Na primeira noite da confraria em 2019 eu levei um vinho embrulhado para brincar com a turma. Era para ser uma noite só de vinhos especiais, e foi. E esse que levei foi unanimidade: Bão demais! Mas de todos os confrades, só o Paulinho, Rei dos Portugueses, chutou ser um vinho português do ano de 2005! Tá no sangue do cara, que logo ao sentir o bouquet do vinho já disse ter adorado. Paul fiel à tradição, e sabedor das coisas! Os outros confrades erraram feio a nacionalidade etc. Estão com seus paladares destreinados...rs. Bem, mas o vinho que levei era um Quinta do Crasto Touriga Nacional 2005. Comprei este vinho logo que a loja virtual Wine foi criada! Fizeram uma bela promoção em todo o site para quem indicasse 5 amigos. Comprei muitos vinhos Crasto. Na época, meus confrades ficaram desconfiados, pois era uma loja nova, o site ainda era "meia-boca", tivemos problemas na hora de fechar as compras etc. Assim, só Tonzinho e eu compramos, e nos demos bem. Em 2 dias estavam em casa as caixas pretas da Wine, com belos exemplares de vinhos da Crasto! Isso foi em 2009! O vinho ficou muito bem guardado em minha adega nesses 10 anos e foi o último dos moicanos a ser aberto. E que maravilha estava! Nenhum sinal de cansaço, nem na cor, nem no sabor. Aromas de cereja preta, kirsch, chocolate amargo, madeira no ponto, leve defumado e especiarias. Em boca, repetia o nariz e mostrava ótimo frescor e taninos devidamente arredondados pelo tempo, mas presentes. O final era longo e especiado, com notas amadeiradas na medida. Vinho muito equilibrado, sem exagero algum, e que pedia sempre mais na taça. Uma delícia! Ocupou o primeiro lugar no pódio dos tintos, sem discussão.
Mas a sua posição ficou ainda mais valorizada pelos vinhos que os confrades levaram, mostrados na foto abaixo.
Mas a sua posição ficou ainda mais valorizada pelos vinhos que os confrades levaram, mostrados na foto abaixo.
O Quinta do Vallado Reserva 2012 foi levado pelo Paulinho, Rei dos Portugueses. Esse não falha. Vinho feito com vinhas velhas, com nariz e que traz nas costas a responsabilidade de manter a qualidade de seu irmão de 2011, que está belíssimo. Mas este 2012 também está ótimo. Um pouco menos tenso que anteriores, mais fácil de beber, eu diria. Aromas de amoras e cereja preta, em meio a alcaçuz e especiarias doces. Em boca, redondo, sedoso, com taninos já bem resolvidos. Final longo e com toques achocolatados. Eu achei que o bebemos um pouco acima da temperatura, mas tudo bem. Sempre um grande vinho!
À direita dele, na foto, o Imperial Reserva 2014 levado pelo Caião. Esse também não falha. Novo ainda, mas já bem bebível. Aromas de cereja, cravo, cedro e baunilha. Em boca, entrada levemente doce, mais que o normal para este vinho, e taninos já domados. Surpreende já estar aberto com esta idade. Senti falta do toque cítrico. Mas muito bom também!
Vizinho do Imperial na foto, o Anthonij Rupert Merlot 2008, levado pelo Thiagão. A vinícola sulafricana Anthonij Rupert iniciou suas atividades em 2001 e produz diferentes linhas de vinhos. Anthonij Rupert é a linha emblemática da vinícola, com 7 vinhos, sendo 2 blends e 5 varietais, entre os quais está o Anthonij Rupert Merlot. O Thiagão disse iria nos surpreender. Bem, na semana passada ele nos "surpreendeu", e ficamos preocupados com a nova surpresa...rs. O fato é que a surpresa ficou pelo fato de um vinho já perto dos 11 anos estar tão tânico. Ao nariz, a fruta ficava um pouco encoberta por notas de cacau, especiarias e madeira. Em boca, o problema foi os taninos em excesso e ainda muito vivos. Eu gosto de taninos, mas neste vinho estavam acima do ponto, para o meu gosto. No site da vinícola sugerem guarda de 8-10 anos para o vinho. Fico aqui pensando quando estaria pronto esse que bebemos. Ah, o Thiago também levou o vinho embrulhado, e ninguém passou ao menos perto do que se tratava.
O penúltimo vinho, um Pulenta Blend Finca La Zulema 2012, foi levado pelo JP. Um belo vinho! É feito com Malbec, Cabernet Sauvignon e, minoritariamente, Merlot. Esse tem longa vida pela frente, mas para quem gosta de vinho com nervo, pode abater agora sem medo de ser feliz. Se for ao lado de uma picanha ou um um ojo de bife, melhor ainda. O vinho tem aromas de ameixa e cereja preta, em meio a especiarias e ervas frescas. Em boca mostrou ótima intensidade e complexidade, sem exagero de dulçor típico da Malbec, que foi bem cortada com as outras castas. Também, nenhum exagero de pimenta-do-reino, apesar de uma picância bem-vinda estar presente. Os taninos eram firmes e o final longo e com notas especiadas e minerais. Um ótimo vinho, que mostra clareza, frescor e muita complexidade. Para beber agora ou guardar. Esse já foi! Muito bom.
E para finalizar, o Joãozinho pegou pesado com um excelente Chateau Guiraud 2011! O vinho foi top 100 da WS em 2014 (#12), com portentosos 97 pontos! O James (99-100 pontos) Suckling lhe deu 99 e a Wine Enthusiast 95. Vinho muito elogiado, sempre. Mas tirando a questão das notas, o vinho é uma beleza. Botrytis na veia! Dulçor médio e bela acidez. Notas de damasco, gengibre, abacaxi, mel e amêndoas. Em boca, frescor, notas cítricas e final interminável. Esse vinho é o que há! Sou fã número 1! Tentarei guardar a garrafa que tenho por mais uns anos, pois deve evoluir lindamente. Top! Para fechar a noite com muita classe. Isso aí, Little!
Ps. O vinhos da Crasto são importados pela Qualimpor e em São Carlos, encontrados na Mercearia 3M; O Vallado pode ser encontrado em diferentes locais (Via Vini, Vino Mundi, Vendivinhos etc); O sulafricano nunca vi no Brasil; Imperial é importado pela Vinci; Pulenta, pela Grand Cru, mas este La Zulema só vi na Bebida on line e o Chateau Guiraud é importado pela Mistral, mas também pode ser encontrado em outras fontes (Belle Cave, Grand Vin, Wine Brasil e Zahil).
Olá Flávio, boa noite! Tudo em paz?
ResponderExcluirAqui quem lhe redige é o Cleber (comentei em uma publicação do vinho Erasmo). Notei seu sumiço nas postagens, pois sou leitor assíduo do blog, o qual, honestamente, acho o mais franco e honesto dos que conheço.
Como sempre, só vinhões! Rs.
Gostaria também, de pedir alguma informação/indicação de vinhos opulentos, com intensidade de sabor e dos quais os aromas saltem da taça. Desde os mais em conta, até uns 300 reais. Gostaria de presentear meu pai com um destes, pois ele conta que o vinho que mais lhe marcou foi um Tempranillo espanhól, que possuía essas características, e isso ocorreu numa ExpoVinis há alguns bons anos, porém ele não se recorda do nome do vinho, nem do rótulo, sequer região. Guarda consigo essas características de aroma marcantes, os quais, segundo ele, eram bastante frutados com algum toque especiado, a se sentir de alguns metros depois de aberta a garrafa.
Tenho a intenção de presentear-lhe, se der sorte, com o mesmo vinho, ou com algo similar aquele, que faça ele reviver e sentir essa sensação que ele descreve com tanto prazer. Seria possível me ajudar?
Desde já muito obrigado e um feliz ano novo pra você e sua família!
Um abraço,
Cleber Zorzi.
Caro Cleber,
ExcluirBoa tarde! Tudo em paz, e com você? Obrigado pela visita constante ao blog. De vez em quando eu dou uma parada, principalmente em finais de semestre, quando a coisa aperta, mas tento fazer umas postagens. Logo devo liberar algumas boas.
Quanto aos vinhos com as características que você fala, eu acredito que seu querido pai ficaria contente com o italiano Farnese Edizione Cinque Autoctoni, importado pela Worldwine (mas que pode ser encontrado em várias lojas). É um vinho perfumado, bem frutado, untuoso e ao mesmo tempo bem sedoso. Fica perto da faixa que você cita. Quanto aos espanhóis, a oferta é grande. Mas no caso, eu iria para Ribera del Duero, Toro, Priorato e, com mais concentração, os vinhos do sul (Alicante, Jumilla) que têm a presença da Monastrel. Esses últimos são bem frutados, concentrados e com muita presença. Seu pai apreciaria também. Você pode encontrar bons portugueses, principalmente do Douro, com muita fruta e especiarias. O Quinta do Crasto Vinhas Velhas já foi encontrado nesta faixa, mas tem subido bastante. O Mouchão, idem. Mas são belíssimos vinhos.
Grande abraço,
Flavio
Complementando, Cleber: procure o vinho Valderiz na Worldwine. É um espanhol muito bom e acho que está no bota-fora.
Excluirabs
Flavio