domingo, 20 de novembro de 2016

Quinta do Monte d'Oiro Reserva 2007: Tudo que eu espero de um vinho!

Dei uma rasgada sincera no rótulo ao tirar o vinho da adega... Ficou feio. Mas o que estava lá dentro, uma beleza! Digo e repito: Sou fã incondicional dos vinhos da Quinta do Monte d'Oiro. Os vinhos produzidos por José Bento dos Santos são todos de primeiríssima. Este Quinta do Monte d'Oiro Reserva 2007 não foge à regra. É feito com 95% Syrah e 5% Viognier fermentadas juntas, aos moldes dos Côte-Rôtie. O vinho matura por 18 meses em barricas de carvalho francês e mais 15 em garrafa antes de ir ao mercado. É vinho de exceção! Sua cor é linda, rubi, brilhante. Os aromas, ricos e finos, com fruta envolta em especiarias, leve chocolate amargo e toques florais. A gente não cansa de ficar cheirando a taça. Em boca, destaque para o sua clareza, grande frescor, mineralidade e taninos finos. O final é longo e especiado. Elegância pura, sem arestas e sem exageros. Uma delícia! Bebe-se sem parar, com grande prazer. Grande vinho! Talvez o único porém seja o fato de que não muda muito com o tempo. É bom sempre... Aliás, o vinho está com 10 anos e está inteiraço! No entanto, não creio que deve crescer em adega. Só por curiosidade, este, da grande safra de 2007, não foi avaliado pela Wine Spectator. Mas alguns de seus irmãos, de outras safras, sim. No entanto, nenhum deles ganhou mais de 88 pontos. Talvez seja por que não tenham superextração, excesso de baunilha, chocolate, madeira etc. 


6 comentários:

  1. Caro Flávio,

    Boa noite ! Há algum tempo acompanho seu blog mas nunca havia me manifestado, porém, ao ler esta matéria , não me contive. Este produtor é realmente excepcional e faz vinhos fantásticos. Eu realmente o considero um verdadeiro mago da uva Syrah em Portugal e um dos grandes do mundo (sei que posso estar exagerando mas como sou fã confesso desta uva e do produtor acabo me exaltando mesmo). Alguns anos atrás consegui adquirir, após muita procura, algumas garrafas de um vinho (deste mesmo produtor) chamado " Homenagem a Antonio Carqueijeiro safra 1999 ” , um vinho não muito fácil de encontrar mesmo em Portugal, isso não só porque foram feitas poucas garrafas mas principalmente devido ao fato de que logo em sua primeira safra ( das duas que foram feitas ) conseguiu o incrível feito de ter vencido um embate histórico onde foram eleitos os 30 melhores vinhos da Península Ibérica, sendo quinze portugueses e quinze espanhóis. Estes vinhos foram comparados em duas provas cegas , uma em Portugal e outra na Espanha. O Homenagem a António Carqueijeiro 1999 foi o primeiro classificado em ambas as provas sagrando-se desta forma vencedor do concurso. Fiquei anos me perguntando se caso o provasse iria considerá-lo tão bom assim, ainda mais considerando que já havia passado 14 anos ( a primeira garrafa eu provei em 2013 ) e , para minha grata surpresa , não só pude confirmar que realmente se tratava de um vinho extraordinário como se mostrou detentor de uma elegância que raras vezes presenciei em uma taça! Digo isso porque acredito que nem sempre a fama condiz com nossos gostos pessoais e muitas vezes ( pelo menos no meu caso ) o que constatamos é que acabamos por adquirir uma bela e cara decepção ... E só estou relatando tudo isso porque curiosamente ele tem (quase) a mesma proporção das uvas que mencionou no vinho que descreveu: Syrah (94%) e Viognier (6%). Analisando desta forma chego a pensar que esta proporção é mesmo mágica , ainda mais se elaborada por um "expert" como é o caso do senhor José Bento dos Santos . Assim sendo não só li com muita satisfação o seu relato como me vi voltando a sentir e lembrar das mesmas sensações que senti quando tomei o primeiro gole do Antonio Carquejeiro . Por isso vou tentar adquirir uma garrafa deste reserva para poder comparar como se comporta um outro vinho do mesmo produtor feito anos depois mas com a mesma composição que tanto me fascinou. Acredito que será uma bela experiência , ainda mais tendo como referência um belo relato como o seu.

    Um abraço e parabéns pelo blog !

    Renato

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    1. Caríssimo Renato!

      Fico muito feliz com seu comentário! Espero que seja o primeiro de muitos. E obrigado pelos elogios ao blog. Espero sempre contar com sua visita.
      Concordo plenamente com você! Para mim, poucos trabalham a Syrah com tanta maestria quanto o Sr. José Bento dos Santos. E não é só em Portugal. Seus vinhos possuem elegância e clareza incríveis! E geralmente, são bem longevos. Eu ainda não tive o prazer de beber o Homenagem a Antônio Carqueijeiro, mas tenho muita curiosidade em fazê-lo. Acho que o preço me inibiu um pouco. Eu devia ter aproveitado umas promoções da Mistral nas quais ele apareceu. Agora já não está. Mas sua bela descrição me animou. Aliás, deve ter animado também outros leitores. Tão logo eu tenha a chance, vou colocá-lo na cesta. O corte é também ao estilo de Côtie-Rôtie, né? Como você sugere, esta proporção parece mesmo mágica. Acho que a pitada de Viognier dá toques florais e frescor que enriquecem o vinho. Eu fico espantado com a qualidade dos vinhos da Quinta do Monte d'Oiro. São excelentes! Você já bebeu o Syrah 24? É um estrondo! Tenho certeza de que também gostará.

      Um grande abraço e novamente, obrigado pela visita e gentil comentário!

      Flavio

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    2. Caro Flávio,

      peço desculpas pela demora da resposta mas logo depois que fiz o primeiro comentário precisei fazer uma viagem com urgência e só agora retornei. Você tem toda razão quando diz que esse corte lembra muito um Côtie-Rôtie ! Mas também não é pra menos já que desde o início o "homem" fez questão de importar as uvas diretamente do Vale du Rhone , ou seja , ele realmente não brinca em serviço! E se provei o Syrah 24 ? Rapaz , esse é outro "monstro" da vinícola ! Um Syrah puro -sangue que sabe equilibrar potência e elegância de uma maneira que não "amarra" na boca , um vinho de uma tal complexidade que chega a deixar nossa língua confusa tamanha a profusão de sabores ( É amora pra cá , é ameixa preta pra lá , daí aparece uma pimentinha preta num canto ... depois uma azeitona preta no outro ... e vou parar por aqui se não acabo virando um enochato). Outro que gostei muito é o Ex Aequo ( 75% Syhah e 25% Touriga Nacional ) e que, embora fuja um pouco da casadinha mágica ( Syrah/Viogner), também consegue atingir um nível de qualidade difícil de explicar, um corte singular que resulta em um vinho de uma elegância ímpar e que nos faz pensar até onde a genialidade de um produtor pode chegar, sobretudo se levarmos em conta que esta é uma casta de cultivo relativamente recente em Portugal( Me parece que a pioneira foi a Quinta da Lagoalva em 1994). Este produtor tem uma gama muito extensa de bons vinhos e realmente(como você mesmo já disse) é difícil encontrar um exemplar que não seja bom.
      Mais uma vez agradeço por sempre nos brindar com matérias bem escritas e repletas de sabor e pela simpático comentário a respeito das minhas colocações .

      Grande abraço ,

      Renato

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    3. Caríssimo Renato!
      Pois é, e as uvas tiveram procedência de primeira, pois Chapoutier é uma grande referência do Rhone, do qual também sou grande fã. Assim, tem mesmo que sair coisa boa...rs. Você fez uma bela descrição do Syrah 24! Para mim esta característica de aliar potência e elegância é uma de suas principais qualidades. E como é sedoso! Vinhaço! Eu tenho um Ex Aequo na adega! Não me lembro o ano. Acho que li sobre ele no blog Wine Penacova Meeting e acabei conseguindo uma garrafa. Bom saber que também é dos grandes! Logo devo descorcha-lo!
      Eu que agradeço sua visita de sempre e os ótimos comentários! Bem, já deu para notar que é um grande apreciador dos vinhos lusitanos. Há muitos amigos com este bom gosto aqui no blog!
      Grande abraço,
      Flavio

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  2. Caro Flavio,
    Há alguns meses tive o prazer de tomar o Vinha da Nora 2001, o qual estava excelente. No último fim de semana tomei o Reserva 2004 junto com um Hermitage do Bernard Chave 2000 e lhe digo que a briga foi cabeça a cabeça.

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    1. Grande Márcio!
      Mais uma opinião positiva e confiável em relação aos Quinta do Monte d'Oiro! E você confirmou a longevidade do danado. A sua comparação em relação a um Hermitage deixa ainda mais evidente a qualidade dos vinhos do Sr. José Bento dos Santos. Fazer frente a um Syrah rodaniano (de familia com tradição no local) não é para qualquer um.
      Abração,
      Flavio

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