quinta-feira, 30 de abril de 2015

4 vinhões para celebrar: Champagne Pierre Gimonnet e Fils Paradoxe 2006, Caves São João 93 Anos de História 2011, Aalto PS 2006 e Bacalhôa Moscatel Roxo 1997!

Dias atrás recebi a visita do Akira e Carlão para iniciarmos as celebrações de mais um inverno deste que vos escreve. Os recebi com um Champagne Pierre Gimonnet e Fils Paradoxe 2006. É um Champagne feito com Pinot Noir (66%) e Chardonnay (34%). Tem uma bela cor amarelo dourada e aromas muito ricos com notas florais, maçã gold, amendoadas, casca de laranja, gengibre e brioche. Em boca é cremoso, amplo, especiado e com acidez perfeita. Uma delícia de Champagne! Perfeito sozinho, com entradas e também pratos principais a base de pescados. Pode ser bebido agora ou guardado ainda por uns bons anos. Comprei na Casa do Vinho, de BH. Vale cada centavo!!!
O Akira levou uma bela novidade das tradicionais Caves São João. A vinícola, conhecida por produzir vinhos longevos na região da Bairrada e Dão, comemorará 100 anos em 2020. Até lá, lançará a cada ano um vinho especial, com rótulos diferenciados rementendo a fatos marcantes para a história da humanidade. Serão 11 garrafas únicas. Este Caves São João 93 Anos de História 2011 remete às décadas de 50-60, mais precisamente aos anos dourados, quando a vinícola tinha seus 40 anos. É uma edição de colecionador, com produção limitada a 1193 garrafas de 750 mL e 139 Magnuns. Vem em uma belíssima caixa. A intenção da vinícola é que o vinho traga a longevidade tradicional mas que também possa ser bebido agora. E ela conseguiu. O vinho, feito com Touriga Nacional, mas embora traga suas características florais, não é com exagero. Tem um perfil moderno, concentrado, mas nem um pouco enjoativo. As notas florais se mesclam a fruta madura (amoras), especiarias, cacau e notas minerais. Em boca mostra aquela acidez típica do Dão, que lhe aporta frescor e compensa a fruta madura. Os taninos são maduros e o final longo e especiado. Destaca-se pela cremosidade. Uma beleza de vinho, de safra espetacular e produtor excelente, apontando para grande evolução pela frente (mas podendo já ser apreciado agora). Minha garrafa ficará na adega por mais uns anos. Mas esta que o Akira levou, já nos deu muito prazer.
O Carlão pegou (muito) pesado. Levou um Aalto PS 2006! Quem conhece o Aalto normal já sabe que trata-se de um grande vinho. Mas o PS é degraus acima. Dá para imaginar? Bem, as Bodegas Aalto foram fundadas e têm como diretor técnico ninguém menos que o grande Mariano Garcia, que foi responsável durante 30 anos (1968 a 1998) pelos vinhos da Vega Sicília. Bom CV, não? Então é claro que podemos esperar vinho grande. O Aalto PS, como o nome indica, é feito com Tempranillo de pagos selecionados, de videiras velhas, com idades entre 60 e 100 anos, de baixos rendimentos. Passa 22-24 meses em barricas novas de carvalho francês. É um vinho grandioso! Este 2006 mostrava aromas enebriantes, de ameixas, cerejas pretas, especiarias, toffee, chocolate, tabaco e alcaçuz. Parece exagero, né? Não é! O vinho mudava a cada minuto na taça. Em boca, repetia o nariz, mostrava notas lácteas, tostadas e de madeira de ótima qualidade. É um vinho amplo, intenso, com taninos sedosos ao extremo. O final era especiado e interminável. Uau! De deixar saudades. Vinhaço! Entre os melhores que já bebi da Espanha (e olha que já tive o prazer de beber uns bons...rs). 
Bem, e para finalizar e acompanhar a sobremesa, abri um Bacalhôa Moscatel Roxo 1997. O vinho estava delicioso. Cor escura pela idade, notas de frutas secas, doce de laranja, amendoadas e tabaco finíssimo. Em boca a acidez equilibrava o dulçor e o vinho descia macio e pedindo mais uma taça. O final era longo e o tabaco dava o tom. Vinho muito rico. Uma beleza!
Isso aí!


terça-feira, 28 de abril de 2015

Tessellae Old vines 2011: Mais um 93 RP?

De vez em quando escrevo sobre alguns vinhos que ganham (muitos) pontos de críticos e na minha opinião, de forma exagerada. E é o caso deste Tessellae Old vines 2011. O vinho ganhou 93 pontos de Mr. Parker e pude bebê-lo dias atrás por oferta do Carlão. A vinícola (Domaine Lafage) cultiva uma área bem grande de videiras (138 hectares) e fica no Roussillon. Esta é uma região francesa (sul) menos badalada e que costuma ter bons vinhos a bom preço. O vinho em questão é um clássico corte GSM (Grenache/Syrah/Mourvédre), mas com uma pitadinha de Grenache gris. O envelhecimento é em tanques de concreto por um ano. É um vinho floral, perfumado, e com notas de cereja, chocolate e minerais. Pelo menos no começo, o nariz é melhor que a boca. Mas com o tempo ele vai se soltando. Assim, é melhor decantar ou esperar um pouco para que ele se abra. Depois disso, em boca corresponde ao nariz, tem boa acidez e taninos redondos. O final é médio. É um vinho bem feito, agradável e que desce fácil. Mas mesmo eu não tendo competência para pontuar, e tampouco gostar de fazê-lo, sugeriria dar um desconto de uns 5 pontinhos na nota de Mr. Parker. 

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Catherine e Pierre Breton Chinon Les Picasses 2004: Autêntico

A Cabernet Franc costuma recompensar quem tem paciência. Nova, ela pode ser nervosa, mas o tempo lhe faz muito bem. E se o vinho vem do Vale do Loire, a recompensa é maior ainda.  E este é um produtor que sempre me agrada. Sou fã dos vinhos de Catherine e Pierre Breton. Eles são adeptos da produção chamada "natural", com pouca intervenção. Praticam a agricultura orgânica, utilizam leveduras da própria uva etc... O resultado é um vinho mais puro, sem manipulações. A história do "vinho natural" é bastante controversa e dá margem a muita discussão. É claro que o fato de ser feito com pouca intervenção não garante a qualidade do produto. Os produtores precisam saber vinificar. E estes sabem. Este Catherine e Pierre Breton Chinon Les Picasses 2004 estava muito bom. O vinho ainda estava com uma cor viva e aromas típicos da casta, com notas de amoras, azeitonas, tomate, alcaçuz e apimentadas. Em boca, repetia o nariz e mostrava-se seco, mineral, picante e bastante fresco. O final é apimentado e mineral. A única crítica é que o final não é lá dos mais longos. Se fosse um pouco mais persistente... Mas no geral, o vinho é muito típico e prazeiroso. É vinho que pede comida e que caminha em direção oposta às bombas concentradas, cheias de geléia, álcool alto e madeira no talo. Portanto, se você é fã desses últimos, talvez demore um pouquinho a virar um fã dos vinhos de Catherine e Pierre Breton. Mas quando ficar, vai querer repetir sempre que puder.

domingo, 26 de abril de 2015

Silicum Rosso 2010: Bom vinho de San Gimignano

A vinícola Poderi del Paradiso, da região de San Gimignano (Toscana), produz uma ampla gama de vinhos. A Azienda se dedica também ao agroturismo, oferecendo acomodações muito bonitas (e com uma vista privilegiada). Além de possuir vinhedos com as tradicionais Sangiovese e Vernaccia, iniciou a partir de 1980 a produção de variedades francesas, como a Cabernet Sauvignon e Franc, Merlot, Syrah e Chardonnay.  Este Silicum Rosso 2010 é feito com 50% Sangiovese, 30% Merlot e 20% Syrah, com estágio de 14 meses em barricas novas de carvalhos francês. É um vinho de cor escura e aromas de amoras maduras e alcaçuz, em meio a um tostado na medida e couro. Em boca, repete e nariz, mostra boa acidez e taninos redondos. Destaque para a sua boa persistência. O vinho, da belíssima safra 2010 na Toscana, oferece boa qualidade pelo preço que pagamos, um pouquinho acima de 100 pilas. Infelizmente, andou subindo. Se for bebê-lo, vale decantar por uma meia horinha para ele se abrir. Pode ser bebido agora, mas tem potencial de guarda. É importado pela Casa Flora.
Vista superior da propriedade

Vista superior da propriedade
Vista até que bonita, né? rsrs

domingo, 5 de abril de 2015

El Incidente 2008: Carménère distinto da Viu Manent!

Acho que os meus leitores devem notar que não sou fã ardoroso de vinhos que têm a Carménère como majoritária. Aquele herbáceo exagerado da maioria deles me incomoda. Mas há alguns que conseguem um bom equilíbrio. É o caso deste El Incidente Carménère 2008, da Viu Manent. O nome recorda uma viagem que José Miguel Viu Bottini, da terceira geração da família, fez com um grupo de amigos para sobrevoar seus vinhedos em Colchagua. A viagem terminou quando o balão caiu inesperadamente em um mercado ao ar livre na cidade de Santa Cruz, sob os olhares surpresos do povo local. Felizmente, todos saíram bem do acidente. O rótulo e contra-rótulo estampam o fato. O vinho foi lançado em 2007 e contém, além da Carmenére, pitadas de Malbec e Petit Verdot. A maturação deste 2008 foi feita em barricas novas de carvalho francês (97%) e americano (3%), por 23 meses. Ao nariz mostra notas de fruta madura em compota (cereja preta e amoras), em meio a chocolate, tabaco e um tostado na medida. Ah,  e é claro, pimenta do reino (sem exageros). Em boca, repete o nariz, mostra ótima intensidade e taninos muito sedosos. O final é longo e com notas de café com leite e chocolate. É um vinho bem complexo e com grande potencial de guarda. Sem dúvida, é um Carménère distinto, feito para ser grande, e a ser conhecido. Gostei dele. Lembrou-me o Microterroir da Casa Silva, pela intensidade e elegância.



sexta-feira, 3 de abril de 2015

Quinta das Bágeiras Reserva 2010: Belo Bairrada!

Há tempos queria conhecer os vinhos da Quinta das Bágeiras. A vinícola é propriedade do enólogo Mário Sérgio Alves Nunes, considerado uma das estrelas da Bairrada. Ele faz parte do grupo chamado "Baga Friends", formado por produtores como o grande Luis Pato. Felipa Pato, Kompassus (Luis Póvoa - ex-Quinta de Baixo), Quinta da Vacariça, Palácio do Buçaco e Sidônio de Sousa. Este Quinta das Bágeiras Reserva 2010 iniciou muito bem meu caminho pelos vinhos do produtor. É um vinho que tem a Baga temperada com a Touriga Nacional (60/40). A fermentação é feita sem desengace, em pequenos lagares, e a maturação em tonéis de madeira avinhada. É engarrafado sem colagem ou filtração. A produção é pequena. Esta era a garrafa número 1721 de 7529 produzidas. O vinho tem aromas florais e de frutas maduras (amoras e cassis), até meio licorosas, em meio a especiarias e um fundinho amadeirado na medida. Em boca, destacava-se pela acidez vibrante, que lhe aporta grande frescor, e taninos firmes mas muito redondos. Tem um toque terroso delicioso! O final é especiado e com um toque amadeirado, lembrando o engaço. O corte com a Touriga dá uma amansada na Baga (para aqueles que ainda a estranham - Eu a adoro!). É um vinho bastante rico e que oferece muito pelo seu preço (custou um pouquinho menos de 100 pilas). Preencheu completamente minhas expectativas. Aliás, as superou. E foi muito bem com a bacalhoada. Estou agora curioso para experimentar toda a linha, pois dizem que os espumantes são ótimos, assim como os Garrafeiras (branco, Pai Abel Branco e Garrafeira tinto).