Em 2011 fizemos em nossa reunião semanal da Confraria do Ciao uma degustação especial de vinhos do Atelier Tormentas, de Marco Danielle (clique aqui). E a segunda edição aconteceu em dezembro de 2012 no Restaurante Tiburon, em São Carlos. Aproveitamos uma oferta especial do Atelier para degustar novos vinhos. Nota: Decantei e aerei todos os vinhos com 2 horas de antecedência e os levei para o restaurante já no ponto. Coincidente com a degustação anterior, só o Ius Soli Garagem 2008, um corte de Cabernet Sauvignon (60%), Merlot (30%) e Alicante Bouschet (10%). Da outra vez o vinho estava mais duro, intrépido, mas dessa já estava mais aberto e amigável. No entanto, ainda tem muitos anos pela frente. O Fulvia Garagem Pinot Noir 2011 já é figura carimbada aqui no blog. Foram várias garrafas dele apreciadas. Um vinhaço! Uma delícia de Pinot Noir, com muita fruta silvestre, notas terrosas e especiadas. É unanimidade na Confraria: Todos adoram!
O Prelúdio 2007 apreciei uma pequena taça logo ao abrir e vi sua mudança durante o evento. O corte de Merlot (70%), Cabernet Sauvignon (20%) e Cabernet Franc (10%) foi sucesso no portfólio de Marco Danielle. Eu adorei! Vinho autêntico, com gosto de vinho, sem exagero de nada, elegante, com aromas complexos de groselha, flores, alcaçuz, folhas secas e animais. Em boca, acidez belíssima e taninos presentes, muito ajustados. Um bordeaux! Sem modismos e muito gastronômico. Nota: Está bom boa quantidade de sedimento. Deve ser decantado e depois aerado para mostrar suas qualidades (isso vale para os outros também).
O Tormentas Premium 2006, à direita do Fulvia Pinot Noir na foto, com o rótulo contendo a sombra branca de um rosto feminino, é feito com Pinot Noir tardia (45%), Tannat (25%), Merlot (25%) e Alicante Bouschet (5%). Vinho mais cheio, carnudo, com os toques animais dos outros vinhos, mas um calor que o diferenciava de todos. É um vinho mais potente, denso, mas muito sedoso em boca, com taninos presentes mas bem redondos. Acho que foi o segundo vinho que mais agradou na noite (bem, eu já tenho mais dificuldade em fazer esse tipo de eleição... Aliás, não gosto muito. Cada vinho é diferente e tem sua alma própria).
O Tormentas Premium 2007, feito com Merlot 100% foi o que menos agradou a turma. É um vinho mais seco, levemente herbáceo, mais rústico, e talvez isso tenha causado estranheza na turma. Acho que está muito novo. O tempo lhe fará bem.
E para fechar, um que adorei: O Fulvia Garagem Cabernet Franc 2010! Eu havia bebido o 2008, e gostado bastante. Mas o Marco Danielle já havia me sugerido apreciar o 2010, que eu ia ter uma surpresa. As diferenças básicas: No 2008 as uvas são desengaçadas a mão, enquanto nesse 2010 os cachos são incubados inteiros. No 2008 a maturação é em inox, e no 2010, 24 meses em barricas francesas. E embora eu tenha gostado do 2008, esse 2010 conseguiu superá-lo. Parece ter chegado fresquinho do Vale do Loire! Notas de azeitonas pretas, apimentadas e amoras silvestres. Frescor ao nariz e em boca. Taninos presentes e que devem ficar redondos nos anos vindouros. Vinho mineral e cheio de vida! Adorei! Quero apreciar outra garrafa dessa daqui a alguns anos.
Bem, adorei a noite. Eu sou suspeito, pois gosto muito dos vinhos de Marco Danielle. Uns podem agradar mais, outros um pouco menos, mas é um estilo que aprecio. Não têm maquiagem, são autênticos. No entanto, são vinhos que têm que ser compreendidos e muitos podem estranhar suas características, principalmente os toques animais. Com exceção do Pinot Noir, que é um vinho mais fácil de ser compreendido e geralmente agrada a gregos e troianos, eu diria que não são vinhos para principiantes. E mesmo daqueles com mais litragem, exigem compreensão e preparação correta na hora de beber. Se abrir, ir enchendo a taça e tufando goela abaixo, incorrerá em erro. Aliás, isso vale para a maioria dos vinhos...rs. Mas para os Tormentas, é fundamental. E outra coisa: Pedem comida!
Isso aí, pessoal! Até a próxima!
Caro Flávio,
ResponderExcluirPubliquei uma resenha sobre o Fulvia CF 2010 dias atrás. É um vinho para iniciados e que não tem restrições aos efeitos da maceração carbônica nos aromas. No paladar é realmente tudo que você listou. Gostei do que provei, mas certamente ele precisa de muito tempo de guarda ainda. Curiosamente, deixei uns "4 dedos" na garrafa e bebi no dia seguinte. Aromaticamente, estava bem melhor...
Neste ano, farei a 2ª parte da "Vertical Tormentas" com 9 vinhos: Tormentas 2006, Tormentas 2007, Minimus Anima 2007, Ius Soli 2008, Minimus Anima 2008, Fulvia CF 2008, Fulvia PN 2009, Fulvia CF 2010 e Fulvia PN 2011. Vamos ver no que vai dar...
Abs,
Luiz Cola
Grande Luiz,
ExcluirObrigado pelo comentário! Vi sua resenha sobre o CF 2010. Ficou bem legal. Aliás, o termo "instigante" foi muito bem colocado. Realmente é um vinho para paladares mais vividos. E concordo plenamente que ele vai ganhar muito com guarda. É aquele negócio, a Cabernet Franc costuma premiar quem tem paciência...rs. Aguardarei sua postagem sobre a bela vertical que está organizando. Eu estou curioso para saber a evolução do CF 2008, assim como o Minimus Anima 2007, que gostei bastante quando provei em 2011. O PN 2009 não aguentei e bebi todas as garrafas que tinha...rsrs.
Abração,
Flavio