Visitando o blog "Vinho sem Frescuras", do enólogo argentino residente no Brasil, Adolfo Lona (produtor de belos espumantes), li duas postagens que me chamaram muito a atenção. Transcrevo abaixo alguns trechos delas, e deixo o link para os textos completos, que acho muito interessantes. São frases importantes, escritas por alguém que entende do assunto, para que os amantes de um bom vinho reflitam. Particularmente, acho que chega uma fase na vida da gente (e de nosso fígado) na qual devemos tentar beber menos, e melhor. Ou seja, percorrer um caminho inverso ao que estão tentando nos impor com os vinhos padronizados. Isso não quer dizer que não possamos beber um desses, e gostar. Mas o negócio é mais profundo. A busca por vinhos mais elaborados, autênticos, com vida, obras de mãos cuidadosas e corações pulsantes, que enxergam além dos sifrões, deve permear nossa trilha. O primeiro texto de Adolfo Lona, intitulado "Leviandade", começa assim (em itálico):
Uma noticia
publicada hoje no facebook dá conta que:
Michel
Rolland, considerado o maior enólogo e consultor de vinho do planeta, durante
uma palestra na INSEEC, a business school de Bordeaux, fez uma declaração que
deixou todos os estudantes na sala (e os enófilos do mundo) sem palavras.
“O vinho do
futuro deverá se adaptar ao gosto dos clientes, que nem Coca-Cola”.
O enólogo
de reputação controversa por colocar o aspecto tecnológico antes de tudo em
produção de vinho, alegou que o terroir será importante somente para os grandes
vinhos, mas para todo o resto da produção vai valer somente marketing e
tecnologia.
E deu como
exemplo a Coca-Cola que adapta o sabor do próprio refrigerante conforme ao
gosto do mercado local: por exemplo, no norte dos EUA ela vem com marcadas
nuances de canela, pois o povo de lá gosta, assim como na Índia tem leves
toques de especiarias, já na Europa é mais fresca e leve.
Então,
argumenta o Rolland, se os indianos gostam de curry, eles vão ter um vinho com
sabor de curry.
Michel
Rolland acha que isto acontecerá até o ano 2050.
Veja o texto completo no link.
E logo em seguida, o Sr. Adolfo Lona publica outro texto, intitulado "Não aceito", cujo parágrafo final gostei bastante, e reproduzo abaixo. O parágrafo complementa uma sequência de várias perguntas iniciadas por "Será":
- Será que
o caminho empreendido por diferentes regiões do Novo Mundo em direção às
Indicações de Procedência e Denominação de Origem tem como destino os vinhos
coca-cola?
- Será,
será, será?
Não, apesar
da globalização, do mercado competitivo quase predatório, da banalização dos
valores culturais, da entrada permanente de novos consumidores que pouco ou
nada conhecem, nada conseguirá transformar o vinho num produto fabricado,
padronizado, “esterilizado”, porque o vinho É EXPRESSÃO, CULTURA, TERRA, SOL,
NATUREZA, EMOÇÃO, SABOR, COR, CHEIRO, AROMA, SENSAÇÃO... É VIDA.
Nota: Reproduzi os fragmentos dos textos de Adolfo Lona com sua permissão
Nenhum comentário:
Postar um comentário