terça-feira, 7 de maio de 2013

Ibéricos reinam em ótima degustação da Casa Deliza em São Carlos! Torre Muga, Grous Reserva, Malhadinha e outros...

Na semana passada, depois do aniversário do amigo Tom, ainda sobrou fôlego para ir a uma degustação organizada pela Casa Deliza, de São Carlos, em parceria com a Importadora Épice. O evento, chamado Wine Road Show, foi realizado no Centro de Convenções The Palace. O local é bonito, o evento foi muito bem organizado e os vinhos, de primeira. A maioria era ibérica, mas tinha vinhos também da Argentina e Chile. Aliás, foi desse último a maior surpresa: Um Sauvignon Blanc de ótimo preço e qualidade. Era um Viña Mar Reserva Especial 2011. Um vinho muito bom pelo preço. Mas para o lado vegetal que para o mineral, mas com mineralidade. Notas cítricas e de goiaba branca se mesclavam a notas de aspargo e grama cortada. Em boca, ótima acidez e um fundo mineral. No dia, estava a 36 pilas. Uma pechincha! E já que estamos nos chilenos, obviamente apreciei uma tacinha do Gran Tarapacá Etiqueta Negra 2010, vinho que nunca desaponta. Ao seu lado, um Zavala 2008, com a Cabernet Franc como uva majoritária (e um pouquinho menos de Cabernet Sauvignon e  Syrah). Um vinho redondo, com notas de amoras, cassis e pimenta preta. Muito equilibrado e com grande potencial de envelhecimento.
Bem, mas como já citei, o destaque do evento foram os ibéricos. E não foram poucos. Comecemos pelos espanhóis. Minha primeira visita, claro, foi no estande das Bodegas Muga. Os vinhos dessa bodega são figuras carimbadas aqui no blog. Comecei obviamente pelo ótimo branco, da safra de 2011. Viura fresco, mineral, bem diferente do 2006 que apreciei recentemente, que já estava mais senhorío. Dali prá frente, nos tintos, já havia apreciado anteriormente o Muga Reserva 2007 e o Muga Selección Especial 2005. Ambos muito bons, mas o Selección, uma delícia rica em especiarias e com uma acidez deliciosa. E do lado desses dois, um maravilhoso Torre Muga 2006 (foto acima), cuidadosamente decantado pelo Sr. Jesus Viguera (foto), diretor de exportação da vinícola riojana. Eu voltei depois de algum tempo para beber esse vinho, do qual pude apreciar boas taças. E não tem muito o que falar sobre ele: Ficou no degrau mais alto no evento. Recentemente apreciei por duas vezes o 2005, que estava uma beleza. Mas por incrível que pareça, esse 2006, de uma safra que não teve o deslumbre de 2004 ou 2005, estava melhor. É um vinho concentrado, mas muito elegante, com notas de figo e café com leite. Seu final era longo e delicioso. Uma beleza de vinho! Sozinho, já valeria a noite.
Mas tinha mais... Ainda nos espanhóis, um muito bom Emilio Moro 2007 e os deliciosos Malleolus 2008 e Cepa 21 2008. Gostei também do AmboS Mencía 2007, da jovem Bodega De-Dos. Vinho fresco, mineral e com notas florais. E também ótimo o Morfeo Cepas Viejas 2006, do Toro, feito com uvas de vinhedos pré-filoxéricos. Vinho concentrado, balsâmico, como pede um bom Toro. 
Saindo dos espanhóis, mas mantendo o foco na península ibérica, os portugueses também deram o show. Meu começo foi pelo estande de um produtor que eu queria conhecer pessoalmente há tempos: Luis Duarte (foto). Enólogo de muita classe e grande renome. E ele servia ótimos vinhos, desde os mais simples Rapariga da Quinta até o muito bom Herdade dos Grous 2009 e o belíssimo Herdade dos Grous Reserva 2008 e Moon Harvested Alicante Bouschet 2009. Todos muito bons! Mas o Grous Reserva 2008 e o Moon Harvested estavam de tirar o chapéu.
O Grous Reserva, feito com Alicante Bouschet (50%), Tinta Miúda (30%) e Touriga Nacional (20%), esbanjava estrutura e elegância. Fruta madura e tabaco em meio a especiarias, como pimenta e alcaçuz. Um vinho concentrado e para muitos anos de adega. O Moon Harvested, que tem esse nome porque as uvas são colhidas quando há maior influência da lua, é feito com 100% Alicante Bouschet. É vinho encorpado, aromático, com notas de frutas maduras em meio a café, chocolate e um fundo de madeira. Em boca é amplo e tânico, também indicando um longo futuro. Um belo Alicante Bouschet.
E seguindo nos alentejanos, e também com vinhos que têm a consultoria enológica de Luis Duarte, parti para a Herdade da Malhadinha Nova. Vinhos que eu não conhecia e que me agradaram muito. O varietal de Antão Vaz tem ótima presença e é muito refrescante, mas os tintos é que mais me encantaram, com destaque, claro, para o grande Malhadinha 2009. Vinho dos grandes, feito com Aragonês, Alicante Bouschet, Tinta Miúda, Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon, e que passa 16 meses em barricas. É um vinho denso, concentrado, com fruta negra madura, toques balsâmicos, e chocolate. Em boca, taninos redondos, ótima acidez e final muito longo. Os 15,5% de álcool não se sobressaem. O vinho é muito equilibrado. Outro grande da noite. 
E bem alí do lado do estande da Malhadinha, os também alentejanos da Quinta do Mouro. O tinto do mesmo nome, Quinta do Mouro 2004, tem um corte bem parecido com o do Malhadinha 2009, é só tirar a Tinta Miúda e pronto. Passa 14 meses em barricas francesas e portuguesas. É um vinho mais austero, com fruta madura, lembrando ameixa cozida, notas balsâmicas, tabaco e couro. Um vinho mais tradicional, gastronômico e de muita presença. Seu irmão Casa dos Zagalos 2006 também é bom, mas eu achei o álcool um pouco aparente.
Bem, vou parando por aqui. O evento foi bem legal, muito bem organizado, ótimos vinhos, comida boa e tudo mais. De crítica, só à boa parte do público, bastante inexperiente e que dava pisadas na bola no quesito comportamento...rs. Mas isso é um aprendizado, e com eventos mais constantes o negócio vai mudando. Parabéns à Casa Deliza.

4 comentários:

  1. Muito legal a degustação, Flávio!
    A Épice importa bons vinhos portugueses e espanhóis, que são facilmente encontrados nas lojas. Liguei pra eles e soube que está acontecendo, nesse momento, um evento em Maringá/PR. Isso mesmo, agora, começou às 16:00h. Lugar bacana, 70 pilas de entrada. Uma pena que tenha faltado divulgação, porque daria meu jeito de comparecer. Tomara que eles façam tb em Londrina.
    Abs.

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    1. Realmente foi muito legal, Vitor! E achei muito boa a lista que eles têm de espanhóis e portugueses (Alentejanos muito bons!).
      Caramba! Estão em Maringá hoje? Mas nem divulgaram! Uma pena, pois seria perfeito para você ir. Pelo jeito, é nos mesmos moldes do que foi aqui. Bem, mas espero que tenha também em Londrina.
      Abraços,
      Flavio

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  2. Grande Flavio!
    Mais uma bela degustação.
    O que mais me dizes desse Cepa 21, estou de olho nele em uma loja por aqui.
    Abraço!

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    1. Grande Alexandre!
      Realmente, muito boa!
      Então, quanto ao Cepa 21, eu achei um bom vinho, muito gostoso. Mas não é nada excepcional. Vi em uma loja a um preço bom (menos de 100). Aí vale a pena. Para mim, ele bate com um Cepa Gavilan. Aí vem de novo o negócio do preço praticado aqui. O Cepa 21 custa, na Espanha, o dobro que o Gavilan, e aqui, os preços são similares.
      Abraços,
      Flavio

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