terça-feira, 30 de abril de 2013

E na noite do Sassicaia, ainda teve: Casa Ferreirinha Reserva Especial 2003, Don Maximiano 2008, Caballo Loco 12 e Foradori Sgarzon Teroldego 2010!

E a turma não brinca. Na noite em que levei o Sassicaia os amigos surgiram com grandes vinhos. Três deles foram replays, pelo menos para esse que vos escreve. Mas que replays! Pode repetir que fico feliz! Um foi novidade, bem distinta. Mas vamos a eles...
O primeiro foi o Casa Ferreira Reserva Especial 2003 levado pelo amigo João Paulo. Bem, todo mundo já sabe da história: Quando não sai Barca Velha, lançam o Ferreirinha. Alguns, chegam bem perto de seu irmão maior, como foi o caso do grande 1997, já comentado aqui no blog (clique aqui). Esse 2003 também já apreciamos tempos atrás (clique aqui). Dessa vez, parecia ainda melhor. É um vinho que trás a elegância da Casa Ferreirinha. Tem um carimbo! Um gosto peculiar. A sua marca são as frutas vermelhas maduras, sous-bois e o tabaco leve, com um fundo de alcaçuz muito gostoso. Elegância total. Não tem como não agradar.
Do lado dele, um outro replay, levado pelo amigo Caio. Aliás, foi comentado aqui na semana passada (clique aqui). Falo do Don Maximiano 2008. Nem gastarei muitas linhas com ele, por dispensar. Agradou a todos e acompanhou a comida com maestria.
E vizinho do Don Max, seu conterrâneo chileno, que traz aquela interrante história dos blends com vinho do ano anterior. Esse Caballo Loco 12 também já passou aqui no blog (clique aqui). Uma beleza de vinho feito com uvas da colheita de 2007 mescladas com o vinho do ano anterior. Potente, pegado, chilenão típico, mas que mostra grande riqueza e potencial de envelhecimento. Esse não envelhece mais, e ainda contribuiu para que envelhecessemos menos...rs. Beleza de vinho! Valeu Rodrigo! Gracias!
Elisabetta Foradori - Foto de http://www.winestories.it/eng/elisabetta-foradori/
E do lado direito do Caballo, o mais diferente da noite, levado pelo amigo Paolão. É um vinho do nordeste da Itália, mas precisamente, do Trentino-Alto Adige, feito pela vinícola Foradori. A vinícola foi estabelecida em 1901, mas o primeiro vinho foi lançado na década de 60. Quem comanda tudo atualmente é Elisabetta Foradori (foto). E o faz, de maneira muito especial. Não são utilizados pesticidas ou adubos químicos e o cultivo é biodinâmico. São apenas 23 hectares de vinhedos, em sua maioria, da uva Teroldego, uma uva que é irmã da Dureza, que por sua vez, é conhecida como sendo a mãe da conhecida Syrah. Esse Foradori Sgarzon Teroldego 2010 é feito com uvas do vinhedo Sgarzon, que com seus poucos 2.5 hectares, é conhecido por ter muita influência do clima frio e gerar vinhos muito frescos. Junto com o seu irmão Morei é considerado o que mais expressa a caraterística da casta. 
Ânforas - Foto de http://www.winestories.it/eng/elisabetta-foradori/
O vinho não passa por madeira. A fermentação e maturação é feita com as cascas em ânforas espanholas (tinajas - foto) por 8 meses. Não são utilizadas leveduras industriais e pouquíssimo sulfito é adicionado, só ao final do processo. E o vinho é realmente distinto. Ao abrir e verter na taça senti um aroma diferente, talvez oriundo do estágio na ânfora. O aroma foi ficando mais integrado em pouco tempo em meio a notas de amora, cereja preta e toques minerais. Em boca o vinho era fresco, mineral, com taninos perfeitos e um leve amargor final, que de nada incomodava. Um vinho muito bom, mas para apreciadores mais vividos. Ainda bem que tenho um Morei e um Granato para apreciar logo. Só que esse último, já passa por madeira. A propósito, a fruta do rótulo, a romã, é a preferida de Elisabetta, que a considera a mais bela das frutas, por ser um mosaico espontâneo e surpreendente. Notem que gastei mais linhas com esse vinho, por dois motivos: Ele me atrai muito e os outros já haviam passado aqui pelo blog, dispensando maiores comentários.
Bem, e ao final, à direita, um Champagne levado pelo Fernandinho, que acabamos não abrindo na noite para não extrapolar.
Gracias, amigos!

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Don Maximiano 2008 versus Don Melchor 2008: Briga Chilena!

Dois amigos da Universidade e esse que vos escreve resolvemos realizar um encontro acadêmico e é claro, regado a bons vinhos. Sendo a meu convite, resolvi entrar com as botellas. 
Bem, a dupla era formada por dois chilenos badalados: Um Don Maximiano 2008 e o Don Melchor 2008. Esses vinhos fazem uma guerra particular entre os grandes vinhos chilenos. Ambos colecionam elogios da crítica especializada. O Don Maximiano, vinho top da chilena Errazuriz, surpreendeu o mundo ao vencer, em degustações às cegas, vinhos renomados de Bordeaux. O Don Melchor, que surgiu com um ótimo preço, logo em suas primeiras safras ganhou elogios rasgados da crítica e com isso, aumento de preço. Os dois situam-se na mesma faixa e têm em comum serem feitos majoritariamente com a Cabernet Sauvignon. Nesse nosso jantar, apreciamos um exemplar de Don Maximiano 2008 e um Don Melchor do mesmo ano, harmonizando com pratos elaborados pelo Chef Bart, do Chez Marcel.
O Don Maximiano 2008 é feito com 84% Cabernet Sauvignon, 8% Carménère, 5% Syrah e 3% Petit Verdot, do Aconcágua. A colheita e seleção das melhores uvas são feitas manualmente. A fermentação é feita em pequenos tanques de inox e a maturação em barricas novas de carvalho francês por 20 meses. É um vinho aromático, com notas de cassis, cereja preta, tabaco, canela e alcaçuz. Um fundo tostado também se fazia presente, sem exagero. Em boca, repetia o nariz e mostrava grande equilíbrio. Tudo no lugar: fruta, álcool, acidez e a madeira. Os taninos são corretíssimos e muito sedosos. Um vinho muito gostoso. Gostei mais que outros de safras anteriores que bebi. Elegância prá dar e vender (principalmente para vender...rs).
Junto com o Don Max, apreciamos um Don Melchor 2008. Esse com boas diferenças em relação ao anterior. O vinho é feito com 97% Cabernet Sauvignon com 3% de Cabernet Franc e passa 15 meses em barricas de carvalho francês. É um vinho com mais pegada, nervoso, com notas de cassis, tabaco, café, tostado e chocolate. Um fundo balsâmico também estava presente e a madeira  aparece, mais do que eu desejaria. Talvez (espero) melhore com o tempo. Os taninos são mais presentes que no Don Max, assim como a acidez. É um bom vinho, com maior potencial de envelhecimento que seu colega da Errazuriz. Mas a madeira me incomodou.
Uma curiosidade: A Wine Spectator deu apenas 89 pontos para o Don Maximiano e 94 pontos para o Don Melchor. Uma diferença que nem eu, nem meus dois amigos concordamos. A nosso ver, o Don Max era mais rico e elegante enquanto o Don Melchor estava um pouco áspero (talvez evolua com tempo de adega). Esse Don Max 2008, talvez por não ter tanta potência, não agradou muito a WS. E eu acho isso bom. Ambos, são vinhos internacionais, feitos para agradar.  Eles me agradam? Claro! Não sou bobo nem nada... Mas já me entusiasmaram mais. Atualmente, meus olhos já não brilham tanto ao mirá-los. E além disso, os dois são caros no Brasil. Pelo preço de cada um eu faço a festa com belos portugas, espanhóis, italianos e franceses, que me deixariam mais feliz. E não precisa procurar muito, hein!
Mas o fato é que a comida estava boa, a companhia dos amigos maravilhosa e os vinhos, enriqueceram muito o momento.
Até a próxima!

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Aos meus amigos, o que há de melhor: SASSICAIA 2006!

Nessa semana passada tivemos uma celebração e eu tive que levar um vinho bão, claro. Depois postarei sobre os belíssimos vinhos que os meus grandes amigos levaram, mas esse aqui, tenho que fazer uma postagem separada. E meus leitores, todos conhecedores e de ótimo gosto, sabem que esse Sassicaia 2006 merece. 
Confesso que às vezes fico meio cabreiro ao ver o pessoal chamar de "ícone" qualquer vinho, só por que é o top de determinada vinícola e tem um precinho mais salgado. Mas se esses são ícones, como definiríamos um Masseto, Ornellaia, Solaia, Sassicaia e tantos outros? Isso pra ficar apenas em alguns grandes italianos. Onde fica a história nisso tudo? Bem, mas deixando a chatice de lado, voltemos ao Sassicaia. O vinho foi lançado no final da década de 60, pela Tenuta San Guido, e é considerado, juntamente com o Tignanello um dos precursores dos famosos "supertoscanos". Na realidade, o Sassicaia é o primeiro supertoscano, pois foi lançado em 1968, enquanto o primeiro Tignanello, em 1971 (embora a família Antinori já fizesse experimentos com castas francesas há muito tempo).  Esse Sassicaia que levei, da grande safra de 2006, é feito com 85% Cabernet Sauvignon e 15% Cabernet Franc. Matura 24 meses em barricas de carvalho francês e 6 meses em garrafa antes de sair para o mercado. Olha, é meio difícil de descrever esse vinho. Na verdade, um vinho desses nem precisaria de descrição. Posso até mencionar que seus aromas pulavam da taça, que quietinho exalava notas de cassis, amoras, tabaco, alcaçuz e um leve apimentado que foi dando lugar a um mentoladinho gostoso depois de muito tempo. Posso também citar que a madeira estava presente, mas muito bem integrada, assim como tudo no vinho. Que era um vinho estruturado, intenso, elegante, complexo, finíssimo, com taninos sedosos e perfeitos, e com um final interminável. Mas tudo isso seria desnecessário. Era só mencionar que se tratava de um Sassicaia de uma grande safra, e um desses, é para ficar na lembrança de bons apreciadores. Uma delícia!
Bem, a noite teve ainda grandes vinhos, que virão juntos em uma outra postagem. E olha, tinha muita coisa boa...

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Malbec Day??? Então tá... Colomé Auténtico Malbec 2011: Orgânico, biodinâmico, sem madeira e excelente!

Já relatei aqui minha predileção, em se tratando de Malbecs, por vinhos da Colomé e Noemía, ou seja, dos dois extremos da Argentina. São vinhos que fogem daquele padrão "Malbequiano" que tomou conta do mercado. Recentemente, apreciando um Colomé 180 Años 2010 confirmei novamente o fato (clique aqui). Na semana passada, o amigo JP nos ofertou uma garrafa do Colomé Auténtico Malbec 2011. O vinho é um lançamento da vinícola, que ainda não vem para o Brasil e fica na mesma faixa do 180 Años e do Colomé Reserva. Ou seja, é da linha superior. Só lembrando, a Colomé é a vinícola mais antiga da Argentina, usa dos preceitos da biodinâmica e tem os vinhas mais altos do mundo (até 3.000 m). São vinhas muito antigas, como as que geraram as uvas para esse Autêntico, com cerca de 150 anos.
O vinho é uma homenagem aos pioneiros da vinícola, que começaram a sua saga em 1831. Ele é produzido com técnicas ancestrais, utilizando o pigeage, leveduras selvagens, sem bactéria láctica para acelerar ou provocar a fermentação, pouca correção de acidez e pouco SO2. Além disso, não estagia em madeira (passa 9 meses em tanques de inox) e é engarrafado sem filtrar. Antes de ser comercializado, descansa 9 meses na garrafa. Esse Malbec tem cor bem escura, mas com tons mais avermelhados e menos violeta (comum na maioria dos Malbecs) [ver a taça ao lado]. Ao nariz, é uma explosão de frutas, mas sem aqueles exageros de geléia. É muito rico e vivo. As notas de cerejas, amoras e figo se mesclam a especiarias, como o cravo e alcaçuz e um fundo mineral (grafite) muito gostoso. Em boca, é intenso, concentrado e mineral. Além disso, mostra uma acidez vibrante e taninos ainda nervosos, mas que não incomodam. Nadinha enjoativo! Sempre pede outra taça. Um vinhaço! Tá novo? Claro. Mas assim como mencionei para o Barbaresco Pio Cesare, não tô nem aí! Deu um prazer danado agora e certamente daria até mais daqui a alguns anos. Mas o amanhã, deixa prá depois. Quero ter o prazer de beber um desses daqui a uns 4 anos, mas aí, é outra história. Esse já foi!!! Gracias JP!
A propósito, os vinhos da Colomé são importados pela Decanter, mas acho que esse ainda não está no catálogo.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Meandro 2009: Qualidade a toda prova!

Se alguém quer beber um ótimo duriense, a um preço condizente, não hesite: Meandro! Esse vinho já foi até mais barato (como todos, claro), mas mesmo atualmente, tem um preço que justifica plenamente o investimento. O segundo vinho da Quinta do Vale Meão é muito bem feito e difícilmente não agradará um paladar de bom gosto. Já apreciei de várias safras, antes de ter o blog, e sempre fiquei contente. O 2008 já apareceu algumas vezes aqui no Vinhobão (clique aqui e aqui). Bem, nesse almoço de domingo mandei ver em um Meandro 2009. O vinho é feito com Touriga Nacional (35%), Touriga Franca (30%), Tinta Roriz (25%) e pitadas de Tinta Barroca e Sousão (5% de cada). As uvas são maceradas por pisa-a-pé durante 4 horas em lagares de granito e fermentadas separadamente em tanques de inox. A maturação é feita em barricas de segundo e terceiro uso de carvalho francês Allier. O danado esbanja frutas silvestres, cerejas e com algum tempo em taça, alcaçuz, chocolate e grafite. A acidez é perfeita, deixando o vinho fresco e vibrante. Os taninos são sedosos e o final longo. Um ótimo vinho! Esse nunca pode faltar na adega. Sempre que comento sobre ele lanço o desafio: Tente achar um chileno ou argentino na mesma faixa e que ofereça tanta elegância e complexidade. E depois me fale se conseguiu.
A propósito, o vinho é importado pela Mistral.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Malbec Day? Tem um bom aqui no meio: Casa Marin Cipreses Sauvignon Blanc 2009, Carmelo Rodero Reserva 2007, J. Alberto 2008 e Almaúnica Quatro Castas 2010

Mais uma reunião da Confraria do Ciao, regada a ótimos vinhos. De entrada, um que levei, e que já apareceu aqui no blog, o Casa Marin Cipreses Vineyards Sauvignon Blanc 2009. Nem vou comentar muito sobre ele, que acho o melhor Sauvignon Blanc do Chile. É um vinho que mostra ótima fruta, toques florais e grande mineralidade. Se você gosta de Sauvignon Blanc não pode deixar de experimentar esse. Vale cada centavo investido. 
Seguindo na foto, agora nos tintos, um belo Carmelo Rodero Reserva 2007 levado pelo Tonzinho. Recentemente apreciei seu irmão maior, TSM (clique aqui), mas esse Reserva mantém o pedigree. É feito com Tempranillo (90%) e 10% Cabernet Sauvignon (que aparece...).  A crianza é feita em barricas francesas por um ano e mais 6 meses em americanas (ambas com idade de 1 a 3 anos). É um vinho muito aromático, com notas de amoras, cassis, tostado e café com leite. Nota-se também a baunilha e um toquezinho de canela, remetendo até a um Pago de Carraovejas que apreciei tempos atrás. Em boca, destaque para o seu frescor, aportado por uma ótima acidez. É um vinho muito equilibrado e sedoso. Delicioso! A meu ver, o destaque da noite, fácil.
O penúltimo vinho, à direita na foto, levado pelo amigo Paolão, é um dos que mais gosto na Argentina. É o J. Alberto 2008, da Bodega Noemía, da Patagônia. O Paolão já havia me ofertado o 2009 tempos atrás (clique aqui). O vinho é feito de maneira orgânica e biodinâmica, com Malbec (95%) e Merlot (5%). A fermentação é feita com leveduras selvagens e não há adição de SO2. Também não se utilizam bombas na vinícola, tudo é feito por gravidade. A maturação foi feita por 8,5 meses, sendo que 30% do vinho estagia em barricas francesas novas os restantes 70% em barricas de segundo uso, as mesmas onde foi maturado o top Noemía. A partir de 2010 não se utilizou mais barricas novas, apenas de segundo e terceiro usos, além de cubas de cimento. Esse 2008 estava uma delícia. Notas de amora e framboesa se mesclavam a alcaçuz, anis e grafite. Em boca, repetia o nariz e mostrava muita sedosidade. Nada daqueles Malbecs enjoativos, doces, pesadões. Um ótimo vinho, que prima pela elegância e chinela a maioria de seus hermanos na mesma faixa. Recomendado!
Bem, e para finalizar, um brazuca levado pelo amigo JP, o Almaúnica Quatro Castas 2010. Bem, o nome e o rótulo mostram que é feito com 4 castas: 34% Syrah, e Malbec, Merlot e Cabernet Sauvignon (22% cada). O vinho é considerado o "Super Premium" da jovem vinícola, fundada em 2008. Eu já disse que não gosto dessas designações (Premium, Super Premium, Hiper Premium, Ultra Extra Premium...), mas o vinho é muito bom. A Syrah maturou em carvalho americano e as outras em carvalho francês, por um total de 24 meses. O JP levou embrulhado e todo mundo chutou ser um espanhol. No começo ele mostrava muita baunilha e tostado, o que denuncia sua juventude. Depois de algum tempo foi ficando mais equilibrado, e foram ficando evidentes notas de frutas maduras, chocolate, café e tabaco. Em boca é encorpado e os taninos ainda pegam. Mas deve evoluir bem em garrafa nos próximos anos. Jeitão internacional, mas bem feito e uma boa surpresa!
Bem, isso aí gente! Até a próxima.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Um Capellania 2003 abre as honras para um Alión 2004: Que beleza!

JP e eu fomos jantar com o Fernandinho, que estava meio carente (rs) e resolvemos levar espanhóis, já que ele gosta. Bem, nós também...rs. O JP levou o riojano Capellania Reserva 2003, branco da Marques de Murrieta. Já postei aqui sobre o 2006. É um vinho muito bom, feito com 100% Viura. Ele passa 18 meses em barricas de carvalho americano e francês, de 225 litros. Deve ser consumido em temperaturas mais altas que o usual para brancos. O recomendado é 14-15 graus. Também é indicada a decantação por cerca de 30 minutos. Quem está acostumado com brancos mais comuns deve estranhar essas recomendações, mas é assim que se obtém o melhor desses brancos. 
Ao verter na taça, o vinho mostrou aqueles toques amendoados típicos de espanhóis feitos com a Viura e com uma certa idade. Ao tomar os primeiros goles, até pensei que já estivesse ficando cansado, mas nada... Com o tempo foi abrindo novos aromas, cítricos, de mexerica e alguns florais. Isso se repetia em boca, onde mostrava-se muito sedoso. Uma delícia de vinho, que combinou perfeitamente com o Congrio Dourado ao molho de camarões que o o Fernandinho nos ofertou. 
Bem, e isso foi a introdução para um outro espanhol, agora um tinto com o carimbo da grande Vega Sicilia. Este Alión 2004, levado por esse que vos escreve, estava de se tirar o chapéu. O vinho é feito com 100% Tempranillo de vinhedos com cerca de 30 anos de idade. Após a fermentação, em tanques de inox, finalizada em 2005, o vinho passou 15 meses em barricas novas de carvalho francês. Depois disso, foi engarrafado e ficou descansando até sua liberação para comércio em 2008. Ao nariz, mostra notas de cereja preta, balsâmicas, especiarias, tabaco e minerais. Com o tempo, foram se apresentado notas florais muito gostosas, que me impressionaram. O vinho era perfumado, que indicava seu frescor já ao nariz. Em boca, repetia o nariz e apesar de intenso, mostrava um frescor impressionante aportado pela acidez perfeita. Os taninos já estão redondos e o final era longo, longo. É daqueles que quando acaba a gente fica triste. Eu havia apreciado um desses uns 3 anos atrás, mas na época, estava ainda nervoso. Agora, está uma beleza! E ainda teria uns bons anos pela frente. Mas esse já foi...rs.
Que noite! Ao despedir, senti nos olhos do Fernandinho que a carência tinha ido embora, e que ficava apenas a lembrança de um belo jantar entre amigos, mais uma vez escoltado por belíssimos vinhos.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Pio Cesare Barbaresco Il Bricco 2007: Uau!!! Vinhobão!

A vinícola Pio Cesare, localizada no centro de Alba, foi fundada em 1881 e tem produzido grandes vinhos por cinco gerações. Ou seja, aqui não tem aventura, é tradição e qualidade na veia. E a qualidade de seus vinhos já é notada desde seus vinhos mais simples (que de simples, não têm nada...rs). Mas o auge é atingido pelo seu Barolo Ornato e pelo Barbaresco Il Bricco. Aí, o negócio pega! E o Caião nos ofertou uma garrafa de um grandioso Barbaresco Pio Cesare Il Bricco 2007. Sei, tá novo, né? E daí? Fico é rolando no chão de felicidade! Que bom que o Caião abriu logo esse danado!!! E olha, o vinho não é brincadeira. Cachorro grande! As uvas, colhidas bem maduras, vêm do vinhedo Il Bricco, da comuna de Treiso. Só é produzido nas melhores safras (como essa de 2007). Setenta por cento dele passa 30 meses em barricas bordalesas novas, e os restantes 30% em botti (2.000 litros) de carvalho. As garrafas permanecem em adega por meses antes de sairem ao mercado. Ao nariz é uma explosão de frutas: cerejas, framboesas, groselha e ameixa em meio a notas florais, defumadas, cravo, baunilha e alcaçuz. Em boca, intensidade a toda prova. Uma explosão! Mostrava uma acidez vibrante, sensacional.  Os taninos estava presentes, claro, mas eram de uma sedosidade impressionante.
O final era interminável. Eu fiquei babando e não me cansava de elogiar o vinho. E ficava imaginando como estaria depois de alguns anos. Uau! Mas aquela garrafa, já foi! E eu fico é feliz, pois tive a oportunidade de apreciar um vinhaço, de primeiríssima! E quem sabe daqui a alguns anos eu tenha o prazer de ser agraciado com outra dessas, de preferência, por oferta de um grande amigo. Essa, o amigo Caião já fez a vez! Gracias, Caião! Vinho grandioso! 

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Quinta do Corujão Garrafeira 2005: Delicioso!

Uma coisa que prometi fazer mais esse ano é apreciar mais vinhos do Dão. São vinhos que me agradam muito. Esse Quinta do Corujão Garrafeira 2005, do produtor Antonio Batista, por exemplo, alegrou minha noite. É feito com Touriga Nacional, Alfrocheiro, Jaen e Tinta Amarela. Pelo que vi, passa apenas 6 meses em barricas de carvalho francês. Ao nariz, mostra notas de frutos silvestres, sous bois, alcaçuz e couro. Em boca, repete o nariz, mostra ótima acidez e taninos finíssimos. O vinho já está devidamente amaciado pelo tempo, mas ainda está vivo e pode ser guardado. Mas eu não resistiria se tivesse outra garrafa dessas. É um vinho com gosto de vinho, tudo no lugar certo, sem exageros. Vai ganhando complexidade com o tempo. Pode ser bebido sozinho, mas fica melhor ainda com comida, como um bom Dão. Uma das melhores compras que fiz nessa última promoção da Vinci. Uma pechincha! Ainda bem que peguei outros vinhos da vinícola para me deliciar. Aliás, parece que a pequena vinícola, com pouco mais de 10 hectares de vinhedos, foi arrendada por 10 anos pelos enólogos Jorge Serôdio Borges, Francisco Olazabal (o filho) e Jorge Moreira. No entanto, acredito que esse Garrafeira 2005 ainda foi feito sob a batuta do enólogo Pedro Nuno Pereira (também enólogo da Casa de Darei). Bem, todos do primeiro escalão!
Alerta: Se você gosta de bombas, acha que vinho tem que manchar os dentes e descer rasgando, não é o seu vinho!

Ps. Dei aquela rasgadinha básica no rótulo, mas deu prá remendar...rs

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Douro versus Alentejo: Domini 2009 e José de Sousa 2010

Nessa páscoa, para acompanhar o bacalhau, abri duas garrafas de vinhos mais simples de José Maria da Fonseca. Bem, todo mundo sabe que bacalhau pede vinho tinto leve ou branco barricado, com mais peso.  Nada de tintão encorpado ou no outro extremo, vinho verde daqueles fraquinhos gaseificados. Dessa vez fiquei na primeira opção, com tintos leves portugueses. E foi uma briguinha legal, entre vinhos do mesmo (e tradicional) produtor, mas de regiões diferentes. 
O primeiro deles foi o duriense Domini 2009. É feito com Touriga Franca, Touriga Nacional e Tinta Roriz, com estágio de 3 meses em barricas de carvalho. Vinho leve, com notas de cereja preta, amora, especiarias e tostado. Com o tempo, tabaco e café. Em boca tinha corpo leve para médio, com madeira perceptível ao final. No entanto, não incomodava e ficou mais branda depois de algum tempo aberto. É vinho correto, leve, fácil de beber e boa opção para o dia a dia. 
O outro vinho, agora do Alentejo, o José de Sousa 2010, leva o corte parecido com de seu irmão maior (sem trocadilho), José de Sousa Mayor. É um blend de Grand Noir 45%, Trincadeira 35% e Aragonez 20%, com estágio de apenas 3 meses em barricas de carvalho francês e americano. Mostrava boa fruta, como framboesa e amora, em meio à alcaçuz, baunilha e chocolate. Em boca é leve, fresco, redondo, com final especiado e adocicado. Como seu irmão duriense, é bem fácil de beber e boa opção para o dia a dia. 
Eu esperava que o Alentejano agradasse mais o pessoal de casa, que gosta de vinho mais leve e doce. No entanto, o Domini agradou mais. Eu também gostei mais dele, principalmente depois de algum tempo aberto. Ambos valem o que custam para  sócios do Club Wine. Acima disso, já têm concorrentes fortes.
Os dois escoltaram muito bem o bacalhau, sem passar por cima dele... 

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Catena Alta Chardonnay 2007 e Espino Gran Cuvée Chardonnay 2010: Estilos distintos

Essa postagem já está atrasada, então vamos lá. 
Foi uma noite bem esvaziada na confraria e estávamos apenas em 3 (Paolão, Fernandinho e eu). A noite era quente e combinei com o Paolão de levarmos brancos. E o cara mandou ver, levou um Catena Alta Chardonnay 2007. O vinho é considerado um dos melhores brancos da américa do sul e sempre fatura prêmios por aí. É feito com uvas do ótimo vinhedo Adrianna, que fica a 1.500 m de altitude. As uvas são colhidas bem maduras e a fermentação é feita em barricas de carvalho francês. A maturação é feita por 11 meses também em barricas (60% novas), por 11 meses e com as borras.  É um vinho do tipo maduro, com aromas de abacaxi em compota, pera, mel e frutas secas. Em boca é denso, "quente", amanteigado, com boa acidez e álcool um pouco aparente. O final é longo. O problema (para mim): Caminha justamente na direção oposta do que eu busco atualmente em Chardonnays, ou seja, é pesado. Eu esperava que tivesse mais frescor. Mas é um vinho muito bem feito e que sem dúvida deve agradar muita gente. 
E na mesma noite eu levei um Espino Gran Cuvée Chardonnay 2010, que o craque de Chablis William Févre produz no Chile. O clone, aliás, vem dos vinhedos de Févre na borgonha e é cultivado em altitude de 1.000 m. É o vinho top da linha Espino. Dez por cento dele é fermentado em barricas francesas e o restante em tanques de inox. Isso lhe torna mais fresco que o anterior. Ao nariz mostra mineralidade (mas eu queria mais...rs), notas de peras e cítricas. Em boca repete o nariz e mostra frescor. Não tem aquele amanteigado adorado principalmente por quem se inicia no mundo dos Chardonnays. E também, não possui o peso do Catena Alta. O fato de ser 2010 também deve contribuir para que mostre mais frescor que o Catena. No entanto, não sei se o Catena Alta fosse apreciado logo ao chegar no mercado o mostraria. É uma questão de estilo. Eu gostei muito desse Espino Gran Cuvée, que ficou entre os melhores Chardonnays no Descorchados 2012. E mais uma vantagem: Custa a metade do preço do Catena Alta. Se o encontrar, coloque na cesta! E o seu irmão menor, Reserva, também é muito bom (e também tem ótimo preço).