segunda-feira, 28 de outubro de 2013

3 Amigos, 3 Vinhões: Viña Real Gran Reserva 1999, Cresasso 2006 e Enzo Bianchi Gran Cru 2007!


Quase desistimos da noite... Todos estávamos muito cansados. JP então ligou do Restaurante Barone, quase chorando, dizendo que estava lá sozinho com uma garrafa de um bom espanhol para ser descorchada. Tive que ir. Não deixaria meu amigo aos prantos bebendo um Viña Real Gran Reserva 1999 sozinho...rs. E estava bom o danado. Eu sou fâ da Compañia Vinicola del Norte da España (CVNE), e o Viña Real sempre me deixava bem impressionado em degustações da Vinci. Só para lembrar, a CVNE possui 3 bodegas: CVNE (localizada em Rioja Alta e que deu origem ao nome da companhia em 1879), Contino (com vinhedos na Rioja Alavesa) e Viña Real (também na Rioja Alavesa). A sede desta última é em forma de tina, feita com cedro do Canadá, de onde saem túneis cavados na rocha para maturação dos vinhos. O Viña Real Gran Reserva é um dos tops da vinícola (alí pertinho do Pagos de Viña Real) e é feito com uvas de pagos selecionados, sendo 95% Tempranillo e 5% Graciano. A fermentação malolática do Gran Reserva é feita em barricas de carvalho francês e americano por mais de 2 anos, com trasfegas regulares a cada 3 meses. A clarificação é feita de forma tradicional em Rioja, com claras de ovos. O vinho é um Rioja clássico. Ao nariz mostrava notas de cereja, tabaco, cítricas e da madeira bem acertada. Em boca repetia o nariz, a madeira aparecia discreta e os taninos já estavam amaciados pelo tempo. A acidez já não era aquela... Bem, a safra de 1999 não foi lá essas coisas em Rioja e parece que se manifestou neste vinho, que me pareceu um pouco discreto frente a outros irmãos seus que apreciei em outras ocasiões. Já estava em seu ápice. Estava bom? Sim, claro! É vinhão de estirpe. Mas não era um dos melhores representantes do seu time.
Eu levei o italiano Cresasso 2006, da Zenato. Produtor, ano e vinho, ótimos! Sérgio Zenato fundou a vinícola em 1960 e até os dias atuais, acompanha a produção, do vinhedo ao engarrafamento e exportação. Seu Amarone Clássico é delicioso (imagino que o Riserva deva ser uma beleza). O Cresasso eu apreciei em uma World Wine Experience tempos atrás, e fique impressionado com sua qualidade. Mas era um 2005, cuja safra ficou na sombra da grandiosa 2006. E quando tive a chance de pegar umas garrafas, ainda mais em promoção, mandei ver. O Cresasso é feito com uvas de um vinhedo localizado em Costalunga, no coração de Valpolicella. O solo do terreno é caracterizado por ser formado por rochas do período Cretáceo, daí o nome (Cre, de Cretáceo e Sasso, de pedra). O vinho é feito com Corvina Veronese e matura por 18 meses em barris de carvalho de 500 litros. É muito rico em aromas. No começo mostra notas de cereja preta, amoras maduras e alcaçuz. Com o tempo, surgem notas de chocolate amargo e geléia de ameixa. Em boca, repete o nariz, é mineral e mostra taninos muito sedosos. A acidez é perfeita e o final longo, longo. Um ótimo vinho! Bom para beber solo ou melhor ainda acompanhando uma boa carne ou lascas generosas de parmigiano reggiano.
E para finalizar, o vinho levado pelo Tonzinho, um Enzo Bianchi Gran Cru 2007. O vinho é um top da vinícola Bianchi, e seu nome é em homenagem a Don Enzo Bianchi, seu enólogo por mais de 50 anos. Este 2007 foi feito com 85% Cabernet Sauvignon, 7% Malbec e 8% Petit Verdot. É uma prova de que a Argentina vai (muito) além da Malbec. O vinho passa 14 meses em barricas e é engarrafado sem filtrar. Ao nariz mostra notas de cereja e ameixa, em meio a especiarias. Depois de um tempo, surge um mentolado bem gostoso. Em boca, repete o nariz, mostra taninos sedosos e ótima acidez. É seco e foge do padrão fruta madurona. Um ótimo vinho, com grande potencial de guarda. Aguentaria tranquilo bons anos na adega. A ser conhecido.

2 comentários:

  1. Oi, Flávio!
    Taí um vinho argentino que nunca cogitei comprar. Na faixa de preço dele, sempre optei pelo DV Catena Adrianna ou Nicasia ou mesmo pelo Cheval des Andes. Vou dar uma olhada na etiqueta na próxima visita. Não é vinho muito procurado pelos brasileños, então pode ter subido menos. Vc acha que ele compete com os que citei?
    Abs,
    Vitor

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    1. Oi Vitor,
      Com esses 3 que você cita ele não bate de frente... Eu também faria a mesma escolha que você faz. Eu gosto demais do dois Catenas citados, refinadíssimos, e também do Cheval, que é um vinhaço (que eu nunca consegui guardar para beber mais velhinho...rs). Mas o Bianchi é um vinho que deve evoluir muito bem com mais uns anos de adega. É do tipo que a gente aprecia, com boa presença mas sem exageros. Se o preço for bom, vale a pena conhecer (se os outros que você cita já estiverem na cesta, claro...rs).
      Abraços,
      Flavio

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