segunda-feira, 30 de abril de 2012

Domus Aurea 2007, Sassoalloro 2008, Quinta do Carmo Reserva 2008, Carmelo Patti CS 1996 e Casajus 2007 - Quase todos belos vinhos...

Nessa última semana, desfalcados de Fernandinho e Rodrigo, apreciamos belos vinhos na Confraria. Eu levei um top Chileno, o Domus Aurea 2007, da Viña Quebrada de Macul. Já havia apreciado o 1999 e tinha curiosidade para apreciar este mais novo, para verificar se as características mudaram de lá para cá. E para minha surpresa, não! O vinho foge aquele padrão internacional que fica cada vez mais comum. É vinho com personalidade própria. Diferentemente do de 1999, tinha menos eucaliptol, o que me agradou (embora um pouquinho dele não me incomode). Ao nariz, mostrava de cara notas terrosas interessantes, mescladas a notas especiadas, de tabaco e ótima fruta (cassis e ameixa). Em boca, repetia o nariz e era muito equilibrado, com taninos levemente terrosos. Um belo vinho que ganhei de presente de aniversário dos meus queridos orientados. 
O Caião me fez uma homenagem! Como sou fã incondicional de vinhos italianos, e havia acabado de participar do evento do Gambero Rosso, levou um Sassoalloro 2008, de Jacopo Biondi-Santi (vinho que gosto muito! Ver aqui). E estava uma beleza! Notas de cereja preta, amora e chá estava perfeitamente integradas em um vinho musculoso, cheio. Os taninos estavam lá, presentes, como se espera de um bom italiano, assim como uma bela acidez. Vinho que deve ganhar com tempo em adega. Ficou perfeito com a Rabada com Polenta Gratinada! Valeu Caião!
O JP também mandou ver! Levou um excelente Quinta do Carmo Reserva 2008. Belo vinho feito com 40% Aragonez, 20% Cabernet Sauvignon, 30% Syrah e 10% Alicante BouschetEu já apreciei o 2005 e 2007, que me impressionaram positivamente. Este 2008 não ficou atrás. Apesar da juventude, já estava perfeitamente apreciável. O destaque neste vinho é a elegância. Ele é bem aromático, mas sem exageros. Tem um nariz muito complexo, com notas de geléia de amora, Kirsch, violetas e chocolate. Em boca, é sedoso que dá gosto! Uma beleza! Obviamente, agradou a todos.
O Tonzinho levou um de um produtor que estava curioso para conhecer (li sobre ele no Louco por Vinhos, do colega Vitor). Era o argentino Carmelo Patti Cabernet Sauvignon 1996. Isso mesmo: 16 aninhos! E estava inteirão. Aliás, aguentaria mais uns bons anos. Já estava com borra, mas o vinho em si estava perfeito. É completamente diferente de outros Cabernet Argentinos (e chilenos...). Tinha uma cor rubi bonita e apesar da idade ainda mostrava boa fruta. É um vinho bem seco, o que me chamou bastante a atenção. Um bom vinho, diferente das mesmices. O único problema é que tinha ali do lado um Domus... Aí o negócio pega.
Nota pós-postagem: Os vinhos Carmelo Patti estão sendo importados para o Brasil pela Neve Wines
E para finalizar a postagem, um vinho espanhol de Ribeira del Duero, o Casajus Vendimia Selecionada 2007. O seu irmão menor, Splendore, tem feito sucesso dentro daquela lista de espanhóis que a Grand Cru está trazendo, bem avaliados pelo Mr. Parker. Confesso que gostei mais de eu irmão menor, que era um vinho fácil de beber. Este irmão maior é um pouco enjoativo. Tem um nariz doce, meio licoroso. Em boca até que vai, mas não tem a tipicidade de Ribeira del Duero, de jeito nenhum... Pode ter o seu público, mas não somos nós da Confraria do Ciao. Aliás, nem o Paulão, que o levou, gostou do danado. Mas como eu lhe disse, não foi ele quem o fez... Só levou! Mas se abusar, ganha o troféu Rabo Amarelo este ano.
Nota: Mr. Parker (ou seus pupilos) deram 92 pontos para o Casajus... Será que avaliaram estes vinhos no primeiro de abril?

sábado, 28 de abril de 2012

Georges Vernay Condrieu Les Terrasses de L'Empire 2007 - Vinhobão!

O Domaine Georges Vernay é um dos melhores produtores do Rhone Norte. Apesar de produzir ótimos tintos, como Côte-Rôtie e Saint Joseph (veja meu comentário sobre o Saint Joseph), seu reconhecimento maior é pelos grandes brancos produzidos na AOC de Condrieu. Esta AOC foi estabelecida em 1940 e fica ao sul de Côte-Rôtie. Ela conta com apenas 105 hectares de vinhedos, e em suas sete comunas só são produzidos brancos, utilizando a casta Viognier.
Este Condrieu Les Terrasses de L'Empire 2007 é produzido com uvas de um vinhedo de apenas 4.5 hectares, mantidos sem a utilização de inseticidas e herbicidas. Devido à natureza ingrime dos vinhedos, tudo é feito manualmente. Apenas uma pequena parte do vinho afina em barrica de carvalho (10% novas). É um vinho muito aromático, com aromas muito complexos, marcados pela pera, pêssego branco, favo de mel, amêndoas e camomila. Em boca, é amplo, com excelente acidez e levemente amanteigado. Riquíssimo! Um vinho de grande finesse. Ótimo para beber sozinho e excelente com peixe e frutos do mar (eu apreciei com Peixe ao molho de Camarões). É daquels vinho que quando acaba você fica triste. Agora estou curiosíssimo para apreciar o Coteau de Vernom que tenho na adega, que dizem ser degraus acima deste.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Top Italian Wines Road Show: O que achei do Encontro do Gambero Rosso em SP

Eu aguardava ansiosamente por este evento, e como fã incondicional dos vinhos italianos, não poderia perdê-lo. Fui convidado para participar do evento pela importadora Vinos y Vinos. Devo citar que foi sensacional! O Hotel Unique foi palco de um grande evento, muito bem organizado pela Cristina Neves - Comunicação e Eventos.
O amigo João Paulo conhecendo os vinhos aprecisados na Master Class
Meu amigo JP e eu tivemos o prazer de apreciar vinhos de inúmeros produtores italianos. Difícil é destacar algum, pois tinha muita coisa boa. Primeiramente, devo citar o Master Class no qual apreciamos mais de 20 Tré Bicchieri do Gambero Rosso. Só coisa fina!
Eu esperando o inicio da Master Class
Os vinhos foram apresentados pelo  editor senior de vinhos da Gambero Rosso, o Sr. Marco Sabellico, juntamente com o competente e simpático Jorge Lucky. Foi muito legal esta parte. O ambiente muito fino, associado às explicações do Sr. Sabellico fizeram desta degustação um momento raro.
Jorge Lucky e o Sr. Sabellico, à direita
E os vinhos? Chegamos à mesa e lá estavam 12 taças, sendo que 3 delas já estavam devidamente abastecidas com meus adorados Barolos. Um deles da vinícola Elvio Cogno (Bricco Pernice 2006), outro de Marchesi de Barolo (Tradizione 2006) e outro do grande Angelo Gaja (Langhe Nebbiolo Sperss 2007).
Ah... os Barolos, previamente colocados nas taças

Para confessar, não gostei muito dos espumantes, nem dos brancos. Destes últimos gostei de dois:     O Lunae Busoni 2010, feito com Vermentino, muito mineral e fresco, e o Livon 2009, de Friuli, com notas de frutas, favo de mel e um retrogosto com avelã muito gostoso.
Com relação aos tintos, todos novos e precisando de mais tempo respirando. Mas gostei do Brunello Donna Olga 2006 e muito, muito, do Sassicaia 2008, que apesar de novo, mostrou sua realeza. Uma beleza! Dos Barolos, gostei daquele de Elvio Cogno, com notas trufadas e do Langhe Sperss, de Gaja (uma maravilha!). Os Amarones não fazem muito minha cabeça, mas deles, o que mais gostei foi o Zonin 2008 (que deve ser o de melhor preço).

Da feira em si, gostei de tudo que bebi. Não passei por todos os estandes, pois não dava tempo (nem fígado...rs). Mas visitei alguns ótimos. Minha primeira visita foi ao estande de Elvio Cogno, onde o simpático e educado Valter Fissore mostrava, com orgulho (justificado) seus vinhos.
Valter Fissore, da vinícola Elvio Cogno - Elegância em pessoa!
Anas Cetta - Muita mineralidade!
Vou deixar para falar sobre eles na próxima postagem, em que descreverei o jantar que participei com este produtor (cujo ótimo Langhe Montegrilli já descrevi aqui no blog). Agora, falarei apenas do vinho branco dele, o Anas Cetta 2009, que é feito com a cepa Nascetta, segundo Valter, considerada extinta e recuperada por sua vinícola. É um vinho fresco, cítrico, vivo, alegre e muito mineral. Sente-se a pedra ao nariz e boca. Um ótimo branco e de bom custo benefício. Valter o recomenda para acompanhar ostras. Fiquei imaginando...
Dali passamos pela Falesco, onde apreciamos belos vinhos. Destaque para o Tallus 2010, um Syrah excelente, com grande estrutura e personalidade. Além disso, vem em uma garrafa muito bonita. Vale a pena! E ainda destaque, o top Montiano 2009, que para JP e eu ficou na ponta dos melhores vinhos apreciados. Uma delícia! Bom mesmo!


Tallus 2010 - Syrah de personalidade!
Montiano 2009 - Para JP e eu, um dos melhores da feira!

E alí do lado, belíssimos vinhos de Feudi di San Gregório. Destaque óbvio para o grande Serpico 2007, feito com uvas Aglianico de videiras de mais de 200 anos! Estupendo! Grande capacidade de envelhecimento.
Serpico 2007 - Grandioso!

Produtor de Feudi di San Gregorio com o Serpico - Orgulho puro!

E vamos em frente... De Grattamacco gostei muito do Grattamacco Bolgheri Superiore. Do lado dele, de Donnafugata, um bom Mille una Notte, mas gostei mais ainda do de sobremesa, o Ben Ryé Passito di Pantelleria 2009, com sua cor rosada e notas deliciosas de damasco, mel, amêndoa e tabaco.
Donnafugata - Ótimos tintos, mas um de sobremesa que impressiona (à esquerda)

Gostei também do Focus Merlot 2004, de Zuc di Volpe (assim como seu Pinot Bianco, muito bom).
Focus Merlot 2004 - Muito bom!

De Ca'Marcanda/Angelo Gaja, todos os provados estavam ótimos: Promis, Magari (destaque feito com 50% Merlot, 25% Cabernet Sauvignon e 25% Cabernet Franc) e o Barolo Dagromis.

De Rocca delle Macie, destaque para o Ser Gioveto 2008, com a rainha Sangiovese imperando, muito elegante e com anos pela frente!


Mas deixei para o fim outro destaque: Argiolas! Quer beber um vinho autêntico, com grande personalidade? Escolha qualquer um da vinícola. Desde o branco Vermentino, de bom preço, até os top tintos Korem e Turriga. O Korem já apreciei (clique aqui) e gostei muito mesmo. É um vinho feito com Cannonau (que seria a Garnacha na região), Carignano e Bovale, e que ganha muito com tempo em taça. Vinho de muita presença. Impossível não agradar quem é fã de vinho italiano. E o Turriga? Belíssimo! É feito com Cannonau (majoritária), Carinano, Bovale e Malvasia Nera. Top! Para evoluir por muitos anos.
Turriga e Korem - Dois grandes vinhos!
Produtor da Argiolas - Orgulho justificado! Todos excelentes vinhos!

Bem, e se não bastasse, encontrei no evento, pela primeira vez pessoalmente, o amigo Eugênio, do Decantando a Vida. Valeu Eugênio!
Blogueiros, unidos, jamais serão vencidos!

Ah, e não poderia esquecer do ótimo coquetel. Ou seja, evento perfeito! Valeu a pena. Estou ansioso pelo próximo.


segunda-feira, 23 de abril de 2012

Tarapacá Etiqueta Negra 2007 - Aguenta muito ainda...

O Tarapacá Gran Reserva Etiqueta Negra é um clássico chileno. Eu gosto dele, pois é bem típico. Além disso, evolui bem em garrafa. Bebi um 2005 recentemente e estava muito bom. Este 2007, que tem a Cabernet Sauvignon como majoritária,  conta com pitadas de Carmenère e Malbec. São 14 meses de barrica francesa e americana, que lhe aportam muita complexidade. O vinho tem notas de amora, cassis, cacau, tabaco, alcaçuz, grafite e um mentoladinho ao fundo. Em boca é amplo, com taninos presentes mas bem domados. Típico e com potência na medida certa. Um ótimo Cabernet, que aguentaria uns bons anos pela frente. Decantá-lo por uma hora antes de beber é recomendado. 

sábado, 21 de abril de 2012

Champagne DUVAL LEROY, GIORGIO PRIMO 2004 e CHATEAU GUIRAUD 2005: Sequência maravilhosa para meu almoço de aniversário!

Elegância a toda prova!
Nesse domingo passado, há uma semana, celebrei mais um ano de vida. E como gosto dela, fiz um belo almoço italiano, mas acompanhado com dois "intrusos" franceses de primeiríssima. E sou obrigado a assumir que neste ano foi uma das melhores sequências. Tudo estava perfeito! Os vinhos, a comida, os convidados, tudo. De entrada, um Champagne Duval-Leroy Brut, que estava uma delícia. Quando se bebe um Champagne deste, de um grande produtor, é que vemos como os franceses sabem fazer este vinho. Uma maravilha! Não vou comentar o perlage, se era fino, abundante, rápido, assim ou assado. Vou comentar a qualidade, que era ótima. Meu cunhado Bu simplesmente babou. Ele que só conhecia espumantes brasileiros manifestou: Isso é outra coisa! Realmente, é como se fosse o basquete americano: Pode até perder uma partida ou outra (raramente...), mas continua sendo o melhor basquete... Aqueles aromas de panificação, em meio a um amendoado belíssimo e muita elegância, o cativaram. E também a mim! Ótimo vinho! Escoltou as entradas de maneira soberba.
A fera!
E depois dele, veio outra fera. Aí o negócio pegou prá valer. Sou suspeito completo para falar de vinhos italianos, mas este supertoscano da Fattoria La Massa está até agora em meus pensamentos. Uma maravilha feita com 50% Sangiovese, 40% Merlot e 10% Cabernet Sauvignon e Petit Verdot. Era o Giorgio Primo 2004. Belíssimo! Potência e sedosidade juntos, de mãos dadas. Um nariz riquíssimo, difícil de descrever. Aromas de cassis, alcaçuz, tostado, café e chocolate com leite. Mas o tempo foi lhe aportando novos e ricos aromas. E em boca, caramba! Que vinho! Tudo perfeito: Intenso, amplo, com taninos sedosos deliciosos. Um vinhaço! Nas novas safras a rainha Sangiovese foi retirada do corte. Que pecado! Mas dizem que os exemplares recentes são também espetaculares (aliás, antes mesmo desta postagem fui ao World Wine Experience e as bebi... Ótimas!). Espero beber outra dessa logo.
Chateau Guiraud 2005 - Raridade!
E para fechar o almoço, apelei! Abri uma maravilha de Sauternes, o Chateau Guiraud 2005. Esse, desta safra maravilhosa, é artigo de colecionador. Uma raridade. Só para ter uma idéia, foi o quarto do mundo pela WS em 2008, com 97 pontos. E mesmo que isso não represente a verdade absoluta, é uma dica de que estamos tratando de cachorro grande. E de raça pura! O Chateau Guiraud tem uma particularidade. A quantidade de Sauvignon Blanc nos Guiraud é aumentada em comparação com outros Sauternes. Isso lhe aporta muito frescor. Um vinho maravilhoso! Confesso que foi um dos melhores de sobremesa que bebi nos últimos tempos. E olha que apreciei Chateau d'Yquem, Tokaji, Baumard, Alois Kracher, Jorge Ordonez etc.

Aniversário devidamente celebrado!

Chateau Guiraud 2005 - Bela cor e frescor!

Antepastos...

quarta-feira, 18 de abril de 2012

O que achei da World Wine Experience 2012

Sou frequentador assíduo de grandes degustações. Até hoje fui em todas que foram promovidas pela Mistral, Vinci e Decanter. Mas esta da World Wine é a primeira vez. No ano passado não pude ir. E gostei muito do evento! Tudo estava perfeito: Ambiente bonito, música ambiente agradável, comida muito boa, atendimento de primeira e por fim, vinhos excelentes! Certamente esquecerei muitos dos que apreciei, mas citarei alguns aqui.
Casa Fasano - Em um espaço destes fica melhor ainda
Jamon Ibérico - Excelente com o Capellania

Geralmente organizo minhas visitas indo primeiro aos brancos, tintos leves e finalmente os de mais corpo. Nem sempre isso é possível, mas ajuda. Mas dessa vez não segui muito uma ordem. Fui direto aos meus amados vinhos italianos. De cara apreciei os toscanos da Fattoria La Massa. Que maravilha! Comecei com um La Massa, muito bom, e migrei para uma vertical de Giorgio Primo. Aí o negócio pegou! Bebi o 2006, 2007 e 2008. Todos excelentes! A curiosidade aqui é que o 2006 foi o último que teve a Sangiovese no corte. No 2007 e 2008 ela foi retirada. Mesmo assim, os vinhos estavam divinos. São cortes de Merlot, Cabernet Sauvignon e Petit Verdot. Todos estão jovens ainda e se forem bebidos agora necessitam de boa decantação. Vinhaços!

E ali do ladinho estavam os vinhos da Tenuta Sette Ponti.  Três vinhos belíssimos. O início foi o Crognolo 2008, que estava muito bom. É vinho que sempre agrada. Mas o Oreno 2008, assim como o Orma, são de babar. Potência e finesse juntas. O Orma tem uma sedosidade que impressiona.
Stéfano e Oreno

E saindo dali, visitei a Tua Rita. Mais maravilhas engarrafas. Detaque para um Syrah de ótimo corpo e profundidade, e para o grandioso (e caro) Redigaffi. Este estava querendo experimentar faz tempo. E que maravilha! Um Merlot austero, vivo, cheio de camadas e com muita elegância. De babar! Não poupei elogios ao produtor.
Turma forte!
Vejam minha cara de felicidade, segurando a fera!

E a partir de agora não vou mais seguir a ordem... Mas mantendo nos italianos, mas migrando para o Piemonte, deliciosos o Barbaresco de Bruno Rocca e os Gattinara de Travaglini. Estes últimos estavam excelentes! Vinhos com gosto de vinho! Gastronômicos por natureza, pedindo um belo risoto al funghi.
O simpatissíssimo Andrea Perini com o Gattinara Tragliavini Riserva

E viajando em direção ao Vêneto, que beleza os vinhos de Zenato. O Amarone estava muito bom, mas fiquei impressionado com o Cresasso 2005. Vinho muito rico. Frutas negras, notas especiadas e ótima mineralidade. Gostoso mesmo.
Cresasso 2005, de Zenato - Muito bom!
E a excursão continuou... Dos franceses, bebi menos que queria (e mais que podia). Destaque para os vinhos autênticos de Philippe Pacalet, feitos de forma natural, sem uso de defensivos químicos e sem adição de SO2. Todos estavam excelentes! Ótima acidez e mineralidade. Isso é borgonha! O Pommard é de uma profundidade incrível. No mesmo estande estava um Chateau Le Puy 2006 que estava muito gostoso, com notas animais.

E como não visitar o estande do Chateau de Beaucastel? Esse, além de contar com belos vinhos, contava com o charme e simpatia do casal François Perrin e Isabel Sued. Para quem não sabe, Isabel Sued é filha do inesquecível Ibrahim Sued. E neste estande pude apreciar vinhos do Rhone do jeito que eu gosto, com aquele fundinho de estábulo. Ainda da França apreciei os brancos de Hugel e Fils, com seus grandes Gewurztraminer, o Morgon de Lapierre e o rosé Chateau Roubine (muito bom!). Ah, e é claro, umas taças de Champagne Billecart-Salmon, que ninguém é de ferro... rs.

Casal François Perrin e Isabel Sued - Elegância pura
Tava bom este Champagne Billecart-Salmon Rosé...
E quanto aos ibéricos? De Portugal, apreciei os vinhos CARM, que estavam muito bons. Destaque para o  Touriga Nacional sem adição de sulfito e para o Maria de Lourdes 2008. Este último é excelente! Muito complexo. Mas o CARM CM Reserve não fica atrás.
Produtor da vinícola CARM servindo o Touriga SO2 free
Da Espanha, belos vinhos. Fui logo no Marques de Murrieta, em busca do Ygay ou Dalmau, que não deram o ar da graça. Mas os outros estavam muito bons. Destaque para o branco Capellania. Estruturado, com 16 meses de barrica, forte, com toques de jerez. Só faltou um bacalhau! Muito bom! Para quem gosta de brancos potentes. Também havia um Albariño muito vivo, o Pazo Barrantes. Gostei. Também me chamaram a atenção os vinhos de Carmelo Rodero. O Joven era de um frescor impressionante, e todos os outros eram muito gostosos. Claro que o destaque ficou para o top TSM do ano 2005 (havia também o 2003, mas preferi o 05). Vale ressaltar o entusiasmo (justificado) do produtor.
Muito bons os vinhos de Carmelo Rodero
E ainda da Espanha, ótimos vinhos também de Dinastia Vivanco, de Rioja. Aqui a tradição fala alto, inclusive na garrafa com formato especial. Destaque para os varietais de Manzuelo, Garnacha e Graciano. Geralmente estas uvas entram no corte em que a Tempranillo é majoritária. A Dinastia Vivanco resolveu lhes dar mais destaque. E eram ótimos vinhos, com excelente presença.
Dinastia Vivanco - Ótimos vinhos!
E tá ficando longa demais a postagem. Mas não posso deixar de citar os vinhos alemães de Balthasar Ress, principalmente o Auslese.
Vinhos Balthasar Ress
E dessa vez não visitei o novo mundo, com uma única exceção: A Viña San Pedro. Experimentei 3 vinhos da vinícola. O primeiro foi um Carmenére muito bom, o Tierras Moradas 2007, o segundo o Kankana del Elqui Solar n. 10 Syrah 2007 (excelente!) e o Cabo de Hornos 2006 (muita personalidade).

Bem, teve mais, mas chega! Tá bom! O evento foi excelente e no ano que vem estarei lá, sem dúvida!

sábado, 14 de abril de 2012

Regaleali Bianco 2008 - Bom vinho de Tasca d'Almerita

Para um Risoto de Grana Padano e Vieiras, preparado pelo Chef Italiano Samuele Oliva no Restaurante Barone, elegi este branco da Sicilia, o Regaleali Bianco 2008, da tradicional vinícola Siciliana Tasca d'Almerita. O vinho é feito com as castas autóctones  Inzolia (40%), Grecanico (30%) e Catarratto (30%). A vinificação é feita em tanques de inox, assim como a maturação de apenas 3 meses. O vinho tem um nariz discreto, que foi melhorando com o tempo. Ele possui aromas gostosos de capim cidreira, maçã verde e cítricos. Em boca, repete o nariz e possui acidez vibrante, que o tornou excelente parceiro para o prato. Um bom vinho, bem gastronômico. Para mim, melhor em boca que em nariz. É importado pela Mistral. A propósito, só lembrando que a vinícola Tasca d'Almerita foi eleita a vinícola do ano pelo Gambero Rosso 2012.
Belo (e saboroso!) Risoto preparado pelo Chef Samuele Oliva



Ser contra as salvaguardas é uma coisa... Aguentar arrogância, é outra!

Antes de começar esta postagem quero deixar claro que odeio qualquer tipo de bairrismo, xenofobia, preconceito etc. Além disso, quero deixar claro que adoro nossos patrícios portugueses. Todos que eu conheço são de uma fidalguia impressionante. Como posso deixar de admirar a fidalguia de Jorge Serôdio Borges? Ou de João Portugal Ramos? Ou então, do Sr. Domingos Alves de Souza? Além de produzirem grandes vinhos, são de uma finesse impressionante. Mas li uma crônica em um site português que me deixou bastante chateado (http://mariajoaodealmeida.clix.pt/cronicas.php?ID=97). Senti nela a mais pura arrogância, completamente injustificável. Na crônica, a articulista cita que "Seria muito mais lógico que direccionassem as medidas proteccionistas para as maravilhosas frutas brasileiras ou para o café, por exemplo, produtos onde a qualidade é bem mais evidente do que no vinho, com um longo caminho de qualidade ainda por percorrer". Um típico comentário de quem pensa que o Brasil ainda sobrevive apenas de frutas e café. 
A articulista ainda cita: "Recordo de há uns anos ter viajado até o Rio Grande do Sul, e ter visitado várias adegas em Flores da Cunha, Bento Gonçalves e Garibaldi, muitas delas iniciadas por emigrantes italianos que ali colonizaram aquelas terras. Não fiquei impressionada. Aliás, com alguns dos vinhos fiquei mesmo horrorizada…escapavam alguns espumantes que agradaram ligeiramente". Palavras típicas de quem pensa que o Brasil ainda é colônia! E de quem não conhece ótimos espumantes brasileiros. Precisamos melhorar? Claro que sim! Todos nós precisamos! As salvaguardas ajudarão nisso? Na minha opinião, não! Aliás, a meu ver, prejudicarão! Mas o que não podemos é aguentar arrogância de pessoas que pouco conhecem de nosso país.

Ps. E para quem pensa que não gosto dos vinhos portugueses, espanhóis, italianos, franceses e tantos outros europeus, é só navegar no meu (ou melhor, seu!) blog. 


ps 2. Quem quiser ler uma declaração muito legal de Adolfo Lona, argentino que mora no Brasil há quase quarenta anos, sobre as salvaguardas, acesse o blog do amigo Luiz Cola (http://www.vinhosemaisvinhos.com/2012/04/adolfo-lona-manifesta-indignacao-diante.html). E experimente um dia os espumantes de Adolfo Lona! Verá que a articulista citada acima está completamente equivocada.



sexta-feira, 13 de abril de 2012

Capatosta 2006, Trivento Golden Reserve 2008 e o Sauternes Doisy-Védrines 2006 - Noite boa na Confraria

Ontem vários confrades faltaram, mas recebemos a visita de um amigo que há tempos não dava as caras. O amigo Cláudio veio do Rio de Janeiro só para nos visitar. Uma bela surpresa! Quando ele chegou eu já havia aberto a garrafa do vinho que levei, o Capatosta 2006, um Morellino di Scanzano da vinícola Poggio Argentiera. Já havia bebido este vinho antes, no ano passado, quando ele ainda estava um pouco fechado (clique aqui). Naquela época, já tinha gostado muito dele, mas agora ele mostrou sua boa forma. Aromas de cereja madura se mostravam ao nariz, em meio a notas tostadas e de café. Em boca, uma delícia! Muito redondo, com ótimo corpo e acidez perfeita. Um ótimo vinho! Abriu bastante do ano passado para cá, e ganhou com tempo em taça.
O JP levou um Trivento Golden Reserve Malbec 2008. Nada a ver com os conhecidos Trivento linha básica. Este tem mais categoria. Um vinho no estilo mais leve, sem ser tão compotado nem com aquele exagero de ameixa ou notas florais acima do ponto. Ele é do estilo que gosto mais, que tem a ameixa mas mostra notas de figo. Em boca é de leve para meio corpo, levemente glicerinado, tostado e bastante agradável. Eu gostei dele. Ele ficou meio discreto em frente ao Capatosta, mas é bem correto.
E o amigo Rodrigo levou um ótimo Sauternes, o Chateau Doisy-Védrines 2006. O Chateau Doisy tem três vinhedos em Barsac: Daene, Védrines e Dubroca. Védrines é o maior deles, com cerca de 30 hectares, dos quais 70% correspondem a Semillon. São vinhos de bom preço quando comparados com outros vinhos de Sauternes e que oferecem muito prazer. Este Chateau Doisy-Védrines 2006 tem notas de limão e maçã, com presença de Botrytis e baunilha ao fundo. Em boca é muito redondo, agradável, sedoso, com doçura e acidez na medida certa. Muito gostoso mesmo! Valeu Rodrigo!
Tava boa a noite, sem dúvida!

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Quinta do Carmo 2007, Medalla Real 2008 e o exótico Calabria 2008

Apreciamos dias atrás 3 vinhos completamente distintos, tanto em origem quanto em características de aromas e sabores. O primeiro deles é um já bem conhecido, da vinícola chilena Santa Rita, neste caso o Medalla Real Cabernet Sauvignon 2008. Já comentei aqui sobre o 2007. Este 2008 tem aromas firmes de cassis, ameixa, tabaco e chocolate. Em boca é potente e o álcool aparece um pouco. A madeira aparece mais do que eu desejaria. Um bom vinho, novomundista típico, mas que deixa o meu estômago meio nervoso. 
O outro vinho apreciado foi o alentejano Quinta do Carmo 2007. A Quinta foi adquirida em 2008 pela Bacalhôa, e mantém a mesma qualidade de quando era uma joint venture com o grupo Lafite Rothschild. Este Quinta do Carmo 2007 fica no mesmo nível de um Crasto ou um Duas Quintas, sendo talvez até um pouco mais refinado e complexo. É feito com Aragonez, Trincadeira, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon. Possui aromas gostosos de cereja e amora, com um toquezinho de baunilha ao fundo. Em boca, é bem elegante, com tudo em cima. Gostoso o danado. Agrada bem mais meu paladar que o Medalla.
E o terceiro vinho foi um australiano feito com uma uva que eu não conhecia. O Calabria 2008 é feito com a rara Saint Macaire, que foi praticamente extinta em bordeaux e é plantada por Bill Calabria em apenas dois hectares na Austrália. Bill é descendente de uma familia italiana que chegou na Austrália em 1927. A vinícola se chamava Calabria Wines, mas Bill mudou para Westend Estate em 1974. Além do Calabria Saint Macaire a vinícola produz um com a uva italiana Aglianico. Bem, mas vamos ao Calabria Saint Macaire 2008. O vinho tem aromas exóticos. É bastante floral ao nariz, com notas de violetas e pétalas de rosas. Pode-se sentir também aromas de marmelo e baunilha. Em boca, repete o nariz e é seco, com final tânico. É um vinho para envelhecer bastante e com grande aptidão gastronômica. Uma boa surpresa! Para quem quer fugir um pouco dos Syrah australianos.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Uma tropa argentina e um Bad Boy!

Para acompanhar os assados do Tom, que vão além de um churrasco, só mesmo uma tropa argentina. E na semana passada seu assado foi acompanhado por belos e poderosos vinhos. E ainda teve um intruso francês no meio, um Bad Boy, literalmente. Mas vamos a lista de cachorros grandes.
O primeiro deles, levado pelo Caio, é sucesso certo. Mais um da linha Single Vineyards da Trapiche. Daqueles que são elaborados por enólogos selecionados pelo enólogo chefe da Trapiche, Daniel Pi. Já apreciei vários e comentei sobre 3 aqui no blog (1, 2, 3) Desta vez foi um Trapiche Viña Cristina y Bibiana Coletto 2006. Mais um belo vinho que mostra a riqueza desta série Single Vineyards. Pode comprar sem medo! O vinho é delicioso! Muito equilibrado, redondo, com notas de ameixa e figo, com toques de chocolate ao leite. De primeira! Um dos melhores da tarde.
O amigo Margarido também levou um dos grandes: Val de Flores 2006. Também já apreciamos este 2006 antes e comentei aqui no blog (clique aqui). É mais potente que o Trapiche, mas também é da linha rica em notas de figo, que eu tanto gosto. Ganha com tempo em taça, e muito. Muito intenso em boca, com taninos corretos e um final daqueles bem demorados. Outro vinhão! Mas é preciso decantá-lo. Se tiver paciência, guarde na adega por uns bons anos.
E no meio destes dois grandes, apresentei um Bad Boy 2006, francês elaborado pelo enólogo Jean Luc Thunevin, o mesmo responsável pelo grande Chateau Valandraud. Aliás, foi Robert Parker que inspirou o nome do vinho, chamando Thunevin certa vez de "Bad Boy". Um vinho feito com 95% Merlot e 5% Cabernet Sauvignon e que matura em barricas novas de carvalho francês. É muito equilibrado e gostei bastante dele. Obviamente, é mais leve que os dois primeiros, mas mostrando uma bela fruta e muita elegância. Acho que ele ficou meio perdido no meio de tanta garrafa mais potente, e se fosse bebido sozinho sem dúvida chamaria a atenção. Quero repetir este vinho logo. O vinho é importado pela Casa do Porto
E o JP levou um outro argentino de estirpe: Afincado Cabernet Sauvignon 2001. Este é a segunda vez que  o apreciamos (clique aqui). Um vinho de 11 anos e já no auge. Aromas de cereja e cassis reinavam em meio ao alcaçuz, caramelo e café. Em boca, taninos já perfeitamente domados pelo tempo, e levemente terrosos. Outro belíssimo vinho!
E aí o Tom começou a mostrar as armas. O primeiro vinho que ofereceu foi um Rutini Apartado 2003. Vinho top da Rutini, feito, nesta safra, com 50% Cabernet Sauvignon, 30% Malbec e 20% Syrah. Delicioso! Muito equilibrado, com ótima fruta e toques de café. Em boca, redondo, amplo e com final longo. Até hoje, não bebi um Rutini que não fosse bom*, e este não foi uma exceção, pois estava ótimo!
E não contente, o Tonzinho abriu um que eu estava muito curioso para apreciar: O Alta Vista Alto 2005. Vinho que tem sido muito elogiado pela crítica e que é elaborado com 75% Malbec e uma boa pitada de Cabernet Sauvignon (25%). E da tropa argentina, ele foi o comandante! Que potência! Totalmente diferente dos anteriores. Lembrava até aqueles Syrahs australianos parrudos. Um nariz riquíssimo, com muita fruta madura (amora, ameixa, cereja preta...), notas florais (violeta), grafite, alcaçuz e cacau. Em boca, uma explosão: Amplo, imenso, com final interminável. Um vinho poderoso, que poderia ter ficado na adega por muitos anos adicionais, mas não lhe demos esta chance, rsrs... Se for apreciá-lo, deixe o bichão respirar em decanter por umas duas horas para amansá-lo, pois é parrudo mesmo o danado. Desde o Renacer, das bodegas de igual nome, não me lembrava de ter tomado um argentino tão denso. Tem estrutura para aguentar tranquilo mais uma década de adega.
Bem, todos estes vinhões acompanharam com maestria a costela de Kobe e outras tantas iguarias feitas pelo Tom. Valeu Tonzinho!

*Nota: Recentemente bebi um mais básico que deixou a desejar...rs

domingo, 8 de abril de 2012

Familia Cecchin 2008 - Malbec orgânico e sem sulfito

Meu aluno Wilson foi fazer um tour pelo Chile e Argentina e me trouxe este Familia Cecchin Malbec 2008, que foi uma boa surpresa. É produzido na região de  Maipú, por descendentes de uma familia italiana, de Treviso, que chegou na Argentina no início do século XX. O vinho é elaborado de forma orgânica (a vinícola tem certificados internacionais) e sem adição de sulfito. A baixa quantidade de sulfito presente é oriunda da própria fermentação. O vinho também não passa por madeira, para que suas características sejam a pura expressão da fruta. É um vinho leve, frutado, com notas de framboesa em meio a um fundinho especiado. Os aromas são bem agradáveis, e se mostram melhor depois de algum tempo aberto. Aqui, vale a regrinha para os vinhos com baixo sulfito: Antes de beber coloque em decanter e agite algumas vezes para que libere o CO2. Uma camada de bolhas se formará na superfície. Repita isso umas 3 vezes para um bom resultado. Esta aeração é necessária para que o gás não interfira na degustação. Em boca, o vinho é leve, com baixa acidez, mas bem prazeiroso. Diferente de qualquer Malbec que já apreciei. É muito difícil para qualquer pessoa, acostumada aos Malbecs mais comerciais, acertar se tratar de um vinho feito com esta uva. Vinho bem gostoso. Valeu a experiência! Gracias Virsu!

Nota pós-postagem 1 (em 17/05/2014): Parece que recentemente ele foi mostrado em um programa do Olivier Anquier, e desde então, o pessoal tá atrás dele... Infelizmente eu não sei onde encontrá-lo no Brasil. 

Nota pós-postagem 2 (em 20/10/2014): Comentário feito pela leitoora Monique: "Alguns vinhos estão à venda na loja na Vila Madalena. Rua girassol, 273 em SP. É a primeira "loja itinerante"os Mendozitos com os vinhos da família Cecchin".