sexta-feira, 15 de março de 2019

Banalizando o vinho?

Eu gosto de beber vinho com tranquilidade e sabendo o que estou apreciando. Tirando os vinhos correntes, que podem ser apreciados sem grandes formalidades, alguns merecem "mais respeito". Isso não quer dizer burocratizar o vinho, e sim, valorizá-lo. Li recentemente um artigo do Adolfo Lona, enólogo argentino, mas que vive no Brasil há muito tempo, que concordei bastante. Além da presença de amigos para compartilhar, o vinho merece cuidados ao ser apreciado, que incluem a temperatura do serviço, taças apropriadas, abertura prévia (para grande parte deles) etc. E eu penso que os apreciadores devem procurar saber o que estão bebendo, e não fazê-lo apenas pelo simples prazer de beber. Se isso não é feito, o momento acaba por ser banalizado. Eu, particularmente, tenho notado que em minha confraria estamos banalizando os vinhos. Antes, bebíamos bons vinhos semanalmente e, de dois em dois meses, programávamos um jantar especial com vinhos melhores, denominando a reunião como sendo "especial". Com o tempo, fomos fazendo estas reuniões com maior frequência e elas se misturaram às reuniões ditas "normais". Assim, começamos a apreciar mais frequentemente vinhos que deveríamos apreciar mais raramente. Foi ficando difícil então fazer um discernimento entre eles. E vinhos que antes entravam em reuniões "especiais", foram ficando cada vez mais comuns em todas as reuniões. Exemplos são o Esporão Reserva, Quinta da Bacalhôa, Quinta do Crasto Vinhas Velhas, Esporão Private Selection, Castillo Ygay Gran Reserva Especial (até ele!), La Rioja Alta 904, Imperial Gran Reserva, etc. Esses, quando levados, sempre despertavam comentários elogiosos por parte dos confrades - Atualmente, não. E ainda tem os Barolos, Brunellos e Chateauneufs, que surgem frequentemente nas reuniões. E como há um grande número desses vinhos invadindo o país, de produtores às vezes não muito conhecidos (e alguns não muito bons), acaba que alguns não agradam, e os bons, quando levados, são injustiçados. Alguém pode imaginar que eu estou reclamando de beber vinho bão. Mas não é isso. É só um momento de reflexão.









2 comentários:

  1. Grande Flavio!
    Concordo contigo, penso que o momento de se beber um bom vinho merece atenção e seriedade, no sentido de se procurar extrair o melhor dele. Tanto que em eventos e momentos festivos há prejuízo na degustação e na avaliação.
    O pessoal aí está esnobando coisas muito boas (rs).
    Abraço!

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    1. Grande Alexandre!
      Também acho que um bom vinho tem que ser tratado com muito carinho...rs. Assim, a gente lembrará dele e, consequentemente, do momento que ele fez parte. Como você disse, em festas e degustações sempre há prejuízo neste sentido.
      Rapaz, o pessoal tá sendo injusto com muita coisa boa...rsrs.
      Abraços,
      Flavio

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