quinta-feira, 29 de novembro de 2012

VOCÊ TOMA VINHO OU COCA-COLA?

Caríssimos(as),
Visitando o blog "Vinho sem Frescuras", do enólogo argentino residente no Brasil, Adolfo Lona (produtor de belos espumantes), li duas postagens que me chamaram muito a atenção. Transcrevo abaixo alguns trechos delas, e deixo o link para os textos completos, que acho muito interessantes. São frases importantes, escritas por alguém que entende do assunto, para que os amantes de um bom vinho reflitam. Particularmente, acho que chega uma fase na vida da gente (e de nosso fígado) na qual devemos tentar beber menos, e melhor. Ou seja, percorrer um caminho inverso ao que estão tentando nos impor com os vinhos padronizados. Isso não quer dizer que não possamos beber um desses, e gostar. Mas o negócio é mais profundo. A busca por vinhos mais elaborados, autênticos, com vida, obras de mãos cuidadosas e corações pulsantes, que enxergam além  dos sifrões, deve permear nossa trilha. O primeiro texto de Adolfo Lona, intitulado "Leviandade", começa assim (em itálico):


Uma noticia publicada hoje no facebook dá conta que:

Michel Rolland, considerado o maior enólogo e consultor de vinho do planeta, durante uma palestra na INSEEC, a business school de Bordeaux, fez uma declaração que deixou todos os estudantes na sala (e os enófilos do mundo) sem palavras.

“O vinho do futuro deverá se adaptar ao gosto dos clientes, que nem Coca-Cola”.

O enólogo de reputação controversa por colocar o aspecto tecnológico antes de tudo em produção de vinho, alegou que o terroir será importante somente para os grandes vinhos, mas para todo o resto da produção vai valer somente marketing e tecnologia.

E deu como exemplo a Coca-Cola que adapta o sabor do próprio refrigerante conforme ao gosto do mercado local: por exemplo, no norte dos EUA ela vem com marcadas nuances de canela, pois o povo de lá gosta, assim como na Índia tem leves toques de especiarias, já na Europa é mais fresca e leve.

Então, argumenta o Rolland, se os indianos gostam de curry, eles vão ter um vinho com sabor de curry.

Michel Rolland acha que isto acontecerá até o ano 2050.

Veja o texto completo no link.

E logo em seguida, o Sr. Adolfo Lona publica outro texto, intitulado "Não aceito", cujo parágrafo final gostei bastante, e reproduzo abaixo. O parágrafo complementa uma sequência de várias perguntas iniciadas por "Será":

- Será que o caminho empreendido por diferentes regiões do Novo Mundo em direção às Indicações de Procedência e Denominação de Origem tem como destino os vinhos coca-cola?

- Será, será, será?

Não, apesar da globalização, do mercado competitivo quase predatório, da banalização dos valores culturais, da entrada permanente de novos consumidores que pouco ou nada conhecem, nada conseguirá transformar o vinho num produto fabricado, padronizado, “esterilizado”, porque o vinho É EXPRESSÃO, CULTURA, TERRA, SOL, NATUREZA, EMOÇÃO, SABOR, COR, CHEIRO, AROMA, SENSAÇÃO... É VIDA.

Nota: Reproduzi os fragmentos dos textos de Adolfo Lona com sua permissão

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