A noite começou com um excelente Jean-Marc Boillot Puligny Montrachet 2014. Esse foi recomendação do Amauri, da Cellar. E fez tanto sucesso que sentimos não ter comprado mais garrafas. Um vinho vibrante, com aromas de pera, citricos e salinos. Em boca, acidez vibrante e grande presença. Final longo, leve tostado e mineral. Uma delicia de vinho. Muito vivo, fresco e com grande potencial para ser guardado. Abriu a noite com muita classe.
Seguimos com outro branco francês, mas agora, de outra região e estilo: Domaine Tissot Arbois Savagnin 2012. Enquanto o borgonha era delicadeza pura, este era mais nervoso, temperamental, que demandava compreensão dos confrades. Cor amarelo dourado, brilhante, e aromas oxidados típicos. Notas de damasco, cítricas e frutas secas, em meio a favo de mel, cardamomo, gengibre e outras especiarias. Muito rico em aromas, que mudavam com o tempo. Em boca, ótima acidez e final muito longo, mineral e especiado. Um vinho forte, nervoso, que pede um tempo descansando para ser apreciado. Também gosta de um queijo Comté. Achamos que ele deu uma saída lateral na linha de vinhos que bebemos, por ser mais temperamental. Mas é, obviamente, por suas características. Eu, particularmente, gostei mais de seu irmão de 2009, que achei mais equilibrado. Talvez este 2012 pedisse mais tempo em garrafa.
Entremos nos tintos, que estavam muito bons. O primeiro deles foi um Galatrona 2011, de La Tenuta de Petrolo. Este é fera! Alguns de seus irmãos de outras safras já pintaram por aqui. É considerado o Petrus italiano. Vinho com belos aromas que incluiam cereja preta, cassis e alcaçuz, em um fundo tostado e mineral. Com o tempo, um mentolado muito gostoso surgia. Em boca, intenso e sedoso, reproduzindo o que se sente ao nariz. Acidez lhe conferindo frescor e taninos redondos. O final, muito longo, como para todos os exemplares que já bebi. Muitos anos de vida pela frente para este vinho, que sou fã! Vinhaço!
Seguindo, um belo Chateau de Beaucastel 2013, da família Perrin. Aqui também é garantia de qualidade. É o que se espera de melhor em questão de Chateauneuf du Pape. Precisou respirar bastante, pois a juventude falava alto. Aromas ricos de amoras, frutas confitadas e minerais. Em boca, ótima acidez e taninos ainda nervosos. Camadas e camadas de frutas e final mineral. Explosivo agora, pedindo tempo em garrafa. Mas já dando muito prazer para quem não tem paciência de esperar alguns anos. Outro vinhão!
Fechando os tintos, um excelente Pujanza Norte 2006. Vinho feito pelas Bodegas Pujanza, que se encontram no coração de Rioja Alavesa, aos pés da Sierra Cantabria. A Finca Norte fica a 720 m de altitude e é uma das mais altas da Espanha. São apenas 2,7 hectares, de baixo rendimento. O Pujanza Norte fica apenas atrás do concentrado Cisma. Este 2006 está uma beleza! Já devidamente domado pelo tempo, está no ponto! Riojano de esatilo moderno, mostra fruta madura, com notas de cereja preta e ameixa, em meio a tostados, couro, tabaco e notas minerais. Em boca, muito equilibrio, sedosidade e taninos muito redondos. Uma delícia de vinho, que fez muito sucesso entre os confrades. O mais pronto de todos. Uma bela compra. Lembrei de quando provei o 2005 muitos anos atrás, na época da saudosa loja Gran Reserva em São Carlos. O vinho era novo na época, mas me chamou muito a atenção.
E para finalizar a noite de gala, um belíssimo Chateau Climens 2014. Premier Cru Classé renomado, que coleciona altas notas da crítica. Este, por exemplo, teve 97 pontos da Wine Spectator. Jovem ainda, com cor mais clara, amarelo-dourado, brilhante, muito bonita. Ao nariz, notas de damasco, nectarina, leve abacaxi, amendoas e gengibre, em fundo floral. Em boca, acidez vibrante e mineralidade. Incrível o seu frescor! O final era mineral e interminável. Uma maravilha! Fico imaginando como estará em alguns anos. Fechou a noite com extrema competência. Aliás, nada melhor que fechar um belo jantar com um grande Sauternes!
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