Nesse último sábado os amigos Akira, René, Sérgio e eu fomos ao Royal Palm Resort em Campinas para a 7a Mostra Internacional de Vinhos de Campinas (claro...). Havia um grande número de expositores, desde produtores nacionais até importadoras conhecidas (outras nem tanto). Bem, confesso que sou meio avesso a estas feiras, até mesmo quando se trata da gigante Expovinis. O motivo é simples: Boa parte do pessoal não está interessado no consumidor final. O que querem é fazer negócios. Para mim, algo difícil de entender, pois quem leva para casa ou bebe os vinhos nos restaurantes são os consumidores finais. O ideal então seria que fizessem eventos separados, um para os "profissionais do vinho" (rsrs) e outro para nós, pobres mortais consumidores finais (que pagamos a conta ao final). Era comum os expositores perguntarem se éramos "profissionais" ou consumidores. Quando dizíamos que pertencíamos a esta última classe, nos tratavam de maneira diferente, não passando informações completas sobre os vinhos e até mesmo "regulando" alguns vinhos "melhores" (e que nem valiam tanto a pena assim). Por outro lado, eu ouvi de vários a frase "este vinho é diferente daqueles que você está acostumado a beber" e "você nunca tomou algo assim" etc. Como sabem disso? Julgam que aqueles vinhos são melhores que os que estamos acostumados a beber??? E aqueles então que se metiam a corrigir a pronúncia em francês dos visitantes? Arrogância total!
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Uma pechincha! |
Bem, depois do desabafo, vamos aos vinhos. Reservo-me o direito de não citar vinhos de expositores que não me trataram bem, mesmo que alguns de seus vinhos possam até ser razoáveis. É claro que assim, posso incluir no "balaio" aqueles que não visitei (por já conhecer os vinhos ou por falta de tempo mesmo). Mas não tem jeito. Não quero citar nomes aqui no blog, pois não é esse meu intuito. De qualquer forma, ressalto que tinha muito expositor legal, como os exemplos que cito abaixo na postagem.
Vamos aos vinhos. Deu para apreciar bons exemplares, alguns já figurinhas carimbadas e outros, boas surpresas. Eu dei uma boa passada nos brancos e fiquei muito bem impressionado com alguns que bebi. O primeiro deles foi o
Verdicchio dei Castelli di Jesi DOC Clássico 2011. Vinho importado pela Grand Cru, de ótimo preço, com boa fruta e acidez própria para acompanhar comida. Também gostei do
Chardonnay Gran Reserva do brasileiro Luiz Argenta. Embora passe 8 meses em madeira, ela dá estrutura para o vinho mas não sobrepuja a fruta. Ainda nos Chards, gostei daquele da Batasiolo, que tem bom peso e dos 2 ml que bebi do
Amélia Chardonnay (rs). Gostei também de um Sauvignon Blanc espanhol da
Chaves de Oliveira (ótimo atendimento dos expositores) e de um da chilena Viña mar (
Épice), que mostra boa mineralidade. [Havia um outro Sauvignon muito bom na feira, que não comentarei]. Ainda nos brancos, provei o
Furmint Heidi Schrock, da
The Special Wineries (
Vinhos da Áustria) que estava muito bom, assim como o seu
Riesling Salmon Undhof 2008, muito mineral. Aliás, provei bons Riesling na feira [um deles não citarei].
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Daiane Argenta: Simpatia e entusiasmo! |
Migrando para os tintos, vários me agradaram, desde os mais simples, como o sincero
Guilhem de Mas de Damas Gassac (
Mistral) até os mais complexos
Clarendelle 2005,
La Massa 2008 e
Edizione Cinque Autoctoni, de Farnese (este, para mim, um dos melhores da feira - Todos da
World Wine). Alí no meio,
Campo Madonna Cabernet Sauvignon 2008, de Montresor (
Cantu),
Two-Vines Shiraz de
Columbia Crest (bom preço,
Wine Brands), um Cabernet Sauvignon interessante da
H.Stagnari (para evoluir em adega,
Cantu) e o
T.H. Pinot Noir 2009 da
Undurraga (melhor ainda que o
2008,
Abflug). Dos tintos brasucas, gostei do
Cabernet Sauvignon Gran Reserva 2005 de
Luiz Argenta (aliás, estande no qual a recepção foi muito educada e simpática) e do
Décima Gran Reserva Tannat 2005 (fruta madura, notas balsâmicas, de café e chocolate em um vinho de ótima estrutura e capacidade de guarda - Parabéns!).
Mas deixei para o final o meu destaque absoluto da feira: Os vinhos austríacos da
The Special Wineries! Já citei os ótimos brancos e agora destaco os tintos. Quando ví que havia um feito com a uva Lemberger, o
Prieler 2008, fiquei entusiasmado. É a mesma do vinho Acinipo, feito pelo craque Federico Schatz na Espanha (veja minha postagem sobre o
Acinipo 2003). E que beleza de vinho! Não é para quem gosta de geleionas e sim, elegância e finesse. As notas de cereja e groselha se misturam a notas minerais em um vinho ótimo ao nariz e em boca. Elegância pura. Esse não teve jeito, adquiri uma garrafa alí mesmo. O outro tinto, o blend
Opus Eximium Cuvée 21, tinha um estilo mais internacional, mas também possuía grande complexidade (deve ficar excelente com algum tempo de guarda). Também não resisti e pequei uma garrafa, que se somou à uma do belo e mineral
Riesling Salmon Undhof 2008. Para este que vos escreve, estes foram os melhores vinhos da feira.
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Finesse! |
Concluindo, como pontos positivos da feira, a oportunidade de apreciar bons vinhos (já conhecidos, como o
Edizione Cinque Autoctoni e
La Massa 2008) e novidades, como os ótimos vinhos austríacos (para mim, os grandes destaques!) e o Tannat Décima. Além disso, o local onde foi realizada a feira é agradável e a comida estava boa (bons frios, quiches e massas). Também como ponto positivo a possibilidade de se adquirir alguns vinhos na própria feira e já levar para casa, o que foi interessante.
Bem, mas não tudo são flores. Como pontos negativos do evento destaco a falta de "semancol" de alguns expositores (como citado no começo da postagem), vinhos acima da temperatura ideal (a maioria!) e muita gente usando perfume (mulheres e homens - Será que um dia aprenderão que não se usa perfume em degustações de vinhos?!?).
E para finalizar, como a feira acabou cedo, ainda sobrou tempo para ir ao Hirata comer uma picanha e apreciar a melhor salada de rúcula do estado de São Paulo! Veja as fotos abaixo...
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É muito boa a danada da salada! |