com notas cítricas, florais e muito evidentes de nectarina, melão principe (aquele laranja... é isso?) e pêra. Tudo isso com um fundo equilibrado de mel e baunilha. Pode parecer exagero, mas era mesmo um vinho muito rico. Em boca era cremoso, repetia o nariz e mesmo com seus 8 anos mostrava boa acidez, que equilibrava o dulçor sugerido pelo olfato. O vinho me impressionou pela sua riqueza de aromas e paladar. Gostei muito! Ótima surpresa! Parece que o Akira comprou na Expand.
Dalí, partimos para o vinho levado pelo aniversariante, um Louis Jadot Clos de Vougeot 2003! Aqui o negócio pega, claro. O vinho se mostrava um pouco fechado ao ser aberto (como pode isso? rs). Mas com o tempo, foi se mostrando. Ao nariz mostrava notas de fruta madura, com destaque para o cassis, cereja preta, alcaçuz e chocolate. Aliás, este último se destacava. Em boca, era amplo, maduro, com o cassis e chocolate mais uma vez dando o tom. O final era longo e prazeiroso. Foi melhorando a cada minuto na taça. Apressados beberão cru. É um vinho que pede tempo em taça ou decanter. Outra coisa: Deve ser bebido em temperatura adequada (como todos os vinhos aliás...). É que este é mais sensível neste aspecto. Não o sirva em temperaturas mais altas. Um belo vinho, claro. Se posso fazer uma pequena ressalva, diria que ele poderia ser menos maduro e ter menos chocolate. Mas isso é questão de gosto, não tem nada a ver com a (grande) qualidade do vinho. É que eu prefiro os borgonhas mais frescos, terrosos e especiados (como o Mazis-Chambertin Dominique Laurent também levado pelo André tempos atrás).
Depois desse vinhão, o Carlão apresentou um vinho embrulhado que denunciava ser feito com a Shiraz e origem australiana. O Carlão tentou ainda me confundir colocando outro na taça, também australiano, mas de categoria bem inferior. Quase me confundiu...rs. Bem, em determinada hora lhe perguntei: Seria um The Dead Arm? Ele então parou com a brincadeira e mostrou o rótulo: The Dead Arm 2006, top da australiana d'Arenberg. No começo o vinho estava fechado, mas com o tempo começou a mostrar aromas de ameixas e cassis, em meio a notas animais, cacau e especiarias (incluindo aquele apimentado típico). Em boca, era mais seco que a maioria dos Shiraz australianos e com um toque de madeira. Tinha menos extração e era mais fresco. Vi relatos de algumas pessoas que o beberam mais jovem mencionando ser um vinho bem concentrado. Eu não achei. Será que o tempo lhe fez bem? O final era longo e especiado. Um ótimo vinho! Me agradou muito, principalmente pelo lado mais seco, com fruta domada, sem exageros, e especiarias. É um vinho que eu quero repetir. Uma curiosidade sobre o seu nome. "Dead Arm" é uma doença causada na videira por um fungo, que acaba matando parte da planta (um "braço", ou arm, em inglês). No entanto, a parte que sobrevive (o outro "braço") produz frutos intensos e de muita qualidade. O vinho The Dead Arm é feito apenas com uvas de plantas afetadas com a doença. Veja aqui um filme explicando isso, no site da vinícola.
Bem, e eu levei um que já apareceu várias vezes aqui e nem preciso gastar linhas com ele: Solengo 2005, da vinícola toscana Argiano. Este dispensa comentários e fez sucesso com o pessoal.
O Risotto de Frutos do Mar feito pelo Chef Bart não é brincadeira..
E esta Rã com Ervas e Nozes então? 



segunda-feira, 21 de abril de 2014

Quinta da Manuela 2000: Vinho português de estirpe!

Lembro-me bem de quando provei um Quinta da Manuela 2001, servido pelo próprio artista, Jorge Serôdio Borges, que divide com sua esposa Sandra Tavares da Silva a autoria deste vinhão. Na ocasião, o meu amigo Richard, que me acompanhava em uma degustação da Vinci, o elegeu o vinho mais impressionante da noite. E estava realmente excelente. E recentemente, em visita aos meus amigos Zeca e Silvana, novos habitantes de Goiânia, apreciamos um Quinta da Manuela 2000 no restaurante Porto Cave. O vinho foi apreciado depois de um bem mais jovem Cortes de Cima Syrah 2011, e foi legal a comparação. O Quinta da Manuela, como nos disse o proprietário do restaurante, o simpático José Pedro, é vinho para paladares com rodagem. Aqueles que preferem toneladas de fruta e madeira saindo pelo ladrão, podem estranhar. O vinho é feito com Tinta Amarela, Tinta Cão, Tinta Roriz, Touriga Franca e Touriga Nacional, com a tradicional pisa a pé. A maturação é feita em barricas de carvalho francês novas (50%) e de segundo uso (restantes 50%). Ao nariz mostrava notas de cereja seca, ervas e tabaco. Em boca, repetia o nariz, mostrava taninos redondos e um final levemente herbáceo. Vinho tradicional, de muita categoria e que, no auge de seus 14 anos, mostra ainda muita vitalidade. Primeira linha! Digno de um jantar com grandes amigos. Se você quiser adquirir um deste, está disponível na Sabores de Portugal

domingo, 20 de abril de 2014

Elena Walch Lagrein 2010: Saia do trivial!

Abrimos este Elena Walch Lagrein 2010 em ótimo jantar com os amigos Márcio e Figueira no Empório Santa Clara, em Piracicaba.  Bem, foi risada prá todo lado e comida muito boa. E o vinho, não ficou atrás. Elena Walch é uma grande produtora italiana, do Alto Adige, Nordeste da Itália, local de onde saem vinhos pouco badalados mas com muita qualidade. A Lagrein é uma uva autóctone da região e descende da Teroldego. Eu costumava apreciar ótimos vinhos feitos com ela por Alois Lageder e Cantina Terlano. Mas ainda não conhecia os de Elena Walch. Este vinho é fermentado e posteriormente maturado por 14 meses em grandes botti de carvalho da eslavônia. Possui aromas de amoras, cacau, florais e alcaçuz. Em boca mostrava ótima acidez e mineralidade, com final especiado. Os taninos são presentes, característica de vinhos feitos com a Lagrein. Um vinho gastronômico por natureza, e que melhorou muito com o pato que o acompanhou (e acredito que foi bem também com aqueles 2 kilos de carneiro que o Márcio mandou...rs). Vinho muito bom e com a companhia dos amigos, ficou melhor ainda, É importado pela Decanter.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Meu vinho para a bacalhoada foi um Ventisquero Grey Pinot Noir 2012

Apenas para lembrar algumas coisas que já escrevi aqui no blog: Bacalhau vai bem com branco barricado (experimente o riojano Conde de Valdemar fermentado em barricas) ou tinto leve, pouco tânico. No caso destes últimos, a combinação com portugueses leves é certeira. No entanto, gosto também da combinação com Pinot Noir. E hoje, para acompanhar a minha famosa (na família...rs) bacalhoada, abri este Ventisquero Grey Pinot Noir 2012. Eu estava curioso para beber este vinho, pois havia visto que a revista Decanter elegeu o 2011 o melhor Pinot Noir chileno (lhe atribuindo 95 pontos!). Como não achei o 2011, peguei este 2012 mesmo, pois acho que o estilo deve se manter. A linha Grey da Ventisquero me agrada. São vinhos de bom preço e boa qualidade. O enólogo Felipe Tosso é caprichoso. Este Pinot Noir passou 12 meses em barricas de carvalho francês de primeiro (15%), segundo (30%) e terceiro (55%) usos. Ao ser aberto, o vinho mostrou aquele fundinho de goiaba típico, mas com o tempo, ele foi sumindo e a fruta se manifestou com notas de framboesa e cereja, em meio a notas terrosas e especiadas (noz moscada e canela). O nariz dava até a impressão de que seria doce em boca, mas não. Em boca é que mostra seu melhor lado. A acidez é correta e a fruta é equilibrada com notas terrosas e especiadas bem gostosas. É um vinho que ganha com tempo em taça e decanter. Se for bebê-lo, aere em decanter por uma hora. Mas atenção: É chileno! Não vá esperando um borgonha. Ele tem o carimbo chileno e assim deve ser encarado. Mas é muito bem feito e para mim, se destaca frente a seus colegas na mesma faixa de preço. Aliás, gostei mais dele que de seu irmão Herú. Vale a pena experimentar. A propósito, ele acompanhou muito bem a bacalhoada. 
Minha ressalva: O álcool é um pouco saliente. Aliás, 14% para um Pinot é muito.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Gravonia 2003: Outro belo branco de Lopez de Heredia!

Olha a cor do vinho!
Meus leitores sabem o quanto gosto dos vinhos de Lopez de Heredia. São vinhos únicos, que não se rendem a modernismos e que atravessam décadas mostrando tradição e elegância. Tanto os tintos como os brancos são vinhaços! Mas os brancos, longevos como poucos, brilham. São vinhos com longos anos em madeira e que conseguem, depois de muitos anos manter a vivacidade. Desde os mais simples, até o mais complexos (e caros), devem ser bebidos por aqueles que se dizem "bebedores de vinho". O Gravonia é o vinho de entrada do produtor. E que entrada...Vinho feito com 100% Viura e maturado por 4 anos em barricas de carvalho, com duas trasfegas anuais, clarificado com claras de ovos e engarrafo sem filtração. Tradição total. Seus ótimos 12,5% de álcool mostram que longevidade não tem nada a ver com bomba alcoólica. E não te deixam derrubado. Ao nariz mostra aquelas notas amendoadas, de cera de abelha e levemente oxidadas que muitos desavisados pensam ser defeito... Em boca, fresco, nos seus 11 anos. Longo e prazeiroso. Uma delícia de vinho! Só por curiosidade, ele ficou (não sei como) na lista dos Top 100 da Wine Spectator, com 93 pontos e a designação de altamente recomendado. Bem, de vez em quando eles acertam...rs.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Meandro 2006: Este vinho não tem erro!

Repito o desafio que fiz tempos atrás a quem quisesse apresentar aqui no blog um vinho argentino ou chileno melhor que o português Meandro na mesma faixa de preço. Se ele já é páreo duro para os próprios portugueses na mesma faixa, a briga fica bem mais fácil com os argentinos e chilenos. O segundo vinho da Quinta do Vale Meão impressiona pela qualidade e regularidade. Nunca tomei um que não tenha me deixado feliz. É daqueles que, se você tiver indeciso em qual vinho levar para uma reunião com amigos, tire um desses da adega e manda ver, que vai fazer sucesso. E olha, vai sempre agradar a todos e ficar na ponta brigando com os vinhos bonzões. E este Meandro 2006, que abri há uma semana, não estava diferente. Ao nariz mostrava notas de frutas maduras, kirsch, carne e chocolate. Em boca, repetia o nariz, era intenso e mineral. O final era longo e especiado. Uma delícia de vinho! Evoluiu que é uma beleza nesses 8 anos de vida. E aguentaria ainda uns outros na adega. Mas infelizmente, este já foi. Para quem for beber: Mesmo com seus 8 anos, ele precisa de um tempinho respirando para mostrar toda sua qualidade. Ah, e só para constar, ele foi top 100 da WS em 2009, com 92 pontinhos. 

domingo, 13 de abril de 2014

Na casa do Paolão: Chateau Trotanoy Pomerol 1994, Pago de Carraovejas Crianza 2007 e EQ Matetic Syrah 2010!

Dias atrás o Paolão ligou convidando para beber umas taças na casa dele. Disse que era um "velhinho", e que estava até com medo de já ter ido... Fui correndo, claro. O JP também. Chegando lá, era um Chateau Trotanoy 1994. O Chateau fica a um kilometro a oeste do grande Chateau Pétrus. Aliás, dizem que o vinho é vinificado da mesma forma que o grande Pétrus, com exceção para suas barricas usadas a cada ano, que são 1/3 a 1/2 novas. E enquanto o Pétrus é motivo de sonho para muitos apreciadores, o Trotanoy cabe no bolso. Os produtores dizem primar mais pelo frescor que pelo peso, o que acho ótimo. O vinho, como a maioria dos grandes bordeaux, é longevo e pede pelo menos uma década para mostrar suas qualidades. Este, tinha 20 aninhos. 
O Paolão me deu o prazer de abrí-lo e a rolha estava perfeita. Ao verter na taça, mostrava nervo e pediu decanter. Vejam a foto do danado descendo o funil... Que cor! E os aromas foram se revelando aos poucos. Notas de framboeza e cassis se mesclavam a notas de tabaco, herbáceas e de especiarias. Em boca tinha corpo médio, muito frescor para um vinho de 20 anos, clareza, taninos firmes e final longo. Muita elegância, claro... Duvido que alguém dissesse se tratar de um vinho de 20 anos. Aguentaria ainda muitos outros. Pode me chamar quantas vezes quiser para beber vinhos iguais a este, Paolão!!!
E não contente, o Paolão abriu um Pago de Carraovejas Crianza 2007. Aliás, é o segundo destes que ele nos oferece. Por isso, nem vou comentar muito. É só você dar um clique aqui para ler sobre ele. Mas tenho que dizer que gosto muito do danado, que se destaca pelo lado especiado. Um Ribera del Duero diferenciado e a ser conhecido.
Bem, e como o JP tinha levado um EQ Matetic Syrah 2010, e a gente não gosta de fazer desfeita (rs), resolvemos abrí-lo para beber pelo menos uma taça cada. Tá bom... matamos o vinho. Estava muito bom o danado! O vinho é um chileno produzido com uvas cultivadas de forma orgânica e segundo os preceitos da biodinâmica. A maturação é feita por 13 meses em barricas de carvalho. É um Syrah de primeira! Ao nariz mostra notas de amoras, cassis, de especiarias e minerais. Em boca, repete o nariz e mostra ótima acidez, mineralidade e um final especiado muito gostoso. Destaque para seu frescor, mineralidade e lado especiado. É um vinho muito rico, sem exageros e para mim, destaque entre seus colegas chilenos na mesma faixa. Ótimo vinho! Por isso, não teve jeito de ficar apenas com uma taça...rs.
Valeu amigos!


sábado, 12 de abril de 2014

Unánime 2007: O segundo colocado nos Top 50 da Decanter em 2013

Bem, o título é só para chamar um pouco a atenção. Estou meio cabreiro com estas listas top 10, top 50, melhor do mundo segundo avaliação da tribo Malaquita da Indonésia etc. No caso, o vinho ficou em segundo na lista Top 50 da revista Decanter em 2013, apenas atrás do Faustino I  Gran Reserva 2001. Restrições a parte, confesso que gosto das opiniões da Decanter, e resolvi experimentar. O vinho é feito pela vinícola argentina Santa Ana. Lembro-me que costumava apreciar, muitos anos atrás, um Merlot legal da vinícola. Este Unánime 2007 é um corte de Cabernet Sauvignon (60%), Malbec (25%) e Cabernet Franc (15%) e passou 20 meses em barricas novas de carvalho francês. Logo ao ser aberto, mostrou-se tímido, mas com algum tempo em taça começou a liberar aromas de cassis, pimenta do reino, azeitona preta, chocolate e minerais. Em boca repetiu o nariz e mostrou acidez muito boa e mineralidade. Os taninos são corretos e o final levemente herbáceo, que dava um charme ao vinho. Este finalzinho herbáceo fazia com que ele não ficasse enjoativo, o que é comum em muitos vinhos argentinos. Gostei bastante do danado, que mostra potencial para envelhecimento. O seu preço é bom, por volta de 120 Reais. Eu paguei ótimos 72! Uma bela compra! Vinho recomendado!

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Callabriga Dão 2007: Equilibrio

Abrimos este Callabriga Dão 2007, da portuguesa Sogrape, na Mercearia 3M. O vinho, da ótima safra de 2007, foi feito com uvas da Quinta dos Carvalhais, com as castas Tinta Roriz, Alfrocheiro e Touriga Nacional. Ele maturou por 12 meses em barricas de carvalho e mais 6 em garrafa antes de sair ao mercado. No comeo, o danado relutou em mostrar suas qualidades. Estava reticente, embora mostrasse bons aromas e bom potencial logo ao ser aberto. No entanto, com o tempo foi se abrindo em aromas de amoras, chocolate, baunilha e especiarias. Em boca mostrava sedosidade, boa acidez e taninos finos. O final era médio e levemente herbáceo. Vinho devidamente amaciado pelo tempo e bem equilibrado. Para um Dão, esperava até taninos mais pegados. Mas tudo estava correto. Só precisa de tempo para se abrir. Se for bebê-lo, não deixe de decantar por no mínimo uma horinha para ele mostrar suas qualidades. É um vinho gostoso e bem feito. Mas esperava mais "Dão"! E pelo preço, tem muitos concorrentes, tanto no Dão, quanto em outros sitios portugueses.

Cortes de Cima Syrah 2011: Para dar inveja a muito Syrah (caro) chileno

Bebi este vinho no restaurante Porto Cave, em Goiânia, junto meus amigos Zeca e Silvana. Várias coisas favoreceram a sua qualidade. Primeiramente, o produtor é craque com a Syrah. Vide o Incógnito... Depois, a grande safra de 2011 gerou grandes vinhos em Portugal. Além disso, a comida, estava ótima! As postas de bacalhau estavam divinas. E para finalizar, a companhia. Qualquer vinho melhora com boa companhia. E com estes amigos, de décadas, o vinho tinha mesmo que ficar ótimo. Este Cortes de Cima Syrah 2011 é um 100% Syrah que passa 8 meses em barricas de carvalho francês e americano. Ele mostrou as garras logo ao ser aberto. Notas florais se mesclavam a notas de cereja preta, baunilha e grafite. Com o tempo, foi se transformando e surgindo chocolate amargo, toques de pimenta e alcaçuz. Em boca repetia o nariz e mostrava excelente frescor e mineralidade. Um ótimo vinho, que vale cada centavo. Dá chinelada em chileno que custa bem mais. Recomendado!

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Esporão Reserva tinto 2011: Compre de caixa!

Eu tenho um apreço especial pelo Esporão Reserva. Quando conheci o Fernandinho, do Ciao Bello, sentei-me à mesa com ele no seu restaurante para jantar e conversar. No meio da conversa ele me disse: Quer um vinho bom, e de ótimo custo benefício? Compre um Esporão Reserva! No dia seguinte passei naquele supermercado que costumava vender grandes vinhos portugueses e mandei ver. Isso vai fazer quase 20 anos... Que saudades. E eu concordo plenamente com o Fernandinho. Esporão Reserva é garantia de satisfação. E como envelhece bem o danado... Bem, e esse Esporão Reserva 2011 se superou. Mais uma comprovação de que a safra 2011 foi mesmo grandiosa em Portugal, não apenas para os Portos Vintage, mas também gerando grandes vinhos finos de mesa. Este tinto foi feito com Aragonez, Trincadeira, Cabernet Sauvignon e Alicante Bouschet. Passou 12 meses em barricas de carvalho americano e francês, e mais 12 meses em garrafa antes de sair para o mercado. Ao nariz mostrou notas florais, de amoras e kirsch, em meio a notas de cedro, alcaçuz e chocolate. Em boca, repete o nariz, mostra ótimo frescor e taninos firmes. É intenso e com final longo. Um vinho vivo, com fruta e madeira na medida certa. Um dos melhores Esporão Reserva que bebi. Já pode ser apreciado agora sem nenhum problema, mas deve melhorar ainda mais com algum tempo de adega. Muito bom, mesmo! Como disse, para comprar de caixa e ir abrindo uma garrafa de vez em quando. 

Ps. Tasquei o vacuvin no que sobrou, porta da geladeira e no dia seguinte o vinho estava ainda mais redondo, com notas balsâmicas e tabaco. Delícia!

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Barbaresco Elvio Cogno Bordini 2010: Dê-lhe tempo

O Caio nos brindou com um vinho cujo irmão de 2008 já apareceu por aqui. Era um vinho de uma vinícola piemontesa que gosto muito, a Azienda Agricola Elvio Cogno. O Barbaresco Bordini 2010, levado pelo Caião, mostrava grandes qualidades. Tinha notas florais, de morango, tabaco e folhas secas. Em boca tinha um estilo leve, com ótima acidez, mas claro, ainda tânico pela idade. Achei um desperdício bebê-lo agora, e sem ao menos decantar. É um ótimo vinho, mas precisa de tempo. O 2008 está bem melhor agora, e mesmo assim, precisa de decanter. Se tiver um desses, experimente daqui a uns 2 anos e não deixe de decantar. E é claro, ele pede comida.

Complementando: Este vinho é importado pela Vinos y Vinos, que sempre faz umas promoções legais dele.

terça-feira, 8 de abril de 2014

O Vinhobão voltou!!! E com tudo: Incógnito 2008, Flaccianello 2009, La Cumbre 2007, Brunello La Colombina 2007 e muito mais!

Caros leitores: Nessas últimas semanas descansei um pouco, pensei, pensei, e voltei. Muitos amigos pediram a volta, e recentemente, uma noite da confraria na casa de nosso amigo Paulo Flaquer, me fez tomar a decisão final. A noite foi decisiva. O Paulinho nos recebeu em sua casa com tanto carinho e fidalguia, que me impulsionou a retomar o blog. A comida estava ótima. Além dos petiscos e queijos oferecidos pelo Paulinho, o Caião e o Tom foram os responsáveis pelos (excelentes) assados.
Bem, e cada um levou um vinhão, claro. Começo por onde? Acho que pelo vinho do anfitrião. E não era um vinho, era "o vinho": Incógnito 2008, top da vinícola portuguesa Cortes de Cima. O nome do vinho vem daquela história já batida, do tempo em que a Syrah não era permitida no Alentejo. Em 1991, a vinícola foi a primeira a plantar a uva, e colocou o nome Incógnito no primeiro vinho engarrafado em 1998 para não revelar o nome da casta (embora todo mundo provavelmente soubesse). O vinho passa apenas 6 meses em barricas de carvalho francês, e a madeira não sobrepuja a fruta. Ao nariz mostra notas de amoras silvestres, cacau, charuto e alcaçuz. Em boca, mostra frescor, intensidade e taninos corretíssimos. Possui grande clareza e nada de excesso de extração. Um vinho excelente! Para ser apreciado em todas as safras. Aliás, ele só é produzido nas grandes. Valeu, Paulinho!
Em seguida, o vinho levado pelo JP, que também pegou pesado: Flaccianello 2009! Este não tem muito o que falar. Só lembrando que o 2006 foi o vinho que escolhi como o que mais me agradou no ano passado. Este 2009 não ficava atrás. Um grande Sangiovese, com aromas de cereja preta, cassis, tostado, alcaçuz e notas minerais. Em boca, era explosivo, intenso, carnudo, com taninos finos e final interminável. Um gole mais generoso e ele mostrava seu lado explosivo na boca. Um grande vinho da Fontodi. Não que precise, mas só para citar, ele foi (de novo) top 100 da WS, com 96 pontinhos. Mas não é isso que o faz um vinhaço. Grande vinho, JP!
O Caião também exagerou. Levou um La Cumbre 2007, Syrazão de primeiríssima da Errazuriz. Outro vinho de primeira grandeza. Fermentado com leveduras da própria uva e maturado por 18 meses em barricas novas de carvalho francês. Ao nariz mostra aromas de amoras, cereja preta, alcaçuz, chocolate amargo e um apimentadinho gostoso no fundo. Com o tempo, notas de tabaco foram surgindo, dando charme ao conjunto. Em boca, era denso, untuoso, repleto de sabores e com boa mineralidade. Um vinhaço! Sem dúvida um dos melhores Syrah chilenos que apreciei. Vinho de ponta! Isso aí, Caião!
E vamos em frente... Passo para o que eu levei, depois de decantar por 10 horas: Brunello di Montalcino La Colombina 2007. Este vinho ficou em primeiro lugar em um painel de Brunellos da revista Decanter, com 95 pontos. E estava muito bom! Sangiovese em seu esplendor. Notas de cereja preta, chá, alcaçuz, tabaco e couro. Em boca, incrivelmente sedoso para um Brunello de 2007, mas não deixando de mostrar excelente acidez e taninos... de Brunello! O tempo em decanter lhe fez muito bem, claro. Mas mesmo assim, surpreendeu. Esperava algo mais pegado. Quando abri, obviamente, tirei um pouquinho para experimentar. E estava nervoso. Mas o tempo de decantação mostrou o quanto é importante isso para um Brunello. Vinhão!
O Tonzinho levou um Campo Viejo Gran Reserva 2005, Rioja da jovem vinícola fundada em 2001. O vinho passa dois anos em barricas e 3 em garrafa antes de sair ao mercado. Tem aromas de cereja, alcaçuz e tabaco. Com o tempo, foram aparecendo aromas de couro, que foram cada vez mais se destacando e até mesmo sobrepujando os demais. É para beber pouco tempo depois de aberto. Em boca possuía corpo leve para médio e taninos levemente arenosos. Um vinho muito bom, mas que, como mencionei, não tem como amiga a aeração.
O Rodrigo, levou um replay, o sedoso Perdriel del Centenário 2007, corte de Malbec, Cabernet Sauvignon e Merlot, da Norton. Assim, não gastarei mais linhas com ele, e remeto à postagem antiga (acima). Vale citar sua sedosidade e boa evolução.
O Joãozinho levou um de uma linha que gosto muito, que é a Single Vineyard da Trapiche. No caso, era um Trapiche Viña Jorge Miralles 2008. Vinho com aromas de figo e ameixa, em meio a um tostadinho gostoso e toffee. Em boca, mostrava boa acidez e muita sedosidade, característica da linha. Um ótimo Malbec. Dos melhores e mais confiáveis da Argentina. Certeza de agradar.
E para finalizar, o Paulinho trouxe uma "baciada", quero dizer, um recipiente belíssimo, em forma de taça, repleto de pães de mel, maravilhosos, acompanhados de um Porto Ferreira LBV 2008, escuro, intenso, com notas de mirtilo e chocolate amargo. Delicioso! Que beleza! Foi difícil não repetir várias taças acompanhadas dos deliciosos pães de mel. Combinação perfeita.
Obrigado Paulinho! A noite foi memorável e responsável pela volta do Vinhobão!