segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Degustação Mercearia 3M/Zahil em São Carlos: Ótimo evento e novidades sulamericanas!

Nessa semana que se passou a Mercearia 3M, em parceria com a importadora Zahil, promoveu mais um ótimo evento em São Carlos. O local era muito apropriado, a presença de produtores agregou qualidade, e além dos vinhos, tinha boa música, massagem relaxante e um ótimo café Coração da Terra, de São Sebastião de Paraíso (MG) para arrematar. Ou seja, tudo de bom!
Bati um ótimo papo, e aprendi muita coisa com o produtor Jean-Pascal Lacaze (foto), que apresentou seu grande Domus Aurea 2009. Sou fã deste vinho, que é um Cabernet Sauvignon tradicional chileno que não se curvou à internacionalização. Na verdade, ele tem pitadinhas de Merlot, Cabernet Franc e Petit Verdot. É um vinho que tem identidade própria, intenso mas muito fresco, com belas notas de cassis envoltas em especiarias e um mentolado muito charmoso. A acidez é vibrante, os taninos são vivos e o final muito longo. Uma beleza de vinho, que em alguns anos deve ganhar aqueles toques terrosos e de curry que aparecem em seus irmãos mais evoluídos. A propósito, seu irmão Alba de Domus 2010, também apresentado, feito com Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc, também estava muito bom! Só lembrando que Jean-Pascal Lacaze também produz o grande Peñalolen TEZ e Triangle (Crazy Wines), sobre os quais também conversamos na ocasião.
Alí do lado de Jean-Pascal estava a mesa da Casa Marin, representada por Nicolas Marin, e cujos vinhos também me agradam bastante. Já disse várias vezes aqui no blog que considero seu Casa Marin Cipreses Sauvignon Blanc o melhor feito com a casta no Chile. O exemplar de 2013 segue a qualidade e características de seus antecessores: Frescor, mineralidade, intensidade, riqueza aromática e capacidade de envelhecimento! Um ótimo Sauvignon! Mas os brancos foram representados também por um Casa Marin Miramar Riesling 2012 bastante típico, com notas de querosene e um Sauvignon Gris que agradou muito, pelo lado floral, acidez vibrante e mineralidade! Gostei muito, principalmente deste último, pois o o "lado querosene" de muitos Riesling não me faz muito a cabeça. No campo dos tintos, estava delicioso o Casa Marin Pinot Noir Litoral Vineyard 2011, sem excesso de extração e com fruta na medida certa, boa acidez e mineralidade. Também muito bom o Casa Marin Syrah Miramar Vineyard 2010, denso, com boa fruta, especiarias e um fundo mineral. Intensidade na medida.
A vizinha de bancada da Casa Marin era a Aquitânia, que elabora um dos melhores Chardonnay do Chile, o ótimo Sol de Sol. Bebemos novamente o exemplar de 2009, que já foi citado aqui no blog. Como 6 anos está uma beleza, cheio de vida e frescor, mostrando que o vinho é longevo. Pude beber também o Sol de Sol Pinot Noir 2009. Tempos atrás, havia bebido o exemplar de 2008, que mostrava-se um pouco fechado, mais seco e com fruta um pouco discreta. O 2009 está mais aberto, com mais fruta (mas sem exageros de extração), bastante frescor e mineralidade. Pinot Noir do jeito que eu gosto, sem exageros. Para mim, melhor que seu irmão de 2008. É no estilo do Casa Marin, supracitado. Gostei! Também da Aquitânia, estava uma beleza o Lazuli 2006, um Cabernet Sauvignon maduro e com ótima evolução. Elegante, sedoso e com muita presença. Muito bom preço pela sua qualidade. Para que comprar Cabernet Sauvignon chileno 3 vezes mais caro?
Da Chateau Los Boldos gostei de uma novidade, que é o Los Boldos Gran Reserve Assemblage 2013, feito com Cabernet Sauvignon e Syrah, e cujo rótulo tem uma zebra desenhada. É um vinho de corpo médio, redondo e fácil de beber. Também achei legal o Chardonnay Sanama, leve e bem fresco. 
Pertinho dalí estava o estande da uruguaia Juan Carrau, com a presença do simpático Javier Carrau (foto), com o qual batemos um bom papo. Bebi dois vinhos da vinícola. O primeiro foi um Reserva de Tannat 2012, que mostrou uma qualidade muito boa pelo seu preço. O vinho tem boa fruta, toques defumados, mineralidade e taninos típicos da casta, que no conjunto, deixava o vinho agradável e a gente desejoso de mais uma taça. Tem aquele toque de rusticidade que eu gosto bastante. Perfeito para uma carne gordurosa! E é claro, bebemos o seu top Amat 2009. Vinho muito refinado, com notas de ameixa seca, tostadas, tabaco e chocolate. Em boca é amplo e elegante, com taninos sedosos. Não denuncia a idade, mostrando-se ainda jovem. Tem longa vida pela frente. Não é Tannat daqueles poderosões, cheios etc. Mostra sim, muita elegância e maciez, sem abandonar o lado típico da casta. Um ótimo vinho!
Para não extender muito a postagem, vou concluir com três argentinos que gostei bastante. O primeiro deles é um Flecha de Los Andes Gran Corte 2008. O vinho é um corte de Malbec, Syrah e Merlot. Apesar de denso, é muito elegante e tem ótima estrutura, com grande potencial de envelhecimento. Elegância bordalesa!
Os outros dois são feitos com uma casta que adoro, que é a Cabernet Franc. Todos sabem que é uma casta na qual a Argentina está investindo bastante, e que gera ótimos vinhos por lá. Tempos atrás, destacava-se o Pulenta XI, com sua intensidade, e o Angelica Zapata, com menos intensidade, mas muita elegância e presença em boca. Depois, novos foram surgindo, aliando mais frescor e mineralidade aos vinhos. Os vinhos das Bodegas Aleanna (Alejando Vigil e Adrianna Catena) são excelentes! Desde o mais simples até o belíssimo Gran Enemigo. Mas tem muita gente surgindo com força na elaboração de ótimos vinhos feitos com a Cabernet Franc. Um deles, que bebemos no presente evento, é o Rutini Cabernet Franc 2012. Uma delícia de vinho! Aromas florais, fruta na medida, acidez vibrante, taninos finos e grande evolução em taça. Um Cabernet Franc muito elegante e com grande capacidade de envelhecimento. Refinado!
O outro exemplar que adorei foi o Salentein Numina Cabernet Franc 2013. Este, já comprei algumas garrafas para beber aos poucos. Seus irmãos de anos anteriores andaram arrebatando prêmios por ai. Parece que dois anos seguidos ele ganhou como melhor Cabernet Franc da Argentina em sua faixa de preço. Aliás, é um vinho que oferece muita qualidade pelo seu preço. Ao nariz é mais intenso que o Rutini, mostrando mais fruta, com notas de amoras e ameixas em meio a notas florais, azeitonas pretas, defumadas e minerais. Em boca, repete o nariz e mostra ótima intensidade e persistência. Apesar da juventude, pode ser perfeitamente apreciado agora, mas deve ganhar muito com a adega. Aliás, como já escrevi por aqui, a Cabernet Franc costuma recompensar muito bem quem tem paciência. Esse não deve ser diferente. Não hesite: Compre! É muito bom.
Bem, isso aí pessoal! O evento foi muito bom, com muita gente legal, boa comida e ótimos vinhos. Valeu, Idinir e equipe!




2 comentários:

  1. Grande Flávio, excelente postagem, só pra variar rs..., vc não falou da linha Aquitânia Reserva, nessa faixa de preço, são todos vinhos imbatíveis, seu cabernet sauvignon é de uma elegância e tipicidade, raramente vistas em chilenos desse patamar. Fiquei curioso com os Cabernet Franc que citou. Assim como vc sou fã dessa casta, sempre compro um Chinon que eh vendido pela Decanter que é soberbo abaixo de 200 dilmas. Obrigado pelas dicas sensacionais. Sobre o Amat, é um vinho que vem me decepcionando a cada ano. Desde o 2005 que foi o primeiro que bebi, as safras subsequentes, não me agradaram. Vou experimentar esse 2009. Grande abraço! Obrigado mais uma vez!

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    1. Grande Hélio!
      Eu que agradeço, meu amigo!
      Os Chinon que você compra na Decanter são os Couly-Dutheil? Eu não conheço, mas um amigo diz que são excelentes.
      Olha, os C.Franc citados na postagem são muito bons. É um estilo diferente daqueles do Loire, mas muito agradáveis. Acho que você vai gostar.
      Quanto ao Amat, eu não bebi muitos exemplares dele, mas os que provei estavam muito bons. Tenho na adega uma garrafa do 2007, se não me engano. Vamos ver como eles está...
      Grande abraço,
      Flavio

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